Participação do EUA no Golpe

Participação do EUA no Golpe Militar de 1964 no Brasil

Participação do EUA no Golpe foi confirmada em documentos abertos ao público. Um porta-aviões foi disponibilizado para garantir a ação. O golpe militar de 1964, que depôs o então presidente brasileiro João Goulart e instaurou uma ditadura no país que durou mais de duas décadas, é um dos episódios mais marcantes da história do Brasil. Embora seja um evento histórico bem conhecido, a participação dos Estados Unidos no golpe é frequentemente questionada e controversa. Neste texto, analisarei a participação dos EUA no golpe militar de 1964, usando as perspectivas de três autores diferentes para apresentar diferentes pontos de vista.

Participação dos EUA no Golpe de 1964

Para compreender a participação dos EUA no golpe de 1964, é necessário analisar o contexto político internacional da época. Durante a Guerra Fria, os EUA eram fervorosos defensores do anticomunismo e acreditavam que era seu dever combater a propagação do comunismo em todo o mundo. No Brasil, os EUA viam João Goulart como um líder comunista que representava uma ameaça à segurança do hemisfério ocidental.

De acordo com o historiador John W. F. Dulles, a CIA tinha uma longa história de envolvimento em operações secretas em países estrangeiros, incluindo a América Latina. Dulles argumenta que a CIA estava preocupada com a possibilidade de o Brasil se tornar um estado comunista e, portanto, trabalhou para desestabilizar o governo de Goulart e apoiar o golpe militar de 1964.

Além disso, de acordo com o historiador Peter Kornbluh, documentos desclassificados recentemente mostram que os EUA forneceram apoio financeiro e logístico aos militares brasileiros que planejavam o golpe. Kornbluh também aponta que os EUA treinaram os militares brasileiros em técnicas de tortura e repressão, que seriam usadas para silenciar a oposição política durante a ditadura.

No entanto, outros autores discordam da ideia de que os EUA desempenharam um papel decisivo no golpe. Segundo o historiador René Armand Dreifuss, embora os EUA tivessem interesse em derrubar Goulart, eles não tiveram um papel decisivo no golpe. Dreifuss argumenta que o golpe militar foi liderado principalmente por militares brasileiros que estavam descontentes com o governo de Goulart e buscavam manter seu poder e privilégios.

 

Conclusão

Em resumo, embora existam diferentes opiniões sobre a participação dos EUA no golpe militar de 1964, há evidências suficientes para sugerir que os EUA desempenharam um papel significativo no apoio aos militares brasileiros que planejavam o golpe. Documentos recentemente desclassificados mostram que os EUA forneceram apoio financeiro e logístico aos militares, treinaram as forças armadas brasileiras em técnicas de repressão e tortura e tinham um forte interesse em desestabilizar o governo de Goulart.

Embora as opiniões divergentes de diferentes autores sobre a participação dos EUA no golpe de 1964 possam gerar debates, é importante ressaltar que o fato de os EUA terem fornecido apoio financeiro, logístico e treinamento aos militares brasileiros na época do golpe é um dado histórico documentado. Deve-se levar em conta também o contexto político internacional da Guerra Fria, em que os EUA defendiam o anticomunismo e viam líderes de esquerda como uma ameaça à segurança nacional americana.

O golpe militar de 1964 teve consequências profundas para o Brasil, incluindo a instauração de uma ditadura que durou mais de 20 anos, o que resultou em milhares de mortes, torturas e perseguições políticas. É importante que a história do golpe e seus efeitos sejam estudados e discutidos para garantir que a democracia e os direitos humanos sejam protegidos em todo o mundo.

Referências:

DULLES, John W. F. The clandestine cold war in Asia and Latin America: a comparison. In: The CIA in Guatemala: The Foreign Policy of Intervention. University of Texas Press, 2005.

KORNBLUH, Peter. Brazil and the United States: The Limits of Independence, 1930-1964. Oxford University Press, 1993.

DREIFUSS, René Armand. 1964: A Conquista do Estado: Ação Política, Poder e Golpe de Classe. Vozes, 1981.

 

 

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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