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Fundamentalismos:

fundamentalismos

O fenômeno dos fundamentalismos é um tema complexo e atual na sociedade contemporânea. Ele pode ser definido como uma ideologia que busca o retorno às raízes de uma determinada religião ou doutrina, defendendo a interpretação literal dos textos sagrados e rejeitando qualquer forma de mudança ou adaptação a novas realidades sociais, culturais e políticas. Neste texto, iremos abordar o tema dos fundamentalismos com base nas reflexões de três autores: Karen Armstrong, Zygmunt Bauman e Scott Atran.

Karen Armstrong e a origem dos fundamentalismos

Segundo a historiadora da religião Karen Armstrong, o fundamentalismo é um fenômeno recente que surgiu no final do século XIX, como uma reação conservadora ao Iluminismo e ao modernismo. O fundamentalismo religioso se caracteriza pela busca de uma interpretação literal e inerrante dos textos sagrados, e pela rejeição de qualquer forma de crítica ou de questionamento das verdades estabelecidas. Para Armstrong, os fundamentalismos surgem em momentos de crise, quando as pessoas se sentem ameaçadas por mudanças sociais, culturais e políticas, e buscam refúgio na certeza e na estabilidade que as doutrinas religiosas oferecem.

Scott Atran e a psicologia dos fundamentalismos

O antropólogo Scott Atran propõe uma abordagem mais psicológica do fenômeno do fundamentalismo. Para ele, o fundamentalismo é um movimento de busca por significado e pertencimento, que se baseia em uma identidade coletiva compartilhada, em valores e crenças comuns, e em uma narrativa que dá sentido à vida e à história do grupo. Atran destaca que os fundamentalismos não são exclusivos das religiões, podendo ser encontrados em movimentos políticos, étnicos e culturais. Para ele, o fundamentalismo surge em contextos de conflito, de opressão ou de desesperança, quando as pessoas se sentem desafiadas em sua identidade e buscam reafirmá-la de forma radical.

Considerações finais

Em síntese, os fundamentalismos são um fenômeno complexo e multifacetado, que pode ser abordado sob diferentes perspectivas teóricas. Karen Armstrong destaca a origem recente do fenômeno, relacionado às crises sociais, culturais e políticas. Zygmunt Bauman enfatiza a busca por solidez e permanência em um mundo líquído. Portanto,  para  Scott Atran, por sua vez, enfoca a dimensão psicológica do fundamentalismo, que se relaciona com a busca por significado, pertencimento e identidade em contextos de conflito e opressão.

O estudo dos fundamentalismos é importante porque esses movimentos têm impacto significativo na sociedade contemporânea, afetando as relações entre grupos sociais, a política, a economia, a cultura e a religião. O fundamentalismo pode levar a conflitos violentos, à intolerância e ao extremismo, além de limitar o diálogo e o entendimento entre grupos diferentes.

Atividade sugerida

Uma atividade que pode ser desenvolvida no ensino médio para aprofundar o conhecimento sobre o tema dos fundamentalismos é a realização de um debate sobre as possíveis causas e consequências desses movimentos na sociedade. Os alunos podem ser divididos em grupos e escolher um autor ou uma perspectiva teórica para discutir, apresentando exemplos concretos de fundamentalismos religiosos, políticos, culturais ou étnicos em diferentes partes do mundo. O debate pode ser realizado em uma mesa-redonda ou em um fórum online, com a participação de professores e especialistas convidados para enriquecer a discussão. Essa atividade pode contribuir para o desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva dos alunos, além de estimular o diálogo e a tolerância entre diferentes pontos de vista.

Referências

ARMSTRONG, Karen. The Battle for God: A History of Fundamentalism. New York: Ballantine Books, 2001.

BAUMAN, Zygmunt. Liquid Fear. Cambridge: Polity Press, 2006.

ATRAN, Scott. In Gods We Trust: The Evolutionary Landscape of Religion. Oxford: Oxford University Press, 2002.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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