“A Naturalização da desigualdade”

A Naturalização da desigualdade – Jessé de Souza

Naturalização da desigualdade

A naturalização das desigualdade se dá comi exercício da “ideologia do desempenho” se dá de forma sub-reptícia, sutil e silenciosamente por meio de uma prática reproduzida irrefletidamente nos diversos habitus com escolhas, distinções e distanciamentos como que pré-embutidos em um princípio de realidade simbólico ancorado e reproduzido institucionalmente, a opacidade da dominação, também sob condições modernamente periféricas, é autodestrutiva para os grupos afetados com um “habitus precário”, na medida em que a auto-representação e a auto-estima, socialmente construídas, leva inexoravelmente àquilo que Taylor havia definido como a consequência da ausência de reconhecimento social: “ausência de reconhecimento não significa apenas falta do devido respeito a alguém. Ela inflige feridas profundas, atingindo suas vítimas com um auto-desprezo mutilador.”43 Uma dessas formas de feridas profundas parece-me a aceitação da situação de precariedade como legítima e até merecida e justa, fechando o círculo do que gostaria de chamar de “naturalização da desigualdade”, mesmo de uma desigualdade abissal como a da sociedade brasileira. (SOUZA, Jessé. A Construção Social da Subcidadania. p. 178-179)

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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