O que é anomia social? é um termo utilizado por Émile Durkheim para descrever a falta de normas ou de regulamentação social em uma sociedade. Segundo Durkheim, a anomia pode ocorrer em situações em que há uma quebra nas normas e valores tradicionais que guiam o comportamento humano, o que pode levar a uma sensação de desconforto e incerteza. A anomia também pode ser gerada por mudanças rápidas nas condições sociais, econômicas ou políticas de uma sociedade, que podem deixar as pessoas sem saber como se comportar e o que é esperado delas. Durkheim argumentou que a anomia pode levar a comportamentos anti-sociais e a uma diminuição da solidariedade social.
.
.
O que é anomia social? Noções premilinares.
A anomia social é um conceito essencial dentro da sociologia clássica e encontra em Émile Durkheim um de seus principais elaboradores. Trata-se da ausência ou fragilidade das normas sociais, o que leva a uma desregulação das condutas e, consequentemente, ao enfraquecimento da coesão social. Para compreender profundamente esse conceito, é fundamental analisá-lo a partir da obra “Da Divisão do Trabalho Social” (Durkheim, 1999), em que o autor o desenvolve em sua dimensão moral e funcional.
O que é anomia social? A ordem e o papel das regras sociais
Durkheim parte do princípio de que toda sociedade precisa de regras para funcionar. Essas normas, tanto jurídicas quanto morais, regulam as relações entre os indivíduos e entre os grupos. Elas impõem limites e direcionam comportamentos, não apenas por meio de sanções, mas pela internalização do que é considerado justo e adequado. Quando essas normas não existem, estão enfraquecidas ou não são reconhecidas como legítimas, instala-se a anomia.
Segundo Durkheim (1999), a anomia é particularmente observada na vida econômica, onde, por vezes, não há regulamentação moral eficaz para conter o conflito entre empregadores e empregados, nem entre concorrentes comerciais. A ausência de uma moral profissional estruturada faz com que os indivíduos ajam guiados apenas por interesses próprios e momentâneos, o que gera disputas constantes e instabilidade nas relações sociais. Como ele afirma: “toda essa esfera da vida coletiva é, em grande parte, subtraída à ação moderadora da regra” (Durkheim, 1999, p. VII).
O que é anomia social? A anomia como doença social
Durkheim não vê a anomia como uma condição normal ou aceitável, mas como um fenômeno patológico — uma doença social. Ela representa o fracasso da sociedade em impor limites e garantir um equilíbrio entre as partes. Em situações anômicas, “as forças em presença […] tendem a se desenvolver sem termos e acabam se entrechocando” (Durkheim, 1999, p. VII), o que cria um ambiente de conflito permanente, instabilidade e insegurança.
Mais do que a ausência de leis formais, a anomia se expressa na falta de autoridade moral coletiva capaz de organizar os desejos individuais e impedir que a “lei do mais forte” se torne regra. Assim, a anomia está profundamente ligada à fragilidade da solidariedade social — um conceito central na obra de Durkheim.
O que é anomia social? A solidariedade e a crise moral
Durkheim observa que a divisão do trabalho, própria das sociedades modernas, deveria gerar coesão e interdependência entre os indivíduos — o que ele chama de solidariedade orgânica. No entanto, quando essa divisão ocorre de maneira desordenada, sem vínculos morais claros entre os que desempenham diferentes funções, surgem desequilíbrios que favorecem o egoísmo e a ruptura das conexões sociais.
Nesses contextos, a anomia se instala não apenas como um problema econômico, mas como um sintoma de crise moral generalizada. A falta de sentido, de dever e de pertencimento leva os indivíduos a agir sem considerar o bem comum, o que fragiliza a própria estrutura da vida coletiva.
Durkheim alerta que “a ausência de qualquer disciplina econômica não pode deixar de acarretar uma diminuição da moralidade pública” (Durkheim, 1999, p. IX). Isso afeta a confiança entre os indivíduos, a previsibilidade das ações e a legitimidade das instituições.
O que é anomia social? O papel dos grupos profissionais como resposta à anomia
Como saída para a anomia, Durkheim propõe a organização de grupos profissionais — associações que não apenas regulem as relações econômicas, mas também produzam um ethos coletivo, ou seja, um conjunto de valores e normas que guiem o comportamento dos seus membros. Esses grupos, segundo o autor, teriam a capacidade de gerar coesão moral, pois reuniriam indivíduos com funções semelhantes, promovendo solidariedade, identidade e um senso de dever mútuo.
Ele defende que somente grupos dotados de certa permanência e representatividade podem elaborar e impor regras eficazes para regular as relações dentro da esfera econômica. Assim, a anomia pode ser superada não apenas com leis estatais, mas com o fortalecimento de instâncias intermediárias, como sindicatos, conselhos e corporações profissionais (Durkheim, 1999, p. XII).
Considerações finais
A anomia social, na perspectiva de Durkheim, é um fenômeno central para entender os desafios morais das sociedades modernas. Ela revela o quanto a coesão não depende apenas de laços jurídicos ou econômicos, mas da construção de um sistema compartilhado de valores. Em tempos de instabilidade, desemprego, desigualdade e fragmentação social, o conceito de anomia permanece atual, desafiando-nos a repensar os modos de organização coletiva, a função das instituições e a importância de normas legítimas e respeitadas.
Reconhecer a anomia como um mal social não significa desejar um retorno à rigidez normativa do passado, mas compreender que a liberdade só se realiza plenamente quando existe um arcabouço moral que a sustente. Nas palavras de Durkheim, “as paixões humanas só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam” (Durkheim, 1999, p. VII).
Referência bibliográfica:
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2. ed. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Se quiser, posso expandir esse texto para artigo, adaptá-lo para post, slide de aula, roteiro de vídeo ou resumo didático. Deseja isso?
Acredito que a situação econômica em que os desempregados têm se deparado está levando as pessoas a agir inconscientemente ou de forma doentia.
Olá, professor. Você acredita que o terrorismo, ou melhor, a violência perpetrada pelo Estado Islâmico se configura como um tipo de anomia aos moldes de Durkheim? De que forma?
Obrigada.
Olá, professor. Você acredita que o terrorismo, ou melhor, a violência perpetrada pelo Estado Islâmico se configura como um tipo de anomia aos moldes de Durkheim? De que forma?
Obrigada.
A escola vive uma anomia;
A escola vive uma anomia no sistema educacional.
A anomia é um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno