Você já ouviu falar em capacitismo? O termo é amplamente discutido em discussões sobre inclusão e justiça social. Mas então, o que é saber? Por que é tão importante compreendê-lo e debatê-lo?
Por Roniel Sampaio-Silva
Compreendendo o capacitismo
Ableismo, termo que tem como sinônimo o capacitismo, é uma forma discriminar sujeitos baseado na ideia de que este sujeito, seu corpo, sua mente e seus comportamentos estão fora do padrão de um corpo perfeito e saudável. Assim, a pessoa que sofre capacitismo é vista como incapaz de viver em harmonia com outros sujeitos, vai ser visto como estorno para a vida em sociedade. Essa forma de pensar redutora e racista niiliza corpos e mentes considerados “normais”, mesmo que essas pessoas pertençam a classes sociais diferentes. Mello (2016) argumentou que através da discriminação, de estruturas institucionais discriminatórias e de políticas públicas não inclusivas, aumenta a mobilidade, a participação em diferentes espaços públicos e a autoexpressão das pessoas com deficiência.
Origens históricas e antecedentes
Para melhor compreensão do que é capacitismo, devemos analisar as suas respectivas condições históricas e sociais. O nome, que é obtido da palavra inglesa “habilidade”, tinha sido conhecido nos Estados Unidos entre os anos 1970 e 1980 e estava vinculado ao movimento por direitos dos deficientes e ao movimento das mulheres. Dias (2013) menciona que as histórias de eugenia, regulação e neoliberalismo são factores que moldam an acessibilidade. Eugenia incentiva a superioridade de alguns grupos, o que empurra para a margem aqueles com deficiências. Os estéreótipos estabelecem normas de autoridade em relação ao corpo humano, consolidando an ideia de que nós sofrem diferentes corpos. Neoliberalismo nega as políticas de inclusão e acesso e favorece a populismo e a concorrência.
O capacitismo ou Ableismo se manifesta de muitas maneiras em nossa sociedade. Habilidades internalizadas levam as pessoas a ver as pessoas com deficiência como inferiores, incompetentes e dependentes. Esta internalização do racismo dificulta pensar sobre a diferença e perpetua a exclusão.No sistema econômico capitalista, na qual as relações sociais são baseadas na produtividade e na exploração as pessoas com deficiência são consideradas como barreiras para o progresso e prosperidade. Na fase mais radicalizada do capitalismo, o nazi-fascismo, se valeu de esforços para se livrar das pessoas com deficiência em função do capacitismo e da eugenia.
Reduzir a discriminação, incluindo a capacitista, é essencial para construir uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Isso inclui questionar os costumes e crenças que perpetuam esse tipo de discriminação e apoiar políticas e ações que garantam que as pessoas com deficiência participem plenamente e se mantenham independentes. Guimarães (2013) destaca a importância de identificar e lidar com suas habilidades, determinar de onde você vem e enfrentar desafios para melhorar. Considerando a consciência como linguagem e discurso histórico, podemos melhor compreender a marginalização e os esforços para combatê-la.
Por fim, o capacitismo é uma forma de opressão que promove o preconceito, a exclusão e a injustiça contra as pessoas com deficiência. Para construir uma sociedade inclusiva e justa, é necessário entender suas origens, manifestações e significado. Ao questionar nossas crenças e praticar o respeito e a empatia em cada interação, cada um de nós tem um papel importante nessa luta. Juntos, podemos construir um mundo onde a força e a unicidade de cada um sejam reconhecidas e valorizadas.
Referências
DIAS, A. Por uma genealogia do capacitismo: da eugenia estatal a narrativa capacitista social. Anais do I Simpósio Internacional de Estudos sobre a Deficiência – SEDPcD/ Diversitas/USP Legal – São Paulo, junho/2013.
GUIMARÃES, E. Designação e Espaço de Enunciação: um encontro político no cotidiano. LETRAS, Santa Maria, UFSM, n. 26, p. 53-62, 2013.
LAGE, Sandra Regina Moitinho; LUNARDELLI, Rosane Suely Alvares; KAWAKAMI, Tatiana Tissa. O Capacitismo e suas formas de opressão nas ações do dia a dia. Encontros Bibli, v. 28, p. e93040, 2023.
MARCHESAN, Andressa; CARPENEDO, Rejane Fiepke. Capacitismo: entre a designação e a significação da pessoa com deficiência. Revista Trama, v. 17, n. 40, p. 45-55, 2021.
MELLO, Anahi Guedes de. Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Ciência & Saúde Coletiva [online]. Rio de Janeiro, v. 21, n.10, p.3265-3276, out. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.07792016. Acesso em: 25 abr. 2024.
VENDRAMIN, Carla. Repensando mitos contemporâneos: o capacitismo. Simpósio Internacional repensando mitos contemporâneos, v. 2, p. 16-25, 2019.