Coerção social é um termo que se refere às pressões e influências que uma sociedade ou grupo social exerce sobre os indivíduos para que eles adotem crenças, valores e comportamentos específicos. Tal coerção social pode ser exercidas de várias maneiras, incluindo por meio de normas sociais, leis, regulamentos, punições e recompensas. Talvez você não conheça essa palavra, mas convive com a coerção social a todo tempo; dentre que acorda até a hora de dormir.
O termo coerção deriva do idioma Latim, coercio, “ação de reprimir, de refrear; repressão; castigo”. Ao agrupar as palavras coerção e social, damos origem a expressão cunhada pela sociologia “Coerção Social”. Nesse sentido, a coerção social é caracterizada pela pressão e/ou repressão que a sociedade exerce sobre o indivíduo (Tema muito presente na Sociologia de Durkheim e de Foucault).
Tal repressão manifesta-se por meio das leis e as normas sociais. As normas não necessariamente estão inscritas em forma de documentos legais. Podem estar inserida de forma simbólica no espaço, manifestada na sua organização e estrutura.
A coerção social pode ser exercida por um grupo grande ou pequeno de indivíduos, manifestando-se de forma física ou psicológica. O pressão que sofremos para usarmos roupas ao sair de casa é um exemplo desse conceito, assim como usarmos talheres para comer ou não praticarmos assassinatos.
A coerção social mais eficiente é aquela que é internalizada pelo indivíduo a ponto dele achar que faz determinadas coisas por sua livre escolha, como por exemplo, colocar uma roupa bonita para ir a uma festa.
Um exemplo curioso que ganhou os noticiários foi o caso ocorrido na Grande Florianópolis, Santa Catarina, no bairro São José, onde moradores descontentes com a prática de prostituição de travestis no bairro resolveram utilizar-se da coerção social para acabar com a prática. Como a prostituição não é crime, eles não poderiam acionar o Poder Público para as retirar do local. Tiveram, então, a ideia de coibir a clientela.

Os moradores, em grupos de 5 a 10 pessoas, passaram a noite na rua por alguns dias fotografando todo o movimento. Os clientes não querendo ser visto pela sociedade comprando os serviços das travestis foram se afastando e deixando de frequentar o local. O resultado foi que as travestis ficaram sem clientes no local e tiveram que mudar para outra área não residencial.
O conceito de coerção social foi elaborado por Émile Durkheim como um dos pilares de sua teoria sociológica. Para ele, a sociedade exerce uma força sobre os indivíduos, moldando suas ações, pensamentos e sentimentos. Essa força é o que Durkheim chama de coerção social, e ela é fundamental para manter a ordem e a coesão nos grupos humanos.
A coerção social se manifesta de maneira sutil ou explícita: desde normas e costumes internalizados que guiam o comportamento cotidiano, até sanções legais ou morais aplicadas àqueles que transgridem as regras coletivas. Por exemplo, quando alguém sente vergonha por agir de forma inadequada ou é punido por uma infração legal, está vivenciando a ação da coerção social.
Durkheim argumenta que os fatos sociais, como o direito, a religião, a moral ou a moda, são dotados de poder coercitivo, isto é, existem fora do indivíduo e exercem pressão sobre ele. Essa pressão é o que permite que a sociedade funcione como um sistema integrado, em que os indivíduos, mesmo sem perceber, seguem normas compartilhadas.
A coerção, para Durkheim, não é necessariamente negativa. Ao contrário, ela é vista como condição essencial para a vida em sociedade. Sem algum grau de coerção, não haveria estabilidade social, nem valores comuns capazes de orientar a convivência. Contudo, quando a coerção se torna excessiva ou rígida demais, pode gerar efeitos patológicos, como anomia ou opressão.
Em suma, a coerção social é o mecanismo pelo qual a sociedade se impõe aos indivíduos, garantindo o cumprimento das normas coletivas e a manutenção da ordem social. Esse conceito é central para entender a relação entre indivíduo e sociedade na tradição durkheimiana e permanece relevante nos estudos contemporâneos sobre controle social, disciplina e cultura.

Por Cristiano das Neves Bodart
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As coerções sociais mudam conforme a sociedade certo? Se um individuo vai contra a pressão exercida pela coerção da sua sociedade, ao seu ver, quais seirão as consequências?
O indivíduo que vai contra as coerções sociais de determinada sociedade, irá sofrer sanções. Essas sanções podem ser preconceitos, tortura psicológica, torturas físicas, prisão e até mesmo a morte. Um exemplo básico que ocorre todos os dias é a homofobia.
Na cidade de Santa Catarina? Existe uma cidade chamada Santa Catarina?
Med, desculpe pelo erro. estarei corrigindo.
Podia citar as fontes né!! Ajudaria bastante em trab acadêmicos, para vermos a bibliografia que usou
Gostei
Muito interessante!
Muito bom
Adorei! Muito legal! Pena que tem sempre uma pessoa invejosa para criticar um detalhe.
muito bom
Muito bom o artigo, e bem contextualizado o exemplo!
Muito bom. Mais claro que isso, só falando de novo. Parabéns!
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Um tema importante poderia ter uma revisão de texto, fontes e uma diagramação.
Olá Felipe, tudo bem?
Muito obrigado pelo seu comentário. O texto foi diagramado. Estamos abertos às sugestões.
ótimo texto! muito esclarecedor
obrigado
Muito bom, esclarecedor. Tem jovens tão afundados em conteúdos disseminados nas redes sociais por certo “influenciadores” que, mesmo ganhando apenas um salário mínimo como pagamento mensal laboral, compram, parcelado em 24x, ou até em 26x um iPhone pois, em seu grupo social quem não tiver um iPhone é discriminado ou taxado como inferior aos indivíduos integrantes grupo.
Obrigado pelo seu comentário