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  • O que é antropologia cultural?

    O que é antropologia cultural?

    A antropologia cultural é uma vertente da antropologia, uma disciplina científica que busca estudar o ser humano e compreender como este pode levar vidas tão diferentes. A antropologia cultural é aquela vertente da antropologia que elegeu o fenômeno da cultura como aquele que melhor sintetiza o que é o ser humano, em geral considerado alguém que se diferencia dos animais justamente por conta da sua capacidade de produzir cultura.

     

    Por Rodrigo Rougemont da Motta[1]

    Contextualizando o surgimento da antropologia

    Para falarmos de antropologia cultural é fundamental retornarmos ao surgimento da antropologia enquanto ciência. Autores como Edward Tylor, James Frazer, Lewis Morgan e Herbert Spencer foram considerados os primeiros antropólogos, interessados em compreender o homem e suas relações culturais. Todos esses autores nascidos no século XIX possuíam algo em comum: consideravam que as culturas europeias se encontravam no topo da escala evolutiva, e que todas as outras culturas que não europeias, estariam em situação de atraso nesta corrida. Apesar de serem autores que privilegiavam o estudo da cultura para entender o ser humano, estes acreditavam que havia uma única forma cultural legítima no planeta, e que todas as outras seriam culturas atrasadas, que estariam fadadas ao desaparecimento caso não fossem capazes de se adaptar ao modelo europeu. A cultura europeia era tida como o modelo ideal de civilização, e todas as outras eram consideradas culturas inferiores, e portanto não civilizadas.

    Todos estes autores apesar de estudiosos da cultura, ficaram conhecidos como teóricos da chamada antropologia evolucionista. Isso porque apesar de reconhecerem a importância do estudo da cultura, não respeitavam a diversidade cultural das sociedades humanas, entendendo que a diversidade era apenas fruto da incapacidade de determinadas sociedades de alcançarem a única cultura considerada realmente legítima: a europeia. Neste caso, a diversidade era entendida como fruto de um fracasso, já que para estes autores todas as sociedades humanas deveriam atingir o mesmo modelo cultural.

    Origem e consolidação da antropologia cultural

    diversidade na antropologia cultural

    Embora o antropólogo britânico Edward Tylor tenha sido considerado por alguns o “pai fundador” da antropologia cultural, por ter sido o primeiro a dar uma definição formal ao conceito de cultura, ele ainda partilhava do ideal evolucionista que privilegiava apenas uma única cultura como legítima. É apenas a partir do antropólogo teuto-americano Franz Boas que de fato se inicia o que hoje entendemos por antropologia cultural. Ao contrário da visão etnocêntrica dos autores evolucionistas que colocavam a cultura europeia no centro do mundo e julgavam todas as culturas a partir desta, Boas vai substituir o conceito de “cultura” no singular, por “culturas” no plural.

    Para Boas era impossível falar em apenas uma única cultura, já que a humanidade seria formada por uma diversidade imensa de culturas. Boas é um dos principais expoentes do conceito de “relativismo cultural”, que vai defender que cada cultura possui sua luz própria, ou seja, suas especificidades e singularidades que são relativas ao contexto de cada uma. Ao contrário do etnocentrismo que elege uma única cultura como central, o relativismo cultural vai defender que para se compreender a cultura do outro é preciso olhar com os olhos do outro, e não com as lentes da sua própria cultura. O relativismo defende que as culturas são necessariamente diferentes, e que devem ser respeitadas na sua diversidade. Para o relativismo cultural é impossível hierarquizar culturas e definir que uma é superior à outra.

    Tópicos do relativismo cultural

    Outra questão fundamental do relativismo cultural é se colocar contra o determinismo biológico e o determinismo geográfico. Enquanto o determinismo biológico afirma que a personalidade de um povo é totalmente moldada por características genéticas e raciais, o determinismo geográfico defende que a geografia e o clima de um lugar definem completamente a personalidade daquele povo. Ideais racistas chegaram a defender que o negro era biologicamente alguém que nasceu dotado para a servidão, enquanto outros defendiam que o clima quente tornava um povo preguiçoso. Se pensarmos que o Brasil sempre foi um país quente e que a maioria dos primeiros antropólogos eram europeus, e que a Europa é um continente em sua maioria de clima frio, podemos claramente perceber como o determinismo biológico e o geográfico possuíam uma veia preconceituosa, de caráter racista e xenofóbico.

    Desta maneira, o relativismo cultural de Boas vai confrontar diretamente estes dois conceitos, demonstrando como as diferenças culturais não são algo determinado pela biologia ou pela geografia, mas sim pelo contexto e pelas relações singulares que estes grupos mantinham entre si. Enquanto estas formas de determinismo encontram uma explicação universal (a biologia ou o clima) para definir personalidade, o relativismo cultural demonstra como cada cultura possui aspectos particulares por conta da história particular de cada grupo social. Sendo assim, a antropologia cultural surge basicamente a partir dos estudos de Franz Boas nos Estados Unidos, defendendo que cada cultura deve ser pensada em sua singularidade e especificidade, e não a partir de um caráter abstrato de universalidade, que tenta se passar por científico, mas que no fundo apenas revela seu etnocentrismo e sua incapacidade de compreender o outro.

    [1]Rodrigo Motta é mestre em Antropologia e Sociologia. Graduado em Ciências sociais. É professor do Instituto Federal do Piauí campus São Raimundo Nonato. 

    Referências

    LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. 1a ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, 205p.

    CASTRO, C. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005, 08p.

     

     

    Como citar este texto:

    MOTTA, Rodrigo Rougemont. O que é Antropologia Cultural. Blog Café com Sociologia, dez. 2022. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/o-que-e-antropologia-cultural

  • Lugar de fala, que lugar é esse? O contexto sócio-político e a polêmica obra de Djamila Ribeiro

    Lugar de fala, que lugar é esse? O contexto sócio-político e a polêmica obra de Djamila Ribeiro

    Lugar de fala, que lugar é esse? O contexto sócio-político e a polêmica obra de Djamila Ribeiro

    Fabio Monteiro de Moraes[1]

    O livro “Lugar de fala” foi lançado em 2017 no momento em que o Brasil enfrentava o início de uma crise iniciada em 2013, que culminou no golpe de 2016 com o impeachment da então presidenta da República, Dilma Rousseff. Foi o primeiro título a ser lançado pela coleção Feminismos Plurais, organizada por Djamila Ribeiro, mulher preta, brasileira, pesquisadora, graduada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestra em filosofia política pela Universidade de São Paulo (USP), militante do movimento negro feminista e autora do livro Lugar de fala. Conforme foi esclarecido pela própria Djamila, a coleção Feminismos Plurais foi pensada visando “trazer para o grande público questões importantes referentes aos mais diversos feminismos de forma didática e acessível” (RIBEIRO, 2019, p. 14).

    O contexto sócio-político

    Com o avanço da extrema-direita no mundo, sobretudo nos Estados Unidos com os governos de Donald Trump e no Brasil com Jair Bolsonaro, marcados por suas características racistas, homofóbicas e sexistas, o tema do racismo e do sexismo já era um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, principalmente depois do assassinado do afro-americano Jorge Floyd, pelo americano Derek Chauvin, policial branco da cidade de Minneapolis. Em 2018, um ano após o lançamento do livro “Lugar de fala”, 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil eram negras (VASCONCELOS, 2020). A mesma matéria, que apresenta dados a partir do Atlas da Violência (2020), organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), afirma que o caso das mulheres é ainda pior, reforçando um dos pontos destacados na obra Lugar de fala (2018), pois, no mesmo ano, 2018, a cada 2 horas uma mulher foi assassinada no Brasil, das 4.519 vítimas, 68% eram mulheres negras.

    Em 2020, dois livros da coleção Feminismos Plurais estavam no top 10 dos livros mais vendidos do Brasil. O livro “Pequeno Manual Antirracista”, lançado em 2019 por Djamila Ribeiro, ocupava a primeira posição, enquanto o livro “Racismo Estrutural”, do professor Silvio Almeida, ocupava a nona posição entre os mais vendidos do Brasil. Vale ressaltar que em 2020, além do assassinato de Floyd, que chocou o mundo e impulsionou movimentos antirracistas e antifascista em todo o globo, como, por exemplo, o movimento Vidas Negras Importam, no Brasil, 78% das pessoas mortas pela polícia eram negras (PEREIRA, 2021).

    Ao que tudo indica, a grande repercussão da figura de Djamila, bem como de suas obras, inclusive no exterior,[2] se deu, além de sua competência como escritora, militante e filósofa, pesquisadora, também, pela conjuntura política e social, sobretudo em um Brasil assolado pela Covid19, onde a violência doméstica contra mulheres negras foi escancarada (OLIVEIRA; SOARES; SOARES, 2021)

    Lugar de fala, que lugar é esse?

    Objetivando apresentar o termo Lugar de fala aos leitores de forma contextual, a autora recupera o famoso discurso contra-hegemônico “E eu não sou uma mulher?”, proferido em 1851, pela abolicionista, escritora e ativista dos direitos da mulher, Sojouner Truth, partindo daí para aquilo que parece ser um dos principais pressupostos do seu livro: o problema da universalização da categoria mulher, como uma espécie de não-marcação das diferenças existentes, isto é, como uma forma de silenciamento que oculta as intersecções. Nessa direção, a autora propõe aos movimentos feministas “abdicar da estrutura universal ao se falar de mulheres e levar em conta as outras intersecções, como raça, orientação sexual, identidade de gênero” (RIBEIRO, 2019, p.19). Outro pressuposto evidenciado pela autora é a existência de um feminismo hegemônico, feito por e para as mulheres brancas, que não incluem em suas pautas nem as mulheres negras, nem as indígenas, por exemplo.

    Pensando com Linda Alcoff (2020), Ribeiro (2019) propõe que seja feita uma reflexão acerca das epistemologias, alertando para a necessidade de se pensar saberes-outros.

    Pensando num contexto brasileiro, o saber das mulheres de terreiro, das Ialorixás e Babalorixás, das mulheres do movimento de luta por creches, lideranças comunitárias, irmandades negras, movimentos sociais, outra cosmogonia a partir de referências provenientes de religiões de matriz africanas, outras geografias de razão e saberes (RIBEIRO, 2019, p.22).

    Para tanto, a autora propõe uma solução radical: “desestabilizar e transcender a autorização discursiva branca, masculina, cis e heteronormativa e debater como as identidades foram construídas nesses contextos” (ibidem, p.23). Ou seja, como a noção de outro ou outridade foi e continua sendo ideologicamente construída como objeto.

    É no segundo capítulo do livro que a questão sobre a construção do outro é abordada, e para isso, apoia-se no ombro de gigantes como, por exemplo, Patrícia Hill Collins, Lélia Conzáles e Grada Kilomba, partindo da premissa que há um olhar colonizador sobre os corpos, saberes e produções femininas, e que diante dessa realidade, não é suficiente apenas refutar os olhares colonizadores, é preciso partir de outros pontos, lugares e saberes. Com as contribuições de Grada Kilomba, considerando o que postula Simone de Beauvoir, partindo de uma concepção universal mulher, onde esta é constituída como o Outro do homem, infere-se que, nesse caso, em uma sociedade patriarcal e racista, a mulher negra por não ser nem mulher branca e nem homem, estaria, como disse Spivak (2010), numa situação muito mais obscura, o que faz com que Grada Kilomba afirme que a mulher negra não é o Outro, mas o Outro do Outro.

    Nessa direção, é importante que se pense na mulher negra, separadamente da mulher branca, e por isso, Ribeiro (2019) defende a luta do feminismo negro, pois, olhando tanto para a história, quanto para a realidade contemporânea, podemos facilmente nos indagar sobre a seguinte questão: enquanto a mulher branca, numa sociedade patriarcal e racista estava lutando pelo direito ao voto, ao acesso ao mercado de trabalho, a mulher negra, onde estava? Por esses e outros motivos, a autora parece reforçar ao longo de todo o texto a necessidade da abolição do uso do termo mulher como uma categoria universal, dando a entender que todas as mulheres são iguais e que vivenciam as mesmas experiências ou as mesmas necessidades sociais. Não universalizar significa marcar as diferenças. Trazer a tona, deixar emergir as experiências existentes, produzidas como ausentes (SANTOS, 2002). “A insistência em falar de mulheres como universais, não marcando as diferenças existentes, faz com que somente parte desse ser mulher seja visto” (RIBEIRO, 2019, p.31). Nesse sentido, pressupõe-se que o não marcado ou o não situado seja marcado e visibilizado para poder emergir e ocupar o seu lugar social.

    Para definir o que é lugar de fala, Ribeiro (2019) recupera uma citação oriunda do campo da comunicação que define o termo como

    um instrumento teórico-metodológico que cria um ambiente explicativo para evidenciar que os jornais populares ou de referência falam de lugares diferentes e concedem espaços diversos às falas das fontes e dos leitores (RIBEIRO, 2019, p.39 apud AMARAL, 2005, p. 105)

    A partir desse extrato, podemos inferir que o termo lugar de fala é apresentado como um instrumento teórico-metodológico que traz a tona a emergência e a existência de diferentes lugares de onde as pessoas falam, enfatizando que nem todos falam a partir do mesmo lugar.

    Ademas, quando se fala de lugar, no contexto do livro Lugar de fala, que lugar é esse? Como resposta, a autora esclarece que esse lugar é um lugar social, que “não se limita a uma visão essencialista onde somente os negros poderiam falar” (RIBEIRO, 2019, p.44), conforme querem fazer crer alguns de seus críticos. Porém, adverte não haver uma epistemologia determinada sobre o termo lugar de fala e que sua origem é imprecisa. O termo Lugar de fala reúne dois fenômenos:

    […]as vozes do feminismo negro norte-americano, do feminismo branco tradicional e dos estudos subalternos. Trata-se, assim, da experiência vivida por mulheres negras e teorizadas por elas próprias, sem o uso de intérpretes, e da condição dessas mulheres em serem construídas como o “outro do outro (NASCIMENTO, 2021, p. 58).

    Ribeiro (2019, p.55) chama atenção para que, apesar de haver uma confusão entre lugar de fala e representatividade, não se trata da mesma coisa. Por exemplo, diz ela “uma travesti negra pode não se sentir representada por um homem branco cis, mas esse homem branco cis pode teorizar sobre a realidade das pessoas trans e travestis a partir do lugar que ele ocupa”. Assim, compreende-se que todos tenham seu lugar de fala, porém, nem todos estão na posição de representarem ou falarem por-e-pelas outras pessoas.

    Todavia, “é preciso distinguir o lugar epistêmico e o lugar social” (BERNARDINO-COSTA; GROSFOGUEL 2016, p.19). Pois, o/a subalternizado/a nem sempre fala do seu lugar social, isto é, do seu lugar de fala, por isso os autores chamam atenção para a necessidade de desassociar um conceito do outro. Ocorre que muitas vezes o(a) subalternizado(a) ocupa um lugar social diferente daquele de onde ele reproduz os discursos dominantes ou hegemônicos.

    Por fim, infere-se que a solução proposta por Djamila no livro Lugar de fala é embasada por uma perspetiva pós-estruturalista que objetiva “desestabilizar e transcender a autorização discursiva branca, masculina, cis e heteronormativa e debater como as identidades que foram construídas nesses contextos”. Em outras palavras, a autora propões que não só é possível agir através das rachaduras causadas pelas resistências das vozes dissonantes, como também é possível rever a noção de outridade ou a condição de subordinação que foi e continua sendo, em grande medida, constitutiva das subjetividades dos(as) subalternizados(as), porém, esse é assunto para uma próxima reflexão.

    Referências

    ALCOFF, Linda. O problema de falar pelos outros. Tradução de SILVA, Vinícius Rodrigues Costa da Silva; ZEFERINO, Hilário Mariano dos Santos; & CHAGAS, Ana Carolina Correia Santos das. Abatirá – Revista de Ciências Humanas e Linguagens, v. 1, n. 1, p. 409-438, jan./jun. 2020.

    BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, v. 31, v.1, p. 15-24, Jan./Abr. 2016.

    SANTOS, Boaventura de Souza, Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 63, Out. p. 237-280, 2002.

    OLIVEIRA, Cláudia Rodrigues. de; SOARES, Elaine Oliveira; SOARES, Jaqueline Oliveira. Pandemia escancara violência contra população negra. Nexos Políticas Públicas. 19 de abril de 2021. Disponível em: https://pp.nexojornal.com.br/ponto-de-vista/2021/Pandemia-escancara-viol%C3%AAncia-contra-popula%C3%A7%C3%A3o-negra. Acesso em: 29 de agosto de 2022.

    PEREIRA, Júlia. Segundo pesquisa, 78% dos mortos pela polícia são negros. Rede Brasil Atual, 23 de abril de 2021. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2021/04/segundo-pesquisa-78-dos-mortos-pela-policia-sao-negros/. Acesso em: 29 de agosto de 2022.

    RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.

    VASCONCELOS, Caê. Homicídios de pessoas negras aumentaram 11,5% em onze anos; os dos demais caíram 13%. Ponte Jornalismo, 27 de agosto de 2020. Disponível em: https://ponte.org/homicidios-de-pessoas-negras-aumentaram-115-em-onze-anos-os-dos-demais-cairam-13/. Acesso em: 29 de agosto de 2022.

    Notas:

    [1]Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Especialista em Filosofia, Conhecimento e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) E-mail: [email protected]

    [2]Em 2019 Djamila Ribeiro foi escolhida pelo governo francês, como Persoalidade do Amanhã. Projeto que seleciona importantes figuras não francesas, valorizando sua projeção atual e impacto no futuro. No mesmo ano a autora teve um de seus livros publicado em francês.

     

    Como citar este texto:

    MOARAES, Fabio Monteiro. Lugar de fala, que lugar é esse? O contexto sócio-político e a polêmica obra de Djamila Ribeiro. Blog Café com Sociologia, dez. 2022. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/lugar-de-fala-que-lugar/

     

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  • O que é Antropologia jurídica

    O que é Antropologia jurídica

    A antropologia jurídica é uma área da antropologia que estuda o modo como as diferentes culturas humanas criam, interpretam e aplicam o direito. É um campo que dialoga muito com as ciências jurídicas e o direito. Em suma, a antropologia estuda como a cultura se relaciona com o direito, normas e leis a partir das motivações de crenças, valores e interesses no sentido de mediar conflitos e conciliações. Tal estudo inclui os sistemas judiciais, das instituições jurídicas, dos costumes e práticas jurídicas, bem como da relação entre o direito e outros aspectos da cultura.

    A antropologia jurídica é uma área interdisciplinar que se relaciona com outras disciplinas, como a sociologia, a psicologia, a política e a história e principalmente com as ciências jurídicas. Isso permite que ela tenha uma abordagem mais ampla e completa do estudo do direito e de sua aplicação nas sociedades. Para a compreensão desta disciplina é necessária um profundo domínio de duas categorias fundamentais que está situada entre os dois campos: a cultura e o direito.

    Um dos principais objetivos da antropologia jurídica é entender como o direito é usado para resolver conflitos e estabelecer relações sociais justas. Isso inclui o estudo de como as leis são criadas e aplicadas, bem como de como elas são interpretadas e implementadas. Além disso, a antropologia jurídica também estuda o modo como o direito é influenciado pela cultura e pelas crenças de uma sociedade. Isso pode incluir o estudo de como as leis são criadas e aplicadas em sociedades diferentes, bem como o modo como elas são influenciadas pelas crenças e valores dessas sociedades.

    antropologia

    Outra grande contribuição desse campo de conhecimento interdisciplinar é compreender como as leis e normas interferem na dinâmica de diferentes grupos culturais, o que pode criar situação vantagem para um grupo ou etnia em detrimento de outros. Um exemplo disso é pensar como um exame/prova/concurso pode ser utilizado para legitimar socialmente os capitais culturais típicos de uma cultura em detrimento de outra. Por exemplo, um exame de ordem que privilegie muito mais direito empresarial sob os demais pode ser um instrumento de legitimação social de uma classe privilegiada que tem práticas sociais mais frequentes neste espaço do direito em detrimento de outras grupos culturais que vivem outras práticas. Neste sentido, a lei pode estar sendo utilizada para favorecer a vivência de um grupo cultural.

    A antropologia jurídica também pode ser usada para examinar questões relacionadas à justiça e à equidade. Isso inclui o estudo de como o direito é aplicado de maneira justa e equitativa em diferentes sociedades, bem como o modo como ele pode ser usado para promover a justiça e a equidade social.

    Em resumo, a antropologia jurídica é uma área da antropologia que estuda o direito e sua aplicação nas sociedades humanas. Ela se interessa pelo modo como as leis são criadas, interpretadas e aplicadas, bem como pelo modo como o direito é influenciado pela cultura e pelas crenças de uma sociedade.

    São exemplos de contribuições dos estudos da antropologia jurídica:

    • O direito é influenciado pelos valores e crenças de uma sociedade, e pode variar significativamente de uma sociedade para outra.
    • As leis e normas jurídicas são criadas e aplicadas de maneira diferente em diferentes sociedades, e isso pode afetar a maneira como o direito é interpretado e implementado.
    • O sistema judicial de uma sociedade pode influenciar o modo como o direito é aplicado, e isso pode ter impacto na justiça e equidade social.
    • O direito pode ser usado para resolver conflitos e estabelecer relações sociais justas, mas também pode ser usado de maneira injusta ou desigual.
  • O que é Antropologia?

    O que é Antropologia?

    A antropologia é uma disciplina científica que se dedica ao estudo do ser humano e suas diversas formas de vida em sociedade. Ela busca compreender as diferenças e semelhanças entre as culturas humanas, bem como as relações sociais e os processos de mudança que ocorrem ao longo do tempo. Essa é uma ciência social que se ocupa da compreensão das sociedades humanas e de suas diversidades culturais.

    Por Roniel Sampaio Silva e  Rodrigo Rougemont da Motta.

    Origem e consolidação

    A palavra “antropologia” vem do grego “anthropos”, que significa “homem”, e “logia”, que significa “estudo”. Portanto, a antropologia é o estudo do homem e de suas sociedades. Os primeiros esforços para compreensão do homem como ser cultural vem dos gregos. Antes de ser uma ciência, os gregos, no século VI a.C pautaram discussões que serviram como base para a Antropologia Moderna. Porém é apenas no século XIX que a “Ciência da cultura” se consolida. Na década de 1870, o antropólogo britânico Edward Burnett Taylor e o geógrafo e biólogo Herbert Spencer lançaram o primeiro movimento antropológico sob o disfarce da ciência. Esses esforços antropológicos vieram carregados de preconceitos e etnocentrismo, porque se fundamentavam em um evolucionismo cultural linear conhecido como darwinismo social.

    A perspectiva etnocêntrica é caracterizada por fazer uma leitura de todas as outras culturas tendo como parâmetro uma única cultura que é colocada no centro e considerada superior, no caso aqui a cultura europeia. Isso se deu por conta do projeto colonialista vindo da Europa, em que os europeus se achavam no centro do mundo, e julgavam todas as outras culturas como inferiores, e, portanto, dignas de serem dominadas e escravizadas. Tanto o antropólogo britânico Edward Burnett Taylor, quanto Herbert Spencer foram os primeiros representantes dessa antropologia de caráter evolucionista. Este evolucionismo cultural afirmava haver apenas uma única forma cultural legítima, a europeia, relegando todas as outras culturas como atrasadas e primitivas. É como se houvesse uma única linha evolutiva em que os europeus haviam chegado, enquanto outros povos eram considerados estacionados no tempo, e presos ao passado, incapazes de atingir a tão sonhada evolução. Esta maneira evolucionista de se pensar a antropologia começa a ser questionada a partir do começo do século XX com antropólogos como o polonês Bronislaw Malinowski e o antropólogo alemão radicado nos Estados unidos Franz Boas, que começam a defender a importância da diversidade cultural, e a impossibilidade de se pensar as culturas em termos hierárquicos. Segundo esses antropólogos as culturas possuem suas especificidades, e é impossível julgá-las a partir de parâmetros como superior ou inferior.

    A antropologia como uma ciência criada no século XIX possuía como objetivo principal entender como as sociedades humanas se organizam e funcionam, considerando aspectos biológicos, culturais e sociais. Ela se distingue das outras ciências sociais, como a sociologia e a ciência política, por abordar o ser humano de uma perspectiva global e comparativa, analisando as diferentes culturas do mundo de maneira integrada.

    A antropologia abrange uma ampla gama de tópicos, desde a história e a evolução das sociedades humanas até a diversidade cultural e as relações sociais entre diferentes grupos humanos. Além disso, também estuda as mudanças nas sociedades humanas ao longo do tempo e como elas são influenciadas por diversos fatores, como a tecnologia, a economia e a política.

    Uma das principais preocupações da antropologia é a compreensão das diferenças culturais entre os diferentes grupos humanos. Isso inclui a análise de como as pessoas em diferentes sociedades constroem sua identidade cultural, suas crenças e valores, e como essas crenças e valores influenciam suas ações e comportamentos. Outro fator importante é compreender como essas diferenças culturais são mantidas e transformadas ao longo do tempo.

    Tipos fundamentais de Antopologia

    A antropologia se divide em várias subáreas, cada uma delas com um objetivo específico. A antropologia cultural se ocupa do estudo das culturas humanas, incluindo suas crenças, costumes, linguagem e arte. A antropologia biológica, por sua vez, analisa o ser humano do ponto de vista biológico, estudando sua estrutura corporal, sua evolução e suas adaptações a diferentes ambientes.

    Antropologia Física

    Estuda o homem como um animal vivo: suas origens; a evolução do homem primitivo ao homem moderno, destacando as diferenças raciais. É o estudo da biologia humana em evolução, com ênfase na interação entre biologia e cultura.

    Antropologia Cultural/Social

    Tem uma abordagem social e cultural do homem, buscando identificar processos simbólicos das interações. Estuda a diversidade humana, enfocando as dimensões mais culturais e sociais que biológicos. Além disso, Há diferenças entre a Antropologia cultural e a social. Enquanto a primeira privilegia o conceito de cultura, a segunda privilegia o conceito de Sociedade. Tanto uma como a outra vão ser pautadas por duas formas de análises fundamentais: etnologia e etnografia.

    Etnologia

    Busca analisar a cultura a partir de documentos, imagens, relatos e fontes secundárias. São trabalhos feitos em gabinetes e escritórios, baseados em uma construção narrativa e discursiva para se compreender povos e etnias. Em muitos casos esta é a única opção possível de análise, seja pela dificuldade de acesso direto às pessoas, seja pelo fato de estudar povos extintos. Um exemplo disso é o trabalho de Florestan Fernandes sobre os Tupinambás, povo então extinto, há 200 anos.

    Etnografia

    Busca compreender a cultura a partir da experiência direta com os nativos, buscando aproximar a experiência do pesquisador da experiência dos nativos. Um dos primeiros antropólogos a navegar nesta abordagem foi o autor já citado Bronisław Malinowski, que em 1922 publica a obra “Argonautas do Pacífico Ocidental. Na ocasião, ele passou cerca de 10 anos com povos das ilhas Trobriand.

    Referências

    LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. 1a ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, 205p.

  • O que é política?

    O que é política?

    Grosso modo, política diz respeito a como negociamos nossas decisões no espaço público para conviver com nossos semelhantes. Este texto tem por objetivo esclarecer de forma preliminar tal conceito.  Inicialmente aborda-se o conceito geral, seguido da sua evolução história a partir da perspectiva de alguns autores assim como a conexão com outros conceitos.

    Conceito Geral

    Política é o conjunto de atividades relacionadas à tomada de decisões e ao exercício do poder em uma sociedade. Ela pode ser entendida como o processo pelo qual as pessoas e os grupos buscam influenciar ou controlar a tomada de decisões e a distribuição de recursos em sua sociedade. A política envolve ações e atividades direcionadas à vida pública, sobretudo buscando influência em instituições que conseguem sobrepor a vontade de indivíduos sob os outros como o Estado.

    Visão de Aristóteles

    Aristóteles, um filósofo grego do século IV a.C, foi um dos primeiros a pensar teoricamente sobre o conceito de política, a considerava como uma atividade inerentemente humana. Ele acreditava que o ser humano é um “animal político” por natureza e que o homem só pode alcançar sua plena realização através da participação em uma comunidade. Para Aristóteles, a política é a atividade que permite aos indivíduos viverem em harmonia e justiça, buscando o bem comum da sociedade. Ele também defendia que a política é uma ciência prática que visa ajudar as pessoas a atingir a felicidade.

    Visão de Maquiavel

    Maquiavel foi um filósofo e político italiano do século XVI conhecido por sua obra “O Príncipe”. Para Maquiavel, a política é a arte de conquistar e manter o poder. Ele acreditava que o objetivo da política é garantir a sobrevivência e a segurança do Estado, e que o governante deve estar disposto a fazer o que for preciso para alcançar esse objetivo, mesmo que isso signifique violar as leis ou os valores morais. Maquiavel defendia que o Estado deve estar acima dos indivíduos e que o governante deve ser forte e decidido para garantir a estabilidade e a continuidade do Estado.

    ciência política

    Diferença entre política e poder

    Ambos são conceitos relacionados, mas diferentes. A política é o conjunto de atividades relacionadas à tomada de decisões e ao exercício do poder em uma sociedade. Isso inclui ações como campanhas eleitorais, formação de coalizões, negociação de acordos e participação em eleições. Já o poder é a capacidade de influenciar ou controlar a tomada de decisões e a distribuição de recursos em uma sociedade. O poder pode ser exercido por indivíduos ou grupos, através de meios legítimos ou ilegítimos. Enquanto a política é o processo pelo qual o poder é exercido, o poder é o resultado desse processo.

    A partir do momento em que as instituições políticas ficam mais complexas com o advento da criação do Estado Moderno no século XVI e também com as Revoluções Burguesas no século XVIII, a política passa a ficar cada vez mais orientada ao Estado e as suas respectivas instituições. Portanto, tal conceitopassa por diversas metamorfoses históricas até se conhecê-la como é hoje.

  • Ep011 Podcast Café com Sociologia – Democracia

    Ep011 Podcast Café com Sociologia – Democracia

    Neste podcast sobre democracia você vai compreender de onde vem a democracia, quais suas principais características. Neste podcast sobre democracia você vai compreender a relação entre democracia, cidadania e movimentos sociais.

    A democracia é um regime político em que o poder é exercido pelo povo, através de seus representantes eleitos ou diretamente por meio da participação popular em decisões políticas. Ela é considerada um dos mais importantes avanços da história da humanidade, pois garante a participação ativa da sociedade no processo de tomada de decisões políticas e a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.

    Para ouvir no anchor.fm, se inscrever nos feeds do spotfy, itunes, Amazon Music ou Google podcast. Experimente também o comando “Alexa, tocar podcast Café com Sociologia.”

    A democracia pode ser dividida em dois tipos: a democracia representativa e a democracia direta. Na democracia representativa, os cidadãos elegem seus representantes para tomar decisões em seu lugar. Já na democracia direta, os cidadãos participam diretamente da tomada de decisões, geralmente por meio de referendos ou assembleias populares.

    A democracia é baseada em alguns valores fundamentais, como a liberdade, a igualdade e a justiça. Isso significa que todos os cidadãos devem ter o direito de expressar suas opiniões e participar do processo político, sem qualquer tipo de discriminação ou opressão. Além disso, a democracia também é baseada na divisão de poderes, garantindo que nenhum grupo ou indivíduo tenha poder absoluto e que haja uma verdadeira participação popular na tomada de decisões.

    No entanto, a democracia também é um sistema complexo e sujeito a desafios. Um dos maiores problemas é a desigualdade econômica, que pode levar a uma desigualdade política e dificultar a participação efetiva de todos os cidadãos. Outro problema é a corrupção, que pode levar ao abuso do poder político e à perda da confiança da população no sistema democrático.

    Apesar desses desafios, a democracia é considerada o melhor regime político para garantir a liberdade e a igualdade de todos os cidadãos. É por isso que muitos países do mundo têm adotado a democracia como forma de governo, e é por isso que é importante continuarmos trabalhando para fortalecer e proteger esse sistema precioso.

    Episódio 011 – Democracia

    Por Cristiano Bodart e Roniel Sampaio-Silva

    Saudações sociológicas! Este é mais um episódio do Podcast Café com Sociologia. Desta vez, o tema tratado é Democracia. Democracia é um dos principais temas tratados no ensino médio, na disciplina de Sociologia. Nesse podcast tratando de forma panorâmica de aspectos que envolve a democracia, tais como sua origem, transformações e tipologias. Mas não fazemos apenas uma exposição conceitual ou descritiva, abordamos aspectos que nos estimulama refletir sobre os limites das democracias contemporâneas.

    Não deixe de ouvir o podcast na íntegra! Confira!

    Além deste episódio é possível ouvir diversos outros Podcasts Café com Sociologia AQUI

  • o que é Antropologia?

    o que é Antropologia?

    A Antropologia é uma ciência que estuda as diferenças e semelhanças culturais entre os seres humanos e as sociedades em todo o mundo. É uma disciplina ampla que inclui a análise da cultura, da sociedade, da linguagem, da economia, da política, da religião e da história.

    Os antropólogos se interessam por como as sociedades se desenvolvem e mudam ao longo do tempo, bem como pelas diferenças e semelhanças entre as culturas humanas. Eles também estudam como as pessoas se relacionam umas com as outras e como as instituições sociais e culturais influenciam essas relações.

    Existem vários ramos da antropologia, cada um se concentrando em diferentes aspectos da experiência humana. A antropologia cultural se concentra nas diferenças e semelhanças entre as culturas humanas, enquanto a antropologia social se concentra nas relações sociais e nas instituições sociais. A Antropologia Linguística se concentra na linguagem e na comunicação humana, enquanto a antropologia biológica se concentra nas características físicas dos seres humanos e nas relações evolutivas entre os seres humanos e outros primatas.

    Os antropólogos usam uma variedade de métodos de pesquisa, como a observação participante, entrevistas, análise de dados e experimentos, para coletar e analisar dados sobre as sociedades humanas. Eles podem se concentrar em níveis de análise diferentes, desde a cultura global até a vida cotidiana de indivíduos específicos.

    A Antropologia é uma ciência importante porque nos ajuda a compreender as diferenças e semelhanças entre as culturas humanas e como elas se desenvolvem e mudam ao longo do tempo. Ela também nos ajuda a entender como as estruturas sociais e culturais influenciam as relações entre as pessoas e como as pessoas se relacionam com o mundo ao seu redor. Além disso, nos fornece as ferramentas para identificar e entender problemas sociais e trabalhar para solucioná-los.

    O que é Antropologia Cultural

    A Antropologia Cultural é um ramo da Antropologia que se concentra nas diferenças e semelhanças entre as culturas humanas. Os antropólogos culturais estudam como as culturas se desenvolvem e mudam ao longo do tempo, bem como como as pessoas são influenciadas pelas práticas, crenças e valores de suas culturas.

    A antropologia cultural também se concentra na forma como as pessoas se relacionam com o mundo ao seu redor e como as práticas e instituições sociais são influenciadas pelas crenças e valores culturais. Por exemplo, os antropólogos culturais podem estudar como os rituais religiosos ou os padrões de alimentação são influenciados pela cultura.

    Para coletar e analisar dados sobre as culturas humanas, os antropólogos culturais usam uma variedade de métodos de pesquisa, como a observação participante, entrevistas, análise de dados e experimentos. Eles podem se concentrar em culturas específicas ou comparar diferentes culturas para entender como elas se diferenciam e se parecem.

    A Antropologia Cultural é uma ciência importante porque nos ajuda a compreender as diferenças e semelhanças entre as culturas humanas e como elas são influenciadas pelas práticas, crenças e valores de uma sociedade. Ela também nos ajuda a entender como as culturas mudam e evoluem ao longo do tempo e como as pessoas são influenciadas pelas suas culturas. Além disso, a antropologia cultural nos fornece as ferramentas para identificar e entender problemas sociais e trabalhar para solucioná-los.

    O que é Antropologia Física

    A Antropologia Física, também conhecida como Antropologia Biológica, é um ramo da antropologia que se concentra nas características físicas dos seres humanos e nas relações evolutivas entre os seres humanos e outros primatas. Os antropólogos físicos estudam a estrutura óssea, a genética, a fisiologia e a biologia molecular dos seres humanos, bem como as variações físicas entre as populações humanas.

    A Antropologia Física também se concentra na evolução dos seres humanos e em como os seres humanos se relacionam com outros primatas. Os antropólogos físicos podem estudar fósseis humanos e de outros primatas para entender como os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e como eles se relacionam com outras espécies.

    Para coletar e analisar dados sobre as características físicas dos seres humanos e as relações evolutivas, os antropólogos físicos usam uma variedade de métodos de pesquisa, como a observação, a análise de dados, a genética molecular e a paleontologia. Eles podem se concentrar em populações humanas específicas ou comparar diferentes populações para entender as variações físicas entre elas.

    A Antropologia Física é uma ciência importante porque nos ajuda a entender as características físicas dos seres humanos e como elas se relacionam com a evolução. Ela também nos ajuda a entender como as variações físicas entre as populações humanas são influenciadas por fatores genéticos e ambientais. Além disso, a antropologia física nos fornece as ferramentas para identificar e entender problemas de saúde pública e trabalhar para solucioná-los.

  • O que é sociologia das organizações?

    O que é sociologia das organizações?

    A sociologia das organizações é uma área da sociologia que se dedica ao estudo das organizações sociais, incluindo empresas, governos, associações, grupos religiosos e outros tipos de grupos formais e informais. A sociologia das organizações busca compreender como as organizações são estruturadas, como funcionam e como influenciam e são influenciadas.

    Uma ramificação da Sociologia Aplicada é a Sociologia Aplicada à Administração, na qual são estudados os fenômenos que ocorrem nas relações sociais interna e externamente no ambiente das organizações. É estabelecida nesse ramo da sociologia a ponte entre a Sociologia e a Administração com a possibilidade da interligação dos conhecimentos das áreas e, consequentemente, da abordagem mais humana da gestão organizacional (BERNARDES; MARCONDES, 2001)

    Uma das principais preocupações desse campo é com a relação entre as pessoas e as estruturas organizacionais. Por exemplo, como os indivíduos se adaptam às normas e expectativas da organização e como a organização, por sua vez, molda os comportamentos e atitudes desses indivíduos. Ela também estuda como as relações de poder e autoridade são estabelecidas e mantidas nas organizações e como elas afetam a tomada de decisão e a dinâmica de grupo.

    Outro tema importante neste campo sociológico é a cultura organizacional, ou seja, os valores, crenças e comportamentos compartilhados pelos membros da organização. A cultura organizacional pode ser uma força unificadora, mas também pode criar barreiras para a inclusão e a diversidade. A sociologia das organizações estuda como a cultura organizacional é criada e mantida e como ela pode ser alterada.

    Sociologia das organizações: Cultura Organizacional

    A cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças e comportamentos compartilhados pelos membros de uma organização. Ela é criada e moldada pelos líderes e pelos membros da organização e pode ter um impacto significativo na forma como a organização funciona e na maneira como os indivíduos se comportam e interagem uns com os outros.

    A cultura organizacional é influenciada por muitos fatores, incluindo a história da organização, a missão e os valores da organização, a liderança e os comportamentos dos líderes, e as relações entre os membros da organização. A cultura organizacional pode ser tanto explícita, como regras e políticas escritas, quanto implícita, como normas e expectativas não escritas.

    A cultura organizacional pode ter um impacto positivo ou negativo na organização. Por exemplo, uma cultura que valoriza a colaboração e o trabalho em equipe pode levar a uma maior eficiência e produtividade. Por outro lado, uma cultura que valoriza o individualismo e a competição pode levar a uma maior tensão e conflito entre os membros da organização.

    A cultura organizacional também pode afetar a inclusão e a diversidade na organização. Por exemplo, uma cultura que valoriza a inclusão e a diversidade pode ser mais atraente para os candidatos de diferentes grupos étnicos, de gênero e de idade, o que pode levar a uma maior diversidade na organização. Por outro lado, uma cultura que é exclusiva ou que tolera o discriminação pode afastar os candidatos desses grupos e contribuir para a falta de diversidade.

    Alterar a cultura organizacional pode ser um processo desafiador, pois envolve mudanças nos valores, crenças e comportamentos compartilhados pelos membros da organização. No entanto, mudanças na cultura organizacional podem ser necessárias para se adaptar a novas circunstâncias, como mudanças nas condições de mercado ou na tecnologia. Líderes e gestores podem trabalhar para alterar a cultura organizacional por meio de uma comunicação clara e consistente, modelagem de comportamentos desejáveis, e recompensas e consequências para o comportamento que reflete os valores da organização.

    Em suma, sociologia organizacional é uma campo interdisciplinar que se aproveita de conceitos e teorias de outras áreas da sociologia, como a sociologia do trabalho, a sociologia da comunicação e a sociologia da educação, entre outras. Também é influenciada por outras disciplinas, como a psicologia, a administração de empresas e a economia. Em resumo, ela é uma área de estudo importante para compreender como as organizações funcionam, como são influenciadas e como influenciam.

    Referências

    BERNARDES, Cyro; MARCONDES, Reinaldo C. Sociologia aplicada à administração. São Paulo: Saraiva, 2001.

    DIAS, Reinaldo. Sociologia das organizações. São Paulo, Atlas, 2008.

    ESTIVAL, Katianny. Sociologia Organizacional. Florianópolis: CAPES/UAB, 2015.

  • O que é ritual?

    O que é ritual?

    Um ritual é uma série de atos ou cerimônias que são realizados de forma repetida e sistemática, geralmente com o objetivo de realizar um ato simbólico ou religioso. Os rituais podem ser encontrados em praticamente todas as culturas e sociedades do mundo, e são uma parte fundamental da vida humana.

    Os rituais podem ter muitas formas diferentes e podem ser realizados por indivíduos ou por grupos. Alguns rituais são bastante simples e podem ser realizados diariamente, enquanto outros são elaborados e ocorrem apenas em ocasiões especiais. Alguns rituais são realizados em ambientes sagrados, como igrejas ou templos, enquanto outros são realizados em ambientes mais informais, como em casa ou em um parque.

    Os rituais podem ter muitos significados diferentes e podem ser realizados por diferentes razões. Alguns rituais são realizados como uma forma de honrar os deuses ou os ancestrais, enquanto outros são realizados como uma forma de marcar uma transição importante na vida de uma pessoa, como o casamento ou o nascimento de um filho. Alguns rituais são realizados como uma forma de promover a cura ou a proteção, enquanto outros são realizados como uma forma de expressar gratidão ou agradecimento.

    Os rituais podem ser bastante simbólicos e podem incluir atos como a queima de incenso, o uso de objetos sagrados ou o canto de cânticos ou orações. Muitas vezes, os rituais envolvem a participação de um líder ou sacerdote que orienta ou conduz o ritual, mas os participantes também podem ter um papel ativo na realização do ritual.

    Os rituais podem ter um impacto muito profundo nas pessoas que os realizam e nas sociedades em que são praticados. Eles podem ajudar a promover a coesão e a unidade entre os membros de um grupo, e também podem fornecer uma fonte de consolo e significado em momentos de dificuldade ou perda. Além disso, os rituais podem ser uma forma poderosa de se conectar com a história e as tradições de uma cultura ou sociedade.

    O ritual é um sistema cultural de comunicação simbólica. Ele é constituído de seqüências ordenadas e padronizadas de palavras e atos, em geral expressos por múltiplos meios. Estas sequências têm conteúdo e arranjos caracterizados por graus variados de formalidade (convencionalidade), estereotipia (rigidez), condensação (fusão) e redundância (repetição). A ação ritual nos seus traços constitutivos pode ser vista como ‘performativa’em três sentidos; 1) no sentido pelo qual dizer é também fazer alguma coisa como um ato convencional [como quando se diz ‘sim’à pergunta do padre em um casamento]; 2) no sentido pelo qual os participantes experimentam intensamente uma performance que utiliza vários meios de comunicação [um exemplo seria o nosso carnaval] e 3), finalmente, no sentido de valores sendo inferidos e criados pelos atores durante a performance [por exemplo, quando identificamos como “Brasil” o time de futebol campeão do mundo](PEIRANO, 2003p.11).

    Ritual administrativo

    Tais cerimônias, vão para além de situações religiosas. Elas podem ser também situações de ordem administrativa como o julgamento de um crime ou formatura acadêmica. Os rituais administrativos são uma série de atos ou cerimônias que são realizados de forma repetida e sistemática no âmbito de uma organização, geralmente com o objetivo de manter a eficiência, a qualidade e a integridade dos processos administrativos.

    Os rituais administrativos podem ter muitas formas diferentes e podem ser realizados por diferentes pessoas na organização, como funcionários, gerentes ou administradores. Alguns rituais administrativos são bastante simples e podem ser realizados diariamente, enquanto outros são elaborados e ocorrem apenas em ocasiões especiais. Alguns rituais administrativos são realizados em ambientes formais, como salas de reunião ou escritórios, enquanto outros são realizados em ambientes mais informais, como em um café ou em uma sala de pausa.

    Os rituais administrativos podem ter muitos significados diferentes e podem ser realizados por diferentes razões. Alguns rituais administrativos são realizados como uma forma de manter a ordem e a disciplina na organização, enquanto outros são realizados como uma forma de marcar uma transição importante na vida da organização, como a aquisição de uma nova empresa ou a expansão para um novo mercado. Alguns rituais administrativos são realizados como uma forma de promover a eficiência e a eficácia dos processos administrativos, enquanto outros são realizados como uma forma de garantir a qualidade e a integridade dos produtos ou serviços oferecidos pela organização.

    Os rituais administrativos podem ser bastante simbólicos e podem incluir atos como a assinatura de documentos, o uso de objetos simbólicos ou o canto de cânticos ou orações. Muitas vezes, os rituais administrativos envolvem a participação de um líder ou administrador que orienta ou conduz o ritual, mas os participantes também podem ter um papel ativo na realização do ritual.

    Os rituais administrativos podem ter um impacto muito profundo nas pessoas que os realizam e nas organizações em que são praticados. Eles podem ajudar a promover a coesão e a unidade entre os membros da organização, e também podem fornecer uma fonte de consolo e significado em momentos de dificuldade ou perda

    Em resumo, os rituais são uma parte fundamental da vida humana e podem ser encontrados em praticamente todas as culturas do mundo. Eles são formas de consolidar rotinas tanto religiosas como administrativas. Nas rotinas administrativas os rituais tendem a ser mais racionais e impessoais, enquanto nos momentos religiosos tentem a ser mais afetivos e pessoais.

    Alguns outros tipos de rituais:

    1. Rituais religiosos: são os rituais que são realizados em um contexto religioso, geralmente com o objetivo de honrar os deuses ou os ancestrais, ou de promover a cura ou a proteção.
    2. Rituais sociais: são os rituais que são realizados em um contexto social, geralmente com o objetivo de marcar uma transição importante na vida de uma pessoa, como o casamento ou o nascimento de um filho.
    3. Rituais políticos: são os rituais que são realizados em um contexto político, geralmente com o objetivo de promover a coesão e a unidade entre os membros de um grupo ou de expressar gratidão ou agradecimento.
    4. Rituais militares: são os rituais que são realizados em um contexto militar, geralmente com o objetivo de manter a disciplina e a ordem na organização.
    5. Rituais funerários: são os rituais que são realizados em um contexto funerário, geralmente com o objetivo de prestar homenagem a uma pessoa falecida e de oferecer consolo e significado para os sobreviventes.
    6. Rituais cotidianos: são os rituais que são realizados em um contexto cotidiano, geralmente com o objetivo de manter a rotina e a estabilidade no dia a dia.
    7. Rituais esportivos: são os rituais que são realizados em um contexto esportivo, geralmente com o objetivo de promover a coesão e a unidade entre os membros de uma equipe ou de celebrar uma vitória.
    8. Rituais de grupo: são os rituais que são realizados por um grupo de pessoas, geralmente com o objetivo de promover a coesão e a unidade entre os membros do grupo.

    Referências

    CRUZ, Eval. Sobre símbolos e rituais: uma revisão conceitual antropológica. Revista Café com Sociologia, v. 8, n. 2, p. 11-20, 2019.

    PEIRANO, Mariza GS. A análise antropológica de rituais. Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, 2000.

  • O que é magia para a Antropologia?

    O que é magia para a Antropologia?

    A magia é um fenômeno complexo e multifacetado que tem sido estudado pelos antropólogos há muito tempo. De acordo com a antropologia, a magia é um conjunto de práticas, crenças e rituais que visam influenciar o curso dos eventos ou o mundo natural de alguma forma sobrenatural.

    A magia pode ser encontrada em muitas culturas diferentes ao redor do mundo e é frequentemente relacionada a crenças religiosas ou espirituais. No entanto, ela também pode ser vista como uma forma de ciência, com práticas baseadas em teorias e explicações científicas, embora estas sejam frequentemente consideradas “científicas alternativas” pelos cientistas mainstream.

    Tal fenômeno é frequentemente utilizada como uma forma de controlar ou influenciar eventos, pessoas ou coisas. Pode ser utilizada para proteger contra o mal, para curar doenças ou para ajudar as pessoas a alcançar objetivos pessoais. A magia também pode ser utilizada como uma forma de entrar em contato com o sobrenatural ou com entidades espirituais, como deuses ou espíritos.

    Os antropólogos têm estudado este tema em muitas culturas diferentes, e há muitas teorias diferentes sobre sua origem e função. Algumas teorias sugerem que a magia pode ter sido desenvolvida como uma forma de lidar com o medo e a incerteza na vida, enquanto outras sugerem que ela pode ter sido utilizada como uma forma de controlar ou influenciar os eventos do mundo natural.

    Apesar de ser frequentemente associada a crenças ou práticas “supersticiosas“, a magia tem sido objeto de estudo sério pelos antropólogos, que têm tentado entender suas raízes e função nas diferentes culturas em que é encontrada. Enquanto alguns vêem a ela como uma forma de ciência ou tecnologia, outros a consideram uma forma de arte ou expressão cultural. Independentemente de como é vista, a magia é um fenômeno complexo e fascinante que continua a ser objeto de estudo pelos antropólogos e outros cientistas sociais.