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  • Quem foi Max Weber? Biografia do autor

    Quem foi Max Weber? Biografia do autor

    Max Weber foi um sociólogo, filósofo e economista alemão considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Ele nasceu em Erfurt, na Prússia, em 21 de abril de 1864, e estudou direito, economia e filosofia na Universidade de Heidelberg.

    Weber é conhecido por sua teoria da ação social, que explica como as pessoas interagem umas com as outras e como essas interações afetam a sociedade. Ele também desenvolveu a teoria do tipo ideal, que é um método de análise que permite comparar diferentes sociedades ou instituições de maneira objetiva.

    Max Weber também realizou importantes estudos sobre a religião e sua influência na sociedade, defendendo a ideia de que a religião desempenha um papel fundamental na formação da cultura e da política. Ele também escreveu sobre política, economia e sociedade, deixando muitas contribuições importantes para essas áreas.

    Weber faleceu em München, na Alemanha, em 14 de junho de 1920, mas suas ideias continuam a ser estudadas e discutidas até os dias de hoje. Ele é considerado um dos mais importantes sociólogos da história e suas teorias ainda são amplamente utilizadas na sociologia e em outras disciplinas.

    Max Weber Algumas das principais contribuições:

    1. Teoria da Ação Social: Weber desenvolveu a teoria da ação social, que explica como as pessoas interagem umas com as outras e como essas interações afetam a sociedade.
    2. Teoria do Tipo Ideal: Weber também desenvolveu a teoria do tipo ideal, que é um método de análise que permite comparar diferentes sociedades ou instituições de maneira objetiva.
    3. Estudos sobre Religião: Weber realizou importantes estudos sobre a religião e sua influência na sociedade, defendendo a ideia de que a religião desempenha um papel fundamental na formação da cultura e da política.
    4. Escritos sobre Política, Economia e Sociedade: Weber também escreveu sobre política, economia e sociedade, deixando muitas contribuições importantes para essas áreas.

    Em resumo, as principais contribuições de Weber foram a teoria da ação social, a teoria do tipo ideal, os estudos sobre religião e os escritos sobre política, economia e sociedade. Suas ideias continuam a ser estudadas e influentes até os dias de hoje.

     

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  • Quem foi Karl Marx? Biografia do autor

    Quem foi Karl Marx? Biografia do autor

    Karl Marx foi um filósofo, teórico social e revolucionário alemão considerado um dos mais importantes pensadores da história. Ele nasceu em Tréveris, na Prússia, em 5 de maio de 1818, e estudou filosofia, direito e história na Universidade de Bonn e na Universidade de Berlim.

    Marx é conhecido principalmente por sua teoria do materialismo histórico e da dialética, que forneceu a base para o socialismo científico e o comunismo. Ele acreditava que a história da humanidade era a história da luta de classes, e que o capitalismo, como forma de produção, estava destinado a ser substituído pelo socialismo.

    Ao lado de Friedrich Engels, Marx escreveu o “Manifesto do Partido Comunista”, que foi publicado em 1848 e tornou-se um importante documento para o movimento comunista mundial. Além disso, Marx também escreveu outras obras importantes, como “O Capital” e “Grundrisse”.

    Karl Marx passou boa parte da vida exilado, primeiro na França e depois na Inglaterra. Durante este período, ele trabalhou como jornalista e escreveu muitos artigos e ensaios sobre política, economia e sociedade.

    Marx faleceu em Londres, na Inglaterra, em 14 de março de 1883, mas suas ideias continuaram a ser estudadas e influentes até os dias de hoje. Seus pensamentos foram responsáveis por inspirar muitos movimentos revolucionários e mudanças sociais significativas ao redor do mundo.

    Principais contribuições de Karl Marx

    Algumas das principais contribuições de Marx são:

    1. Teoria do Materialismo Histórico e da Dialética: Marx desenvolveu a teoria do materialismo histórico, que afirma que a história da humanidade é determinada pelas condições materiais de produção. Ele também desenvolveu a teoria da dialética, que explica como as ideias e as estruturas sociais mudam ao longo do tempo através do conflito e da luta de classes.
    2. Socialismo Científico: Marx foi um dos fundadores do socialismo científico, um movimento que defende a necessidade de uma transformação revolucionária da sociedade para eliminar as desigualdades econômicas e sociais.
    3. Comunismo: Marx também é conhecido por sua defesa do comunismo, uma forma de governo em que os meios de produção são propriedade coletiva e não existem classes sociais.
    4. “Manifesto do Partido Comunista”: Junto com Friedrich Engels, Marx escreveu o “Manifesto do Partido Comunista”, que foi publicado em 1848 e tornou-se um importante documento para o movimento comunista mundial.
    5. “O Capital”: Marx também escreveu “O Capital”, uma obra importante que analisa a estrutura econômica do capitalismo e explica como ele é responsável por explorar os trabalhadores.
    6. “Grundrisse”: Marx também escreveu “Grundrisse”, uma obra que fornece uma visão geral da teoria do materialismo histórico e da dialética.

    Em resumo, as principais contribuições de Marx foram a teoria do materialismo histórico e da dialética, o socialismo científico, o comunismo, o “Manifesto do Partido Comunista” e as obras “O Capital” e “Grundrisse”. Suas ideias continuam a ser estudadas e influentes até os dias de hoje.

  • Quem foi Émile Durkheim? Biografia do autor

    Quem foi Émile Durkheim? Biografia do autor

    Émile Durkheim foi um sociólogo francês considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Nasceu em Épinal, na França, em 15 de abril de 1858, filho de um rabino. Durkheim estudou na Escola Normal Superior, em Paris, onde se formou em 1882.

    Após se formar, Durkheim iniciou sua carreira como professor de filosofia e história, mas logo se interessou pela sociologia. Em 1895, publicou seu primeiro livro, “Os Fatos Sociais”, que tornou-se um marco na história da sociologia e um ponto de referência para muitos outros sociólogos.

    Émile Durkheim foi um defensor da teoria da sociedade como uma entidade separada da indivíduo, e acreditava que os fatos sociais eram independentes da vontade dos indivíduos. Ele também defendia a necessidade de se estudar a sociedade de forma científica, usando métodos rigorosos e objetivos.

    Durkheim também foi um defensor da divisão do trabalho e da necessidade de se estabelecer regras e normas para a sociedade. Ele acreditava que essas regras e normas eram necessárias para garantir a harmonia e o bem-estar da sociedade.

    Durkheim também foi um defensor da educação como um meio de promover o progresso social e cultural. Ele acreditava que a educação era fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade em geral.

    Durkheim faleceu em 15 de novembro de 1917, mas deixou uma grande contribuição para a sociologia e para a compreensão do funcionamento das sociedades humanas. Suas ideias ainda são amplamente estudadas e discutidas até os dias de hoje.

    Principais contribuições de Émile Durkheim

    Émile Durkheim foi um importante sociólogo francês que deixou muitas contribuições significativas para a sociologia e para a compreensão do funcionamento das sociedades humanas. Algumas das principais contribuições de Durkheim são:

    1. Teoria da Sociedade como Entidade Separada: Durkheim defendia a teoria de que a sociedade é uma entidade separada dos indivíduos que a compõem. Ele acreditava que os fatos sociais são independentes da vontade dos indivíduos e que devem ser estudados de forma científica, usando métodos rigorosos e objetivos.
    2. Divisão do Trabalho: Durkheim defendia a importância da divisão do trabalho na sociedade e acreditava que ela era necessária para garantir a harmonia e o bem-estar da sociedade.
    3. Regras e Normas: Durkheim também defendia a importância das regras e normas na sociedade, acreditando que elas eram necessárias para garantir a harmonia e o bem-estar da sociedade.
    4. Educação: Durkheim acreditava que a educação era fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade em geral e defendia sua importância como meio de promover o progresso social e cultural.
    5. Estudo da Religião: Durkheim também realizou importantes estudos sobre a religião e sua função na sociedade, defendendo a ideia de que ela desempenhava um papel fundamental na integração social.

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  • Sociologia política: noções gerais e perspectivas

    Sociologia política: noções gerais e perspectivas

    Sociologia política é uma aproximação epistemológica entre estes dois campos do conhecimento. Enquanto a Ciência política é um esforço científico que visa compreender os processos e instituições políticas, a sociologia busca compreender os processos e dinâmicas sociais. Neste sentido, enquanto a Sociologia se volta mais sua atenção para os processos sociais que estruturam e modificam a sociedade; a Ciência política é mais preocupada com processos que esttururam e modificam o Estado. Na intercepção desses campos, a sociologia política está mais preocupada na relação entre estado e sociedade. Sabe aquelas análises de conjuntura política que os analistas fazem com rigor e riqueza de detalhes? É um dos exemplos de como fazer a intercesão disciplinar das dos referidos campos.

    Uma das principais preocupações da sociologia política é o modo como os indivíduos e os grupos interagem em relação ao poder e à tomada de decisão em diferentes contextos políticos. Isso inclui o modo como os indivíduos participam da política, como os grupos sociais influenciam a política e como os sistemas políticos são estruturados e funcionam.

    Tal disciplina ambém se preocupa com a forma como as políticas públicas são criadas e implementadas, bem como com os efeitos dessas políticas na sociedade. Além disso, a sociologia política estuda as relações entre os governos e os cidadãos, incluindo a forma como os governos representam os interesses dos cidadãos e como os cidadãos participam da política.

    Outra área importante de estudo na sociologia política é a democracia. Isso inclui o modo como as democracias funcionam, os desafios que enfrentam e as formas de fortalecê-las. A sociologia política também estuda outros sistemas políticos, como regimes autoritários e totalitários, e as formas como esses sistemas afetam a vida cotidiana das pessoas.

    Além disso, a sociologia política abrange o estudo das relações internacionais e dos conflitos entre países, incluindo a forma como os países interagem entre si e como os conflitos internacionais são resolvidos.

    Em suma, a sociologia política é uma disciplina que busca compreender como a política e o poder funcionam em diferentes contextos sociais e culturais, incluindo a forma como as políticas públicas são criadas e implementadas, as relações entre os governos e os cidadãos, e as relações internacionais e os conflitos entre países. É uma disciplina importante para entendermos melhor as dinâmicas políticas e as relações de poder nas sociedades em que vivemos.

    Para Elisa Reis a Sociologia Política é um ramo da Sociologia uma vez que a tradição sociológica criou estratégias a partir da sociologia para compreender os fenômenos. A autora cita diversos clássicos da Sociologia que percorreram um análise complexa que enblobava instituições políticas na sua análise, ampliando o seu respectivo campo disciplinar.  Incorporar novos pressupostos culturais nas ciências sociais é o objeto de análise e dá sentido ao processo em curso. Se, por um lado, as atuais exigências metodológicas exigem mais Por outro lado, e mais especificamente, as incertezas atuais requerem explicações de nível macro, como as que surgiram com o advento da modernidade. No contexto atual, a diversidade de fontes de informação disponíveis e à medida em que a sociedade se torna mais complexa, a cumplicidade se torna mais difícil Pesquisar horários. No entanto, à medida que as dificuldades e oportunidades são compartilhadas em todo o mundo, vemos estímulos emergentes e forte diálogo transnacional para facilitar a renovação da sociologia, e contribuir para uma produção cosmopolita efetiva.

    Já para Paulo Bonavides, estritamente falando, a sociologia política é parte da ciência política, e não o contrário. A ciência política é o todo, a sociologia política é separada; há o gênero, aqui a espécie. Sem esse entendimento, seria errado falar sobre a identidade ou coincidência das duas disciplinas e em detrimento da ciência política. Não é a ciência política que pertence à sociologia política, maso contrário. Todo sociólogo do poder político ou da ação política, em virtude de suas contribuições, é um cientista político, mas acontece que nem todo cientista político é apenas um sociólogo.

    Por fim, agora que apresentamos essas são duas perspectivas, finalizamos este texto com a certeza que você compreendeu de maneira preliminar o conceito. Além disso, é possivel pensar que a sociologia política pode ser pensada como um gradiente. Ou seja, ser mais próxima de um campo ou de outro, dependendo do percurso que o autor estruturou sua respectiva análise.

    Referências

    BONAVIDES, Paulo et al. Ciência política. Forense, 1976.

    REIS, Elisa P. Sociologia política e processos macro-históricos. Sociologias, v. 17, p. 18-43, 2015.

  • O que o tema da redação do enem está escondendo de você

    O que o tema da redação do enem está escondendo de você

    Parece o título da obra de Eli Pariser, chamada “O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você”[i], mas foi apenas o ponto de partida para refletir sobre o tema da redação de 2021, o que ela esconde de você ou não?

    A prova do ENEM já se tornou um fenômeno nacional, não só numa perspectiva educacional, mas como um processo cultural e político[ii]. Não é apenas uma avaliação para se ingressar nas universidades públicas brasileiras e até mesmo no exterior, e quem sabe garantir bolsas para faculdades privadas, como também é um fenômeno social em disputa, seja para ser uma política de estado ou para ser “a cara do governo”.

    No entanto, a nossa reflexão aqui é outra, porém, não desconectada da realidade acima, que é sobre o tema da redação do ENEM 2021: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”[iii]. Na sociedade e, principalmente, no campo educacional, existe uma preocupação enorme de como atingir uma redação nota mil, qual escola vai acertar o tema da redação e a indústria de cursinhos, dos populares aos elitizados, criam formulas “magicas” para ser bem sucedido na dissertação mais importante do ano.

    Mas isso é o que menos importa. A partir do tema da redação podemos encontrar aquilo que é o “cérebro e o coração” de uma dissertação além da sua “espinha dorsal”. Vejamos: “invisibilidade”, é um conceito filosófico; registro civil, é uma fonte de dados demográficos; cidadania, é um conceito que faz parte do debate sociológico; Brasil, o contexto histórico pertinente ao tema.

    O tema da redação do ENEM é uma preocupação secundaria em qualquer redação, pois o mais importante nesse processo de construção é ter além de uma base linguística, a “espinha dorsal”, entender que as Ciências Humanas e Sociais são “o cérebro e o coração” de uma dissertação. Pois, fazer conexões de conceitos, com análise de dados e fatos dentro de um determinado contexto social e histórico é primordial.

    Portanto, se abrir para uma educação do presente é fundamental, onde o pensamento crítico e criativo seja tão importante para “o saber necessário para educação do século XXI”, quanto os demais, ou seja, uma tríade que contempla “individuo/sociedade/espécie”[iv].

    Diante desse cenário sabemos que as Ciências Humanas e Sociais são o grande “filtro invisível” dessa discussão não só no que diz respeito ao tema da redação do ENEM, mas até mesmo na busca do seu espaço dentro da BNCC[v] e a busca do seu reconhecimento na sociedade. Não adianta ficar preso numa bolha de técnicas e pontos de vista instrumentais, é preciso abrir a escola e a sociedade para o presente, pois o futuro chegou em alta velocidade.

    Silvio Freitas é Mestrando em Ciência Política no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí – PPGCP/UFPI. Pesquisa na linha “Democracia, comportamento político e cidadania”. Especialização em Literatura e Estudos Culturais pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI e Bacharel/licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. Professor de Sociologia da SEDUC-PI. Contato: [email protected]

    [i] PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Editora

    Schwarcz-Companhia das Letras, 2012.

    [ii] Sugiro a leitura do texto “O ensino de Sociologia, o ENEM e a vida social” de Cristiano das Neves Bodart, pesquisador do tema “o ensino de Sociologia”. Nesse texto ele faz uma análise mais especifica do papel e importância da Sociologia nesse debate, que é um dos componentes das Ciências Humanas e Sociais. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/sociologia-enem-vida-social/. Acesso em: 22/11/2021.

    [iii] INEP. Redação do Enem 2021 aborda registro civil e cidadania. Publicado em 21/11/2021 13h59. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/enem/redacao-do-enem-2021-aborda-registro-civil-e-cidadania. Acesso em 22/11/2021.

    [iv] A perspectiva filosófica acima é derivada de uma grande discussão sobre as ideias de Edgar Morin que foram debatidas na UNESCO (2000) e que acabou virando um livro chamado de “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, publicado no Brasil em 2000.

    [v] BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e a Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017) acabou sendo fruto de constantes debates e para uma parte expressiva da sociedade civil organizada, como associações de ensino, professores e até mesmo estudantis, entendem que as ciências humanas e sociais acabaram sendo desprestigiadas nessa reformulação, como se elas não tivessem uma importância e contribuíssem para formação dos estudantes.

  • Charges sobre Capitalismo: Conceito, fases e problematização

    Charges sobre Capitalismo: Conceito, fases e problematização

    Charges sobre Capitalismo, noções gerais. Neste texto iremos apresentar algumas possibilidades didáticas do uso de charges em sala de aula para tratar do tema charges sobre capitalismo. Inicialmente, discutiremos de forma breve o conceito de capitalismo. Em seguida, trataremos de características marcantes do capitalismo em suas fases.

    Conceito

    O capitalismo é um sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos bens de produção e no lucro também privado. Toda organização social imposta pelo capitalismo é baseado em relação de classes. Capitalismo é um sistema econômico e social cuja base é pautada na propriedade privada dos meios de produção. A individualidade é medida a partir no quanto patrimônio dispõe o indivíduo. Na charge abaixo, há uma crítica que relaciona capitalismo e liberdade.

    No capitalismo há grandes disparidades na posse de poder econômico, o que gera monopolização da riqueza. O grupo que monopoliza os meios de produção (terras, bancos, fábricas) são chamados de burgueses. As demais pessoas, que não detém a posse dos meios de produção, são obrigadas a venderem sua força de trabalho como mercadoria para sobreviver.

    Características

    As principais características do capitalismo são:

    • Lucro privado
    • Propriedade privada
    • Acumulação de capital
    • Produção em larga escala
    • Grandes impactos ambientais
    • Produção e consumo em massa
    • Grandes desigualdades socioeconômicas

    Fases

    Por ser um sistema sociometabólico, como aponta Mészáros (2015), o capitalismo se transforma e interage com as estruturas sociais econômicas. Desta maneira, ao longo da história tal sistema socioeconômico passou por diversas transformações, sendo comum sua classificação em fases.

    Capitalismo mercantil ou Mercantilismo

    A primeira fase do capitalismo é o mercantilismo ou capitalismo comercial. Nesta fase há uma transição do feudalismo para o capitalismo. Esse momento histórico, que compreende do século XV ao XVIII, foi marcado pela exploração de colônias por meio das grandes navegações. Esta etapa Karl Marx caracterizou como um período de acumulação primitiva do capital, o qual foi fundamental para financiar a Revolução Industrial.

    Capitalismo industrial

    No século XVIII e XIX, devido às expedições marítimas intensificando as trocas globais de mercadoria, ampliando a acumulação de capital, e o domínio das máquinas de vapor, tear mecânico e máquina de fiar, houveram condições tecnológicas para que a Europa protagonizasse a produção industrial de bens duráveis,  comercializando-os de maneira cada vez mais globalizada. O capitalismo industrial ao protagonizar as máquinas gerou riquezas, mas também desemprego. Barateou não apenas as mercadorias, mas também a força de trabalho. Como a massa de trabalhadores passou a ficar cada vez mais ociosa em função do protagonismo da máquina, a consequência foi a competição cada vez mais acirrada pelos postos de trabalho. As deficiências na organização coletiva dos trabalhadores para lutar por direitos vem gerando um cenário de condições precárias de trabalho e de salário, ainda que muitas conquistas tenham sigo alcançadas.

    Capitalismo financeiro

    Com a expansão do mercado financeiro e a crescente desvalorização dos salários, o capitalismo passa a enfrentar crises cada vez mais frequentes. Neste sentido, o capitalismo se transforma para tentar contornar tais crises. Uma das soluções para criar condições de consumo para uma massa de trabalhadores que também são consumidores cujo salários são vez menores é o crédito financeiro. A financeirização do capitalismo faz com que o consumo passe a ser alavancado por um capital que muitas vezes é fictício. Intensifica-se o capital financeiro que passa a ser dominante no século XX, e nesta fase passa a ter crises mais intensas e frequentes, como foi o caso da crise de 1929.

    Capitalismo informacional

    Já no século XXI, o capitalismo passa a operar também de maneira hiperglobalizada, interdependente e interconectado, o que se dá com os avanços dos meios de transporte e de comunicação. Para o sociólogo Manuel Castells, em sua obra “Sociedade em Rede”, as relações econômicas tornaram-se extremamente dependentes das tecnologias de informação e comunicação, como a internet. Hoje, não somos mais meros consumidores de informações nas redes sociais, mas fornecedores de dados pessoais que são comercializados como “potenciais consumidores”.

     Charges sobre o capitalismo

    Agora que compreendemos de maneira contextualizada e conceitual o capitalismo, vamos às charges para problematizá-las.  Cabe lembrar que as charges, têm conotações críticas do que retratam, o que é coerente com um ensino de Sociologia reflexivo.

    As charges podem ser utilizadas basicamente de duas formas:

    1- Integradas ao conteúdo como forma de fixação de exemplos e conceitos;

    2- Posteriores ao conteúdo, como forma de exercitação dos conceitos e características aprendidas.

    Vamos neste texto mostrar exemplos das duas formas.

    1- Charges sobre Capitalismo:

    charge capitalismo mais-valia
    :Mais-valia é a exploração do trabalho alheio. No capitalismo o  salário nunca paga a totalidade da riqueza produzida.

    Um conceito fundamental para compreender como o capitalismo mantém sua dominação na teoria de Karl Marx é noção de mais-valia.

    Para a produção de mercadorias, os proprietários pagam aos trabalhadores apenas uma parcela do que este gera em termos de valor com o seu serviço, caracterizando uma relação de exploração da força de trabalho denominada de “mais-valia”, que representa a parcela de trabalho realizada pelo trabalhador que não é remunerada pelo patrão (ALVADIA FILHO; FERREIRA, 2021p. 43).

    Mais-valia, portanto, é, grosso modo, o lucro oriundo da exploração do trabalho de outra pessoa. Observe a conexão do conceito de mais-valia com a imagem a seguir:

    2- Charges sobre Capitalismo a partir do conteúdo:

    charge capitalismo informacional
    Observe a imagem acima e relacione-a com o capitalismo informacional.

     

    Outras charges sobre capitalismo

    Para fins didáticos, disponibilizaremos um conjunto de charges relacionadas ao capitalismo.

    Clique na imagem para ampliar.

     

     

     

    Charges sobre Capitalismo – Atividade:

    Como o acesso ao capital interfere no capitalismo a partir da leitura da charge?

    Referências

    ALVADIA FILHO, Alberto; FERREIRA, Walace. O que é Capitalismo? In: BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias fundamentais do ensino de Sociologia, vol. 1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021, pp. 41-46.

    CASTELLS, Manuel et al. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

    MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Boitempo Editorial, 2015.

    Por Roniel Sampaio Silva, graduado em Ciências Sociais, Mestre em educação.
    Charges sobre Capitalismo
    Charges sobre Capitalismo
  • Ação social, conceito central de Max Weber

    Ação social, conceito central de Max Weber

    O que era ação social para max weber? A ação social é um conceito central na obra de Max Weber, um sociólogo e filósofo alemão que viveu no século XIX e início do século XX. Segundo Weber, a ação social é qualquer forma de interação entre indivíduos que se baseia em expectativas compartilhadas sobre o comportamento de cada um. Em outras palavras:

    “[…]conduta à qual o próprio agente associa um sentido. É aquela ação orientada significativamente pelo agente conforme a conduta de outros e que transcorre ein consonância com isso (Weber, 2006, p. 26-27).

    Weber destacou que a ação social é fundamental para a compreensão das relações sociais e do funcionamento das sociedades. Ele argumentou que a ação social é guiada por motivações subjetivas, ou seja, pelos desejos, valores e crenças individuais. Portanto, para entender o comportamento social, é preciso considerar as intenções e perspectivas dos indivíduos envolvidos.

    Texto Roniel Sampaio-Silva[1]

    Versão do texto em PDF AQUI

    Outro aspecto importante da ação social, segundo Weber, é a existência de diferentes tipos de ação. Ele destacou a existência de três tipos principais: ação racional, ação afetiva e ação tradicional. A ação racional é aquela que é guiada por um objetivo claro e por cálculos racionais sobre os meios mais eficazes para alcançá-lo. A ação afetiva é aquela que é guiada pelas emoções e sentimentos do indivíduo. A ação tradicional é aquela que é guiada pelas normas e valores da tradição. Weber também destacou a existência de diferentes tipos de relações sociais, como relações de amizade, de parentesco, de amor e de inimizade, e argumentou que cada tipo de relação envolve uma forma específica de ação social.

    Weber também desenvolveu a teoria da ação social na qual argumenta que as sociedades são compostas por diferentes grupos sociais que possuem interesses e valores distintos e que, por isso, podem entrar em conflito. Segundo ele, esses conflitos são inerentes às sociedades e podem ser resolvidos através da mediação, da cooperação ou da violência. Outro aspecto importante da teoria da ação social de Weber é o conceito de dominação, ou seja, o poder que alguns indivíduos ou grupos possuem sobre outros. Weber argumentou que existem diferentes formas de dominação, como a dominação legal-racional, a dominação carismática e a dominação tradicional. A dominação legal-racional é aquela que se baseia em leis e normas estabelecidas e aceitas por todos. A dominação carismática é aquela que se baseia no carisma e no prestígio de um líder. A dominação tradicional é aquela que se baseia em valores e normas transmitidos de geração em geração.

    Em resumo, a teoria da ação social de Max Weber é uma teoria importante para a compreensão das relações sociais e do funcionamento das sociedades. Ela destaca a importância da interpretação e da motivação subjetiva na ação social, assim como os diferentes tipos de ação e relações sociais e o conceito de dominação. Além disso, ele destacou que há uma tendência de incremento das ações racionais, o que tornaria o mundo em um processo de desencantamento.

    Como citar este texto:

    SAMPAIO-SILVA, Roniel. Ação social para Max Weber. Blog Café com Sociologia, jan. 2023.

    Nota:

    [1] Mestre em Educação (Unir). Docente do Instituto Federal do Piauí). Lattes:AQUI

     

    Referências

    WEBER, Max; COHN, Gabriel. Weber. London: Routledge, 2006.

  • O conceito “fato social” e a música Brasil, de Cazuza

    O conceito “fato social” e a música Brasil, de Cazuza

    A música Brasil de Cazuza foi composta por Cazuza, George Israel e Nilo Romero no final dos anos oitenta (mais precisamente em 1988). Neste texto trabalhadremos o  conceito “fato social” com base nesta canção. 

    Por Cristiano das Neves Bodart [1]

    Inicialmente devemos entender o que o conceito que aplicaremos. O fato social é um dos conceitos mais presentes no ensino de Sociologia, seja no ensino médio ou superior. Isso, por si só, justifica o esforço e a necessidade de melhor conhecê-lo. Contudo, a necessidade de entendê-lo se dá por sua contribuição para compreendermos algumas dinâmicas da sociedade.

    A partir deste texto, espero que compreenda alguns aspectos presentes nos fenômenos sociais estudados pela Sociologia. Antes, uma informação: o conceito em questão foi cunhado por Émile Durkheim (1858-1917), no livro “As regras do método sociológico”, publicado em 1895. Quando Durkheim desenvolveu esse conceito buscava destacar o objeto de estudo da Sociologia, chamando atenção para suas características.

    Para explicar o que são fatos sociais me utilizarei de uma canção bastante conhecida, embora relativamente antiga. Me refiro à música Brasil, lançada por Cazuza em 1988, no álbum “Ideologia”. Chamo atenção para o fato da canção não ser uma produção sociológica ou didática, embora possa ser utilizada como um recurso de ensino ou como um objeto de análise sociológica. A canção, embora podendo ser uma crítica social, não possui o rigor necessário à produção do conhecimento científico (BODART, 2021); canção é arte. Contudo, há muitas canções influenciadas pelos conhecimentos produzidos nas Ciências Sociais, assim como há muitas narrativas da realidade social que refletem aspectos empíricos com certa precisão, tornando-se úteis como ponto de partida para refletir sobre questões sociais; o que faremos aqui.

    Observamos a trecho da música Brasil:

     

    “Não me convidaram

    Pra esta festa pobre

    Que os homens armaram

    Pra me convencer

    A pagar sem ver

    Toda essa droga

    Que já vem malhada

    Antes de eu nascer

    Não me ofereceram

    Nem um cigarro

    Fiquei na porta

    Estacionando os carros

    Não me elegeram

    Chefe de nada

    O meu cartão de crédito

    É uma navalha”

     

    A riqueza da letra da canção de Cazuza nos permitiria tratar de diversos aspectos do mundo social, já que se trata de uma crítica social. Porém, vamos nos ater a três aspectos presentes em fenômenos sociais, os quais Durkheim chamou de “fatos sociais”.

    Note que a queixa primeira se assenta no fato de não ter havido um convite e que a festa foi armada por outras pessoas, antes dele nascer. Apreende-se que ele não teve escolha, pois foram outros e não ele que organizou a festa. A festa na música são os fenômenos sociais diversos, dos quais o compositor é crítico pelo seu formato. Para a Sociologia, os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos, ou seja, não somos nós que os definimos, os escolhemos. Quando nascemos eles já estavam postos – não fomos convidados.

    Quando Cazuza diz na canção que “os homens armaram pra me convencer. A pagar sem ver”, fica claro outro aspecto dos fenômenos sociais: somos coagidos a “pagar”, a executar, a participar, a crer, a gostar, etc., mesmo sem perceber, já que no processo de socialização vamos absorvendo as formas de agir, pensar, crer e sentir pré-definidas pela sociedade. As incorporamos de tal maneira que não precisamos a todo tempo racionalizar nossas práticas, pois são absorvidas como pré-disposições que nos orientam em nossas ações.

    A partir desses aspectos, Durkheim afirma que os fatos sociais são exteriores aos indivíduos e esses são coagidos a repeti-los. A título de exemplo: ao sairmos para a escola vestimos uma roupa condizente com o ambiente. Fazemos isso quase que automaticamente. Não refletimos se iremos pelados ou vestidos, simplesmente vestimos uma roupa. Não é uma regra que nós criamos e não fomos consultados para sua definição; simplesmente existe e existia antes de nós. Posso optar por ir nu? Sim, mas sofreremos coerções para não fazermos isso. A verdade é que, assim como vestir roupas, “pagamos sem ver”. Mais do que isso! Acreditamos que escolhemos e que disso gostamos, quando, na verdade, “os homens armaram pra [nos] convencer”. Estamos convencidos de que é melhor andar vestido do que nu.

    Por meio da segunda estrofe da canção, podemos apreender um aspecto social destacado por Durkheim: a divisão do trabalho social. A sociedade se estrutura de maneira a colocar as pessoas em posições sociais de colaboração à sociedade (à festa, nas palavras do Cazuza). Na grande maioria das vezes não nos restam muitas escolhas; somos coagidos a ocupar certos espaços na divisão social do trabalho.

    Em síntese, encontramos três aspectos que conformam o conceito de fato social elaborado por Durkheim: exterioridade, coercitividade e generalidade.

    Cazuza, por meio da referida canção, desvela que a “festa” não foi uma escolha sua, pois já estava marcada antes dele nascer. Aqui observamos o aspecto da exterioridade. O compositor destaca que ele foi convencido “a pagar sem ver”, revelando o caráter coercitivo da sociedade. Por fim, ele demonstra não ser algo particular, ao demonstrar que está falando do Brasil. Ou seja, é algo que apresenta certa regularidade na sociedade e incorporado pelas pessoas, de modo a reproduzi-lo quase sem reflexibilidade (a pagar sem ver).

    Quando Durkheim desenvolveu o conceito de fato social visava destacar justamente que os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos, sendo esses coagidos a praticá-los, o que o torna com certa regularidade na sociedade. Em outros termos: os fatos sociais são dotados de exterioridade, coercitividade e generalidade.

     

    Referências

    BODART, Cristiano das Neves. Usos de canções no ensino de Sociologia. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021.

    CAZUZA(Comp.); ISRAEL, George Alberto Heilborn (Comp.); NILO Romero (Comp.). Brasil. Álbum Ideologia. Universal Music Brasil, 1988. CD/LP.

    Como citar este texto:

    BODART, Cristiano das Neves. O conceito “fato social” e a canção Brasil, de Cazuza. Blog Café com Sociologia, out. 2022.

    [1] Doutor em Sociologia (USP). Docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). E-mail: [email protected]

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  • Preconceito, discriminação e xenofobia contra nordestinos/as

    Preconceito, discriminação e xenofobia contra nordestinos/as

    A xenofobia é um tipo de discriminação e preconceito que se manifesta em atitudes negativas ou hostis em relação a pessoas de outras regiões, países ou culturas. No Brasil, a xenofobia contra os nordestinos é uma forma de discriminação que tem sido historicamente presente em diferentes contextos sociais e econômicos.

    A xenofobia contra os nordestinos também pode ser vista na mídia, nas representações estereotipadas de personagens nordestinos em filmes, novelas e outras formas de entretenimento, bem como na linguagem pejorativa usada para se referir a essas pessoas em alguns contextos.

    Combater a xenofobia contra os nordestinos é importante para promover a igualdade e a justiça social no Brasil. Isso inclui reconhecer e denunciar os comportamentos discriminatórios, bem como promover a inclusão e o respeito pelas diferenças regionais e culturais.

    Preconceito, discriminação e xenofobia contra nordestinos/as: elementos introdutórios para um debate em período eleitoral

    Por Thiago de Jesus Esteves[1]

    Inicialmente, destaco que não vivemos um momento de normalidade institucional e também de normalidade social, ao menos para os padrões correntes no Brasil, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Tanto quando as instituições e os poderes do Estado, que são atacados e desacreditados sistematicamente, as regras e normas sociais basilares, com as quais nós convivíamos – cabe aqui fazer referência as mudanças observadas em um dos processos sociais mais fundamentais para o campo da Sociologia, a Socialização, por meio do qual aprendemos e transmitimos os conhecimentos necessários que nos constituem em seres humanos propriamente ditos – são deixadas de lado e convenientemente lembradas apenas quando existe algum ganho ou interesse para o grupo dominante.

    Provavelmente, neste momento muitos pesquisadores devem estar se debruçando sobre esta complexa situação, e estudos ainda serão realizados, para nos auxiliar a compreender com exatidão os fenômenos sociais que estamos vivenciando. Entretanto, em uma breve análise do contexto internacional é possível concluir que tais fenômenos não são exclusivos do Brasil, o que é inquietante.

    Em diversas partes do mundo, sem distinção entre países ricos e pobres, temos observado um substancial crescimento da intolerância, do preconceito e da discriminação, sobretudo, contra aqueles que de algum modo se diferenciam do “padrão dominante” e que são mais frágeis economicamente e socialmente. Não por acaso, esta história nos parece familiar: judeus e turcos na Alemanha, ciganos na Europa, irlandeses na Inglaterra, latinos nos Estados Unidos da América, Rohingyas no Mianmar. Mas, também poderíamos descrever o caso dos brasileiros e brasileiras em Portugal, haitianos aqui no Brasil e das populações africanas que chegam diariamente na Europa. Enfim, poderíamos construir uma lista imensa de grupos sociais ou pessoas que são discriminadas, em diferentes regiões do planeta, por sua raça, etnia ou, simplesmente, o seu local de nascimento.

    Mas, se o fenômeno da discriminação de determinados grupos sociais não é uma novidade, o que teríamos de singular no caso do preconceito, discriminação e xenofobia que vivenciamos na atualidade?

    Talvez, a grande novidade da fase atual destes processos de preconceito, discriminação e xenofobia contra grupos sociais, que temos observado na atualidade – e dentre os quais se enquadra os ataques que a população nordestina deste muito tempo tem sofrido, mas que vem aumentando de escala desde a eleição de 2014 – e que reputo, estão relacionados a revolução informacional, que popularizou e tornou acessíveis os aparelhos celulares, tablets, computadores e notebooks, dentre outros, bem como a internet e as redes sociais. Neste sentido, parafraseando o professor italiano Umberto Ecco, para quem a internet teria dado voz para uma legião de imbecis, eu acrescentaria também as redes sociais. Assim, a internet e as redes sociais contribuíram para a abertura de uma espécie de “caixa de pandora” moderna, na qual os demônios dos diversos tipos de preconceito, da discriminação, da xenofobia e do racismo – que acreditávamos estarem sob controle desde ao menos o fim da II Guerra Mundial e do processo de descolonização da África – fossem soltos sem nenhum tipo de controle. E como se não bastasse a falta de controle, estes demônios podem se esconder no anonimato de uma tela e de nomes e imagens falsos. Mas, como muitas outras questões em nossas vidas cotidianas, esta mesma internet e as redes sociais deram voz e rosto para quem antes não tinha, isto é para as populações excluídas, marginalizadas e periféricas.

    Mas retomando ao tema deste artigo, preconceito, discriminação e xenofobia contra os/as nordestinos/as, eu gostaria de expor um primeiro incomodo com a própria concepção da palavra nordestino, que me parece uma generalização pouco adequada para retratar a população de uma região com 1.558.000 KM², ou seja, maior do que qualquer país europeu, a exceção da Rússia, e que são divididos em 9 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) e que, sob praticamente qualquer aspecto que se queira tratar, apresentam uma gigantesca diversidade.

    Além disso, a região Nordeste possui a segunda maior população do país, com cerca de 53 milhões de pessoas e concentra o segundo maior quantitativo de eleitores aptos para votar, aproximadamente 42 milhões de eleitores. Mas, penso que, a influência do Nordeste é muito maior do que somente estes números. É bom lembrar, que uma parcela significativa das pessoas que residem, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Pará e Amazonas, nasceram ou são descendentes de nordestinos. Eu mesmo, um orgulhoso neto, por parte de mãe, de alagoanos.

    Neste sentido, chamo a atenção para a construção social de uma visão hegemônica sobre o Nordeste e sua população, na qual destaco o papel dos meios de comunicação, notadamente sediados na região Sudeste e dos intelectuais sudestinos. Tanto os meios de comunicação, como os intelectuais, construíram e propagaram ao longo dos anos uma visão do Nordeste associada a miséria e pobreza, como se pobres e miseráveis não existissem nas outras regiões do país. Tal visão, generalizava a região Nordeste, como se toda a região fosse um gigantesco sertão e caatinga, marcada pela falta de água e alimentos, com pessoas e animais esqueléticos. Esta imagem do Nordeste, foi eternizada na obra “Os Retirantes” do pintor sudestino Cândido Portinari.

    Já pensaram se ao invés desta versão do Nordeste, tivéssemos uma outra, na qual fosse destacado as suas cores, a diversidade populacional, a alimentação (carne de sol, peixes, frutos do mar, azeite de dendê, leite de côco, Maria Isabel, cuscuz, paçoca, capote, macaxeira, só para citar alguns exemplos), as praias, as centenas de pontos turísticos, os sítios arqueológicos e as inúmeras manifestações culturais. Também seria possível falar dos fantásticos resultados que os/as estudantes e docentes nordestinos/as têm conquistado em nosso país e que são corroborados nas diversas avaliações educacionais, nas várias olimpíadas escolares e no significativo ingresso nos cursos superiores, em universidades de renome, tanto no Brasil, como no exterior. Penso que este seja um importante indício que devemos levar em consideração para compreender o processo de preconceito, discriminação e preconceito contra os/as nordestinos/as. O sucesso que este grupo vêm obtendo em diferentes campos, especialmente no campo educacional, pode estar diretamente relacionado aos ataques, sem qualquer tipo de fundamentação, que estão sofrendo, em especial no período eleitoral.

    Tais ataques, sem nenhum tipo de fundamento objetivo, ocorre da parte de pessoas preconceituosas, racistas e xenofóbicas, que não se conformam em terem perdido o poder decisório que antes estava em suas mãos. Neste sentido, chamo a atenção para um período da história da nossa república, que ficou conhecido como “café com leite”, e que vidência a influência de São Paulo e Minas Gerais, na definição dos rumos políticos do país. Isto, apenas para citar um único exemplo.

    A região Nordeste quebrou essa lógica de predomínio dos estados do Sudeste e do Sul da definição dos eleitos para a presidência da república. Além do ódio de classe, contra os mais pobres, agora convivemos com um tipo de preconceito motivado pelo exercício da cidadania. Os/As nordestinos estão votando majoritariamente nos candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT), foi assim em 2014, com Dilma Rousseff, em 2018, com Fernando Haddad e agora em 2022, quando elevaram o candidato Luiz Inácio Lula da Silva a liderança no primeiro turno da disputa presidencial. Após estas eleições, nós, enquanto cidadãos teremos muitos desafios, mas não podemos nos esquecer, de que um dos principais será o estabelecimento de um novo marco civilizatório, no qual o Brasil, as suas cores e bandeira, sejam partilhadas por todos/as os/as brasileiros/as e não apenas por um grupo que se julga no direito de se apropriar do país, como tem feito a pouco mais de cinco séculos. E mais uma vez, o Nordeste parece destinado à função de salvador do nosso país.

    Como citar este texto:

    ESTEVES, Thiago de Jesus. Preconceito, discriminação e xenofobia contra nordestinos/as: elementos introdutórios para um debate em período eleitoral. Blog Café com Sociologia, out. 2022.

     

     

    [1] Doutor em Educação (UFRRJ). Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ). E-mail: [email protected]

     

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  • Dica de leitura: Usos de canções no ensino de Sociologia

    Dica de leitura: Usos de canções no ensino de Sociologia

    Uso de canções no ensino de SociologiaNossa dica de livro destina-se aos professores de Sociologia que buscam tornar suas aulas mais atrativas e significativas. Uma das grandes dificuldades enfrentadas por professores dessa disciplina está na carência de recursos didáticos especializados e qualificados. A Editora Café com Sociologia vem reunindo professores experientes e pesquisadores em projetos de produção de orientações e materiais didáticos. Dentre os livros publicados, encontra-se um que vem ganhando destaque e tendo uma ótima recepção entre os professores (quem leu, recomenda!), é o livro de autoria de Cristiano das Neves Bodart, um dos editores deste Blog: Usos de canções no ensino de Sociologia.

    A presidenta da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (Abecs) (gestão 2020-2022), assim escreveu:

    O livro Uso de Canções no Ensino de Sociologia amplia as potencialidades dos usos das músicas nas aulas de Sociologia, ao passo que não se limita a apresentar situações didáticas muito bem estruturadas, com canções de diferentes estilos e tempos, mas também apresenta propostas didáticas interdisciplinares com a Sociologia e como trabalhar a Sociologia da Música nas aulas. É uma obra prima em termos de orientação pedagógica para docentes que desejam utilizar este recurso, e que se destaca pelo grande ineditismo na área de Sociologia e Ciências Humanas. Sem dúvida, uma leitura essencial para professores(as) de Sociologia e professores(as) formadores(as) de novos professores(as)!” –  Rafaela Reis, presidenta da Abecs – na quarta orelha da obra.

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