A Revolução 4.0 tem sido considerada por críticos como uma das mais significativas transformações que a humanidade está enfrentando. Essa revolução está acontecendo em uma velocidade e intensidade sem precedentes e terá um impacto profundo na forma como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam. Essa transformação ocorrerá em uma escala e complexidade nunca antes vistas e afetará todos os setores da sociedade.
As primeiras discussões sobre a Revolução 4.0 remontam a 2011, na Alemanha, durante a Feira de Hannover. Nesse evento, discutiu-se como as “fábricas inteligentes” iriam revolucionar organizações e sistemas operacionais globais (SCHWAB, 2016, p. 12).
Essa transformação é impulsionada por novas tecnologias, com destaque para a tecnologia da informação e as técnicas de organização e logística, que oferecem novas perspectivas para a produção industrial, melhoram os serviços e criam novas formas de fazer negócios (HOZDIû, 2015, p. 28).
O governo alemão lançou o programa “Industrie 4.0”, com o objetivo de interconectar todas as etapas de um processo de produção por meio de redes inteligentes. Isso representa um desafio à produção industrial em nível global, visando resolver problemas de produção e torná-la mais eficiente e competitiva. Esse programa foi o ponto de partida para a 4ª Revolução Industrial (RODRIGUES; DE JESUS; SCHÜTZER, 2016, p. 33).
Outros países também reagiram e estão desenvolvendo programas e políticas para se adaptarem à Revolução 4.0. A China, como uma grande potência econômica, lançou o programa “Made in China 2025” em março de 2015, com foco no aumento da participação do país na cadeia global de produção, abrangendo inovação, melhoria das indústrias tradicionais e promoção de serviços modernos, com ênfase em normatização, fábricas inteligentes e inovações disruptivas em equipamentos, entre outros (FIRJAN, 2006, p. 8).
Na Europa, a União Europeia implementou a iniciativa “Factories of The Future (FoF) Public-Private Partnership (PPP)” em 2013, com o objetivo de ajudar as empresas industriais, especialmente as menores, a se adaptarem e competirem globalmente. As ações visam aumentar a base tecnológica industrial dos países da UE, por meio do desenvolvimento e integração de tecnologias facilitadoras e TIC para a fabricação (FIRJAN, 2016, p. 8).
Na França, foi lançado o projeto “The Industry of the Future” em 2015, como a segunda fase do programa “New Face of Industry”. O objetivo é incentivar as empresas a modernizar sua base de produção e utilizar tecnologias digitais para transformar seus modelos de negócios. Isso faz parte de uma ambição mais ampla de capitalizar os ganhos obtidos por meio do plano “Factory of the Future” (FIRJAN, 2016, p. 9).
É importante destacar que essa revolução teve origem na globalização, na disseminação do conhecimento e, principalmente, na consolidação da internet como um meio ágil de comunicação e transmissão de dados. A partir de 1969, os primeiros dados foram transmitidos pela internet, conectando dois computadores. Desde então, a internet evoluiu e passou a conectar computadores pessoais e dispositivos móveis, ultrapassando o número de pessoas no planeta até 2010. Esses números evidenciam a evolução contínua e sem fronteiras dessa transformação na sociedade (XU et al., 2018, p. 92).
O termo “Indústria 4.0” tornou-se uma visão proeminente sobre o futuro do setor industrial, baseada nas narrativas da evolução humana em direção à industrialização. Ele descreve a combinação das três “revoluções técnicas” (motor a vapor, linha de produção e eletrônica) com a inovação em curso das tecnologias da informação (MONIZ; KRINGS; FREY, 2018, p. 3).
Schwab (2015, p. 1) destaca que a Revolução 4.0 está ocorrendo em um ritmo de transformações tecnológicas sem precedentes na história, especialmente em comparação com as revoluções industriais anteriores. Ela está progredindo de maneira exponencial e não linear, afetando quase todos os setores em praticamente todos os países. A amplitude e profundidade dessas mudanças indicam a transformação de sistemas completos de produção, gestão e governança, graças aos avanços tecnológicos emergentes em áreas como inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas, veículos autônomos, impressão 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de energia, computação quântica, entre outros.
Referências
FIRJAN. Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Panorama da Inovação Indústria 4.0. Abril/2016. Disponível em: <www.firjan.com.br/lumis/portal/file/
fileDownload.jsp?fileId…> Acesso em: 03 abr. 2019.
HOZDIû, Elvis. Smart factory for industry 4.0: A review. International Journal of Modern Manufacturing Technologies, v. 7, n. 1, p. 28-35, 2015.
MONIZ, António Brandão; KRINGS, Benna Krings; FREY, Philipp. Indústria 4.0 implicações de um conceito para o trabalho. X Encontro Nacional do Trabalho “As
mudanças no chão da fábrica”, Lisboa, Maio/2018. Disponível em: <https://www.bloco.org/media/ ABMonizET2018.pdf> Acesso em: 02 mar. 2019.
RODRIGUES, Leticia F.; DE JESUS, Rodrigo Aguiar; SCHÜTZER, Klaus. Industrie 4.0: Uma revisão da literatura. Revista de Ciência & Tecnologia, v. 19, n. 38, p. 33-45, 2016.
SCHWAB, Klaus. The Fourth Industrial Revolution: what it means and how to respond. Snapshot, n. 12, December/2015.