Tag: Eixo- Estado/ Política e Instituições políticas

Eixo- Estado/ Política e Instituições políticas

A palavra política tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em Cidades-Estado chamadas “pólis”, nome do qual se derivaram palavras como “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim “politicus” e chegaram as línguas européias modernas através do francês “politique” que, em 1265 já era definida nesse idioma  como “ciência do governo do Estado”.

 

O termo política é derivado do grego antigo πoλτєіa (politéia), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis ou Cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto Cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.

O termo política, que se expandiu graças à influência de Aristóteles, para este filósofo, política significava funções e divisão do Estado e as várias formas de governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma transposição de significado das qualificadas como político, para a forma de saber mais ou menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas.

Na época moderna, o termo política perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política, filosofia política, passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

Estado diz respeito a um importante mecanismo de coerção social para a qual a sociologia e ciência política tem se debruçado. Neste texto entenderemos o conceito básico de Estado, o seus tipos fundamentais e suas principais características, bem como, discorreremos a visão de Durkheim Marx e Weber sobre tal mecanismo institucional.

Conceito

Estado é uma instituição social que desempenha várias funções para as quais uma delas é ser o principal elemento de coerção de uma sociedade politicamente organizada. Ele tem duas formas elementares, Estado Antigo ou Pré-Moderno e Estado Moderno. A primeira forma, a Antiga, o agente estatal é marcado pela descentralização, enquanto no Estado Moderno há um grande esforço na centralização e reificação de tradições nacionais na tentativa de superação ou camuflagem das diferenças étnicas e de classes.

  • Análise da música Podres Poderes

    Análise da música Podres Poderes

    Música e sociologia: podres poderes

    Por Roniel Sampaio Silva
     
    10 Caetano Veloso1
     
    Intérprete – Caetano Veloso
    Compositor – Caetano Veloso
    Ano de divulgação – 1984
    Álbum – Velô
    A música de Caetano Veloso mostra um excelente campo de análise interpretativa quanto ao cenário da política brasileira e do contexto o qual se encontrava na ocasião do processo de redemocratização. No título “Podres poderes” há uma referência aos modelos políticos vigentes.
    Na década de 1980, O contexto internacional estava conturbado e turbulento.  O socialismo soviético estava passando por momento de crise.  As políticas da Perestroika e do Glasnost tentavam estruturar uma União Soviética em ruínas. Nos EUA, Ronald Regan está envolto numa crise de corrupção denominado “Caso Irã-Contras”. Em suma, tanto o cenário capitalista como socialista não mais ofereciam as mesmas seguranças utópicas de outrora. No Brasil “Movimento Diretas já” ganhava força e o cenário ainda era de incerteza. Caetano parece remonta a indefinição que se encontrava o país:

    “Será, será, que será?
    Que será, que será?
    Será que essa
    Minha estúpida retórica
    Terá que soar
    Terá que se ouvir
    Por mais zil anos…”


    Ao que parece, Caetano, sutil e sagazmente apresenta um ponto de vista de política bem diferente do entendimento da época. Antes da queda do muro de Berlim, esse entendimento era orientado por uma lógica dicotômica e maniqueísta. Era forte a ideia de Bem versus mal; o feio versus bonito; burguesia versus proletariado.
    Como dizia Cazuza:“A Burguesia fede”. Entretanto, para Caetano parecia querer romper com esta lógica:“Queria querer gritar
    Setecentas mil vezes
    Como são lindos
    Como são lindos os burgueses
    E os japoneses
    Mas tudo é muito mais…”

    E o que seria esse “muito mais”? Para o tropicalista, a política deveria ser vista para além do aparente. A história precisaria ser reavaliada agora também por uma análise estética e cultural.

    “O tropicalismo contrapõe-se à estética e à política, pois não possui um discurso verbal politizado. O caráter revolucionário e político do movimento estão inseridos em sua própria estética.” (Contier, 2003)

     

    A música pode ser interpretada como uma leitura do tradicionalismo presente na resistência estética do brasileiro influenciando toda política Latino-Americana, região em que a maioria dos países era uma ditadura na época.  Neste sentido, o baiano parecer fazer uma correlação: “Será que nunca faremos / Senão confirmar /Na incompetência / Da América católica”. Neste sentido a ética católica é criticada por influenciar na cultura uma tolerância às ditaduras. Tal tolerância parece ajudar a naturalizar a corrupção “São tantas vezes, Gestos naturais.” Pelo jeito, a solução da corrupção está muito associada a aspectos culturais.
    Os brasileiros ainda têm um tradicionalismo que impedem pensar sobre outras perspectivas para além da política, de modo tal que a estética de Caetano parece incomodar. “Queria querer cantar Afinado com eles”. Neste sentido, a sociedade brasileira só mudará seus aspectos políticos mais profundos a partir de mudanças na cultura, como diria Betinho: “Um país não muda pela sua economia, sua política e nem mesmo sua ciência; muda sim pela sua cultura.” Pelo jeito, as incertezas de Caetano trazem consigo certo pessimismo que só não se torna absoluto por conta da esperança na arte e na música: “Será que apenas/ Os hermetismos pascoais /E os tons, os mil tons /Seus sons e seus dons geniais /Nos salvam, nos salvarão /Dessas trevas e nada mais…”

     

    Referência:

    Contier, Arnaldo Daraya. O movimento tropicalista e a revolução estética. Cad. de Pós-Graduação em Educ., Arte e Hist. da Cult. São Paulo, v. 3, n. 1, p. 135-159, 2003

  • Crônica de um empregado desqualificado, mas coalizado

    Crônica de um empregado desqualificado, mas coalizado

     

    DiplomaNaPMdeRichaNao
    Por Cristiano Bodart

    Acordou cedo, como não era de costume, e foi em busca de um emprego. Às 10 horas, madruga para Marcinho*.

    Entrou em um escritório para uma entrevista agendada. Tratava-se de um contrato de 4 anos.
    Senhor
    Márcio, o senhor é formado em qual das ciências? És das Humanas, exatas ou
    biológicas? Perguntou o entrevistador. Marcinho fica pensativo, a fim de
    compreender a pergunta e então responde:

    Sou formado não! Fiz apenas o Ensino Médio com
    certa dificuldades, ficando algumas vezes de recuperação.

    Mas faz leituras assiduamente para adquirir
    conhecimento especializado?

    Não senhor. Na verdade nunca li um livro
    inteiro.

    Domina algum outro idioma?

    Não senhor.

    É conhecedor da História e da cultura do Brasil
    e da cidade?

    Só sei o que aprendi na escola, quando garoto.
    O
    entrevistador passa a mão sobre a cabeça e lhe diz: Senhor Marcio infelizmente
    o senhor não tem o perfil desejável para a função de guia turístico da empresa.
    Lamento! Nossa preocupação é contratarmos pessoas qualificadas.
    Passado
    um ano, Marcinho arrumou alguns colegas, os quais foram o centro dos elogios
    dele por dois meses.
    Janeiro
    do ano posterior, Marcinho acorda cedo, como não era de costume, e foi em busca
    de um emprego na mesma cidade. Às 10 horas, madruga para Macinho.
    Entrou
    em um escritório para uma entrevista agendada desde agosto do ano anterior.Tratava-se
    também de um contrato de

    4 anos.
    Senhor
    Márcio, o senhor é integrante em qual dos partidos? És da coligação, oposição
    ou indiferente? Perguntou o entrevistador. Marcinho fica pensativo, a fim de
    compreender a pergunta e então responde:

    Sou da situação! Fiz campanha ainda que com
    certa dificuldades, ficando algumas vezes horas distribuindo panfletos  sobre o palanque.

    Mas fez campanhas assiduamente para adquirir
    conhecidos votantes?

    Sim senhor. Na verdade fiz campanha para o
    bairro inteiro.

    Domina algum outro curral eleitoral?

    Claro senhor.

    É conhecedor da História e da cultura do Brasil
    e da cidade?

    Só sei o que aprendi na escola, quando garoto.
    O
    entrevistador aperta a sua mão e lhe diz: Senhor Marcio felizmente o senhor tem
    o perfil desejável para a função de Secretário Municipal. É seu momento! Nossa
    preocupação é contratarmos pessoas coalizadas.
    teta
    * Em quase todo o município brasileiro tem um “Marcinho”. 
  • Funções e democracia – Espaços institucionais e patrimonialismo

    Funções e democracia – Espaços institucionais e patrimonialismo

    Abaixo uma reflexão realizada por Alexandro Souza. Trata-se de um texto pensado para a realidade do município de Piúma/ES, porém ao ler nota-se que é a realidade de maioria de nossos municípios brasileiros.

     

    Por Alexandro Souza*

     

    Funções e democracia – Espaços institucionais e patrimonialismo** 

    1323432 38106499
    A questão dos alcances e limites dos espaços institucionais sempre se apresenta como uma interessante questão para analisarmos o funcionamento da coisa pública. Infelizmente, como é de costume em todas as esferas da administração pública brasileira, o que vemos é um festival de absurdos a subverter o interesse público em prol do interesse de uma minoria.
    O funcionamento da máquina pública deveria pautar-se pelo equilíbrio e respeito entre os seus diversos ramos. O funcionamento eficiente do sistema só pode ser alcançado mediante a execução escrupulosa das tarefas das várias peças que o compõe, sem interferência de critérios extra-burocráticos.
    Infelizmente, como todos sabemos, isto é raridade nas prefeituras espalhadas pelo Brasil. Ao invés de critérios eminentemente técnicos, impera o famoso “jeitinho”, a amizade com fulano, aquele laço de parentesco distante com sicrano. Novamente caímos naquele entendimento tosco da res publica como cosa nostra, onde grupinhos próximos ao poder acabam por subverter e privatizar, em benefício próprio, aquilo que deveria ser de uso comum.
    Com não poderia deixar de ser, a prática se faz presente nos limites piumenses [Piúma, cidade do litoral sul do ES]. Por aqui impera a ideia de que manter amizade com elementos da administração pública pode trazer facilidades. Não basta ir à autarquia responsável por um serviço; estas, aliás, possuem o seu espaço institucional diminuído pela prática de se recorrer a fulano vereador ou sicrano secretário, ou àquela tia-da-prima-do-cunhado-da-sobrinha de algum pistolão da cena política. Respeitar a execução burocrática ou o princípio de igualdade é balela. Só os tolos perdem tempo com isto. O negócio é ligar para o vereador para que este consiga aquele carrinho para Cachoeiro [Cidade do sul do estado do ES] ou aquela consulta em Vitória [capital do ES].
    E quem não possui esta proximidade com o poder? Bom, este que se dane. O espaço burocrático converte-se numa espécia de limbo administrativo, cheio de exigências e postergações. Cheio de remarcações ou impossibilidades na execução de seu trabalho; trabalho para o qual, aliás, todos contribuem.

    Uma rede macabra

    A informática possui um termo sobre o (mau) uso da rede mundial de computadores que pode nos servir como exemplo neste caso: botnet. O termo designa uma rede de computadores comprometida, utilizada para fins alheios e/ou ignorados pelo dono do computador. Ou seja, um grupo de usuários comuns, através de alguma ferramenta de invasão, tem suas máquinas controladas por um operador externo que as utiliza para a obtenção de ações pouco nobres e ignoradas pelo usuário comum, verdadeiro dono da rede. Neste caso, temos uma máquina “sequestrada” e utilizada para outros fins que não aqueles desejados por seu dono, uma máquina-zumbi.
    Ora, a administração da res publica como cosa nostra em nada difere desta prática. Assim como uma botnet envolve a sequestra a máquina para fins alheios à vontade de seu dono, uma tal rede macabra acaba por se apoderar das engrenagens da máquina pública, fazendo com que elas trabalhem, não para o interesse público, mas para o interesse particular de alguns. O resultado é uma estrutura pública orientada por princípios clientelistas, onde não mais impera a igualdade de acesso, mas o critério de proximidade com o poder. A esta rede a reflexão política tem chamado de patrimonialismo – o bem público gerido como patrimônio do príncipe. Ou, para utilizar termos modernos, o bem público gerido como patrimônio do mandatário da vez.

    A indústria de dificuldades para vender facilidades

    Estamos acostumados, infelizmente, a ver os políticos extrapolando seus limites institucionais de ação. Aferrados a práticas clientelistas e/ou assistencialistas que garantem a eternização no poder, acabam por fazer uso de um artefato curioso: a indústria de dificuldades para vender facilidades. E o que exatamente quer dizer isso? Quer dizer que o pseudo-exercício do poder acaba por gerar distorções que não se justificam ante a racionalidade do próprio sistema. Quer dizer que muitas das dificuldades das quais o político alega ter o poder de resolver simplesmente seriam diluídas com o ordenamento racional da máquina pública. De forma que a questão, por exemplo, do transporte da saúde não deve ser resolvida com um apelo a fulano ou sicrano, mas com uma cobrança à secretaria de saúde para que os procedimentos de uso sejam apresentados de forma transparente, que possam ser facilmente consultados pela população (através de murais, sites ou blogs). A exposição de seu funcionamento tende a salientar os seus critérios puramente burocráticos, bem como a mostrar que o intermediário que se coloca como o “salvador” é, na verdade, o que atravanca o funcionamento (mais ou menos) suave da coisa. Ou seja: a dificuldade em si não existe, mas é gerada por uma interferência alheia ao sistema, tal qual o cracker que faz uso de uma botnet para realizar seus interesses escusos.

    Superação

    O único caminho possível de superação desta usurpação do bem público por interesses particulares encontra-se na transparência dos atos públicos e no acompanhamento das atividades de nossos representantes. No que diz respeito à transparência, avançamos bastante com a Lei 12.527/2011 – a chamada Lei da Transparência –, que versa sobre a publicização das contas em todos os níveis da administração pública. No entanto, a aplicação desta lei encontra-se irremediavelmente atrelada ao segundo ponto: o do acompanhamento (e cobrança) das atividades de nossos representantes. Como é costume no Brasil, algumas leis “pegam” e outras não, e eu espero sinceramente que este não seja o caso da Lei da Transparência. Cabe a nós, cidadãos, cobrar e zelar por sua correta aplicação, pois somente desta forma conseguiremos superar o caráter mafioso da administração pública no Brasil.
    De nossa parte, cabe entender e agir segundo o princípio da igualdade de todos perante a lei. Se queremos uma sociedade justa, devemos agir justamente. Se nos indignamos ante os escândalos de corrupção nos altos escalões do governo, temos que evitar a má ação corriqueira que acaba por justificar todo um descalabro. Devemos exigir o funcionamento puramente burocrático (e lutar por sua eficiência e alcance) da res publica, abandonando a ideia de que existem atalhos que nos fazem alcançar nossos objetivos de modo mais rápido.
    * Filósofo/UFJF, mestre e doutorando em Ciência da Religião/UFJF.
    ** Texto originalmente publicado no blog pessoal do autor, disponível em: https://piuma.es/index.php/piuma/funcoes-e-democracia-ii-espacos-institucionais-e-patrimonialismo.html
  • Você já conversou com sua consciência hoje?

    Você já conversou com sua consciência hoje?

    consciencia pesada mesmo quando nao errei1

    Por Roniel Sampaio Silva
    É muito comum as pessoas comentarem: “ouça a voz da sua
    consciência”; “peso na consciência”; “consciência tranqüila” e etc. Vamos
    pensar sociologicamente sobre estas questões numa perspectiva do sociólogo
    Émile Durkheim?


    Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, sendo um atributo do pensamento humano. A consciência está relacionada diretamente com a percepção do indivíduo em pertencer o mundo, de compreender seu lugar nele.
    A palavra consciência vem do latim conscientĭa (com conhecimento). Analisando o vocábulo podemos
    aferir que consciência é estar dotado de percepção, de conhecimento, de estar no mundo. Nota-se que ter consciência está relacionado a sua externalidade. Quando usamos a expressão “colocar a mão na consciência” estamos nos referindo ao ato de olhar para si mesmo e identificar seu papel ou ações do mundo social que está inserido. Nota-se assim, nesse sentido, que a consciência tem um parâmetro para seu julgamento: o mundo social. Será a partir do mundo social marcado por regras, normas e leis que “colocamos a mão na nossa consciência” e, quase sempre, agimos conforme elas. 

    Partindo disto, Émile Durkheim desenvolveu o conceito de
    consciência coletiva . Para o autor o que faz a sociedade ser um “todo social harmônico”
    é a consciência coletiva, coagindo os indivíduos a agirem de determinada
    maneira e não d’outra, embora dando “espaço” para o indivíduo fazer suas próprias escolhas e
    constituindo sua individualidade a partir de uma consciência maior e externa.

    Neste sentido, quando você ouve uma voz dizendo “acho melhor
    não fazer isso…” Não se preocupe você não está ficando maluco, é apenas uma
    manifestação da consciência coletiva. Agora se você não costuma ouvir esta voz
    acho melhor colocar a mão na consciência para procurá-la.

    E você, tinha consciência da sua consciência coletiva? Você
    já se deu a oportunidade de conversar com ela hoje?
                    
  • Música e Sociologia: Estado de Natureza

    Música e Sociologia: Estado de Natureza

    estado de Natureza

    O estado de natureza

    O Estado tem suas origens no início das formações dos grupos humanos. Há várias teorias que visam explicar suas origens. Há quem defensa a ideia de que o Estado surgiu pela necessidade de segurança dos grupos sociais, outros que o Estado surgiu devido as desigualdades entre os homens e o desejo de dominação. Contudo, as teorias apontam que antes da existência do Estado existia uma condição d denominam Estado de natureza”.
    A transição do estado de natureza para o estado constituído socialmente social seria baseado no fato das pessoas cansarem tanto do conflito e da barbárie a ponto de abrir mão de certos direitos e garantias fundamentais. Tal situação teria criado um ser acima de todos que tem por objetivo impedir o conflito dos sujeitos e regular a vida social. Na situação do Estado de natureza há uma condição primitiva de “guerra de todos contra todos” onde há uma liberdade sem limites cujo custo é a eterna guerra.
    Estado de Natureza é um termo designado pela filosofia política de um período anterior ao Estado.  A cantora Pitty tem uma música, O Lobo, que trata dessa visão. 
    Com base nas leituras em sala sobre as teorias de surgimento do Estado, ouça a música e acompanhe a letra identificando os aspectos que se relacionam com o Estado de Natureza.
    estado de Natureza
    O Lobo
    Pitty
    Houve um tempo em que os homens
    Em suas tribos eram iguais
    Veio a fome e então a guerra
    Pra alimentá-los como animais
    Não houve tempo em que o homem
    Por sobre a Terra viveu em paz
    Desde sempre tudo é motivo
    Pra jorrar sangue cada vez mais.O homem é o lobo do homem!
    O homem é o lobo do homem!Sempre em busca do próprio gozo
    E todo zelo ficou pra trás
    Nunca cede e nem esquece
    O que aprendeu com seus ancestrais
    Não perdoa e nem releva
    Nunca vê que já é demais. O homem é o lobo do homem!
    O homem é o lobo do homem!

    livro ciência política
    Para adquirir, clique na imagem
  • A participação política dos jovens: A internet e a (des)politização

    A participação política dos jovens: A internet e a (des)politização

    Participação política dos jovens: um debate necessário.

    Pesquisas, como aqueles desenvolvidas na UFRGS pelo professor Baquero, têm apontado que os jovens brasileiros possuem um distanciamento muito grande em relação a política.
    Conduzir nossos jovens a participar ativamente tem sido um desafio muito grande. Mas não se trata, como apontou Baquero, de falta de informação, pois os jovens afirmam ser importante a participação política, o que torna necessário é levar nossos jovens a efetivar a participação.
    participação política dos jovens
    Para pensar a participação política dos jovens. É necessário pensar nos repertórios que se utiliza para a formação política. Mundialmente, o Brasil está se tornando uma sociedade da informação, com quase metade da população conectada à Internet. Esses dados fornecem um debate sobre o impacto disso como uma instituição de socialização política relevante. Tem-se sugerido a construção de uma cultura política politizada e mais confiante, por outro lado, devido à ocorrência de intolerância e dogmatismo político, essa influência tende a ser mais negativa. Entre os jovens. Este artigo tem como objetivo analisar se o uso da Internet e de suas redes sociais afetará as atitudes e comportamentos políticos dos jovens e que tipo de cultura política está se formando. Os dados utilizados para testar a hipótese provêm de um estudo quantitativo realizado em três cidades do sul do Brasil em 2015/2016 Os dados são do NUPESAL / UFRGS, envolvendo 2.035 jovens entre 13 e 24 anos.

    Referências

    DE MORAIS, Jennifer Azambuja; BAQUERO, Marcello. A internet e a (des) politização dos jovens brasileirosCadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais, n. 25, p. 33-62, 2018.
  • O Leviatã – Thomas Hobbes

    O Leviatã – Thomas Hobbes

    Thomas Hobbes “O homem é o lobo do homem: O homem é o lobo do homem”

    Por Cristiano Bodart
    Hobbes parte da ideia do “homem natural” e este por natureza é a condição em que se encontram os homens fora de uma comunidade política ou da sociedade. Nesse estado os homens disputam todas as coisas por direito natural e absoluto. O homem, em sua natureza, defende Hobbes, possuem “direitos de natureza”, que trata-se do direito à sobrevivência. A partir desse direito, os homens unem-se a fim de preservar suas vidas, criando um contrato social. Para Hobbes, essa necessidade leva-os a produzirem um contrato para firmar a paz e a segurança:

     

    A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de os defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante o seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir as suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que equivale a dizer: designar um homem ou uma assembléia de homens como representante das suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa a sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comum; todos submetendo assim as suas vontades à vontade do representante, e as suas decisões à sua decisão (p. 130).

    A criação do Estado estaria ligada a essas necessidades. O objetivo deste Estado seria a segurança particular, a superação da lei de natureza ou da conjunção de uns poucos homens ou famílias, assim como de uma grande multidão, a não ser que dirigida por uma só opinião.

    hobbesPara Hobbes os súditos não têm o direito de renunciar ao pacto que confere esses poderes ao soberano. “É desta instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido, mediante o consentimento do povo reunido” (131). Uma fez o pacto confirmado torna-se obrigado a assumir todos os atos do monarca, por absurdos que sejam, mesmo aqueles que contrariam os seus próprios interesses. Os súbditos não podem mudar a forma de governo, não pode haver transgressão do poder soberano, ninguém pode, sem injustiça, protestar contra a instituição do soberano apontado pela maioria, as soberanas ações não podem ser justamente acusadas pelo súbdito, em fim, nada que o soberano faz pode ser punido pelo súbdito.
    Hobbes define o Estado como:

    [..] uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usara força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum (p.131).

    Com relação aos Súditos, afirmou que “Aquele que é portador dessa pessoa chama-se soberano, e dele se diz que possui poder soberano. Todos os restantes são súbditos” (p.131).
    Para Hobbes, o Estado é a materialização dos desejos dos súditos, ou seja, seu autor. Por isso que o Estado não pode ser contestado, pois estaria havendo uma auto-contestação, “dado que cada súbdito é autor dos actos do seu soberano, cada um estaria castigando outrem pelos actos cometidos por si mesmo” (p.132). Para este autor o soberano é juiz do que é necessário para a paz e defesa dos seus súbditos, tendo o direito de fazer regras pelas quais todos os súbditos possam saber o que lhes pertence, e nenhum outro súbdito pode tirar-lhes sem injustiça. Também a ele pertence a autoridade judicial e a decisão das controvérsias E de fazer a guerra, e a paz, como lhe parecer melhor, E de escolher todos os conselheiros e ministros, tanto da paz como da guerra, E de recompensar e punir, e (quando nenhuma lei tenha determinado a sua medida) o de arbitrar, O poder soberano não é tão prejudicial como a sua falta, e o prejuízo deriva na sua maior parte de não haver pronta aceitação de um prejuízo menor.
    Para Hobbes existem três formas de Estado: monarquia, democracia e aristocracia.

    Hobbes ainda indica que nomes como tirania e oligarquia não se tratam de nomes de outras formas de governo, e sim das mesmas formas quando são detestadas pela sociedade.

    Quando o representante é um só homem, o governo chama-se uma monarquia. Quando é uma assembleia de todos os que se uniram, é uma democracia, ou governo popular. Quando é uma assembleia apenas de uma parte, chama-se-lhe uma aristocracia. Não pode haver outras espécies de governo, porque o poder soberano inteiro (que já mostrei ser indivisível) tem que pertencer a um ou mais homens, ou a todos (p.141).

    Quanto as leis civis, destaca Hobbes, que o Estado está acima destas. Para ele o Estado é o único legislador. Mesmo quando as leis não estão escritas e aparentemente tornaram-se leis devido ao tempo e ao costume, na verdade, são leis por que do consentimento do Estado.
    Em fim, Hobbes apresenta o o Estado como o elemento máximo, existente acima de tudo e todos para o a preservação do “direito de natureza”, ou seja, de sobrevivência.

    REFERÊNCIA:
    HOBBES, Thomas de Malmesbury, Leviatã. Os Pensadores. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997.

  • Dica de temática para ser discutida em aula

    A situação que vivencia a Grécia não é estranha à nós brasileiros. O Brasil já foi vítima/cliente do FMI. Ao contrário da situação educacional do brasileiro das décadas de 50, 60 e 70, a população grega possui uma ampla capacidade de reflexão da realidade a qual vivem. Essa capacidade de reflexão tem levado a população daquele país as ruas.
    Dentro desse contexto é possível discutir em sala de aula questões riquíssimas, tais como:
    • O governo deve ou não aceitar o auxílio do FMI?
    • Quais as vantagens imediatas do auxílio do FMI?
    • Quais as desvantagens a médio e a longo prazo desse empréstimo?
    • O que aconteceu com outros países que aceitaram o auxílio do FMI (inclusive no Brasil)?
    A fim de embasar o debate sugira aos alunos uma leitura prévia do assunto. Uma dica é a matéria do Jornal do Brasil (abaixo).
    ………………………………………………………………………………………………………….
    The sitaução experiences that Greece is no stranger to us Brazilians. Brazil has been the victim / client of the IMF. Unlike the situation of Brazilian education of the 50s, 60s and 70s, the Greek population has a large capacity to reflect reality in which they live. This capacity for reflection has led the population of that country the streets.Within this context, it is possible to discuss classroom issues very rich, such as:
    • The government should or should not accept aid from the IMF?
    • What are the advantages of immediate assistance from the IMF?
    • What are the disadvantages in the medium and long term of the loan?
    • What happened to other countries that accepted IMF assistance (including Brazil)?
    In order to ground the debate suggests to students a prior reading of the subject. A tip is the matter of the Jornal do Brazil (below).
    ………………………………………………………………………………
    Presidente grego diz que o país está à beira do abismoAgência AFP – 15:21 – 05/05/2010
    ATENAS – O presidente grego, Carolos Papoulias, assegurou nesta quarta-feira que seu país se encontra à beira do abismo depois dos protestos violentos que opuseram manifestantes e policiais nas ruas da capital.
    “É responsabilidade de todos nós não dar um passo para o precipício”, afirmou o chefe de Estado em sua primeira declaração após os distúrbios.
    Três pessoas morreram quando uma agência bancária do centro de Atenas foi incendiada por coquetéis molotov jogados por jovens com o rosto coberto por lenços durante as manifestações de protesto.
    Quase 20 pessoas estavam no banco quando teve início o incêndio. Duas mulheres e um homem morreram no meio das chamas, segundo informações da polícia grega.
    Dois prédios públicos, uma agência da receita e um edifício da prefeitura de Atenas, também foram incendiados com coquetéis molotov.
    Dezenas de jovens jogaram coquetéis molotov contra as vitrines de lojas e bancos no centro de Atenas, o que provocou vários pontos de incêndio.
    A Grécia amanheceu nesta quarta-feira praticamente paralisada por uma greve geral, a terceira desde fevereiro, convocada pelos sindicatos para protestar contra o plano de austeridade imposto pelo governo socialista de Giorgos Papandreou em troca de uma ajuda financeira da União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
    Os transportes aéreos, marítimos e ferroviários estão parados, a maioria das escolas e administrações públicas fechadas.
    Os bancos e as grandes empresas do setor público funcionam com poucos funcionários e os hospitais garantem apenas os serviços de emergência.
    A greve inclui a imprensa, com os serviços jornalísticos de rádios, TVs e jornais interrompidos.
  • Sistema de Saúde Pública

    Muito bom a crítica do Maurício Ricardo! Mas vale salientar que embora o SUS seja uma política pública com muitos problemas é um exemplo no mundo. Nenhum outro programa de saúde (até onde conheço) oferta atendimento para 185 milhões de pessoas.

  • Resumo: BOM GOVERNO NOS TRÓPICOS: UMA VISÃO CRÍTICA

    Resumo: BOM GOVERNO NOS TRÓPICOS: UMA VISÃO CRÍTICA

    Por Cristiano Bodart
    …………………………………………………………………………………..

    Não posso deixar de indicar esse livro. Busco semanalmente ler um livro, mas nem sempre a escolha do livro é tal surpreendente como foi este. Na verdade não foi bem um escolha pessoal, o meu professor no curso de doutorado o indicou. E que indicação. Muito bom. Abaixo um pequeno resumo/comentário que sempre gosto de fazer de minhas leituras:
    ……………………………………………………………………………………….

    Na obra “Bom Governo nos Trópicos”, Judith Tendler buscou apontar a existência de boas experiências de governos entre os países em desenvolvimento.

    .

    Para esta autora as explicações teóricas do mau desempenho dos governos de países em desenvolvimento, embora exatas em diversos aspectos, proporcionaram o surgimento de diversos equívocos, entre eles destacando-se: a generalização de que todos os governos são ruins e por tanto devem ser reformados; que deveria ser replicado as experiências bem sucedidas (experiências na Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra, em menor grau, nos Estados Unidos) nesses países; a visão hegemônica de que os mecanismos de mercados são superiores para solucionar os problemas existentes nos países em desenvolvimento; estudos sobre as raízes do mau desempenho desses países contradizem ou ignoram o conjunto de evidências sobre as causas do melhor desempenho das grandes organizações dos países industrializados e; super-valorização da reforma do setor público a partir de uma fé excessiva nas ações do “usuário” ou “cliente” dos serviços públicos.

    .

    Tendler buscou estudar diversas experiências no Nordeste do Brasil, especificamente no governo do Ceará. O fator motivador desse estudo estava em responder a seguinte indagação: “Como pôde um governo estadual que fazia parte de uma região com uma história tão longa e estável de desempenho medíocre ‘subitamente’ se desempenhar tão bem?” (p.25). A autora buscou identificar quais elementos foram decisivos para que esse governo tornar-se um modelo para o restante do país.

    .

    Ao analisar o programa de saúde daquele governo – que teve início em 1987 como uma pequena parte de um programa emergencial de geração de emprego – identificou aspectos decisivos para o sucesso de tal programa. A descentralização, vivenciada na época no país, não significou menor ação do poder central no Ceará, pelo contrário, ele estava fazendo mais e fazendo algo bem diferente. O que o governo do Ceará fez foi “dividir o trabalho” com a esfera local. Cada uma das esferas passou a ter competências complementares. A fim de romper com o histórico clientelismo, o Estado ficou na responsabilidade de contratar os indivíduos do município onde seria implementado o programa. Ao poder local cabia a contratação apenas de alguns poucos chefes de enfermagem. A supervisão do bem desempenho do programa na esfera local ficou a cargo da população (especialmente os candidatos a agente de saúde não contratados – os rejeitados no processo de seleção viraram controladores), podendo esses realizar denuncias. Outra tática do governo foi desenvolver nos agentes de saúde o orgulho pela sua posição e de seu papel. Para aproximar o agente de saúde da população desconfiada dos “programas políticos” foram desenvolvidas pequenas ações curativas e de orientação preventiva (o que a autora chamou de “curativismo insinuante”).
    .
    O programa inicialmente foi implantado em poucos municípios (pois não eram obrigados a aderirem). O Estado, a fim de superar tal limitação, utilizou-se da propaganda. Por meio da mídia noticiava os bons resultados e os benefícios aos cidadãos, o que gerava uma pressão popular sobre os prefeitos que não havia aderido ao programa. Desta forma o programa se expandia a cada ano. Outro ponto importante estava na possibilidade dos prefeitos se utilizarem dos bons resultados para se promoverem.
    .
    A atitude dos agentes e dos “clientes” foi fundamental para o bom governo. A relação entre eles embasava-se na confiança. O agente não via o “cliente” apenas como alguém que ele precisava conscientizar, mas alguém de que ele queria e precisava do respeito, do reconhecimento e da confiança..“É esse tipo de relação de confiança mútua entre trabalhadores e seus clientes que está agora recebendo atenção nas recentes tentativas dos especialistas de explicar o sucesso de estados que se desenvolvem, de programas públicos e de grandes empresas privadas. Mas o pressuposto do interesse próprio, adotado pela corrente hegemônica da literatura sobre desenvolvimento, dificulta reconhecer essas relações quando surgem e tomá-las como ponto de partida quando se pensa sobre como melhorar o governo” (TENDLER, 1998, p.65).
    .
    .
    Bibliografia
    TENDLER, Judith. Bom governo nos Trópicos. Trad. de Maria Cristina Cupertino. Rio de Janeiro:Revan, Brasília, DF: ENAP, 1998.