Tag: relato de experiência

Um relato de experiência é uma narrativa pessoal que descreve vivências, práticas e aprendizagens adquiridas ao longo de uma determinada atividade ou processo. No contexto docente, um relato de experiência é uma forma de o educador compartilhar suas práticas pedagógicas, desafios enfrentados, soluções adotadas e resultados observados no processo de ensino-aprendizagem.

Esse tipo de texto tem como objetivo refletir sobre as experiências vividas, possibilitando a troca de saberes e a análise crítica, além de servir como uma ferramenta para a melhoria contínua do trabalho educacional. Em muitos casos, esses relatos podem ser utilizados para disseminar boas práticas, apresentar inovações pedagógicas ou discutir aspectos específicos de uma metodologia ou abordagem utilizada em sala de aula.

  • O uso do caderno de relatório em aulas no Ensino Médio e Superior

    O uso do caderno de relatório em aulas no Ensino Médio e Superior

    caderno broch univ 96 fols 24764 zoom
    Por Roniel Sampaio Silva

    Nossa memória é um labirinto. Em meio a esse labirinto de informações, turmas, atividades, e provas as vezes nos atrapalhamos nos registros e até mesmo na sequência didática das aulas.

    Quando fiz meu estágio de docência tive a oportunidade de conhecer o trabalho da colega Patrícia Andrade, Professora de Sociologia do IFPI Campus Teresina Central. Ela utilizava nas suas aulas um caderno o qual chamava de “caderno de relatoria”, ele era semelhante a um caderno de atas de reuniões, aqueles de brochura (sem espiral) e que também são usados como diários de campo pelos antropólogos.
    Como funcionava?
     

    Cada turma tinha suas aulas registradas num caderno específico para ela. Os registros de cada aula era feito pelos alunos. No início da aula, o aluno que tinha sido designado para fazer o registro da aula anterior recapitulava o relatório referente ao último encontro para que o professor iniciasse a nova  aula.Ao término da leitura em voz aula para turma, a professora perguntava quem gostaria de fazer a relatoria da aula seguinte. Caso não houvesse candidatos, a professora poderia indicar um aluno para a tarefa. O estudante “da vez” levava o caderno pra casa e fazia o relatório o qual iria começar a próxima aula seguinte.

    Não cheguei a ver detalhes do caderno de relatoria. Entretanto, creio que além da indicação da turma a qual pertence o caderno, na contracapa deve haver algumas tópicos norteadores para ajudar na confecção do registro.
    SUGESTÕES PARA A REDAÇÃO DA
    RELATORIA:
    Inicie com Local, Data, horário.
    Descreva como foi a aula.
    Indique o objetivo da aula.
    Quais foram os assuntos estudados, os principais conceitos, teorias.
    O que você aprendeu durante a aula.
    Quais os exemplos do seu cotidiano você pode relacionar com a aula.
    Você pode colar imagens ou textos junto a sua relatoria para enriquecer uma pesquisa mais aprofundada sobre o assunto.
    A experiência da prática indicada tem sido muito boa para garantir a sequência didática das aulas, bem como, para que nós professores avaliemos qual a percepção dos
    alunos sobre as nossas aulas.

     

  • Como encerrar as atividades de ensino com chave de ouro

    Como encerrar as atividades de ensino com chave de ouro

    chave de ouroPor Roniel Sampaio Silva
    O ano ou semestre letivo trazem uma série de cegueiras tanto para professor quanto para o estudante. A maioria dos conflitos estudante-docente é oriunda destas cegueiras que dificultam o crescimento profissional de todos os envolvidos no processo.
    Pensando nisso, tive a experiência de aplicar uma avaliação em cada turma que leciono para que eu e os alunos pudéssemos enxergar-nos como agentes dentro do processo de ensino-aprendizagem. Visualizar as árvores e o bosque ao mesmo tempo e, eventualmente, perceber que há distorções na forma como nos vemos e a forma como vemos o contexto que ajudamos a compor.  A atividade teve como objetivo: problematizar a auto-percepção dos agentes sobre suas atuações e dos demais em sala de aula.
    Na ocasião, compartilho os procedimentos da experiência.  Escreva no quadro a seguinte tabela:
    Positivos
    Negativos
    Professor
    Turma
    Aluno
    Pergunte a cada aluno os aspectos positivos e negativos de cada um dos itens acima. Deixe claro sua maturidade em receber críticas. Exija que os alunos sejam sinceros e procure criar um clima “leve” ou descontraído para o momento.  Faça a entrevista individualmente e anote os pontos negativos de cada item numa folha de papel, a qual apenas você tenha acesso inicialmente.
    Ao final das entrevistas individuais, faça comentários sobre a sua atuação como professor e problematize as respostas dadas pelos alunos.  Esteja atento para problematizar a repetição das respostas e sua coerência com entre si. Por exemplo, pode acontecer da maioria dos alunos definirem seu ponto positivo como “interessado” e definir o ponto negativo da turma como “desinteressada”.
    Como é possível que vocês, individualmente, definam-se como interessados e quando visualizem a turma como um todo, enxerguem como desinteressados? Os alunos não fazem parte da turma? Registre as respostas e aponte caminhos para que os alunos melhorem seu desempenho em sala e procure estabelecer estratégias para contornar seus pontos negativos como professor. Tal atividade tem proporcionado atividades de ensino mais proveitosa na medida em que os pontos negativos são superados.
  • A criança na churrascaria: reflexões sobre socialização, torturas e continuísmos

    A criança na churrascaria: reflexões sobre socialização, torturas e continuísmos

    familia tedio
     Por Roniel Sampaio Silva
    Hoje eu tive uma das tantas experiências maravilhosas da docência na disciplina Educação, Sociedade e Cultura do curso de Licenciatura em Biologia do IFPI Floriano: Na aula sobre socialização, explicando o conceito finalizei com um trecho do Peter Berger o qual dizia: “De início o mundo social dos pais apresentando-se à criança como realidade externa, misteriosa e muito poderosa. No curso do processo de socialização o mundo torna-se inteligível. A criança penetra nesse mundo e adquire a capacidade de participar dele. Ele se transforma no seu mundo”.
    Pedi que os alunos lembrassem da primeira infância quando eram levados para churrascaria, pizzaria ou outro local de reunião social de adultos. Lembram se era uma experiência boa? Balançaram a cabeça negativamente e sutilmente e em seguida respondi: -Aquilo era um inferno!!! um pandemônio!! Ninguém podia brincar, correr, falar alto. Só tinha que ficar parado ouvindo conversas de adultos entediosas e sem sentido. Mas vejam, nós agora, mergulhados no universo social. Adoramos esse tipo de situação para um bate papo, fofocar, contar piada, e aprendemos socialmente a gostar disso .
    Assim, passamos horas e horas sentados, conversando as mesmas coisas que quando criança achamos sem sentido e o pior, torturamos submetemos nossos filhos a tortura que ora odiávamos. Portanto, meus queridos alunos, leiam nossos textos para serem socializados, para mergulhar no nosso social. Não sejam as crianças de churrascaria, sejam os adultos de churrascaria. Um grande abraço e boa noite, assim finalizei a aula.
    Referências
    Berger, L P; Berger, B. Socialização: como ser um membro da sociedade. in: Sociology – a biographical approach, 2º Edição. New York, 1975, pp 49-69. Tradução Richard Paul Neto.
  • Seminário: Como organizar um seminário com os alunos

    Seminário: Como organizar um seminário com os alunos

    Orientações de como organizar um seminário incrível

    Seminario
    Por Roniel Sampaio Silva

    1- INTRODUÇÃO

    Com base nas experiências de sala de aula, preparamos uma metodologia para o uso de seminários em aulas de sociologia, mas que serve para toda e qualquer matéria, desde que feitas algumas adaptações.
    As aulas de sociologia ensejam muitos debates, participações, relato de experiências de vida e intervenções em geral por parte dos alunos e  isso é um aspecto muito positivo. No entanto, só o confronto de opiniões sem sustentação teórica e metodológica constitui um perigo para formação dos alunos. Aí entra o fortalecimento dos conteúdos, conceitos, categorias e teorias da sociologia, ou seja, as ferramentas do pensamento sociológico para compreensão crítica da realidade social.
    Na minha opinião o maior desafio para os professores de sociologia é problematizar de maneira “equalizada” o conhecimento científico da sociologia com o senso comum dos alunos. Se por um lado a fala do professor para fixação do conteúdo básico é importante, por outro, a participação dos alunos é igualmente importante a fim de proporcionar um feedback que “quebre” a monotonia da teoria, além de servir para contextualização da teoria, desenvolvendo assim a imaginação sociológica. Por isso é importante que o professor, além de trabalhar bem os conteúdos em sala de aula, proporcione aos alunos autonomia e espaço para, com a devida orientação, externar seus pontos de vista com base nas teorias estudadas. Para isso é importante criar espaços para isso. O grande problema está no curtíssimo tempo das aulas que comprometem o conteúdo ou a participação dos alunos. A Uma boa saída para esse problema é o uso de seminários tão logo o professor tenha fixado conteúdos básicos nas aulas anteriores.
    Agora você me pergunta, como fazer o bom uso desses seminários? Vou narrar de maneira bem sistemática uma metodologia que desenvolvi para seminários em sociologia.



    2- METODOLOGIA

    2.1- Grupos
    Para fazer um bom seminário, nada de muitos temas. Opte por no máximo 5 e divida a turma nesta cifra e destine uma aula para cada grupo. Assim, todos os integrantes terão tempo de expor o conteúdo e trabalhar bem o assunto.
    2.1- Objetividade
    Os temas costumam ser muito amplos. Por essa razão, procure criar 5 questões norteadoras para dar um determinado enfoque e objetividade aos seminários.
    Exemplo:
    Grupo 1 -1º Atividade – Introdução à democracia
     Objetivo: Apresentar previamente como era a democracia ateniense
    1- Qual a necessidade do surgimento da concepção democrática na Grécia antiga?
    2- Qual a relação entre democracia e escravidão na antiguidade clássica?
    3- Quem eram poderiam votar e ser votado na democracia ateniense?
    4- Como eram constituídas as assembleias (eclésias) e como elas eram conduzidas?
    5- Faça um paralelo com a democracia ateniense com a democracia brasileira e discuta se o voto no Brasil deve ser obrigatório ou facultativo?
    3- CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES E TEMAS TEMAS
    Com a definição prévia dos 5 temas e das suas respectivas questões norteadoras, solicite que os grupos  entreguem a você um papel no qual contenha uma lista com o nome integrantes. De posse das 5 listas, faça um sorteio dos temas dos respectivos grupos. Estes temas já tem sequência lógica do conteúdo programático pré-definida.
    Feito o sorteio, anote o nome dos componentes do grupo e a respectiva ordem de seminários destes. Caso algum aluno tenha dificuldade de se aderir em algum grupo, você pode inseri-lo. Por fim, anote o cronograma de apresentação, grupos e temas no quadro.
    Agora, entregue um papel com os temas, questões norteadoras e critérios de avaliação impressos juntamente com as orientações para os seminários.
    4- ORIENTAÇÃO PARA APRESENTAÇÕES 
    -Inicialmente apresente o tema e o  objetivo do seminário, bem como, como ela será dividida. Apresente um roteiro básico na forma de sumário para que a turma compreenda qual “percurso cognitivo” você vai seguir para atingir o objetivo do tema.
    -Cada integrante deve fazer um roteiro próprio com tópicos escritos em papel de fichamento ou outro. Este ficará de posse do aluno e não precisa ser entregue ao professor.
    -Não faça leituras longas nem de slides e nem do roteiro que está de posse de você, isso torna o seminário cansativo.
    -No caso de slides, use cores que contrastam com o fundo para facilitar a leitura e coloque o mínimo de informações possíveis.
    -Use bem o tempo, procure planejá-lo adequadamente. Ao final da aula, deve ser reservado o tempo mínimo de 10 minutos para que o professor comente sobre as observações que ele anotou durante o seminário.
    -Lembre-se que o trabalho é em grupo, caso falte algum integrante, o assunto do aluno falto deverá ser comentado pelo grupo.
    -Lembrem-se de integrar as palavras ditas pelos seus colegas na sua fala no sentido da explicação. Procure dialogar sua fala com temas anteriormente estudados e, principalmente, com a fala dos demais integrantes do grupo.
    -Caso o colega se atrapalhe e “dê branco” na hora dos seminários, você pode sutilmente fazer uma nota sobre o assunto, com o cuidado de não sobrepor a fala do colega.
    – É recomendável que o grupo faça um ensaio do seminário anteriormente.
    – O material básico de referência pode ser baixado em https://goo.gl/8tYtGg. Além disso, outras referências podem ser usadas desde que abordem as questões norteadoras e objetivo proposto.
    – Apresente os critérios de avaliação abaixo anteriormente.
    5- AVALIAÇÕES

    A nota será atribuída para o grupo e será definida tanto pela turma e pelo professor. Os itens avaliados pelo professor dizem respeito as competências do mestre e os itens que serão avaliados pela turma dizem respeito a habilidades dos alunos. Lembre-se de no início da aula distribuir fichas de avaliação para cada estudante da turma, exceto para os expositores.

    A média final será resultado da nota do professor + a média ponderada das notas atribuídas por cada aluno.
    Calculado da seguinte forma: 50 (nota professor)  + 50 (média da turma) = 100 (nota final)

    Critérios e respectivos pesos a seguir:

     

    5.1-AVALIAÇÃO DA TURMA
    Número
    do Grupo
    1-( ) 2-( ) 3-( ) 4-( ) 5-( )
    Tema
    do Grupo
    Componentes
    Item
    Pergunta
    Variação
    de Nota
    Nota
    TOTAL
    Clareza
    da explicação
    A
    explicação do grupo foi clara?
    De
    0 a 20
    Diálogo
    com a turma?
    O
    grupo dialogou com turma e instigou os alunos para participação?
    De
    0 a 20
    Criatividade
    O
    grupo apresentou a proposta de maneira criativa?
    De
    0 a 10
    5.2-AVALIAÇÃO DO PROFESSOR
    Número
    do Grupo
    1-( ) 2-( ) 3-( ) 4-( ) 5-( )
    Tema
    do Grupo
    Componentes
    Item
    Pergunta
    Variação
    de Nota
    Nota
    TOTAL
    Domínio
    de conteúdo
    O
    grupo domina do tema apresentado?
    De
    0 a 30
    Contextualização
    do tema
    O
    grupo relacionou o tema com outros temas estudados anteriormente
    e/ou exemplificou bem as situações? Os integrantes do grupo
    dialogaram suas falas entre si durante a apresentação?
    De
    0 a 10
    Uso
    do tempo e participação dos integrantes
    O
    grupo usou bem o tempo da aula e todos os expositores falaram de
    maneira equitativa?
    De
    0 a 10
    Um outro aspecto legal da atividade é que é possível o professor fazer uma avaliação da sua própria apresentação uma vez que os alunos tendem a explicar tendo como referência a forma de atuação do professor.
    O que achou do relato de experiência? Comente aqui no blog e conte para nós qual foi o seu resultado.