Tag: Texto para reflexão

Texto para reflexão

Estes textos oferecem uma visão diferenciada e interessante sobre vários acontecimentos cuja análise pode ser feita por meio da sociologia.

A reflexão é um importante instrumento intelectual para fazer com que o indivíduo consiga perceber a relação entre as estruturas sociais e as biografias individuais.

Na Sociologia sempre esteve presente a discussão entre indivíduo e sociedade (agencia vs. estrutura), chegando ao ponto de estudiosos mais radicais, principalmente nas primeiras décadas do século XX, ignorar os estudos que tinham seu foco no
indivíduo. Simmel, por exemplo, foi um sociólogo renegado por anos por esse motivo.  Bauman e May nos ajudam a entender em quais condições o indivíduo é objeto da Sociologia. Para esses autores “atores individuais tornam-se objeto das observações de estudos sociológicos à medida que são considerados participantes de uma rede de interdependência .

Desse modo os textos para reflexão ensejam uma análise de como nós nos relacionamos com nossa estrutura e proporcionam um contraponto discurso do discurso dominante.

  • Mimimi no Enem: Quando os temas que você critica cai no enem?

    Mimimi no Enem: Quando os temas que você critica cai no enem?

    enem logo

    Por Roniel Sampaio SIlva

    O Exame Nacional do Ensino Médio está sendo criticado por trazer à tona teorias e conceitos polêmicos. Há nas redes sociais reclamação generalizada sobre uma suposta abordagem tendenciosa da prova.

     As reclamações de que as questões tinham tendência ideológica, política ou epistemológica são desnecessárias. O exame procura avaliar se o candidato sabe do assunto e não se ele concorda com o conceito ou teoria. É ingenuidade pensar que uma prova realizada em dois dias vai modificar ideias consolidadas de mundo.

    Se o candidato critica tanto um ponto de vista teórico, o mínimo que ele deve fazer é conhecê-lo em profundidade para lançar sua crítica. Se caíram assuntos que ele tanto critica, acabou sendo uma tremenda sorte. Afinal é de se esperar que os críticos conheçam bem os conteúdos os quais tanto criticam.

     

  • Por que postamos fotos de quando éramos criança em nosso perfil do Facebook?

    Por que postamos fotos de quando éramos criança em nosso perfil do Facebook?

    Foto de criança facebook…

     
    frases sobre amigos de infancia01
     
     
    Por que postamos fotos de quando éramos criança em nosso perfil do Facebook?
    Por Cristiano das Neves Bodart
     
     
    Acredito que todos os usuários de Facebook notaram a onda de uso de fotos de perfis de quando o dono da conta era ainda criança, ou fotos de quando ainda seu filho era pequeno. “Certamente cada pessoa tem sua motivação pessoal”, diriam muitas pessoas. Para a Sociologia os eventos que se repetem entre um número significativo de indivíduos merece uma atenção maior para serem compreendidos. A resposta de que “certamente cada pessoa tem sua motivação pessoal” não esclarece o fato, uma vez que não trata-se de uma mera coincidência de milhões de pessoas fazerem a mesma coisa; pelo contrário, à luz da Sociologia é possível buscar e, talvez, encontrar uma regularidade existente, assim como uma motivação para além da motivação pessoal. Tentarei levantar alguns caminhos para uma reflexão sociológica desse fenômeno.
     .
    Teriam os usuários do Facebook apenas despertado um interesse em homenagear as crianças? Acredito que não é apenas o princípio da homenagem o elemento motivador, haja vista que existe o dia do idoso e nem por isso há uma “onda” de postagem de fotos dos seus avós. Considero a hipótese de que a motivação está muito mais relacionada a si mesmo do que às outras crianças.
     .
    A ideia de criança, ao longo da História, foi-se construindo até chegar ao que entendemos hoje: período de inocência, de dependência, de despreocupação com compromissos e de pensamentos e atitudes sinceras. É, a meu ver, essa imagem de “criança” – em contraposição a ideia de “adulto” – que parece motivar o desejo de “vender uma imagem” à sua rede de relacionamento via Fecebook.
     .
    A “Consciência Coletiva” (conceito de Durkheim) é a impulsora de tal atitude. A ideia de que a criança é  inocente, dependente de atenção, despreocupada com as futilidades da vida e marcada por pensamentos e atitudes sinceras que parece motivar os indivíduos a buscarem emitir tais valores aos amigos. Ainda que não seja uma ação pensada racionalmente, busca-se transmitir ao outro que valoriza e/ou busca tais princípios infantis, ao mesmo tempo que emite a mensagem de que os “adultos” devem rever seus “passos”.
     .
    Outro elemento motivador é a necessidade de fugir dos excessos de responsabilidades, de se “esconder” dos males do mundo. Voltar a ser criança, ainda que no imaginário, seria voltar a viver “tempos que não voltam”, tempos onde a amizade era desinteressada, onde as coisas mais simples nos impressionavam, época em que o mundo nos deixava admirados… época que sem que percebêssemos filosofávamos sobre tudo e todos, isso independente de sua importância no mundo dos adultos.
    . 
    Postar uma foto de quando éramos crianças é uma fuga, ainda que não eficaz, do mundo dos adultos e a tentativa de retornar no tempo em busca de princípios e perspectivas que parecem extintos no mundo dos adultos.
     
     
     
     
     
     
  • A precarização dos professores e da educação gera lucro

    A precarização dos professores e da educação gera lucro

    Precarização, combustível do sistema

    Por Roniel Sampaio Silva
    Cenário da docência no Brasil
    precarização
    Quase ninguém quer ser mais professor. Apenas cerca de 2% dos nossos alunos querem a docência (Fundação Carlos Chagas & Victor Civita, 2010). A evasão nos cursos de licenciatura é altíssima. Os atuais mestres estão deixando a profissão e os que restam em breve vão se aposentar. Até 2021 estima-se que 40% dos docentes do ensino médio estarão aposentados.
    Resultado: Risco de um colapso no número de profissionais e caos na contratação de professores.
    Enquanto a saída está na valorização da categoria, por meio de melhoria da formação, das condições de trabalho e salário; as políticas públicas ainda são muito tímidas e não contemplam a emergência, importância e materialidade das necessidades da educação pública.
    E a valorização?
    Tudo indica que invés de valorização o que vai ocorrer é ampliação da formação precarizada a partir do fomento da educação privada e isso vai enriquecer mais ainda os donos de complexos educacionais de nível superior. Os grupos privados educacionais cada dia mais aumentam os seus números; tanto o número de formados, quanto os seus lucros. Em 2011, o faturamento cresceu em média 30% alavancados pelos incentivos fiscais e programas governamentais de transferência de recursos como PROUNI e FIES.
    Ao que parecer as atuais políticas de formação de professores,   incluindo PARFOR e UAB, não estão satisfatoriamente integradas à efetiva melhoria na formação, carreira, condições de trabalho e salário.  Tais políticas de formação parecem preocupar-se muito mais com a quantidade do que com a qualidade. Ou seja,  em aumentar o número de formados a fim de garantir que mais profissionais estejam no mercado. Estes por sua vez terão custo de mão de obra sempre rebaixado do grande contingente de docentes formados.
    O problema disso é a alta rotatividade de docentes que “estão sendo professores” e não “são professores” efetivamente. Essa rotatividade prejudica o fortalecimento das práticas docentes em favor de uma necessidade dos setores educacionais privados, que terão maior clientela para ocupar os postos de trabalhos vagos, alimentando o ciclo de reprodução da precarização da educação. Assim fica difícil ter bons indicadores quantitativos e qualitativos para a educação. Na última avaliação da OCDE (2014), ficamos em penúltimo no ranking.

    Pensando como Celso Furtado, ganhos individuais para os grandes grupos educacionais, prejuízos coletivos para toda sociedade brasileira. Cada vez mais a educação deixa de ser um direito para ser uma mercadoria.

    Como citar esse texto:

    SAMPAIO-SILVA, Roniel Sampaio. A precarização dos professores e da educação gera lucro. Blog Café com Sociologia. 2015. Disponível em:https://cafecomsociologia.com/2015/09/a-profissao-docente.html. Acesso em: dia, mês e ano.

  • A profissão do[c]ente

    A profissão do[c]ente

    imagem

     

    A profissão do[c]ente

     

    Por Cristiano das Neves Bodart

     

    O editorial do jornal O Globo, do dia 10 de setembro, deu ênfase ao “colapso” educacional que surge no horizonte brasileiro. No entanto a decadência da qualidade da educação é destacado apenas como sintoma da “bomba-relógio” que está armada, quanto na verdade é sintoma e causa.
    O interesse pela docência não vai existir sem uma escola e uma educação de qualidade. E sem bons docentes essa qualidade não virá. O editorial destaca a baixa remuneração como sendo um dos principais problemas. Nesse ponto, estou de acordo. No entanto, a solução é apresentada de forma um tanto equivocada, na qual, no frigir dos ovos, o professor se tornará o culpado por suas condições precárias de trabalho. É como se o paciente fosse responsável pela sua má sorte.
    Assim destacou o editorial:
    “Baixa remuneração e falta de condições de trabalho estão entre as principais causas do desinteresse pelo magistério. O problema é que tais demandas costumam ser discutidas quase exclusivamente no âmbito dos interesses corporativos — principalmente a questão salarial.
    Governos negligenciam, e sindicatos de profissionais de ensino torpedeiam, por exemplo, quaisquer iniciativas que visem a implantar no sistema a remuneração por mérito, criterioso fator de melhorias dos vencimentos; programas de avaliação de desempenho também são tabu”.
    O editorial do O Globo erra ao afirmar que um dos problemas são “os sindicatos de profissionais de ensino torpedeiam” […] “quaisquer iniciativas que visem a implantar no sistema a remuneração por mérito, criterioso fator de melhorias dos vencimentos”, assim como os programas de avaliação de desempenho. Erra porque por trás da proposta de remunerar por mérito há uma pretensão clara de pagar bons salários há alguns poucos, podendo assim o político afirmar que “paga bem” o trabalho docente e que os que assim não são tratados, não o são por sua própria culpa, pelo seu baixo desempenho. É a mesma lógica das provas de seleção para ingressar no Ensino Superior: frente a incapacidade do Estado em ofertar vagas à todos, cria-se avaliações e transfere-se aos jovens a responsabilidade de serem excluídos. Outro problema está em “criar docentes aprovadores” de alunos, uma vez que se o índice de aprovação for elevado, logo será tido como um bom professor e, com isso, terá maiores rendimentos salariais.
    O editorial vêm engrossar a fila dos que desejam lançar sobre às costas dos docentes a responsabilidade exclusiva da falência do sistema de ensino, como se este fosse composto por apenas docentes e discentes.
    O problema é mais complexo e a solução não está apenas em um ponto ou em uma pílula. O risco de faltar professores é grande! Esse alarde é necessário e a resolutividade é urgente. No entanto, a solução apresentada pelo editorial remonta à lógica das linhas de produção fordistas do século passado: recompensar o trabalhador de forma individualizada, com base em sua produtividade. Ignoram que o processo de ensino-aprendizagem é bem mais complexo do que um automóvel e que o tempo para produzir o conhecimento não depende apenas do “produtor”. É consenso que Ford errou ao acreditar que a motivação dependia apenas de recompensa salarial. Ignorou que existem outros fatores, tais como, o prazer pela atividade realizada, a auto-realização, o reconhecimento social, a qualidade do ambiente organizacional, entre outros. O erro se repete.
    A falta de atração da carreira de magistério é reflexo de diversos fatores que se avolumam no ambiente organizacional e na sociedade. Nota-se, entre esses fatores, a crescente insegurança do professor na escola, o desrespeito ao educador por parte dos alunos, desvalorização social da figura do professor, as péssimas condições do trabalho docente e do ambiente educacional, a necessidade de ter uma carga horário extensa para conseguir a subsistência, o desinteresse dos alunos [e da sociedade em geral] pelo conhecimento escolar-científico, a crescente libertinagem dos estudantes, a incompatibilidade entre formação/estudos e o salário, o número de alunos por turma, o grande volume de trabalho fora do horário de trabalho, conflitos em sala entre alunos-aluno e professor-aluno, escassez de material didático, falta de apoio para formação continuada, etc.
    A bomba-relógio está armada, mas não será desarmada por meio de soluções arcaicas e pontuais. É necessário com urgência uma maior atenção à essa profissão do[c]ente. O primeiro passo é compreender que o remédio certo não é apenas uma pílula, muito menos “do dia seguinte”.

     

    Como citar esse texto:

    BODART, Cristiano das Neves. A profissão do[c]ente. Blog Café com Sociologia. 2015. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/2015/09/a-profissao-docente.html. Acesso em: dia, mês e ano.

  • Viver melhor não é necessariamente ter Capital Econômico, mas ter Capital Social é necessariamente viver melhor*

    Viver melhor não é necessariamente ter Capital Econômico, mas ter Capital Social é necessariamente viver melhor*

     

    Por Cristiano Bodart
    8.2
    É comum as pessoas traçarem planos para acumular Capital Econômico sem, contudo, se preocuparem em acumular o que chamamos, na Sociologia, de “Capital Social”. Mas afinal, o que é Capital Social e por que devemos acumulá-lo?
    Desde Karl Marx, grande economista e filósofo do século XIX, entendemos o termo “capital” como riqueza que gera riqueza. Ao contrário do que se pensa, dinheiro, por exemplo, nem sempre é capital. Se o dinheiro é usado para produzir mais riqueza sim, pelo contrário não será enquadrado como tal. Um apartamento, um carro, uma máquina, entre outras coisas pode ser ou não Capital Econômico.
    Hoje, porém, entendemos que riqueza não se limita à bens econômicos. A educação é uma riqueza e pode ser enquadrada, quando gera mais educação, como Capital, mais especificadamente “Capital Cultural”.
    O conceito de “capital Social” embora não seja novo, tomou notoriedade apenas a partir da obra de Robert Putnam, publicado em 1993: Making Democracy Work: Civic Tradition in Modern Italy. Putnam buscou entender como o Capital Social poderia influenciar no desenvolvimento econômico das duas partes da Itália (norte e sul). Identificou que no sul da

     

    Itália, onde o estoque de Capital Social era maior, houve maior desenvolvimento econômico, político e social.
    O conceito de Capital Social pode ser definido, a partir de alguns autores, como “o conjunto de recursos atuais e potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de inter-conhecimento e inter-reconhecimento entre os indivíduos”  ou ainda “a características da organização social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas”.
    O Capital Social é uma herança histórica, ou seja, é produzida e ampliada conforme as experiências dos grupos e dos indivíduos. Trata-se de um Capital que quanto mais utilizado, mais possuiremos. Ele nos possibilita mantermos laços comunitários fortes com outras pessoas, em um relacionamento de confiança; o que é de muita valia em várias circunstâncias, seja elas ligadas ao mercado ou a vida cotidiana.
    Retomando a pergunta: por que acumular Capital Social? Ampliar as redes de relacionamentos apenas com contatos não te garantirá um relacionamento de ajuda mútua, de confiança, de ter a certeza de que seus relacionamentos são estreitos a ponto de confiar nas pessoas que o cerca. De nada adianta ter milhares de contatos se não existir entre você e estes uma rede de confiança que gera, em cada interação, mais confiança e reciprocidade. Acumular Capital Social é adquirir uma rede de relacionamento baseada na confiança e na reciprocidade, elementos fundamentais para, por exemplo, encontrar auxílio quando necessário, assim como ser indicado a uma vaga de emprego, ou ainda, para o desenvolvimento de um trabalho em equipe, ou ter com que ir ao cinema. A reciprocidade, a certeza de que “uma mão lava a outra”, é fundamental para maximizar os laços de confiança. Acumular confiança é fundamental em muitos momentos, até para aqueles cujo foco é acumular, à posteriori, Capital Econômico.
    Comece agora a transformar seus contatos em Capital Social. Produza condições de confiança e reciprocidade. O bom é que trata-se de algo que quanto mais usar, de forma recíproca, mas estará adquirindo. Em outras palavras, faça com que confiem em você; esse é o primeiro investimento a fazer para acumular esse tipo de Capital e ganhar em qualidade de vida.
    O benefício do Capital Social não se limita apenas à você, antes cria uma rede de confiança e reciprocidade na comunidade a qual estamos inseridos, unindo as pessoas de forma mais duradoura. Viver melhor não é necessariamente ter mais Capital Econômico, mas ter Capital Social é necessariamente viver melhor.
     
    * Texto publicado originalmente no Portal 27.



  • O risco da desinformação e deformação da sociedade

    O risco da desinformação e deformação da sociedade


    desinformação

    Por Cristiano das Neves Bodart

     
    Não seria melhor ficar off-line e voltar para os livros ou para onde eu possa encontrar fontes mais confiáveis de informação ou onde eu possa acompanhar o fluxo desta?
     . 
    Temos presenciado um crescimento gigantesco no número de informações que circulam, sobretudo, via redes sociais. Se por um lado, isso é sinal de maior democratização da informação, por outro, nos deixa em alerta para o risco eminente de uma “desinformação” da sociedade, ou, diria, uma deformação.
     .
    O número de informações e sua velocidade impossibilita uma análise mais profunda e atenta do que lemos nas redes sociais, assim como nos impossibilita de checarmos cada uma das informações. Mentiras, verdades e meias verdades (muitas vezes via fake news) “voam” juntas, mais confundíveis que joio e trigo, que alho e bugalho.
     .
    O risco da desinformação se dá por três motivos combinados: i) por termos um sistema de ensino, sobretudo o público, com qualidade duvidosa; ii) crescente ampliação de canais de infomações, tais como as redes sociais, onde todos são receptores, transmissores e produtores de informações sem pré-requisito e; iii) a falta de interesse e incapacidade de muitos leitores em checar as informações recebidas antes assimilá-las ou de passar a diante.
     .
    O resultado dessa combinação se manifesta em informações que desinformam mais do que informam. Notícias e comentários mal explicados e inverdades são rapidamente compartilhados, desinformando a população; formando indivíduos equivocados quanto a vida política, econômica, social e cultural do país e do mundo. 
     .
    Junto com a democratização da informação e da mídia informatizada, multiplicam-se os jornalistas amadores, assim como “críticos”, “ensaístas”, “sociólogos” e “filósofos” de plantão que tratam de tudo e de todos, disputando um “lugar ao sol”, ou melhor, uma curtida ou compartilhada de seus posts. São verdadeiros caçadores de seguidores; sedentos por visualizações rápidas de tudo que expõem nas redes sociais. Se antes clamávamos por mais informação para a formação do cidadão, agora o risco de formação propiciada por esse tipo e volume de “informação” nos assombra.
     .
    O leitor, que antes era apenas receptor, bombardeado por tantas “notícias” acaba assimilando e reproduzindo um amontoado de informações, muitas vezes desconexas com a realidade. São tantos “especialistas em nada” que escrevem sobre “tudo e todos” que chega a me assustar. Quero ter viva a esperança que tudo isso levará as pessoas a lerem e a escreveram mais e melhor. Mas no momento presente estou um pouco assustado com o que vejo sendo compartilhado e curtido por milhares de internautas-leitores-autores e com o volume de informações não “ruminadas”.
     .
    Não que o leitor não encontre muitas informações úteis e importantes nas redes sociais. Tal espaço é importante e frutífero, mas também perigoso, sobretudo àqueles que não tiveram acesso a uma educação de qualidade. Temos que ler com muita atenção cada informação e examinar os argumentos e as ideias apresentadas; isso se o fluxo nos permitir, sendo ele bem maior que o tempo disponível.
     .
    É cada “coisa” compartilhada nas redes sociais que tem hora que pergunto a mim mesmo: o que estou fazendo aqui nas redes sociais? Não seria melhor ficar off-line, voltando para os livros ou para onde eu possa encontrar fontes mais confiáveis de informação, ou, pelo menos, as quais em possa ler com mais atenção e analisar?.

    .

    Texto originalmente publicado no “Jornal do Leitor” AQUI

     

  • Caetaneando o mal-estar dos professores

    Caetaneando o mal-estar dos professores

    Por Cristiano Bodart
    Estou professor… confuso! Pra lá de Marakeche[1].
    Me disseram que era
    manha, mas em meio a tamanha
    qualquer
    coisa, dentro doida. Berro
    !
    Embora berro, quem deveria ouvir está pra lá de Teerã.
    images 1
    Me disseram que esse
    papo meu está de manhã
    . É normal. É assim mesmo… li isso no jornal; dito
    por de um Alckmin, desses que afirmam que a culpa é do professor. Li que, em
    São Paulo, a cada dia pelo menos um professor pede exoneração. Tem como pedir
    transferência para outro Brasil? Nesse que os políticos dizem que o ama só que é da boca pra fora[2],
    não dá! Pergunto ao Alckmin: onde está você agora?
    Fico sonhando o
    acordado, juntando o antes, o agora e o depois
    . Mas tô me sentindo muito sozinho… Estou agora professor e amanhã? Eu tenho os meus desejos e planos… E
    agora? O que faço da minha vida?[3]
    Vou me perdendoPerdido no vazio de outros passos, no abismo
    que você
    [político] se retirou e me
    atirou e 
    deixou aqui sozinho. E agora?
    O que faço eu da vida? E nesse desespero que me vejo, já cheguei a tal ponto…
     
    Senhor Alckman, me
    encare, de frente. É que você nunca quis ver. Não vai querer, nem vai ver meu
    lado.
    Vai dizer que a culpa é minha, como fez a senhora Sarney… vagaba! Vampira![4]
    Creio que um dia o velho esquema desmorona. Desta vez pra valer. Sai do meu
    sangue, sanguessuga, que só sabe sugar. Pirata! Malandra! Prá rua! Se manda! Me
    deixe viver, me deixe viver.

     
    Ninguém me salva, mas
    ninguém me engana
    [5].
    As vezes penso em olhar para traz
    me juntar aos desistentes imputados a culpa dos rumos da educação. Lamento, mas
    é difícil dizer que sou professor. Seria mais prudente apenas dizer que estou
    professor. Por outro lado, educação, você
    me faz feliz[6].
    Esse
    texto é pra dizer e diz. Você é
    meu caminho, meu vinho, meu vício. Desde o início estava você
    [7]
    Acho que deve ser esse tal destino, pois estava
    tudo caminhando direitinho. Coisa decidida, mas veio o destino
    [8]
    e agora estou professor.
    Estou confuso! Pra lá
    de Marakeche
    .
    Por ora, vou apenas caetaneando…

    Músicas utilizadas:

    [1] Qualquer coisa.
    [2] Sozinho.
    [3] Você não me ensinou a te
    esquecer.
    [4] Não enche.
    [5] A voz do morto.
    [6] Você é Linda.
    [7] Meu bem, meu mal.
    [8] É coisa do destino

     

  • A produção do fofoqueiro e a criação do justiceiro: imbricações de uma mídia maquiavélica

    A produção do fofoqueiro e a criação do justiceiro: imbricações de uma mídia maquiavélica

    televisao

    Por Cristiano das Neves Bodart

     

    Nota-se claramente (sobretudo nos últimos dias) uma imbricação entre fofoca e o desejo de fazer justiça; algumas vezes com as próprias mãos. Trata-se de um efeito produzido por diversos fatores. Mas dentre eles, destaca-se a influência da grande mídia brasileira, especificadamente alguns programas televisivos.
     
     
     
    Notoriamente o brasileiro sofre uma constante tentativa de ser “programado” para cuidar da vida alheia. Na verdade, isso não é um fim, mas um meio encontrado pela grande mídia televisiva de conseguir audiência e engrossar sua receita; isso sim, seu objetivo final.
     
    Reparem os programas de TV por um instante. Observe a sua estratégia de “fidelizar” o público. O que notamos é um aproveitamento da curiosidade inerente ao homem para “prende-lo” aos programas transmitidos. Nesse quesito a novela e programas como o BBB são expert. A ideia, em síntese, é aguçar a curiosidade do telespectador e despertar o interesse pela vida alheia. Ao acompanhar a vida alheia passamos a emitir juízos de valor sobre os comportamentos observados, definindo o que é certo e o que é errado, com quem o personagem deve ou não namorar, quem deve ser preso ou absolvido, quem deve sofre ou ser feliz e, ainda, quem deve viver ou morrer.
     
    “Aprendemos”, além de ser fofoqueiros, a ser juízes. Juízes forjados no sofá e por meio de “representações distorcidas da vida real”. O pior que nosso comportamento espelhado por tais programas passam a ser reproduzidos em nosso cotidiano, que é bem real. Do “preparo” de um fofoqueiro e julgador da vida alheia para desejar amarrar alguém em um poste e aplicar a ele a “justiça” é um pulo.
     
    Certamente não é o objetivo-fim dos programas de TV criar fofoqueiros ou justiceiros, mas na busca pela maximização de suas receitas vale de tudo. O que importa são os fins, os meios são apenas meios e nada mais.
     
     
     
     
     
     
     
     
  • A (des)construção de um país conhecido como “país do futebol”

    A (des)construção de um país conhecido como “país do futebol”

    CapturadeTela2015 07 29aCC80s10.43.54
    A (des)construção de um país conhecido como “país do futebol”
    Por Cristiano das Neves Bodart
    Pedro Cardoso, autor consagrado da televisão brasileira, sobretudo por meio do personagem Augustinho Carrara, da série “A Grande família”, em entrevista datada de 27 de julho de 2015* levanta questões importantes para nossa reflexão. No entanto, a questão é ainda “mais em baixo”.
    Teria este autor dito que “A TV constrói um país que não é verdadeiro”. Essa afirmativa é certeira, porém apenas um sobrevoo.
    Segundo ele,

    “O mundo mudou muito. E uma coisa principal: o Brasil mudou, muito mais que a televisão brasileira. A TV brasileira ainda está igual ao Brasil do FH [Fernando Henrique Cardoso] e nós estamos num Brasil pós-Dilma, embora ela ainda esteja [no governo]. E a gente tem que retratar este Brasil que mudou. Se a gente ficar fazendo a televisão que era da época do Fernando Henrique, o público vai fazer outra coisa.”

    E continuou:

    “[…] a televisão brasileira está com muito medo da internet”. “E está um pouco acovardada, um pouco conservadora. Ela está mudando só na maquiagem.”

    Pedro Cardoso, parece não perceber, ou preferiu não tratar, que os “donos do poder” (em grande parte controladores ou donos da grande mídia) já estão disputando essa nova arena, a internet. Não percebe que no país do futebol o jogo pode mudar, mas os jogadores não, assim como quem ganha e quem perde.
    O fato é que a disputa pela construção simbólica da realidade social já migrou para a internet, onde os embates ideologizantes são igualmente fortes.
    Os grupos de interesses que sempre dominaram e/ou se beneficiaram do “país de mentira” não largarão o osso simplesmente por conta de um desligar de TV.
    Lamentavelmente no Brasil ( país do futebol), o jogo e suas regras podem até mudar, porém permanecem os mesmos jogadores na linha. Os técnicos e cartolas não são ou foram eleitos democraticamente e não abrirão mão do poder apenas por conta da tomada de consciência da arquibancada (o que é difícil de ocorrer). Resta a arquibancada deixar de ser torcedores fanáticos e não mais comprar o ingresso e aplaudir os “craques fabricados” que propiciam o espetáculo do “pão e circo”.
    A TV, de fato constrói um país que não é verdadeiro, no entanto, não é apenas ali que dar-se a construção ideologizante desse país.  Além de tudo, a torcida ajuda (já que foi criada para isso)!
     
    * Entrevista concedida a Mauricio Stycer, Crítico do UOL. (27/07/2015).
  • Neutralidade do conhecimento e da escola: Escola sem partido?

    Neutralidade do conhecimento e da escola: Escola sem partido?

    Por Roniel Sampaio Silva
    Neutralidade do conhecimento é uma das grandes bandeiras da extrema direita brasileira. Não é novidade que a escola brasileira tem passado por uma série de crises e é atribuído a ela uma série de fracassos que nos fazem repensar urgentemente o projeto de escola pública que temos.
    Cada grupo social e político debate soluções para tal crise. Enquanto um grupo enfocam-se em questões estruturais: valorização dos profissionais da educação, investimento público, universalização, garantia da estrutura escolar, aumento do número de professores, redução de alunos por turma, redução do desvio de função de professores; outros grupos enfatizam na questões estritamente curriculares, dentre os quais propõem uma escola sem partido, livre do que eles chamam de doutrinação marxista ou uma escola sem partido, atribuindo o fracasso escolar à uma escola engajada ideologicamente. Um dos casos mais recentes foi o indeferimento de uma proposta que utilizou como método o materialismo histórico-dialético, método como qualquer outro que cuja orientação está vinculada a uma ideologia.
    Para fazer uma análise da proposta partidária da escola neutra vamos pensar a questão em quatro pontos para fins didáticos:
    1- Reflexão etimológica
    2- Reflexão epistemológica/sociológica
    3- Reflexão pedagógica
    4- O que a história tem pra nos ensinar sobre isso
    neutralidade da educação das formigas

    1- Neutralidade do conhecimento: Reflexão etimológica

    Inicialmente é necessário buscar o sentido epistemológico da palavra doutrina – doctrina  (latim) que é o aprendizado ou conjunto de aprendizados oriundos de um sujeito com notório conhecimento, o doutor. Se hoje o vocativo doutor é quase que um pronome de nobreza, na antiguidade clássica a importância do termo residia no fato dele se referir ao professor e não na posição socio-econômica do portador do termo.
    Se na antiguidade clássica, talvez não fosse raro se incomodar com a alcunha de “doutrinador”, hoje tal adjetivo soa quase como uma ofensa. Isso porque tais palavras estão associadas à pregar uma ideia religiosa. Como isso ocorreu?
    Quando a igreja católica passou a monopolizar o saber, boa parte do conhecimento produzido na antiguidade clássica grega e latina passou a ficar encastelado e sua busca passou um pecado. Assim, por razões políticas, sociais, culturais e econômicas, termos distintos passaram a ser entendido de maneira parecida, dentre os quais destacamos: doutrina, dogma e ortodoxia.
    Para melhor compreensão, vamos analisar agora a origem da palavra dogma e ortodoxia.
    neutralidade da educação
    Dogma
    “DOGMA” do grego, significa, literalmente, “aquilo que nos parece verdade”, do verbo DOKEIN, “pensar, parecer bom”.
    Ortodoxo
    Do latim ORTHODOXUS, do Grego ORTHODOXOS, “aquele que tem a opinião
    certa”, de ORTHO , “reto, verdadeiro, correto”, mais DOXA, “opinião,
    elogio”, de DOKEIN, “aparentar, parecer”.
    A confusão dos termos se deu, segundo Lombardi  por conta da incorporação da filosofia à teologia na Idade Média:

     

    “Com a incorporação da filosofia à teologia, na Idade Média, ortodoxia passou a ser usada no sentido de absoluta conformidade com a doutrina religiosa (isto é, com os ensinamentos professados pela Igreja Católica). Mas esse é o sentido etimológico da palavra dogmatismo (dogma = verdade inquestionável; + sufixo ismo = princípio, doutrina) que tem o preciso significado de estar em conformidade com os pontos fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa determinada, daí o significado de doutrina e que é professada pelos que admitem, como verdade inquestionável, como um ato de fé, um conjunto de explicações (verdades).” (Lombardi, 2012, p. 69)
    Desta maneira, era preciso manter a essência da teologia católica, mantendo a raiz das
    ideias (ortodoxa) e ao mesmo tempo atribuir-lhe um caráter
    inquestionável e universal (dogma). Como era a igreja quem monopolizava o ensinamento (doutrina), todas essas palavras passaram a se aproximar no campo semântico.

    2-Neutralidade do conhecimento: Reflexão epistemológica/sociológica

    Se por um lado a filosofia e teologia foram mescladas no período da idade média, a partir da Revolução industrial há um esforço intelectual considerável para teorizar separadamente as humanidades das ciências naturais com Auguste Comte, inclusive hierarquizando as ciências naturais a um patamar superior e colocando as ciências sociais como parâmetro universal de conhecimento.
    Na atualidade como muitas das explicações teóricas das humanidades apresentam-se de maneira consistente para explicação da realidade social, tem sido frequente o esforço intelectual para descrédito da cientificidade das humanidades na tentativa de colocar xeque seus resultados. O principal alvo são a perspectiva das contribuições do pensador Alemão
    Karl Heinrich Marx, sob alegação que seu engajamento politico compromete a cientificidade dos resultados analisados uma vez que o conhecimento é neutro, ou seja, beneficia toda a humanidade em igual medida.
    No bojo do positivismo, o sociólogo alemão Max Weber problematizou que as ciências humanas possuem características muitos distintas das naturais. Nesse contexto devemos considerar a especificidade das ciências humanas na qual busca analisar os objetos referidos por valores, a cultura.
    frase comte
    Progresso pra quem?
    Assim, preocupação de Weber ao propror uma neutralidade axiológica estava no fato do cientista social ser fiel aos fatos uma vez que era impossível haver uma análise isenta de valores. Ao meu ver, essa diversidade de visões sujeitas a valorizações enriquecem as discussões científicas e fortalecem a busca pelos fatos. O perigo ao meu ver reside em uma visão valorativa camuflada de neutralidade.
    Corroborando o autor liberal Max Weber no tocante à neutralidade, um brasileiro radicado na França, Michel  Löwy
    em sua obra “As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen” argumenta que o marxismo foi a primeira corrente de pensamento a analisar o desenvolvimento histórico como forma de explicar as mazelas sociais, até então tidas como discurso pretensamente neutro e desvinculado de ideologias.
    frase tutu
    A omissão é também um partidarismo.

    3-Neutralidade do conhecimento: Reflexão pedagógica

    Já que refletimos sobre o conhecimento, vamos pensar sobre a educação. Se o conhecimento não é neutro. A educação também não é, muito menos a escolar. Para Saviani, Educação é a produção do conhecimento e que é passado para os indivíduos de maneira sistemática ou assistemática. Toda forma de educação necessariamente implica num projeto de sociedade, uma vez que não existe conhecimento pelo conhecimento. É preciso se perguntar: ensinar pra que? A humanidade produz esse conhecimento socialmente e repassa para as gerações ascendentes numa de acordo com determinado projeto de sociedade, neste sentido é impossível não existe educação neutra.

     4-Neutralidade do conhecimento: Reflexão histórica

    É interessante aprender com a história, as vezes temos a impressão que estamos passando por um momento de histeria coletiva em relação aos ensinamentos do marxismo. Desta forma, é preciso rememorar que os discursos de neutralidade são típicos da sociedade nazifascistas, bem como, faz parte da história recente do país e foi reinaugurada durante o regime civil-militar de 1964 com a promulgação do AI-5:
    “[…]assegurasse autêntica ordem democrática,
    baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana,
    no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições
    de nosso povo”
    É fato que nenhuma escola ou professor deve obrigar seus alunos a pensar de determinada maneira. Todavia, é necessário desconfiar dos dos discursos travestidos de neutralidade, do contrário, repetiremos alguns lamentáveis capítulos da história.
    frase fascismo

    Neutralidade do conhecimento: Algumas reflexões finais:

    Com tantos indeferimentos existe de fato uma consolidação do pensamento marxista nas universidades brasileiras uma vez que o regime militar combateu prontamente muito dos seus leitores?
    Por que não há tanta oposição ao positivismo, ao método compreensivo, funcionalismo, estruturalismo e pós-modernismo uma vez que também estão passíveis de ideologias?
    Por que há uma preocupação maior com a visão política dos professores do que com a qualidade das condições da escola pública?
    Como se não bastassem as condições materiais, os professores não podem mais pensar por si seus métodos e teorias e nem um projeto de sociedade?
    A escola não deve ser um espaço de censura e sim um espaço de pluralidade de ideias. É necessário autonomia ao mestre. O professor precisa deixar claras suas posições políticas, que nunca são neutras, e a partir delas utilizar o método científico para debater ideias de uma maneira saudável e plural. O mais curioso é que não se vê a escola “sem partido” combater as imposições pedagógicas dos colégios militares proferidas contra alunos e professores. Imagine um mestre ou aluno questionar a apostila abaixo a um policial armado? As ideias as quais são hegemônicas parecem ser tão neutras quanto PH igual a sete, já as que questionam os status quo, são rotuladas como ideologicamente distorcidas.

    neutralidade prova
    Caderno de atividades. “História do Brasil Império e República” livro utilizado nos 7ºs anos do Ensino Fundamental nos Colégios Militares.

    Por isso, a escola sem partido está muito mais pra escola antimarxista do que uma escola preocupada com a pluralidade de concepções pedagógicas.

     
    Referências:

    BRASIL,  1968. Ato institucional Número 5.
    Disponível em
    <https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/AIT%205-1968?OpenDocument>Acesso:
    maio de 2014
    LOMBARDI, José Claudinei. Embates marxistas: apontamentos sobre a pós-
    modernidade e a crise terminal do capitalismo
    . Campinas, SP: Librum, Navegando,
    2012.
    LÖWY , Michel. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen. São Paulo: Editora Cortez, 1994.
    SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2011.
    WEBER, Max. O sentido da neutralidade axiológica das ciências sociológicas: In: Três tipos de poder e outros escritos, Lisboa, Tribuna da História, pp.145-192)