Regionalismo é uma ideologia ou conjunto de ideias que defende o reconhecimento ou valorização de uma região ou grupo de pessoas com base em aspectos culturais, econômicos, políticos ou sociais. O termo pode se referir a movimentos políticos ou organizações que lutam pelo aumento da valorização de uma região em relação a um governo central, ou também pode se referir a tendências nas relações internacionais que promovem a cooperação e integração entre países ou regiões com interesses e características semelhantes.
O que é Regionalismo?
Por Cristiano das Neves Bodart
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Regionalismo! Você já deve ter visto festas comunitárias que tem por finalidade resgatar a cultura de uma comunidade ou exaltá-la. Antecipadamente afirmamos que essa ação está estreitamente relacionada a questão da regionalidade.
Parece, em tempos de globalização, que o regionalismo é algo superado, mas não é. A busca pelo fortalecimento de identidades coletivas tem se mostrado uma estratégia bastante utilizada para preservar comunidades e fomentar o turismo. Em alguns caso podendo, infelizmente, gerar um práticas xenofóbicas.
Na verdade, as práticas xenofóbicas evidencia um lado negativo que pode ser desenvolvido pelo regionalismo associado ao preconceito e a exclusão social. Por outro lado, o regionalismo pode ser importante para o desenvolvimento de capital social, de ampliação do nível de confiança e de práticas de reciprocidades entre os sujeitos, como demonstrado por Bodart (2014) ao explorar a interface entre cooperação social e capital social.
Conceituando…
Grosso modo, o regionalismo é uma manifestação ideológica, marcada por uma identidade social/cultural imposta a um grupo, seja este pequeno ou grande. O regionalismo é usado para mobilizar sujeitos em torno de questões coletivas, envolvendo sentimentos de pertencimento a um lugar ou região – daí o termo regionalismo. Assim, como força política, apresenta a possibilidade de mobilizar a sociedade em torno de um dado interesse ou de um projeto identitário da região. Normalmente, o regionalismo manifesta-se por porta-vozes, as lideranças regionais, que são legitimadas a falar em nome do grupo. É comum o uso de símbolos que ajudam a fortalecer o sentimento de pertencimento a uma região.
Bourdieu se refere ao regionalismo como uma manifestação étnico-cultural, mas é possível analisá-la com uma óptica política, de um jogo de dominação. A identidade “consensual” podendo ser interpretada como uma afirmação das relações de poder, sendo ela a manifestação de uma visão da classe hegemônica. O regionalismo é uma expressão da luta de classe dentro do território, representando as manifestações hegemônicas ideológicas, já que, como destacaram Marx e Engels (2007), as ideias dominantes serão sempre as ideias dos grupos dominantes.
O fenômeno do regionalismo possibilita uma abordagem dos elos entre os processos e relações internos à região e os externos a ela. A noção de região é bem delimitada pelo regionalismo. Portanto, podemos afirmar que o regionalismo proporciona a legitimidade de uma região, ainda que seus limites ou fronteiras físicas não estevam claramente delimitadas. No caso do regionalismo, as fronteiras passam a existir em função da cultura e não de elementos geográficos, tais como rios, morros, vales, etc.
Para esclarecer equívocos
De antemão, é importante não confundir regionalização com regionalismo. O primeiro é marcado pela definição ou criação de regiões geográficas ou político-administrativa, enquanto que o segundo por questões culturais e de pertencimento social. A título de exemplo, temos o caso da regionalização brasileira que não representa necessariamente os regionalismos existentes. O norte do Espírito Santo, por exemplo, possui uma ligação cultura bem mais forte com o Nordeste do que com o Sudeste.
Importa destacar que regionalismo é um fenômeno cultural e portanto criado pelos homens, sendo uma “invenção” coletivamente construída. Compreender os regionalismos demanda olhar para a história e para os processos de constituição dos grupos sociais e de suas culturas. Por isso afirmou Bourdieu (1989), o que faz a região não seria o espaço, mas o tempo e sua história.
A temática do regionalismo está muito presente nos estudos literários, justamente por ser a literatura brasileira marcada por regionalismos, dando-lhes estilos e formas próprias, seja por tratar desse tema. Antônio Candido (1971), por exemplo, atribui ao regionalismo um papel importante na constituição da literatura nacional.
Referências
CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito. São Paulo, Duas Cidades. 1971.
BODART, Cristiano das Neves Bodart. Teoria da Escolha Racional e Capital Social: aproximações produtivas na compreensão de dilemas da ação coletiva? Alabastro: revista eletrônica dos alunos da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, ano 2, v. 2, n. 4, 2014, p. 51-64.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 1989.
ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo,. 2007.
Forma de citar este material:
BODART, Cristiano das Neves. O que é regionalismo. Blog Café com Sociologia, Maceió/AL, p.1-6, ago. 2020. Disponível em: < https://cafecomsociologia.com/conceito-de-regionalismo/ > .
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