Criando um partido político
Por Maira Conde
Tempo estimado: 6 aulas
A atividade deve ser realizada preferencialmente em grupo.
O objetivo da atividade que desenvolvo com os e as estudantes dos terceiros anos desde 2015 é levar para a sala de aula a discussão sobre polarização política e promover a compreensão do funcionamento do sistema político partidário brasileiro e criar um partido fictício ao final da atividade.
Em geral, a juventude se informa sobre política pelas redes sociais e/ou youtubers muito mais do que pelo noticiário e isso é perigoso na medida em que poucos conseguem fazer uma leitura da situação distante do senso comum.
Além da polarização política, com essa atividade é possível debater conceitos como conservadorismo, reformismo, progressismo, liberalismo, socialismo… Enfim, todos os conceitos que costumam se apresentam no chamado “compasso político” ou “diagrama político”. No Facebook uma página chamada “Testes de Coordenadas Políticas” popularizou esse tipo de mecanismo.
A atividade se encaixa na Situação de Aprendizagem 4 – Como funcionam as eleições, cujas habilidades são:
- Desenvolver noções claras sobre o funcionamento das eleições no Brasil.
- A formação dos partidos.
- A importância do voto e o papel do eleitor no sistema democrático.
O primeiro desafio de como criar um partido é faze-los compreender do que se trata essa polarização. Para isso sugeri como fonte de consulta a reportagem do UOL Vestibular “Política: O que é ser esquerda, direita, liberal e conservador? ” . Utilizei em algumas abordagens um diagrama criado na própria lousa onde expliquei, além dos conceitos já mencionados a noção de livre mercado, privatização e estatização. Anteriormente, já havíamos trabalhado a partir da obra “Sociologia em Movimento” os tipos modernos de Estado (página 158) então foi necessário retomar conceitos como liberal, neoliberal e social – democracia.
A segunda etapa foi a mais complexa, quando trabalhamos com o compasso político. A todo tempo foi necessário lembrar os e as estudantes que não se trata de algo hermético, fechado. Que o compasso político nos dá apenas uma ideia de nossa posição no espectro político – ideológico. Enquanto na sala de informática os e as estudantes realizavam o teste fui contextualizando algumas perguntas e expressões que eles desconheciam. Duas situações curiosas aconteceram:
Em uma delas um estudante recusou o resultado e refez o teste para que o resultado se encaixasse mais à direita.
Na segunda situação, quando uma estudante viu que de acordo com a posição no diagrama do seu teste havia uma semelhança na posição do PT de acordo com as votações no Congresso Nacional , eis que ela grita: “Se minha mãe souber que eu penso igual ao PT ela me mata!”
Seguindo uma tendência já observada não só por mim, mas por outros colegas, há um orgulho presente em se apresentar como “de direita” quando “esquerdismo” soa como a representação do mal. Talvez por isso a surpresa no resultado do teste. Neste momento é importante retomar a importância dos direitos sociais, mas particularmente procurei adotar uma postura metodológica e não militante.
O próximo passo é focar nos itens do trabalho.
Na sigla do partido, procuro deixar claro que não há mais a necessidade do “P” de partido e que é fundamental que acompanhe o espectro ideológico que o grupo escolheu adotar podendo ser ou não a partir do resultado no compasso político.
Na logomarca sugiro utilizarem o Logaster, Canva ou Tailor Brands (dica de um estudante) que é o melhor, porém pago e só é possível printando a tela.
Para construir o programa de governo do partido, sugiro um documento do Senado que consta as diretrizes partidárias de 33 legendas. Eles podem consultar este documento ou procurar no site dos próprios partidos os respectivos programas.
Por fim, foi disponibilizado um template inspirado nas normas da ABNT para que fizessem o preenchimento com as informações que coletaram de modo que o trabalho ficasse minimamente padronizado.
A última etapa foi a entrega dos trabalhos e um debate entre os partidos onde eles criaram as perguntas após conhecer o plano de governo dos demais nas seis áreas sugeridas (saúde, educação, combate ao desemprego, economia, combate à corrupção e combate à violência e segurança pública).
Desenvolver a atividade de criar um partido nunca é fácil principalmente em turmas heterogêneas onde alguns demonstram enorme interesse pelo assunto e outros estão absolutamente alheios a esse debate. Um outro empecilho é o pouco tempo disponível visto de que acordo com o currículo paulista a situação de aprendizagem 4 precisa ser trabalhada no máximo em 6 aulas.
eu faço essa atividade com os alunos em período de eleição. montei só e vi que agora podemos usar sites para a criação das legendas partidárias. na minha atividade culminamos com uma eleição onde a turma escolhe seu representante politico conforme a eleição do ano, governador ou presidente. eles confeccionam até a urna. tudo é pontuado. criávamos cédulas eleitorais, hj substituída por urnas eletrônicas, panfletos e as marchinhas dos candidatos, etc. Próximas eleições utilizarei as inovações da metodologia postada. obrigada
Show de bola. Se você tiver interesse podemos colocar algumas fotografias da sua atividade nesse post.
Um abraço e muito sucesso.