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Conceituando Sociologia: uma difícil tarefa

O que é Sociologia

Por Cristiano das Neves Bodart

O que é Sociologia? Pergunta simples, com resposta complexa.

A única definição de Sociologia que não suscita discordância é que se trata de uma Ciência Humana. No entanto, essa é uma definição genérica, que não a distingue das demais ciências do mesmo campo. Para uma caracterização mais precisa, seria necessário delimitar seu método e objeto, o que inevitavelmente geraria controvérsias. Isso ocorre porque a Sociologia abriga diversas correntes teórico-metodológicas, tornando sua definição um tema em disputa.

Conceituação genérica

Mesmo uma concepção ampla, como a que a define como a ciência que estuda as relações sociais, as estruturas e instituições que organizam a vida coletiva, bem como os processos de transformação social, não escaparia a contestações. Alguns argumentariam que essa definição poderia se aplicar a outras Ciências Humanas.

Definições e perspectivas

Os neopositivistas, por exemplo, defendem que a Sociologia deve seguir o método positivista, baseado na observação empírica e na formulação de leis gerais sobre os fenômenos sociais, relegando as teorias sociais a um papel secundário, aceitando-as apenas quando comprovadas empiricamente. Já os marxistas argumentam que a Sociologia deve explicar as estruturas e relações sociais a partir da análise materialista dialética da história (Marx; Engels, 2010).

Se voltarmos às origens da disciplina, em Émile Durkheim (1858-1917), encontramos a definição dos fatos sociais como seu objeto, compreendidos como fenômenos externos ao indivíduo que exercem coerção sobre ele (Durkheim, 2000).

Já em Max Weber (1864-1920), a Sociologia é concebida como uma ciência compreensiva, cujo objetivo é interpretar a ação social a partir do significado atribuído pelos indivíduos (Weber, 2004).

No século XX, a Sociologia expandiu-se para novos campos e perspectivas. O estruturalismo de Claude Lévi-Strauss, o interacionismo simbólico de Erving Goffman, a teoria crítica da Escola de Frankfurt (com pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Jürgen Habermas) e as contribuições de sociólogos contemporâneos, como Pierre Bourdieu, Anthony Giddens e Zygmunt Bauman, tornaram a definição da Sociologia ainda mais complexa. Além disso, o próprio caráter dinâmico da sociedade, que constantemente impõe novas questões e reformula paradigmas, torna essa ciência ainda mais complexa de ser conceituada.

O desafio permanente da conceituação

Ainda que sua conceituação continue sendo objeto de disputas, há um consenso entre os sociólogos: a Sociologia mantém-se essencial para a compreensão dos desafios sociais contemporâneos. A conceituação parece ser possível apenas quando delimitado de qual perspectiva estamos falando.

Referências

DURKHEIM, É. O Suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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