Dica de filme: Clube da luta – como usar o filme em Sociologia

Clube da Luta: é uma traz uma boa oportunidade para pensar sociologicamente. Um filme cativante do início ao fim faz com que percorremos uma visão do micro para o macro. Antes de começar o texto, vamos acordar as nossas regras:
1- Nunca fale sobre o clube da luta;
2- Somente duas pessoas por luta;
3- Uma luta de cada vez;
4- Sem camisa, sem sapatos;
5- As lutas duram o tempo que for necessário;
6- Quando alguém gritar “pára!”, sinalizar ou desmaiar, a luta acaba;
7- Se for a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar!
Sinopse:
O filme narra o drama de um corretor de seguros, Jack (Edward Norton) , um executivo jovem que, por não conseguir dormir, freqüenta vários e diferentes grupos de ajuda. O americano vive uma vida confortável e supre algumas de suas angústias fazendo compras, o que não é sufiente para resolver seu problema de insônia. Então o protogonista conhece Tyler Durden, que por sua vez, mostra a Jack uma forma de enfrentar a realidade dura a qual pertencem, isso através de uma terapia inusitada a que batiza de “clube da luta”.
O uso do filme em aulas de sociologia:
O filme pode ser utilizado como fio condutor de temáticas relacionadas à Modernidade tardia, Alta modernidade e Pós modernidade.
Antes de tudo, o professor deve diferenciar os conceitos destes temas e fazer com que o aluno tenha uma visão de “estranheza” em relação ao filme, de modo que seja possível compreender de que forma as transformação das atuais instituições sociais cria uma ambiente em que há uma segurança do consumo, do trabalho, por exemplo, e ao mesmo tempo provoca uma insegurança social.
Nesse sentido, vale as seguintes indagações: “Até que ponto o Clube da luta surge por conta de uma necessidade social de uma deteriorização das instituições vigentes? A luta não seria uma forma de reagir contra uma sociedade igualmente violenta?”
Uma breve análise:
Notamos que no início do filme o personagem não consegue dormir e frequenta grupos dos mais variados temas: doentes terminais, alcoílicos anômimos, pessoas com algum tipo de deformação, entre outros.
Reparamos que o problema da insônia não é somente psicossomático, sendo também social, uma vez que as terapias grupais se mostram eficientes para resolução da insônia. A estratégia mostra-se paliativa no momento em que o protagonista descobre outros que se “escondem” em “terapias grupais” mesmo sem ter o problema. O desconforto da descoberta passa interferir novamente na harmonia do sono. Seria uma carência de pertencimento a um determinado grupo social?
Nossa sociedade contemporânea, altamente efêmera, imagética, ambivalente e contraditória, faz com que os indivíduos percam suas âncoras (instituições tradicionais), tais como a família, casamento, trabalho, amizade, religião e busquem formas de equilibrar-se neste contexto.
O corretor de seguros, passa então a viver num mundo de “amostras-grátis”. Pequenas porções de coisas que se usa e são extremamente passageiras, ao mesmo tempo diversificadas e monótonas. Assim ele compara suas amizades, mas ao encontrar Tyler este passa dá um outro rumo a sua vida.
Mediante a fragilidade da situação dos sujeitos o grupo cria um espaço de sublimação de tensão através da luta. O grupo passa então a definir regras e mantém uma certa assiduidade que reforçam laços sociais e dão mais estabilidade aos sujeitos.
Por Roniel Sampaio Silva

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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