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O que é educação bancária de Paulo Freire?

educação bancária

A educação bancária é uma abordagem de ensino que foi criticada por Paulo Freire por promover uma forma de aprendizado passivo e mecânico. De acordo com Freire, a educação bancária, também conhecida como educação depositária, trata o estudante como uma caixa vazia que deve ser preenchida pelo professor, ao invés de entender o estudante como um ser humano capaz de pensar por si mesmo e questionar o mundo a sua volta.

Texto de Roniel Sampaio-Silva

A educação bancária é um conceito cunhado pelo educador brasileiro Paulo Freire, que critica a visão tradicional de educação como uma forma de depositar conhecimento em uma mente vazia, como se fosse um banco.  Nesse modelo de ensino o conhecimento é transmitido de cima para baixo, de maneira autoritária, e o estudante é incentivado a memorizar informações sem compreendê-las de verdade. Ele não é estimulado a participar ativamente do processo de aprendizado, mas a reproduzir o que lhe foi transmitido. Para Freire essa forma de educação é limitante e não leva em consideração as necessidades e interesses individuais dos estudante. Ela também não promove o pensamento crítico e a reflexão, fundamentais para a formação de indivíduos conscientes e ativos na sociedade.

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A educação bancária, por outro lado, é vista por Freire como um instrumento de manutenção do status quo e da opressão, já que ela não permite aos indivíduos compreenderem a realidade de maneira crítica e, portanto, não os habilita a mudá-la. De acordo com Freire, a educação bancária é uma forma de opressão, pois ela reforça as desigualdades sociais e econômicas existentes. Ele argumenta que essa abordagem educacional não permite que os estudantes desenvolvam sua criatividade, sua capacidade de questionar e sua compreensão crítica do mundo ao seu redor.

Para Freire, a educação deve ser vista como um processo de libertação, que permite que os estudantes potencialize sua consciência crítica e sua capacidade de agir na transformação social. Ele defende uma abordagem educacional dialética e dialógica, na qual os estudantes são ativos e engajados no processo de aprendizagem, e são convidados a refletir sobre sua realidade e a relação dela com o mundo ao seu redor.

A educação deve ser, segundo Freire, um processo de conscientização que permite aos estudantes desenvolverem suas compreensões críticas das estruturas de poder e das desigualdade existentes na sociedade, bem como promover condições para potencializar suas capacidades de agir para transformar essas estruturas. Ele defende uma abordagem educacional baseada na participação ativa dos estudantes, que permita que eles sejam agentes de sua própria educação e de sua própria libertação.

Por isso, Freire defendia uma educação libertadora, que buscasse despertar nos indivíduos a consciência de sua realidade e de sua capacidade de mudá-la. Ele acreditava que a educação deveria ser um instrumento de transformação social, que promovesse a igualdade e a justiça. Para ele, a educação libertadora é baseada na participação ativa dos estudantes, que permita que eles sejam agentes de sua própria educação e de sua própria libertação. Isso significa que os estudantes devem ter voz e participar ativamente na concepção, implementação e avaliação do processo educacional. Para ele a educação deve ser uma continuidade do processo de libertação da pessoa e não apenas uma preparação para o mundo do trabalho ou para a vida. A educação deve preparar os agentes sociais para a vida plena.

Portanto, a educação bancária, segundo Paulo Freire, é uma abordagem de ensino limitante e autoritária, que não promove o pensamento crítico e a reflexão, e que não leva em consideração os conhecimentos que os estudantes possuem, sendo um instrumento de manutenção do status quo e da opressão, e como tal, deve ser rejeitada em favor de uma educação libertadora e transformadora.

 

 

 

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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