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Lançamento 2020: O ensino de Sociologia e de Filosofia no Brasil

O ensino de Sociologia e de Filosofia

Apresentação

Por Cristiano das Neves Bodart

Capa da obra

A organização da presente obra foi uma tarefa que envolveu dimensões acadêmicas e políticas. Acadêmicas por atentar para o rigor necessário à produção científica. Política por ser um esforço de divulgação da importância do ensino de Sociologia e Filosofia no Ensino Básico.

É sabido que a Sociologia e a Filosofia são disciplinas discriminadas por setores da sociedade que não as conhecem (muitas vezes nunca as estudaram). Várias das acusações a elas direcionadas – tais como, serem disciplinas de comunistas e instrumentos de ideologização – evidenciam o desconhecimento da multiplicidade de perspectivas teórico-metodológicas que as constituem; o que revela a incompreensão de suas potencialidades e importância para a formação educacional dos jovens. Por isso, publicizar as discussões acadêmicas sobre o ensino dessas disciplinas, bem como suas histórias e as configurações das pesquisas já produzidas, é uma ação necessária para a afirmação de seus lugares no currículo da escola básica brasileira.

O ensino de Sociologia e de Filosofia tornaram-se obrigatórias no currículo de todo o Ensino Médio brasileiro por meio da mesma lei (Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008) que modificou o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Após quase dez anos de presença nas escolas secundárias de todo o país, uma recente alteração na LDB (Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017) fragilizou suas permanências nesse nível de ensino.

Se a Lei nº 11.684, de 2008, afirmava que seriam “incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do Ensino Médio” (LDB, art. 36, iv), a alteração de 2017, passou a trazer na LDB que caberia a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) referente ao Ensino Médio incluir “obrigatoriamente estudos e práticas de […] Sociologia e Filosofia” (LDB, art. 35-A, § 2º). A BNCC para o Ensino Médio traz em seu texto que Sociologia e Filosofia integram, juntamente com Geografia e História a área de “Ciências Humanas e Sociais Aplicadas”, sem, contudo, apresentar detalhes sobre como a Sociologia e a Filosofia deverão figurar nos currículos estaduais. Assim, cabe às Secretarias Estaduais de Educação as definições curriculares. Esse cenário vem gerando incertezas quanto a presença dessas disciplinas nas escolas secundárias. As dúvidas vão deste qual seria a carga-horária até se estarão ou não entre as disciplinas obrigatórias do Ensino Médio.

Os textos que compõem este livro coletânea, longe de propor sanar as dúvidas existentes entre pesquisadores e docentes dessas disciplinas, convida os leitores à reflexões importantes em torno da prática de ensino, da história e das produções acadêmicas sobre as disciplinas Sociologia e Filosofia.

A obra se organiza em duas partes. Cada uma delas contendo quatro capítulos, além de um prefácio produzido por Nelson Dacio Tamazi (UEL) e esta apresentação.

O primeiro capítulo, intitulado “O ensino de Sociologia no Brasil e os sentidos da cidadania nos documentos oficiais norteadores da prática docente” é de autoria de Ana Martina Baron Engerroff (UFSC) e Amurabi Oliveira (UFSC). Nele é discutido como a ideia de “cidadania” esteve relacionada nos documentos oficiais ao ensino de Sociologia, sendo discutido como isso reflete sobre a prática docente e a percepção de professores e alunos em torno da importância da Sociologia escolar.

O segundo capítulo, produzido por Fernanda Feijó é intitulado “Quando o Parlamento Jovem torna-se parte da aula de Sociologia do Ensino Médio que visa a Educação Política”, traz uma experiência de Educação Política, explorando suas potencialidades e discutindo como práticas extraescolares ligadas à Política e aulas de Sociologia na escola corroboram mutuamente para o desenvolvimento dessas ações.

O terceiro capítulo, intitulado “Os livros coletâneas e as suas relações com as teorias e metodologias sobre o ensino de Ciências Sociais/Sociologia (2008-2014)” é de autoria de Lígia Wilhelms Eras. Nesse capítulo a autora realiza uma análise dos livros coletâneas sobre o ensino de Sociologia buscando compreender quais as bases teóricas estão presentes nessas obras e destacar as paulatinas mudanças na articulação epistemológica e constituição de saberes, que têm implicado em mudanças reflexivas e operacionais na produção de conhecimentos sobre a Sociologia escolar.

Parte da História do ensino de Sociologia no Brasil, mais especificamente o uso dessa disciplina nas disputas em torno de projetos de educação para o Brasil na primeira metade do século XX é assunto do quarto capítulo da obra. Esse capítulo de minha autoria, produzido em parceria com Marcelo Cigales (UnB), é intitulado “Conatus católico e ensino de Sociologia no Brasil (1920-1950)”. Nele discutimos como intelectuais ligados à Igreja Católica, dotados de um conatusparticular (conceito de Pierre Bourdieu) buscaram desenvolver uma Sociologia Católica como resposta à Sociologia Laica que se desenvolvia no Brasil.

A segunda parte da obra destina-se as discussões sobre a Filosofia escolar, sua prática, seus sentidos e sua História.

O primeiro texto da segunda parte, quinto capítulo, é de autoria de Cleber Duarte Coelho (UFSC) e Jason de Lima e Silva (UFSC). Intitulado “O que é possível dizer sobre o ensino de Filosofia no Brasil?”, o texto analisa quais as perspectivas e caminhos possíveis para o ensino de Filosofia no Brasil, buscando pensar a atual conjuntura que ameaça a manutenção da Filosofia como disciplina autônoma no currículo do Ensino Médio brasileiro, a que tipo de arranjo político essa situação interessa e seus impactos.

O sexto capítulo, intitulado “Os sentidos do ensino de Filosofia no Ensino Médio: uma abordagem fenomenológica” é de autoria de Williams Nunes da Cunha Junior (SEDE-AL/UFAL). O autor busca discutir os diversos sentidos dado ao ensino de Filosofia por alunos e professores dessa disciplina. Duas perguntas norteiam o texto, sendo elas: qual o sentido de ensinar Filosofia para nós enquanto docentes? Qual o sentido do ensino de Filosofia na vida dos estudantes do Ensino Médio? No texto é explorado, à luz da fenomenologia, o sentido dado ao ensino dessa disciplina como “cuidado”, “sentir”, “rumo”, “destino” e “compreensão”.

Camila Gallindo Cornélio (ULisboa) e Junot Cornélio Matos (UFPE) nos apresentam, no sétimo capítulo, o texto “Filosofia, Educação e Comunicação: o trabalho docente como complexidade articulada”. Nele os autores nos convidam a pensar o ensino de Filosofia a partir de várias estratégias educacomunicacionais. Propõem uma relação dialógica – uma atitude comunicante – na sala de aula que exige a disposição de julgamentos do estado da consciência de quem dialoga, ou seja, os perceptos, os afetos, os juízos de valor, o modo de agir e os conceitos já formados.

O último e oitavo capítulo é de autoria de Christian Lindberg L. do Nascimento (UFS). Em “Aspectos metodológicos na História do ensino de Filosofia” o autor buscou apresentar um mapeamento de questões relacionadas à metodologia do ensino de Filosofia, delimitando a discussão em torno dos momentos históricos e educacionais no país. Destaca o percurso histórico do ensino de Filosofia no país, sendo esse marcado por uma presença obrigatória intermitente no currículo oficial e por influências externas que reduziram aqui as preocupações em se construir um sistema de pensamento filosófico brasileiro; situação que repercutiu sobre o ensino dessa disciplina, principalmente sobre a metodologia empregada nos usos dos textos filosóficos em sala de aula.

Estamos convictos de que os leitores estão diante de reflexões profícuas que os ajudem a compreender questões sobre o ensino de Sociologia e Filosofia no Ensino Básico brasileiro. Esperamos que os textos presentes nesta coletânea suscitem mais perguntas do que respostas, que venham a fomentar à reflexão sobre a prática docente, sua História e os interesses em disputas.

Boa leitura! Boas reflexões!

 

Valor: 40 reais (com frete incluso para todo o Brasil) 

Título: O ensino de Sociologia e de Filosofia no Brasil

Organizador: Cristiano das Neves Bodart

Ano: 2020

Nº de Páginas: 258

Editora: Editora Café com Sociologia

Para adquirir diretamente com o organizador: cristianobodart@hotmail.com  ou

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SUMÁRIO

5          Prefácio

Nelson Dacio Tomazi

9          Apresentação

Cristiano das Neves Bodart

 

PARTE 1 – ENSINO DE SOCIOLOGIA ESCOLAR

 

15        CAPÍTULO 1

O ensino de Sociologia no Brasil e os sentidos da cidadania nos documentos oficiais norteadores da prática docente

Ana Martina Baron Engerroff

Amurabi Oliveira

43        CAPÍTULO 2           

Quando o Parlamento Jovem torna-se parte da aula de Sociologia do Ensino Médio que visa a Educação Política

Fernanda Feijó

81        CAPÍTULO 3           

Os livros coletâneas e as suas relações com as teorias e metodologias sobre o ensino de Ciências Sociais/Sociologia (2008-2014)

Lígia Wilhelms Eras

115      CAPÍTULO 4

Conatuscatólico e ensino de Sociologia no Brasil (1920-1950)

Cristiano das Neves Bodart

Marcelo Cigales

 

PARTE 2 – ENSINO DE FILOSOFIA ESCOLAR

155      CAPÍTULO 5

O que é possível dizer sobre o ensino de Filosofia no Brasil?

Cleber Duarte Coelho

Jason de Lima e Silva

179      CAPÍTULO 6

Os sentidos do ensino de Filosofia no Ensino Médio: uma abordagem fenomenológica

Williams Nunes da Cunha Junior

209      CAPÍTULO 7

Filosofia, Educação e Comunicação: o trabalho docente como complexidade articulada.

Camila Gallindo Cornélio

Junot Cornélio Matos

233      CAPÍTULO 8

Aspectos metodológicos na História do ensino de Filosofia

Christian Lindberg L. do Nascimento

 255      Sobre os autores

 

 

 

 

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