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O que é mente? Intrincada Dança entre a Mente e a Sociedade

o que é mente?

O que é mente? No vasto espetáculo da busca pelo entendimento humano, a mente emerge como uma sinfonia intricada, com suas notas inaudíveis entrelaçando-se no tecido invisível da cognição. Steven Pinker, na sua obra “Como a mente funciona”, lançou luz sobre essa dança espectral, desvendando os matizes sutis que conferem profundidade à experiência humana. Nessa jornada, onde os fios da mente se entrelaçam com os fios da sociedade, emergem harmonias reveladoras e contrapontos enigmáticos.

“A mente é o que o cérebro faz; especificamente, o cérebro processa informações, e pensar é um tipo de computação. A mente é organizada em módulos ou órgãos mentais, cada qual com um design especializado que faz desse módulo um perito em uma área de interação com o mundo.” (Pinker, 2018, p. 32), nos leva a vislumbrar a orquestração íntima entre a atividade cerebral e a tapeçaria da percepção. Nesse terreno microscópico, as vozes dos neurotransmissores sussurram segredos profundos, urdindo a trama da nossa consciência.

Enquanto as notas silenciosas reverberam nas profundezas, a sociedade emerge como uma dançarina mascarada, sutilmente guiando os passos da mente. Em um jogo de sombras e luz, normas, valores e crenças entram em cena, influenciando os compassos internos do pensamento. Assim como as marés obedecem à lua invisível, nossos pensamentos e ações são marionetes das cordas sociais que puxam os fios da cognição.

As teias da construção social tecem sua narrativa entrelaçada nessa dança. Berger e Luckmann (2004), mestres das artes da percepção, nos ensinam que a realidade é uma colcha de retalhos bordada por mãos invisíveis. “Toda realidade social é precária. Todas as sociedades são construções em face do caos. A constante possibilidade do terror an~mico torna-se atual sempre que as legitimações que obscurecem esta precariedade são ameaça das ou entram em colapso.”  (p. 141). No palco da vida cotidiana, somos atores e plateia, espectadores e diretores, entrelaçando nossas histórias com as histórias dos outros. O que pensamos, o que somos, é o resultado de uma colaboração oculta, uma parceria etérea entre a mente individual e a mente coletiva a qual pode não se adequar nos termos da referida precariedade.

A teoria da formação social da mente de Vygotsky (2007) nos conduz por um caminho repleto de interações vibrantes e conexões culturais envolventes. Imagine-se mergulhando em um caldeirão de aprendizado, onde as chamas do conhecimento são acesas pelo contato com mentes mais experientes. Nessa dança intelectual, a linguagem atua como uma fiel trapezista, balançando-se entre os limites do entendimento, construindo uma ponte entre o indivíduo e o vasto horizonte do saber. À medida que essa sinfonia de intercâmbio humano ecoa, testemunhamos a mente florescer como uma flor orvalhada pela cultura e irrigada pelas conversas fluidas do ambiente. O cenário revela que a mente, como uma borboleta esvoaçante, é esculpida pelas mãos invisíveis da sociedade, tornando-se a própria essência da dança da vida.

E como uma sinfonia que cresce em crescendo, surge a sugestão de uma atividade para as mentes jovens explorarem essa coreografia oculta. Um projeto de pesquisa que desvenda os bastidores da relação entre os padrões de pensamento e os ritmos sociais. Os alunos, como arqueólogos da mente, podem escavar as camadas da percepção, revelando os tesouros escondidos das influências sociais. Uma investigação sobre como as miragens digitais moldam o reflexo da autoimagem ou sobre como as tradições ancestrais ecoam nos corredores da identidade. Nessa busca, os alunos se tornam os maestros de sua própria sinfonia, regendo os acordes do entendimento.

Na alvorada do conhecimento, quando as primeiras luzes da compreensão iluminam os confins da mente, a dança continua. A mente, como uma borboleta alada, paira nos jardins da cognição, bebericando o néctar do pensamento e da sociedade. Em cada dobradura do cérebro, em cada interação social, o espetáculo se desenrola, revelando a harmonia inebriante da existência humana.

Referências Bibliográficas:

BERGER, Peter Ludwig; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento.

PINKER, Steven. Como a mente funciona. Editora Companhia das Letras, 2018.

VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente. Tradução José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche. 2007.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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