O filme “Onde Sonham as Formigas Verdes”, dirigido pelo renomado cineasta alemão Werner Herzog, é uma obra cinematográfica que provoca reflexões profundas sobre colonialismo, moralidades e as consequências do choque cultural. Ambientado na Austrália pós-colonização inglesa, o filme apresenta o conflito entre a empresa de mineração Ayers, interessada em explorar uma área considerada sagrada pelos aborígenes, e os povos indígenas que lutam pela preservação de seu território e cultura.
Por que este filme é essencial para professores?
Professores, especialmente das áreas de Ciências Sociais, História e Filosofia, podem usar o filme como uma ferramenta pedagógica para abordar temas como:
- Colonialismo e suas consequências: A obra expõe os impactos do processo de colonização, evidenciando como culturas indígenas foram (e ainda são) violentamente subjugadas em nome do progresso econômico.
- Etnocentrismo e choque cultural: Ao apresentar a interação entre os aborígenes e os colonizadores ingleses, o filme ilustra a imposição de valores ocidentais, destacando o desrespeito às tradições e ao caráter sagrado de determinados territórios.
- A relação entre tempo e trabalho: Herzog explora de forma brilhante as diferenças entre a concepção de tempo dos aborígenes, ligada à natureza, e a lógica produtivista e capitalista dos colonizadores.
Cenas que provocam reflexão
- A tentativa de escambo cultural: Os colonizadores oferecem infraestrutura e compensações materiais aos aborígenes, ignorando completamente a imaterialidade e o caráter sagrado do espaço.
- O “tempo valioso” do colonizador: Em uma cena memorável, o dono da empresa Ayers expressa sua irritação ao ficar preso no elevador com os aborígenes, revelando a diferença de perspectivas entre as culturas em relação ao trabalho e ao tempo.
- A resistência aborígene frente ao trator: A imagem dos aborígenes deitados em frente ao formigueiro simboliza uma luta pacífica, mas poderosa, contra a destruição de seu território sagrado.
Reflexões para a sala de aula
Este filme é um recurso valioso para explorar conceitos como modernidade, mercantilização da cultura e resistência indígena. A partir da análise de cenas, os alunos podem:
- Relacionar os dilemas do filme com casos contemporâneos, como a construção de hidrelétricas no Brasil e os impactos sobre comunidades indígenas.
- Refletir sobre como a lógica do capital ignora as especificidades culturais e simbólicas de outros povos.
- Discutir a importância do respeito à diversidade cultural e a preservação dos direitos dos povos originários.
Indicação para professores
Se você busca um filme que combine narrativa envolvente com reflexões profundas sobre cultura, poder e ética, “Onde Sonham as Formigas Verdes” é uma escolha imperdível. Use-o em sala de aula para estimular debates ricos e fomentar uma visão crítica nos alunos sobre os desafios do mundo contemporâneo.
Referências:
KREMER, Natan Schmitz et al. Onde sonham as formigas verdes: colonialismo, mercantilização e moralidades no filme de Herzog. Revista Café com Sociologia, v. 4, n. 1, p. 38-45, 2015.