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  • Tipo Ideal de Max Weber

    Tipo Ideal de Max Weber

    Tipo Ideal Max Weber, o que seria?

    Tipo Ideal de Max Weber

    Por Cristiano das Neves Bodart, doutor em Sociologia (USP)
     

     

    Tipo Ideal Max Weber, Conceito:

    De acordo com Weber, para que o sociólogo possa analisar uma dada situação social, principalmente quando se trata de generalizações, torna-se necessário criar um “TIPO IDEAL”, que será um instrumento que orientará a investigação e a ação do ator, como uma espécie de parâmetro.
    Um conceito ideal é normalmente uma simplificação e generalização da realidade. Partindo desse modelo, é possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: Tais construções (…) permitem-nos ver se, em traços particulares ou em seu caráter total, os fenômenos se aproximam de uma de nossas construções, determinar o grau de aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído teoricamente. Sob esse aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma disposição e terminologia mais lúcidas (WEBER, apud BARBOSA; QUINTANEIRO, 2002, p. 113).

    Tipo Ideal Max Weber

     

    O Tipo Ideal Max Weber refere-se a uma construção mental da realidade, onde o pesquisador seleciona um certo número de característica do objeto em estudo, a fim de, construir um “todo tangível”, ou seja, um TIPO. Esse tipo será muito útil para classificar os objetos de estudo. Por exemplo, quando pensamos em democracia temos em mente um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado (o Tipo Ideal). Ao observar um sistema político contrastamos com esse tipo que temos em mente para classificar esse sistema como democrático ou não, por exemplo.

     
    O objetivo de Weber, ao utilizar o recurso “tipo ideal”, não é de esgotar todas possibilidades das interpretações da realidade empírica, apenas criar um instrumento teórico analítico. Dar “corpo” ao objeto de estudo.  Exemplo de tipo ideal é o “homem cordial”, em Sérgio Buarque de Holanda. 
     
     Um constructo de tipo ideal cumpre duas funções básicas: i) fornece um caso limitativo com o qual os fenômenos concretos podem ser contrastados; um conceito inequívoco que facilita a classificação e a comparação; ii) assim, serve de esquema para generalizações de tipo (…) que, por sua vez, servem ao objetivo final da análise do tipo ideal: a explicação causal dos acontecimentos históricos (MONTEIRO; CARDOSO, 2002, p. 14).  

    Quando Weber propôs o conceito de Tipo Ideal estava preocupado em esclarecer a função lógica e a estrutura dos conceitos utilizados nas Ciências Sociais. Para Weber os conceitos são construídos a partir do sujeito, e não do próprio objeto de estudo, como indicava a lógica aristotélica. Para Weber,

    Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou vários pontos de vista, e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isolados dados, difusos e discretos, que se podem dar em maior ou menor número ou mesmo faltar por completo, e que se ordenam segundo pontos de vista unilateralmente acentuados, a fim de formar um quadro homogêneo de pensamento (WEBER, 1999, p. 106).

    Assim, o Tipo Ideal é uma construção mental do pesquisador, o qual enfatizará aspectos que deseja estudar daquele dado objeto (ou fenômeno) de estudo. Por ser fruto de seleção de aspectos individualizados e enfatizados os tipos serão “ideais”, ou seja, não reproduzem a realidade tal como ela é em si mesma.

    Portanto, o  tipo ideal, concebido por Max Weber, é uma ferramenta metodológica das Ciências Sociais que visa compreender a realidade por meio da construção teórica de modelos que acentuam determinadas características de fenômenos sociais. Não se trata de uma descrição exata da realidade empírica, mas de um constructo teórico que serve como instrumento de comparação e análise. O tipo ideal permite ao pesquisador interpretar ações sociais a partir de conceitos rigorosos, sem cair na armadilha de generalizações absolutas. Ele é, portanto, uma construção subjetiva e estratégica, moldada a partir da vivência do pesquisador e de suas finalidades analíticas. Seu valor reside em sua utilidade heurística, sendo um meio para melhor entender as relações sociais. Weber alertava que o tipo ideal não deve ser confundido com a realidade nem com prescrições normativas.

    Referências

    MONTEIRO, J. Cauby S; CARDOSO, Adalberto Trindade. Weber e o Individualismo Metodológico. Anais do 3o Encontro Nacional da ABPC – Associação Brasileira de Ciência Política. Niterói – RJ, Julho de 2002.

    QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos: marx, durkheim e weber. 2. ed., rev. e ampl Belo Horizonte, MG: Ed. UFMG, 2002.

    WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, Gabriel (Org.). FERNANDES, Florestan (Coord.). Weber – Sociologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais, 13. São Paulo: Ática, 1999, p. 79-127.

     

     

    Como citar este texto: 

    BODART, Cristiano das Neves. Tipo Ideal de Max Weber. Blog Café com Sociologia. 2010.

     

     

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    Tipo Ideal Max Weber

    Tipo Ideal Max Weber

    Tipo Ideal Max Weber

    Tipo Ideal Max Weber

    Tipo Ideal Max Weber

  • XIV Encontro Nacional da ANPUR

    XIV Encontro Nacional da ANPUR

    logoEnanpur14

    23 a 27 · maio · 2011 · Rio de Janeiro/RJ

    Maiores informações https://xivenanpur.com.br

    Data Limite para envio de trabalhos 30 / 12 / 2010

    Sessões Temáticas
    1 – Política e planejamento urbano: instrumentos, planos e projetos
    2 – Produção da cidade: agentes econômicos e atores políticos
    3 – Ideários de cidade: modelos e representações sociais
    4 – Movimentos sociais no campo e na cidade
    5 – Caminhos da história: fontes, métodos e questões
    6 – Identidades culturais e apropriação social do espaço
    7 – Questões ambientais: dimensões políticas, projetos e ação social
    8 – Fronteiras, grandes projetos, gestão do território e mobilidade espacial
    9 – Desenvolvimento regional, regionalismos e pactos territoriais
    10 – Rede: técnica e ciência na transformação do espaço

  • Brasil versus Argentina

    Por Rainer Sousa
    Graduado em História

     

    As guerras nem sempre se resumem a simples oposição de exércitos em um tenso campo de batalha. Para quem não acredita em tal afirmativa, basta ir a um bom jogo de futebol para comprovar que outras guerras são travadas sem que para isso percamos o nosso tempo adquirindo uma pesada artilharia. No futebol sul-americano, a rivalidade de Brasil e Argentina foi responsável por espetáculos esportivos que marcaram o século XX. Contudo, de onde surgiu essa rivalidade com nossos “hermanitos portenhos”?
    Para obtermos uma resposta para esta pergunta, devemos nos deslocar à nossa história colonial para entendermos toda essa polêmica envolvendo brasileiros e argentinos. Inicialmente, a rixa se organizou por conta dos limites territoriais impostos pela assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494). Ao longo da nossa colonização, esses limites motivaram pequenos conflitos que culminaram no controle da colônia de Sacramento, espaço gerido por lusitanos e, ao mesmo tempo, inscrito nos territórios hispânicos.
    Após a experiência colonial, as disputas tomaram uma orientação político-econômica. Durante o Brasil Império, nossos dirigentes políticos temiam que a Argentina buscasse algum acordo ou benefício que desse fim à liderança econômica exercida pelo Brasil junto às nações do Atlântico Sul. Em contrapartida, os portenhos temiam que o governo brasileiro quisesse imprimir na Argentina o mesmo intervencionismo que marcava sua relação com nações sul-americanas de menor influência.
    Durante a Guerra do Paraguai, a rivalidade foi deixada de lado para que ambos lutassem contra o ascendente e ameaçador império do ditador paraguaio Solano López. Apesar da aliança, vários documentos comprovam que a rivalidade mantinha-se viva com o desacordo entre as tropas de cada lado. Em várias ocasiões, os dirigentes militares da Argentina acusavam os soldados brasileiros de insubordinação ao não concordarem com as designações oficiais.
    A desconfiança pairou mais uma vez na história destes dois países um século mais tarde, quando o Brasil firmava o acordo binacional com os paraguaios que daria origem à Hidrelétrica de Itaipu. Nessa época, vários jornais argentinos combatiam a execução deste projeto energético, que poderia ameaçar a soberania do país. Segundo argumentavam, uma vez abertas as comportas de Itaipu, o Estado brasileiro poderia deixar a capital Buenos Aires debaixo d’água.
    Com o passar do tempo, principalmente na década de 1990, ambos os lados perceberam que suas economias poderiam firmar atrativos acordos de cooperação. A partir da criação do Mercosul, Brasil e Argentina conseguiram satisfazer vários de seus interesses comerciais. Dessa forma, a rixa acabou ficando a cargo dos jogadores, times e torneios que atraem o público apaixonado por futebol através dessa antiga rivalidade histórica.
    FONTE: Equipe Brasil Escola
  • Estudiosos… rssrsr

    Estudiosos… rssrsr

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    Todos estudaram para a prova…
  • Violência contra crianças no Brasil: musica da banda facção central

    Violência contra crianças no Brasil: musica da banda facção central

    Violência contra crianças no Brasil

    Uma temática de grande importância para tratar nas escolas é a violência, especialmente a violência contra crianças.

    “Uma pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP constatou um aumento de 36% nos casos de maus-tratos infantis no primeiro semestre deste ano, em relação a 2009” (Jornal do Brasil, 14 de nov. de 2010).

    Questões para discutir?

    • Qual, ou quais seriam as causas do aumento da violência infantil em São Paulo?
    • Estariam os pais demasiadamente estressados devido ao padrão de vida que o capitalismo tem nos imposto?
    • A valorização do material, que tem substituído em grande escala a emoção, o afeto e a atenção, estariam desnaturalizando o sentido antes existente de família? Os pais estariam desacostumando  a dar afeto aos seus filhos?
    • A crescente taxa de mães solteiras e de casamentos desestruturados estariam ligada a esse fato?

    Dica de Música:
     “Eu não pedi pra nascer” de Faccção Central
    (Obs. a música não é recomendada para crianças por conter dois “palavrões” e por ser uma história muito pesada – confira na letra abaixo).

    Pode baixar a música (em formato Mp3) em: https://www.ziddu.com/download/12537115/FacaoCentralEunopedipranascer.mp3.html

    Minha mão pequena bate no vidro do carro

    No braço se destacam as queimaduras de cigarro
    A chuva forte ensopa a camisa, o short
    Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
    Uma moeda, um passe me livra do inferno,
    Me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
    O meu playground não tem balança, escorregador
    Só mãe vadia perguntando quanto você ganhou
    Jogando na cara que tentou me abortar
    Que tomou umas cinco injeções pra me tirar
    Quando eu era nenê tento me vender uma pá de vez
    Quase fui criado por um casal inglês
    Olho roxo, escoriação, p… , que foi que eu fiz?
    Pra em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz
    Porque não pensou antes de abrir as pernas,
    Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra.

    (Refrão 2x)

    O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
    Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer

    Minha goma é suja, louça sem lavar,
    Seringa usada, camisinha em todo lugar
    Cabelo despenteado, bafo de aguardente `
    É raro quando ela escova os dentes
    Várias armas dos outros muquiadas no teto
    Na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
    Cenário ideal pra chocar a UNICEF,
    Habitat natural onde os assassinos crescem
    Eu não queria Playstation, nem bicicleta
    Só ouvir a palavra “filho” da boca dela
    Ouvir o grito da janela “A comida tá pronta”,
    Não ser espancado pra ficar no farol a noite toda
    Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude
    A ter dinheiro, felicidade, saúde
    Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro
    Pra amarrar minha mãe na cama, pôr querosene e meter fogo

    (Refrão 2x)

    Outro dia a infância dominou meu coração,
    Gastei o dinheiro que eu ganhei com um album do Timão
    Queria ser criança normal que ninguém pune,
    Que pula amarelinha, joga bolinha de gude
    Cansei de só olhar o parquinho ali perto,
    Senti inveja dos moleque fazendo castelo
    Foda-se se eu vou morrer por isso,
    Obrigado meu Deus por um dia de sorriso
    À noite as costas arderam no couro da cinta,
    Tacou minha cabeça no chão
    Batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha
    Espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha
    Olhei pro teto e vi as armas num pacote,
    Subi na mesa, catei logo a Glock
    Mãe, devia te matar, mas não sou igual você,
    Em vez de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer….

    (Refrão)

  • Lugar Mais Desenvolvido do Mundo: Capital Social

    Lugar Mais Desenvolvido do Mundo: Capital Social

    Lugar Mais Desenvolvido do Mundo. é um texto escrito por Augusto de Franco que foi publicado  e que pode ser consultado no seu capitulo I aqui:

    Trata-se do capítulo I de seu livro ”

    É impossível ler esse texto sem se ver no contexto criado por ele. Vale apena!
    Segue abaixo:

    “(…)

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    Capítulo I: Capital social e e desenvolvimento comunitário

    Um silêncio que explica muita coisa

    De carro ou de ônibus, você já deve ter passado por muitas cidades pobres, consideradas pouco desenvolvidas, que ficam na beira de qualquer estrada do País. Essa cidade pode até ser aquela em que você vive.

    Em geral, o que você vê nessas ocasiões? Muitos canteiros floridos? Bancos de pedra circundados por jardins bem-cuidados? Magníficas esculturas de artistas locais? Um portal fabuloso, onde jovens da localidade dão as boas vindas aos visitantes e entregam flores e folhetos contando a história e descrevendo a geografia do município e o que ele tem de bom, os produtos que fabrica, as festas que realiza?

    Não. O que você vê são peças de carro enferrujadas, pneus velhos, refugo de material de construção, fachadas sujas, paredes em que faltam pedaços ou cujo reboco está descascado, vidros basculantes quebrados. E, além disso, entulho e lixo. Muito lixo amontoado.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    Realmente é muito triste.

    Se você entrar nessa cidade e perguntar às pessoas que vivem ali por que elas não cuidam da fachada da sua própria cidade, elas olharão espantadas e responderão: “Ora, porque eu não tenho nada a ver com isso”. Ou então dirão: “A culpa é dos políticos, que não fazem nada”.

    Se você retrucar – “Mas já que os políticos não fazem nada, por que vocês mesmos não tomam a iniciativa? Será que vocês não podem juntar aí umas vinte ou trinta pessoas e, em um domingo de manhã qualquer, promover um mutirão para remover o lixo, caiar as fachadas das casas, consertar as paredes, substituir os vidros quebrados?” – provavelmente ouvirá o silêncio como resposta. Preste bastante atenção nesse silêncio. Ele explica muita coisa.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    O silêncio que explica por que uma localidade é considerada pouco desenvolvida

    Bom, mas aí você entra na cidade e procura as lideranças locais: o prefeito, os vereadores, os líderes comunitários, os presidentes dos sindicatos rural e dos trabalhadores, os donos da padaria e da farmácia, o padre e o pastor, o juiz de direito, o gerente do banco. Você procura essas pessoas para conversar com elas sobre o desenvolvimento daquela localidade.

    Digamos que você consiga fazer uma reunião com algumas dessas pessoas. E que, durante a reunião, você pergunte se ali naquela cidade existem analfabetos jovens, que abandonaram a escola sem chegar a aprender a ler e escrever. Você pergunta quantos são esses analfabetos e se é possível saber quem são eles. Provavelmente haverá uma pequena discussão. Ninguém saberá o número exato. Depois de rápida troca de opiniões, sairá a resposta. “Bom. Aqui devemos ter mais ou menos uns trezentos analfabetos jovens”.

    Você continua: “E vocês sabem quem são esses jovens, onde eles moram?” Eles responderão que sim, e podem até a começar a citar nomes: “É o filho da Toinha, que ajuda o pai na roça; e tem também os três filhos do Esmênia, que enviuvou no ano passado…”. E a lista vai prosseguindo à medida que os presentes vão lembrando de outras pessoas.

    Aí você interrompe e pergunta: “Mas por que vocês deixaram a situação chegar a esse ponto?”

    A primeira reação do pessoal da cidade será defensiva. Eles apresentarão uma justificativa mais ou menos assim (e não importa se você está no estado do Pará, na Bahia ou no Vale do Ribeira, em São Paulo): “O governo (estadual ou federal) não ajuda. Nós somos fracos. Sozinhos, não damos conta. Além disso, tem tanto problema pra resolver… A prefeitura não tem um tostão furado. Não consegue nem pagar os salários dos funcionários. E o povo não quer nada. Não é unido. Cada um só pensa nos seus negócios, na sua vida”.

    Então você pergunta: “Mas vem cá, pessoal. Será que nessa cidade, que tem quase vinte mil habitantes (vamos imaginar que seja assim), será que não tem aqui uma professora aposentada, um gerente de banco com tempo sobrando, um aluno mais adiantado cujas noites estão livres ou qualquer outra pessoa que possa alfabetizar esses jovens? Será que é muito difícil organizar algumas turmas de alfabetização todo dia, das 7 às 9 da noite, no salão paroquial ou na sede do sindicato?”

    O pessoal responderá que não, que é possível fazer isso. Que até já foi tentado, certa vez, pelo fulano. Mas que a coisa acabou esfriando quando esse fulano se mudou para a capital.

    Você continua insistindo e pergunta: “Mas se é assim tão fácil, por que vocês não fazem?”

    Então você ouvirá como resposta novamente aquele silêncio. Aquele silêncio denso, profundo, mas que explica tudo. Explica por que aquela localidade é considerada um lugar pouco desenvolvido.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    A pergunta certa

    Para entender o que é desenvolvimento, a pergunta que precisamos fazer não pode ser por que uma determinada localidade conseguiu se desenvolver. Ou, de onde vieram os recursos para promover esse desenvolvimento. Ou, ainda, quem teve a ideia genial de investir ali, nesse ou naquele setor econômico, que prosperou e puxou o desenvolvimento da localidade como um todo.

    Para entender o que é desenvolvimento comunitário a pergunta que devemos fazer é por que uma comunidade não está conseguindo se desenvolver, o que a está impedindo de fazer isso. Ou, em outras palavras, por que as pessoas, coletivamente, não estão tomando a iniciativa de promover o seu próprio desenvolvimento.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    Essa é a pergunta certa.

    A resposta para essa pergunta nos levará diretamente para um novo conceito, para uma nova ideia que tenta explicar por que, em certos ambientes sociais, as pessoas se sentem com poder suficiente para promover, coletivamente, o seu próprio desenvolvimento e por que, em outros ambientes, as pessoas não estão suficientemente empoderadas para fazer isso.

    E por que, em determinadas sociedades, as pessoas acreditam nas outras e confiam umas nas outras quando decidem fazer juntas uma coisa qualquer. Desde um mutirão para limpar a fachada da cidade até um programa local de alfabetização de jovens. E, ao contrário, por que, em outras sociedades, as pessoas acham sempre que são fracas para fazer qualquer coisa, que precisam que venha alguém de fora – mais poderoso, mais forte, com mais recursos – para resolver os problemas que elas, sozinhas, nunca darão de solucionar. Nessas sociedades, as pessoas não acreditam nas outras, não empreendem nada junto com as outras porque imaginam que as outras vão deixá-las na mão na hora “H”. Têm medo de se comprometer a ajudar alguém e, depois, quando precisarem de ajuda, não aparecer ninguém para retribuir.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    O nome do novo conceito, que foi construído para explicar essa diferença, é capital social.

    Para entender o que é capital social não basta ler uma definição do termo. Capital social é uma ideia que tem a ver com o poder das pessoas para fazer, coletivamente, alguma coisa. Mas é um “poder social”. É a sociedade que confere esse poder (ou seja, que empodera) a seus indivíduos. É o ambiente social que insufla essa espécie de “energia” que explica, por exemplo, por que certas localidades parecem estar “vivas” enquanto outras parecem estar morrendo ou fenecendo.

    Pois bem. Esse “poder social” depende, por sua vez, da forma como se organiza e como atua o poder político. Se o poder político se estrutura verticalmente, hierarquicamente, como uma pirâmide: poucos em cima e muitos na base, sem muitas conexões entre si, então esse “poder social” será muito reduzido e as pessoas terão medo de empreender, desconfiarão umas das outras e não farão muitas coisas juntas. E se o poder político atua de modo centralizador e autoritário, se não procura criar condições para a participação coletiva, para que as pessoas possam tomar decisões coletivas democraticamente, então esse “poder social” será baixo.

    Pelo contrário, se existem muitas redes sociais – quer dizer, se as pessoas estão conectadas umas às outras e se elas podem ter múltiplos caminhos para chegar até as outras – e se, além disso, existem muitos processos democrático-participativos acontecendo (conselhos, fóruns e agências de desenvolvimento, com a presença de pessoas do governo, das empresas e das organizações da sociedade civil), então esse “poder social” será alto.

    Em outras palavras, quanto mais rede e mais democracia participativa houver, maior será o nível, o estoque ou o fluxo do capital social de uma sociedade. E quanto menos redes e menos processos democrático-participativos houver, menor será o capital social de uma localidade.

    Ora, quanto menor o capital social de uma localidade, menor o seu desenvolvimento. Aqui não tem erro nem exceção. Uma localidade com nível insuficiente de capital social também terá um nível insuficiente de desenvolvimento. Não importa se você levar para essa localidade uma empresa enorme, que dê emprego para todas as pessoas. Do ponto de vista do desenvolvimento essas pessoas continuarão pobres e a localidade continuará pobre. Porque, desse ponto de vista – e ao contrário do que tanto se repete –, pobreza não é insuficiência de renda e sim insuficiência de desenvolvimento.

    Se concordamos com isso, então temos que voltar à nossa pergunta fundamental para entender o que é desenvolvimento comunitário. A pergunta fundamental é: por que uma comunidade não está conseguindo se desenvolver, o que a está impedindo de fazer isso? Ou, em outras palavras, por que as pessoas, coletivamente, não estão tomando a iniciativa de promover o seu próprio desenvolvimento?

    Vamos insistir nessa pergunta. Sem respondê-la não poderemos compreender por que uma determinada localidade é considerada bem desenvolvida e outra localidade é considerada pouco desenvolvida.

    Lugar mais desenvolvido do mundo: Os grandes exterminadores do capital social

    A questão é descobrir o que está impedindo as pessoas de exercitarem o protagonismo na solução de seus próprios problemas e por que elas não estão conseguindo aproveitar tantas oportunidades que se abrem diariamente diante de seus olhos.

    Por quê?

    A resposta tem a ver, como dissemos, com a maneira como o poder político se estrutura e como ele atua. Tem a ver, em outras palavras, com os padrões de organização e com os modos de regulação (de conflitos) que são praticados.

    Se as pessoas ficam esperando que as coisas que podem melhorar a sua vida venham sempre de cima, de algum poder maior e, acreditando nisso, ficam paralisadas, então não podem mesmo se desenvolver, nem individual, nem coletivamente. Todavia, as pessoas não nascem acreditando nisso (ou seja, acreditando que as coisas boas vêm de cima e deixando de acreditar nelas próprias). Isso entrou na cabeça delas em algum momento. Alguém colocou isso lá. Algum tipo de sistema político está interessado em que as pessoas pensem assim e não ajam por si mesmas, não caminhem com suas próprias pernas.

    Para quê? Para ficar dependendo sempre de algum intermediário. De alguém que atue como despachante dos recursos públicos, e também como padrinho para oferecer proteção, indicar cargos e ministrar vantagens, favorecimentos e privilégios e que, em troca desses serviços, obtenha votos e os vários tipos de apoios que são necessários para continuar no posto em que estão ou para conquistar uma nova posição de poder. Assim vai se formando uma cadeia vertical, cujos elos inferiores são o vereador e o prefeito, mas que passa pelo deputado estadual e pelo governador, pelo deputado federal e pelo senador e chega ao presidente. Mas que envolve também muito mais gente, como, por exemplo, parte da burocracia estatal e os detentores de cargos de confiança – os principais auxiliares, como os ministros e os secretários estaduais e municipais e uma multidão de assessores – que trabalham, direta ou indiretamente, para satisfazer as pretensões políticas daqueles titulares que os nomearam.

    Em geral os sistemas políticos, organizados verticalmente e atuando, em grande parte, autocraticamente, só conseguem se manter desativando o empreendedorismo, o protagonismo e a participação coletiva. Eles fazem isso através de três práticas principais: a centralização e o centralismo, o assistencialismo e o clientelismo.

    Essas três práticas se constituem como os grandes exterminadores do capital social. Quanto mais centralismo, quanto mais assistencialismo e quanto mais clientelismo forem praticados em uma localidade, menor será o seu capital social. E menor, portanto, será o nível de desenvolvimento dessa localidade.

     

    Lugar mais desenvolvido do mundo:

    O que é necessário explicar

    Uma comunidade – se for realmente uma comunidade e não apenas uma coletividade de pessoas assentadas sobre um mesmo território – só não se desenvolve se houver alguma coisa que a impeça de fazê-lo. E uma coletividade assentada sobre um mesmo território só não se constituirá como uma verdadeira comunidade se houver alguma coisa que a impeça de fazê-lo.

    Dizer isso significa assumir o seguinte: os seres humanos em sociedade, deixados a si mesmos, são capazes de gerar ordem espontaneamente a partir da sua interação. Mas isso desde que essa interação seja – em algum grau – cooperativa.

    Mas significa dizer, além disso, que essa interação será sempre – em algum grau – cooperativa. A menos que algo impeça a ampliação social dessa cooperação, induzindo à competição sistemática. Uma competição tão forte que inviabilize a ampliação social dessa cooperação.

    Isso é o capital social: cooperação ampliada socialmente. Cooperação que se reproduz socialmente.

    (…)”

    Fonte: FRANCO. Augusto de.O LUGAR MAIS DESENVOLVIDO DO MUNDO: Investindo no capital social para promover o desenvolvimento comunitário. Brasília: AED, 2004.

  • A atualidade de Max Weber

    A atualidade de Max Weber

    Por Cristiano Bodart
    Resenha do capítulo do Livro “A atualidade de Max Weber”, WEBER E A CIÊNCIA SOCIAL ATUAL – Notas sobre três temas. Fábio Wanderley Reis .
    Na obra “Weber e a ciência social atual” de Fábio Wanderley Reis, notamos a sua atenção dada a três conceitos weberianos: Burocracia; Legitimidade e; Racionalidade.
    Ao tratar do conceito “Burocracia” Reis, aponta que estudos têm deturpado esse conceito, criticando a administração burocrática. Mas segundo ele, tal crítica não afeta o conceito de Weber, mas sim a prática burocrática que tem tido seu foco nos meios e não nos fins. Reis afirma que na visão weberiana de burocracia o objetivo está centrado no resultado racional.
    A padronização de procedimentos não pretende ser senão um instrumento para a maior eficiência, especialmente tratando-se de situações que vão envolver decisões rotineiras e em grande nú¬mero de casos e instâncias (p, 306).
    Para Reis, o conceito de Weber de burocracia está vinculado à democracia, pois ela permite uma universalização de procedimentos, minimizando ações personalistas.
    A legitimidade é tratada por Reis como fundamental para a consolidação da democracia. De acordo com ele,
    O que é característico do tratamento weberiano do tema é o empenho de conceber em termos empíricos e realistas a legitimidade como atributo de uma relação de dominação: trata-se da questão de até que ponto uma relação desse tipo é caracterizada pela crença em sua legitimidade por parte da¬queles que se acham submetidos à dominação (p.310).
    Assim, além da dominação normativa, a dominação racional cumprirá grande papel na consolidação das instituições democráticas.
    Por fim, Reis analisa o conceito de “racionalidade”, afirmando que a racionalidade pode ser classificada em “racionalidade com respeito aos fins” e “racionalidade com respeito aos valores”. Ao se referir a racionalidade com respeito aos fins, Max Weber está se referindo aquelas atitudes racionais realizadas pelo indivíduo tendo em vista o objetivo de atingir uma dada finalidade ou ganho. Quando se refere a racionalidade com respeito a moral, weber se refere aquelas ações, também racionais, que são movidas pela moral vigente na sociedade onde o indivíduo está integrado.
    Fonte: REIS, Wanderley Reis. Weber e a Ciência Social atual: Notas sobre três temas. IN. SOUZA, Jessé (Org). A atualidade de Max Weber. Editora UnB.  2000. pp.305 – 318.
  • Contato social, o que é?

    Contato social, o que é?

    Contato social é o tipo de interação que ocorre entre indivíduos em uma sociedade. Pode incluir conversas, trocas de informações, atividades conjuntas e qualquer outra forma de relacionamento entre pessoas.Ele é importante porque permite que as pessoas aprendam uns com os outros, compartilhem ideias e experiências e estabeleçam relacionamentos interpessoais. Além disso, tal contato também pode ajudar a promover a coesão social e a solidariedade entre os indivíduos de uma sociedade.

    contato social
    Porto Alegre/RS, Set. 2010
    Contatos sociais
    O homem se humaniza por meio dos contatos sociais, estes se dão de formas variadas e impactuam sobre a formação da personalidade do indivíduo.
    Podemos dividir os contatos sociais em basicamente dois tipos:

    Contato social Primário – Estes estão relacionados aos contatos de base emocional e pessoal

    Primário é aquele que ocorre entre indivíduos que compartilham relações íntimas e estreitas, como amigos e familiares. Essas relações são geralmente mais duradouras e envolventes, e as pessoas que as mantêm costumam ter interesses e valores em comum. O contato social primário é importante porque permite que as pessoas desenvolvam laços fortes e duradouros com outras pessoas, o que pode ajudar a promover a coesão social e a solidariedade.

    Contatos social Secundário – Trata-se dos contatos impessoais e formais.

    Secundário, por outro lado, é aquele que ocorre entre indivíduos que não compartilham relações íntimas ou estreitas, mas que ainda assim interagem em algum nível. Por exemplo, pessoas que trabalham juntas, que estudam na mesma escola ou que vivem no mesmo bairro podem ter contato secundário. Essas relações são geralmente menos profundas e menos duradouras do que as relações de cujo contário é primário, e as pessoas que as mantêm podem ter interesses e valores diferentes. O contato secundário pode ajudar a promover a coesão social e a solidariedade, mas geralmente em menor grau do que o contato primário.

    Em resumo, a principal diferença entre contato primário e secundário é a intensidade e a profundidade das relações que são estabelecidas entre as pessoas. O contato primário envolve relações mais íntimas e duradouras, enquanto o contato social secundário envolve relações mais superficiais e menos duradouras. Ambas as formas de contato social são importantes para o funcionamento saudável de uma sociedade, mas o contato social primário tende a ter um papel mais crucial na promoção da coesão social e da solidariedade.

    Notadamente observamos que quanto mais urbano é um lugar, menos contatos primários têm os indivíduos. Estes contatos acabam resumindo-se em contatos com a família (que geralmente é pequena).
    Em centros urbanos o número de contatos e as proximidades físicas são significativamente maiores, porém, nem sempre esses são pessoais, afetivos. São geralmentes frios e “distantes”.
    Os contatos tendem a ser tão informais que, muitas vezes, chamamos as pessoas pela profissão que possuem e não pelos seus nomes (o carteiro, o porteiro…).
    É importante destacar que proximidade física não significa necessariamente proximidade afetiva.
  • Vida de Pobre: musica de manhoso

    Outra dica para abordar o tema ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL é a música “Vida de Pobre” de Manhoso. Segue abaixo.

    Vida de Pobre

    Cantor: Manhoso

    Eu acredito na sorte mais eu tenho uma impressão
    Que o pobre só vai pra frente com topada ou empurrão
    Eu acredito na sorte mais eu tenho uma impressão

    Que o pobre só vai pra frente com topada ou empurrão

    Oh gente minha gente o gente meu irmão

    O pobre só vai pra frente com topada ou empurrão

    O rico mora numa casa iluminada
    O pobre mora num barraco e no escuro
    Enquanto o rico deita em cama reclinada
    O pobre deita em uma cama de pau duro

    Oh gente minha gente o gente meu irmão

    O pobre só vai pra frente com topada ou empurrão

    O rico dorme de janela escancarada
    A cachorrada toma conta da mansão
    O pobre mora num barraco encurralado preocupado com a visita do ladrão

    Oh gente minha gente o gente meu irmão

    O pobre só vai pra frente com topada ou empurrão

    Repete a música 2x

  • Burguesinha

    Uma dica de música para trabalhar a temática ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL é a música de Seu Jorge “Burguesinha”. Abaixo o vídeo da música e a latra.

    Letra
    Burguesinha

    Seu Jorge
    Composição: Seu Jorge / Gabriel Moura / Pretinho da SerrinhaVai no cabeleireiro

    No esteticista
    Malha o dia inteiro
    Pinta de artista

    Saca dinheiro
    Vai de motorista
    Com seu carro esporte
    Vai zoar na pista

    Final de semana
    Na casa de praia
    Só gastando grana
    Na maior gandaia

    Vai pra balada
    Dança bate estaca
    Com a sua tribo
    Até de madrugada

    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha
    Só no filé
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha
    Tem o que quer
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha
    Do croissant
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha, burguesinha
    Burguesinha
    Suquinho de maçã