Um termo muito usado recentemente nos ajuda a compreender o conceito de Tipo Ideal, de Max Weber*. Trata-se do termo “Coxinha”.
Quando adjetivamos alguém de “Coxinha” estamos pensando em um conjunto de características que os compõem, uma espécie de modelo padronizado, ainda quem ninguém possua todas essas características (voltaremos depois ao “Coxinha”).
De acordo com Weber, para que o sociólogo possa analisar uma dada situação social, principalmente quando se trata de generalizações, torna-se necessário criar um “TIPO IDEAL”, que será um instrumento que orientará a investigação e a ação do ator, como uma espécie de modelo ou tipo.
“Um conceito ideal é normalmente uma simplificação e generalização da realidade. Partindo desse modelo, é possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: Tais construções […] permitem-nos ver se, em traços particulares ou em seu caráter total, os fenômenos se aproximam de uma de nossas construções, determinar o grau de aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído teoricamente. Sob esse aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma disposição e terminologia mais lúcidas” (WEBER, apud BARBOSA; QUINTANEIRO, 2002, p.113).
O tipo ideal refere-se a uma construção mental da realidade, onde o pesquisador seleciona um certo número de característica do objeto em estudo, a fim de, construir um “todo tangível”, ou seja, um TIPO. Esse tipo será muito útil para classificar os objetos de estudo. Por exemplo, quando pensamos no “coxinha” temos em mente um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado (o Tipo Ideal).
O objetivo de Weber, ao utilizar o recurso “Tipo Ideal“, não é de esgotar todas possibilidades das interpretações da realidade empírica, apenas criar um instrumento teórico analítico. Exemplos de tipo ideal são o “homem cordial”, em Sérgio Buarque de Holanda, e o “Coxinha”.
“Um constructo de tipo ideal cumpre duas funções básicas: i) fornece um caso limitativo com o qual os fenômenos concretos podem ser contrastados; um conceito inequívoco que facilita a classificação e a comparação; ii) assim, serve de esquema para generalizações de tipo (…) que, por sua vez, servem ao objetivo final da análise do tipo ideal: a explicação causal dos acontecimentos históricos “(MONTEIRO; CARDOSO, 2002, p. 14).
Letra da música:
Sou classe média
 Papagaio de todo telejornal
 Eu acredito
 Na imparcialidade da revista semanal
 Sou classe média
 Compro roupa e gasolina no cartão
 Odeio “coletivos”
 E vou de carro que comprei a prestação
 Só pago impostos
 Estou sempre no limite do meu cheque especial
 Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
 Mas eu “to nem ai”
 Se o traficante é quem manda na favela
 Eu não “to nem aqui”
 Se morre gente ou tem enchente em itaquera
 Eu quero é que se exploda a periferia toda
 Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
 Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
 O pára-brisa ensaboado
 É camelo, biju com bala
 E as peripécias do artista malabarista do farol
 Mas se o assalto é em moema
 O assassinato é no “jardins”
 A filha do executivo é estuprada até o fim
 Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
 De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
 E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
 Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
 Porque eu não “to nem ai”
 Se o traficante é quem manda na favela
 Eu não “to nem aqui”
 Se morre gente ou tem enchente em itaquera
 Eu quero é que se exploda a periferia toda
 Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
 Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida
* É importante destacar que Max Weber nunca tratou o conceito de coxinha e certamente usaria outros exemplos para destacar o que seria Tipo Ideal, sobretudo por questões de posicionamentos ideológicos, ainda que ele defendesse a neutralidade axiológica (coisa que os coxinhas ainda acreditam rsrs).
            
                            
                            
                            


                            
                            
                
                
Faltou falar a origem do termo, só pra ficar mais clara a associação.
Verdade..queria saber a origem do termo coxinha também….
Ao passar pela net afim de encontrar novos amigos e divulgar o meu blog, me deparei com o seu que muito admiro e lhe dou os parabéns, pois é daqueles blogs que gostaria que fizesse parte de meus amigos virtuais.
Se desejar visite o Peregrino E Servo. Leia alguma coisa e se gostar siga, Saiba porém que sempre vou retribuir seguindo também o seu blog.
Minhas cordiais saudações, e um obrigado.
António Batalha.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/
Essa música definitivamente não representa o termo "coxinha" dentro do contexto social atual. Não concebo o "coxinha" como um ser alienado e agoista, mto pelo contrário.
Essa música definitivamente não representa o termo "coxinha" dentro do contexto social atual. Não concebo o "coxinha" como um ser alienado e agoista, mto pelo contrário.
FALOU, FALOU, E NÃO CHEGOU NA EXPLICAÇÃO DO TERMO COXINHA. QUE É UM “TIPO IDEAL”….É CERTO, MAS O QUE ESTÁ INSERIDO NO TERMO COXINHA? COMO SE REFERIRA LULA E MARISA LETÍCIA ÀS PESSOAS QUE LÁ ESTAVAM EM MANIFESTAÇÃO. PESSOAS BARATAS? AFINAL A COXINHA NÃO É CARA. QUALQUER UM PODE OBTER, TEM EM QUALQUER ESQUINA, EM QUALQUER BOTECO, SÃO SEMPRE IGUAIS, O QUE VAI ALÉM DO TERMO. OS SOCIÓLOGOS PODERIAM ESTUDAR O TEMA “COXINHA” E SUAS INTERPRETAÇõES NÃO ACHA?
Provavelmente se refere ao excesso de muita massa e pouco recheio, pois a grosso modo é uma referência legitima, pois popularmente se critica o pastel por ter muito vento na ausência de recheio e a coxinha por ter muita massa e pouco recheio, ou seja, o “coxinha” é aquele cara que tem pouco conteúdo, conhecimento raso, ou seja, é o autêntico analfabeto funcional que acha e quer estar na crista da onda de acordo com o seu mundinho.
em conversas de rua ouvi dizer que a orgiem do termo “coxinha” referia-se àqueles que pelo seu papel social de “defensor” eram “gratificados” com este tipo de comida nos bares, lanchonetes, etc. Se repararmos bem veremos ainda hoje esta prática, lembro-me de PMs em carrinhos de lanche fazendo seus pedidos por conta da casa.
Acredito que o intuito era tornar mais claro o “tipo ideal”, fazendo uma brincadeira com o termo “coxinha”, e não explicar o conceito de “coxinha”. Comentando anos depois, mas adorei o post!