Para entender de uma vez os conceitos de classes socais e luta de classes em Marx

luta de classes, classe social
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Conceito fundamentais de Marx: O que são classes sociais e luta de classes 

Por Roniel Sampaio Silva

Este texto tem por objetivo esclarecer dois conceitos importantes da teoria marxiana, classes sociais e luta de classes. Para tanto, será necessário breves apontamentos a fim de situar tais conceitos na teoria.

Concepção de mundo em Karl Marx

A fala do pensador alemão seja como teórico do socialismo, ele buscou analisar o capitalismo a fim de compreender a lógica de organização e dinâmica. O grande intelectual que inspirava os pensadores da geração de Marx foi Hegel, que se valia do método dialético para analisar o mundo. Marx se aprofundou na metodologia de Hegel para criar uma abordagem própria, invertendo a dialética essencialista de Hegel a fim de dar uma conotação materialista. Ao contrário de Hegel, que priorizava a análise a partir de abstrações, na visão materialista dialética histórica desenvolvida por Marx as condições materiais passaram a ser consideradas para pensar questões abstratas que, por sua vez, ajudaria na análise do mundo material. Como destacou Marx (1992), “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”.

A teoria materialista histórico dialética de Marx indicava que a base de entendimento do mundo estava em compreender como as coisas materiais são criadas e como tal criação transforma nossa existência e condições de existência.  Por exemplo, a descoberta da agricultura foi uma inovação de ordem material que repercutiu em novas condições de existência, como o aumento populacional e fixação de territórios. Dessas relações materiais surgiram contradições como a complexidade de organizar suprimentos em grande contingente populacional, favorecendo a criação de coisas inéditas como a divisão social do trabalho. Esses processos foram históricos, contraditórios e ancorados em bses materiais. A divisão social do trabalho, oriunda de tal processo histórico, é a base da organização social que temos hoje. Portanto, o método do materialismo histórico dialético se resume, grosso modo, aos seguintes aspectos: i) o materialismo avalia que as condições materiais criam, em última instância, aspectos imateriais como a cultura, costumes e normas jurídicas; ii) o método é histórico porque precisa analisar o desenvolvimento dessas condições materiais ao longo da história e; iii) é dialético porque analisa as contradições entre os elementos, a ponto de criar novas condições materiais que deflagram ou pode deflagrar processos revolucionários de mudanças no modo de produção e, consequentemente, na organização social.

 

Classe social como elemento fundamental da análise

Marx analisou a as condições materiais o longo da história e constatou que havia uma forma de organização primitiva no qual todos compartilhavam dos meios de produção. Meios de produção são todos os instrumentos que homens e a mulheres utilizam para transformar a natureza, exemplo, terra, fábrica, ferramentas etc. A partir do momento que as condições materiais se tornaram mais complexas, a ponto de haver um aumento substantivo na divisão social do trabalho, surgiram as classes sociais.

Para Marx (1984),

“Os proprietários de simples força de trabalho, os proprietários de capital e os proprietários de terras, cujas respectivas fontes de receitas são o salário, o lucro e a renda do solo, ou seja, os operários assalariados, os capitalistas e os latifundiários, formam as três grandes classes da sociedade moderna, baseada no regime capitalista de produção”.

Classes sociais, portanto, é a posição que os indivíduos ocupam em relação aos meios de produção. Quem controla os meios de produção acabam dominando aqueles não não tem a posse desses meios de produção, sendo esses então dominados. As classes que controlam os meios de produção ao longo da história foram criando mecanismos que garantissem e legitimassem a dominação e a exploração da classe dominada (ver o conceito de superestrutura e ideologia).

Luta de classes, um eterno combate

Ao longo da história, as classes sociais – dominante e dominada, dispõe de interesses que são inconciliáveis, motivo pelo qual se trava uma disputa entre elas. Essa disputa Marx chamou de luta de classes; entendida como estratégias de organização enquanto classe para garantia e defesa de interesses.

A história da humanidade é a história da luta de classes na medida em que os embates entre as classes sociais geram contradições que reconfiguram condições materiais, mudando assim o curso da história (ENGELS; MARX, 2005). Esse embate, segundo Marx, é o motor da história, isso porque a partir dele as condições materiais podem ser modificadas para se criar uma nova organização social, inclusive um novo modo de produção e distribuição das riquezas produzidas (ver conceito de mais-valia).

 

Referências

MARX, K. O Capital : crítica da economia política – vol. I – livro primeiro – tomo 2. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

MARX, Karl. Fundamentos da história. In: IANNI, O. (org.) Karl Marx. São Paulo: Ática, 1992.

ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. O Manifesto Comunista. 15.ed. São Paulo. Paz e Terra, 2005.

 

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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