A definição de um marco temporal para a definição de quando se inicia a Sociologia contemporânea não é exata. Há quem defenda que ela se inicia no pós II Guerra Mundial. Outros acreditam que pouco antes, nos anos de 1930. Este texto traz uma bre apresentação de definição, alguns teóricos e especializações.
Sociologia contemporânea
Por Cristiano das Neves Bodart[1]
Explicar o que é “Sociologia contemporânea” não é uma tarefa simples, estando sob o risco do esforço de elucidação gerar [novas] dúvidas. Assim, alertamos para o fato da proposta apresentada a seguir tem mais o propósito didático do que uma discussão especializada/aprofundada. Coloca-se aqui pontos gerais e iniciais, cabendo aqueles que desejam estudar com maior profundidade o campo da Sociologia buscar outras fontes mais densa sobre o tema. Dito isto, esclarecemos que propomos aqui apresentar minimamente “uma visão geral” da questão.
Breve definição
A Sociologia contemporânea compreende a produção sociológica do pós-II Guerra Mundial (até os dias de hoje). Ela é uma categorização que visa demarcar uma diferenciação em relação à Sociologia clássica, anterior a II Guerra Mundial, marcada por contribuições de autores basilares da Sociologia que se desenvolveu a partir de então. Alguns especialistas na história da Sociologia separam esse período contemporânea em dois, um primeiro que vai até os anos 1970 e um segundo a partir dessa data. Há ainda aqueles que apontam que a Sociologia contemporânea teria se iniciado nos anos de 1970, após um período de crise de paradigmas da Sociologia, sobretudo nos Estados Unidos.
Alguns teóricos representantes da Sociológica clássica (anterior a II Guerra Mundial):
Augusto Comte (1798-1857)
Karl Marx (1818-1883);
Herbert Spencer (1820-1903)
Gabriel Tarde (1843-1904);
Émile Durkheim (1958-1917);
Georg Simmel (1858-1918)
Max Weber (1864-1920);
Vilfredo Pareto (1848-1923)
Charles H. Cooley (1846-1929);
Ferdinand Tönnies (1855-1936);
Por que a II Guerra Mundial como divisor entre Sociologia clássica e contemporânea?
A partir da década de 1940 deu-se a maior institucionalização dos cursos superiores de Sociologia em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Como a produção intelectual foi, em grande medida, interrompida durante a II Guerra, nos anos seguintes novas perspectivas teóricas se desenvolveram, assim como novas especialidades, deliberou-se utilizar esse período para demarcar a nova fase da Sociologia. As “novas sociologias” – que trouxeram um amplo conjunto de recursos teórico-metodológico para o campo – foram desdobramentos, ou prolongamentos, das contribuições dos teóricos da Sociologia clássica.
Os anos pós-II Guerra Mundial foram marcados pela internacionalização da Sociologia norte-americana, maior popularidade da Sociologia nas universidades, inclusive com uma ampliação substantiva, sobretudo entre 1950 e 1970, de pesquisas quantitativas; muitas das quais financiadas pelos Estados e por fundações privadas, como a Ford, a Rockfeller e a Carnegie. A partir dos anos de 1950 os métodos sociológicos se consolidaram no campo científico de forma mais consistente, inclusive na pós-graduação (mestrado e doutorado).
Alguns teóricos representantes da Sociológica contemporânea:
Theodor W. Adorno (1903-1969);
Morris Ginsberg (1889-1970);
Paul Lazarsfeld (1901-1976);
Georges Friedmann (1902-1977);
Talcott Parsons (1902-1979);
Thomas H. Marshall (1911-1980);
Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982);
Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982);
Aron Raymond (1905-1983);
Gilberto Freyre (1900-1987);
Jean Stoetzel (1910-1987);
Norbert Elias (1897-1990);
James Coleman (1926-1995);
Florestan Fernandes (1920-1995);
Darcy Ribeiro (1922-1997);
Mancur Olson (1932-1998);
Pierre Bourdieu (1930-2002);
Robert Merton (1910-2003);
Octavio Ianni (1926-2004);
Ernesto Laclau (1935-2014);
Ulrich Beck (1944-2015);
Zygmunt Bauman (1927-2017);
Alain Touraine (1925-)
Noam Chomsky (1928-)
Anthony Giddens (1938-);
Jon Elster (1940-);
Jeffrey Alexander (1947-)
Bruno Latour (1947-)
Hans Joas (1948-)
Bernard Lahire (1963-)
As especializações da Sociologia
A Sociologia sofreu avanços qualitativos e quantitativos importantes a partir da II Guerra Mundial, o que favoreceu o desenvolvimento de especialidades ou subcampos da Sociologia. Nesse sentido, podemos afirmar termos atualmente “Sociologias”, no plural.
Algumas especializações da Sociologia ou subcampos:
Sociologia ambiental;
Sociologia criminal ou do crime;
Sociologia da acessibilidade;
Sociologia da administração;
Sociologia da arte;
Sociologia da Ciência;
Sociologia da cultura;
Sociologia da infância;
Sociologia da informação;
Sociologia da inovação;
Sociologia da juventude;
Sociologia da linguagem;
Sociologia da moda;
Sociologia da música;
Sociologia da religião;
Sociologia da saúde;
Sociologia da vida cotidiana;
Sociologia da violência;
Sociologia das ausências;
Sociologia das elites;
Sociologia das migrações;
Sociologia das organizações;
Sociologia das profissões;
Sociologia digital;
Sociologia do conhecimento;
Sociologia do consumo;
Sociologia do desenvolvimento;
Sociologia do esporte;
Sociologia do lazer;
Sociologia do trabalho;
Sociologia dos desastres;
Sociologia dos intelectuais;
Sociologia dos quadrinhos;
Sociologia econômica;
Sociologia histórica;
Sociologia política;
Sociologia populacional;
Sociologia pública;
Sociologia rural;
Sociologia urbana;
Importa destacar que há outras “Sociologias”, assim como não existe consenso da autonomia relativa dessas especializações, o que vem fomentando debates em torno da questão de serem de fato “Sociologias” ou apenas recortes do objeto de estudo.
Como citar este texto:
BODART, Cristiano das Neves. Sociologia contemporânea. Blog Café com Sociologia. jun. 2021. Disponível em: <https://cafecomsociologia.com/sociologia-contemporanea/>
Nota:
[1] Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do Centro de Educação e do programa de pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Vice-presidente da Associação Brasileiro de Ensino de Ciências Sociais (ABECS) e editor do Café com Sociologia.
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