Por Fabio Costa Peixoto
Desde o final do século XIX pensar a cultura como um objeto de estudo foi uma preocupação das Ciências Sociais que germinavam na Europa. Dentre elas destacamos a Antropologia, que inicialmente voltou-se aos estudos sobre sociedades dita primitivas na África e Ásia.
A Antropologia nasceu com a intenção de compreender a dinâmica de funcionamento da cultura a partir de suas práticas cotidianas e suas interrelações. Para tanto, desenvolveu uma técnica de pesquisa inovadora e característica da Antropologia: a etnografia. Essa consiste em uma técnica que envolve a permanência no local de estudo que visa compreender a lógica interna de funcionamento de uma determinada sociedade
Sociologia da Cultura
No entanto, com o desenvolvimento da sociedade moderna – que tornou-se mais complexa, em com relações sociais mais conectadas – foi necessário articular novos conhecimentos para entender a cultura e as suas relações por meio de um novo ramo da Sociologia: a Sociologia da Cultura. Esta se dedica a compreender como a cultura é construída, sua relação com as classes e grupos sociais específicos que se utilizam da cultura para moldar a sua própria identidade. Em geral, a Sociologia da Cultura volta-se para as questões que apresentam certas regularidades, embora não apenas. Cabe destacar que a Sociologia da Cultura é uma grande devedora do arcabouço teórico-metodológico da Antropologia Cultural.
Dois grandes contribuidores para a Sociologia da Cultura
No campo da Sociologia da Cultura dois importantes sociólogos – que se destacaram em estudos sobre a cultura – trouxeram grandes contribuições para o avanço desse ramo da Sociologia. São eles: Norbert Elias (1897-1990) e Pierre Bourdieu(1930-2002). Ambos contribuíram para o desenvolvimento de uma abordagem sociológica que toma a cultura como fundamental para se entender a formação do indivíduo.
Norbert Elias
Norbert Elias em sua clássica obra “O Processo Civilizador volume 1 e 2” (1994) expôs a construção do indivíduo a partir da presença de uma determinada cultura. Um exemplo deste processo foi o “refinamento” dos hábitos das elites europeias a partir do século XV, que passaram a utilizar talheres nas refeições e demais itens de higiene; aspectos que passaram a ser socialmente considerável para a distinção entre as elites e as camadas populares.
Pierre Bourdieu
Já a contribuição de Pierre Bourdieu, em sua célebre obra “A Distinção – crítica social do julgamento” (2007), está e trazer para o debate um conjunto de conceitos analíticos para os estudos culturais, tais como o habitus e o capital cultural; contribuições que nos ajudam a compreender as distinções sociais existentes na sociedade contemporânea.
Referências
BOURDIEU, Pierre. A distinção – crítica social do julgamento, São Paulo, EDUSP/Zouk, 2007
ELIAS, Norbert. O processo civilizador volumes 1 e 2, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1994.
Como citar este texto:
PEIXOTO, Fabio Costa. Sociologia da Cultura: algumas notas introdutórias. Blog Café com Sociologia. mai. 2020.