Tag: dica de filmes

  • Conheça o canal do Blog Café com Sociologia no youtube: são centenas de vídeos!

    Conheça o canal do Blog Café com Sociologia no youtube: são centenas de vídeos!

    Canal no Youtube

    Captura de Tela 2017 04 23 às 12.46.16 2

    Nós, editores do Blog Café com Sociologia buscando colaborar com os professores de Sociologia e demais interessados nesse campo do saber criamos um canal no youtube onde disponibilizamos centenas de vídeos que podem ser utilizados em aula ou na busca de compreensão de diversos conteúdos/temas.

    O Canal pode ser acessado clicando AQUI

     

    Nós, editores do  Blog Café com Sociologia buscando colaborar com os professores de Sociologia e demais interessados nesse campo do saber criamos um canal no youtube onde disponibilizamos centenas de vídeos que podem ser utilizados em aula ou na busca de compreensão de diversos conteúdos/temas.Nós, editores do  Blog Café com Sociologia buscando colaborar com os professores de Sociologia e demais interessados nesse campo do saber criamos um canal no youtube onde disponibilizamos centenas de vídeos que podem ser utilizados em aula ou na busca de compreensão de diversos conteúdos/temas.Nós, editores do  Blog Café com Sociologia buscando colaborar com os professores de Sociologia e demais interessados nesse campo do saber criamos um canal no youtube onde disponibilizamos centenas de vídeos que podem ser utilizados em aula ou na busca de compreensão de diversos conteúdos/temas.Nós, editores do  Blog Café com Sociologia buscando colaborar com os professores de Sociologia e demais interessados nesse campo do saber criamos um canal no youtube onde disponibilizamos centenas de vídeos que podem ser utilizados em aula ou na busca de compreensão de diversos conteúdos/temas.

  • Dica de FIlme: O Assalto ao Trem Pagador

    Dica de FIlme: O Assalto ao Trem Pagador

    Ficha técnica
    (O Assalto ao Trem Pagador)
    Policial, Brasil, 1962, 103 min; PB. Direção: Roberto Farias.

    Sinopse
    Baseado num caso real ocorrido no Rio de Janeiro em 1960. O bando de Tião Medonho atacou e assaltou o trem pagador da Central do Brasil, entre Japeri e Paes Leme, explodindo os trilhos com dinamite. Armados de revólveres e metralhadoras, seis assaltantes levaram 27 milhões de cruzeiros e mataram um homem. O caso só foi encerrado um ano depois, com a prisão dos culpados.

    Reflexões Sociológicas
    Baseado em fatos reais, o diretor expõe uma clara divisão hierárquica do trabalho, baseada na posição de classe e na raça – os negros favelados, liderados por Tião Medonho executaram o crime e Peru Grilo, que se diz emissário de um suposto Engenheiro, é o mentor intelectual da operação criminosa.

    A situação de pária dos favelados está pressuposta na narrativa de Roberto Faria, inclusive na ideia de que o assalto ao trem pagador só poderia ser obra de estrangeiros, pois brasileiros não seriam capazes de executar tamanha proeza. É interessante o diálogo entre Edgar e sua mulher. Diz ele: – “Pobre não pode passar de ladrão de Galinha! Roubar pouco é que dá cadeia”. E a mulher arremata: “Mas não dá morte, e tu, por ter roubado feito rico pode acabar morto.”

    Sugestões temáticas:
    – Discriminação                                      – Pobreza                                    – Relações de trabalho
    – Desigualdade                                      – Racismo                                    – Periferia

    Mais informações:
    Filme clássico do cinema brasileiro. No interior do estado do Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1960, cinco mascarados armados de metralhadoras e revólveres, liderados por Tião Medonho, assaltaram o trem pagador da estrada de ferro Central do Brasil. A maioria dos assaltantes, com exceção de Grilo Peru, Edgar e Tonho, são negros favelados do Rio de Janeiro.

    Para não despertar suspeitas da polícia, eles decidem só gastar no máximo dez por cento do produto roubado. Entretanto, começam a surgir na favela acontecimentos que tendem a prejudicar o sigilo dos assaltantes.

    Grilo Peru, mentor do assalto, jovem branco, se entrega ao luxo da zona sul e não aceita as restrições impostas por Tião Medonho. Tenta fugir do País, mas é morto pelo negro favelado.

    Finalmente, Miguel, compadre de Tião Medonho, trai a quadrilha, denunciando os favelados. A polícia fecha o cerco sobre os assaltantes, até chegar em Tião Medonho.

    Com os favelados, a polícia age com vigor, transgride direitos na busca pelo dinheiro do assalto e seus executores. Os jornalistas aparecem movidos pelo puro sensacionalismo, desprezando o drama humano e social que existe por trás da notícia do assalto ao trem pagador.  (Adaptado de Tela Crítica).

    Fonte: https://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=236#
  • Dica de Filme Sociologia: AI – Inteligência artificial

    Dica de Filme Sociologia: AI – Inteligência artificial

    Reflexões sociológicas
    Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado.

    Na distopia de A.I., o Homem tornou-­se cada vez mais dependente das Máquinas, inclusive no plano emocional.

    Ao final do filme as máquinas sobrevivem aos seres orgânicos. Depois de dois mil anos o homem é uma espécie extinta. O mundo está povoado por mecas altamente desenvolvidos, que fazem escavações para descobrir suas origens.

    Trecho do filme
    Tecnologia

    Sugestões temáticas

    – Evolução
    – Relação homem x máquina
    – Degradação ambiental
    – Sociedade
    – Tecnologia
    – Humanização x mecanização
    – Configurações familiares
    – Revolução Industrial

     

    Publicado originalmente em:
    https://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=615#

     

    Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado. Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado.

     

     

     

  • Dicas imperdíveis de filmes para aulas de Sociologia

    Dicas imperdíveis de filmes para aulas de Sociologia

    sociologiaefilme

     

    O Blog Café com Sociologia trás dicas imperdíveis de filmes (e com apoio analítico) para aulas de Sociologia.
    Trata-se de indicações de filmes e de análises dos mesmos publicadas na Revista Café com Sociologia*.

    Dica 1 – Muito Além do Cidadão Kane

    Análise sociológica do Filme:
    Ética Planetária e Complexidade num olhar sobre o documentário: “Muito Além do Cidadão Kane” (Veja aqui)
    Autor: Sydneia de Oliveira Brito

    Dica 2 – Closer – Perto demais

    Análise sociológica do Filme:
    Closer – perto demais:o amor na pós-modernidade  (veja aqui)
    Autora: Lane Reis Santos

    Dica 3 – Cidadão Boilensen

    Análise sociológica do Filme:
    A Verdade Sobre o Cidadão Boilensen (Veja aqui)
    Autor: Nildo Viana

    Dica 4 – Notícias da Antiguidade Ideológica: Marx, Eisenstein, O Capital.

    Análise sociológica do Filme:
    A saga de Marx (Veja aqui)
    Autor: Júlio Cesar Bastoni da Silva

    Dica 5 – Estamira

    Análise sociológica do Filme:
    Estamira – (quase) dez anos depois (Veja aqui)
    Autor: Igor Costa Pereira de Souza

    Dica 6 – O Cheiro do Ralo

    Análise sociológica do Filme:

     

    Coisas do homem e homem das coisas: o cheiro que vem do ralo é de Lourenço (Veja aqui)
    Autor: João Gabriel da Fonseca Mateus

     

     

  • Filmes sobre cidadania: coletânea com vários títulos nacionais

    Filmes sobre cidadania: coletânea com vários títulos nacionais

    Filmes sobre cidadania para trabalhar em aulas de Sociologia e outras disciplinas do Ensino Médio.

     

    À Margem do Lixo

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2008Sinopse: O documentário acompanha a rotina dos catadores de papel e materiais recicláveis na cidade de São Paulo. Transitando pela cidade, o filme mostra a articulação política da categoria, especialmente em torno do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), e a importância deles na preservação do meio ambiente.
    Trailer

     

    Boca no Lixo

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2007
    Sinopse: Um recorte sobre a questão do lixo na visão daqueles que trabalham diretamente com este subproduto da humanidade. Varredores de rua e coletores de lixo domiciliar abrem suas bocas para falar sobre o trabalho de limpeza urbana que executam e sobre a problemática do lixo, na qual estão diretamente inseridos.Assista!

     

     

    Corumbiara

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2009Sinopse: Leiloada durante o governo militar, a gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, é o cenário, em 1985, de um massacre de índios isolados. Apesar dos visíveis sinais da tentativa de apagar as evidências de sua existência, filmadas pelo documentarista Vincent Carelli, e das denúncias do indigenista da FUNAI Marcelo Santos, o caso é esquecido. Dez anos depois, o encontro de dois índios desconhecidos numa fazenda oferece a primeira oportunidade a Santos e Carelli de retomar o fio desta história, que registra muitas lacunas, mas revela aos poucos os inequívocos sinais da continuidade dos crimes contra os povos indígenas, num processo de selvagem apropriação da terra na Amazônia.Assista!

     

     

    Garapa

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2009Sinopse: O filme trata da questão da fome no Brasil, partindo do ponto de vista das suas vítimas, na tentativa de conscientizar a sociedade brasileira a respeito do problema.Trailer

     

    Ilha das Flores

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 1989
    Sinopse: Considerado um dos melhores documentários em curta-metragem do cinema brasileiro, o filme fala sobre a pobreza do povo brasileiro de forma única e irônica, através da Ilha das Flores, que serve como depósito de comida que a classe média não consome e banquete para os necessitados.
    Assista!

     

    Lixo Extraordinário

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2009
    Sinopse: Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano.
    Trailer
    LotadoGênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2004
    Sinopse: O problema da superlotação nas penitenciárias do Rio de Janeiro, através de depoimentos de um ex-presidiário, dois ex-diretores do DESIPE, um agente penitenciário, um jornalista policial e mulheres de presos.
    Assista!

     

    O Esquecimento

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2008
    Sinopse: Personagens comuns das ruas, escolas, bares e hospitais de Lima, Peru, evocam a miséria e a poesia que persistem lado a lado depois de séculos de negligência e má administração de um país que só costuma frequentar as manchetes mundiais em caso de catástrofes – como terremotos ou a descoberta de covas coletivas, na esteira da guerra suja entre sucessivos governos e a guerrilha do Sendero Luminoso. A diretora Heddy Honigmann procura levantar o véu que encobre uma realidade que passa do sublime ao grotesco sem escalas, expondo a luta incansável de um povo contra o esquecimento.Trailler

     

    O Retorno

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2008
    Sinopse: O documentário marca a volta à direção do veterano cineasta Rodolfo Nanni, que retoma o tema de um filme anterior (O Drama das Secas – 1958), feito há 50 anos, seguindo o mesmo itinerário, no agreste e sertão nordestinos, entre os Estados de Pernambuco e Alagoas. O diretor centra seu foco na situação dos pequenos lavradores nordestinos e encontra um Brasil modificado pela introdução do Bolsa Família – programa assistencial que é mencionado em diversos depoimentos ao longo do filme.
    Trailer

     

    Quanto vale ou é por quilo?

    Gênero: Drama
    Ano de Lançamento: 2005
    Sinopse: Adaptação livre do diretor Sérgio Bianchi para o conto “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis, Quanto Vale ou É Por Quilo? desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro. Com humor afinado e um elenco poucas vezes reunido pelo cinema nacional, Quanto Vale ou É Por Quilo? mostra que o tempo passa e nada muda. O Brasil é um país em permanente crise de valores.Trailer
    Quem se importa

     

    Gênero: Documentário

    Ano de Lançamento: 2012
    Sinopse: É um documentário longa metragem sobre empreendedores sociais no Brasil e ao redor do mundo. Pessoas brilhantes, que criaram, cada qual, uma organização inovadora capaz de não só mudar a sociedade ao seu redor, mas também causar impacto social suficiente para que estas ideias possam virar políticas públicas aplicadas em várias partes do mundo. Um filme que, através de cada um de seus personagens, vasculha o mundo atrás de pessoas magníficas que oferecem simples soluções para as mais graves questões que nos afetam profundamente.
    O filme conta com grandes nomes internacionais do Empreendedorismo Social como Muhammad Yunus (Nobel Paz 2006), Bill Drayton, Mary Gordon, entre outros.
    Trailer
    Rio de Janeiro Cooperativo

     

    Gênero: Documentário

    Ano de Lançamento: 2008

    Sinopse: O Rio de Janeiro é uma cidade de contrastes, riqueza e pobreza convivendo lado a lado e em conflito. Exemplo ideal da região latino americana. A cidade cresce e se moderniza na medida em que exclui e aumenta a segregação sócio-espacial. Mas é justamente dessas áreas marginalizadas que novas e interessantes propostas estão surgindo. O documentário relata sobre o desenvolvimento das cooperativas de reciclagem. Organizações voluntárias de catadores, que a partir dos resíduos da sociedade de consumo, começam a desenvolver alternativas de renda e de participação democrática.Assista!

    Tudo é Relativo

    Gênero: Documentário
    Ano de Lançamento: 2008Sinopse: A proposta da dinamarquesa Mikala Krogh é encontrar no documentário sua diferença e seu limite. O projeto da diretora é capturar a diversidade humana na perspectiva dos sentimentos considerados mais comuns, como amor, raiva, felicidade e devoção. Se, de um lado, tais emoções nos caracterizam como humanos, isso não impede que haja múltiplas formas de expressão dos afetos e dos sentimentos de acordo com diferenças étnicas e culturais. Ou seja, o que vemos em suas imagens é o perspectivismo que saberes como a antropologia foram pioneiros em demonstrar.

     

    Originalmente em moradiaecidadania.org

  • Dica de Filme: A dívida pública brasileira – soberania na corda bamba

    Dica de Filme: A dívida pública brasileira – soberania na corda bamba

    Orcamento 2014
    Orçamento executado em 2014
    A Dívida pública é um dos maiores problemas do país. É comum em telejornais ouvirmos termos de economia os quais confundem nosso entendimento “superávit primário”, “amortização de dívida” etc. Muitas vezes a economia parece está distante da nossa realidade por conta do vocabulário demasiadamente técnico.

    O documentário “A dívida pública brasileira” discute revela uma das facetas da crise econômica no país e mostra como se configura o chamado sistema da dívida pública. Vale a pena conferir e discutir o tema.

    Fonte: https://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-do-orcamento-de-2012/

  • Fonte das mulheres: Resenha crítica do filme sobre democracia e poder*

    Fonte das mulheres: Resenha crítica do filme sobre democracia e poder*

    A fonte das mulheres: Por que a luta de Leila configura a luta pela democracia?
    Por Francielly de Paula Guimarães de Lima**

     

    Não era só por água encanada.
    Por que a luta de Leila configura a luta pela democracia?

    Sobre o filme Fonte das mulheres:
    Dirigido por Radu Mihaileanu (diretor de filmes como “Trem da vida”, “Um Herói do Nosso Tempo”, “O concerto”, entre outros), com roteiro de Alain-Michel Blanc e do próprio diretor; “A fonte das mulheres”, que foi lançado em 2011, na França, sendo um filme produzido por Luc Besson, Denis Carot e Gaetan David, distribuído pela Paris Filmes. Sua classificação indicativa não é recomendável para menores de 14 anos.

     

    Análise:
    Fonte das mulheres

    Este filme pode ser analisado a partir de três perspectivas: a das mulheres; a dos homens e; a do Estado juntamente com a religião. Todavia, é necessário tentar entender o contexto social do cenário do filme.

    Em uma aldeia norte-africana, que sofre com a seca, sem água encanada, energia elétrica e de condições econômicas precárias – ela era sustentada, principalmente, por doações dos turistas –; enquanto uma mulher dá à luz a um filho homem (recebido com festa), outra, nas montanhas, perde o bebê que gerava ao cair quando se esforçava para trazer água da fonte e abastecer sua casa.

    A questão feminina já aparece, desde o início do longa-metragem, enraizada numa cultura machista, com bases em tradições antigas e fundamentadas em argumentos religiosos que ajudam a manter uma espécie de hierarquia social, onde os papeis femininos e masculinos são especificados e distintos entre si. E é esse contexto que torna evidente os principais papeis da mulher naquela sociedade: procriar e cuidar do lar.

    Era tradição, naquela aldeia, que as mulheres buscassem água na fonte porque elas eram as responsáveis por cuidar do lar. Em contraste com essa situação, também pelo que conta a tradição, o esforço dos homens se dava na procura de um trabalho que pudesse trazer renda para a família. Numa situação mais extrema, que possa ser comparada ao esforço físico desempenhado pelas mulheres, os homens iam para as guerras a fim de proteger sua comunidade, oferecendo sua própria vida se fosse necessário. Se olhada por essa perspectiva, a tradição oferecia uma condição perigosa a ambos os gêneros.

    Entretanto, com o passar dos anos, se muita coisa na vida das aldeias daquela região havia mudado, a tradição permanecia a mesma. Pelo menos, no que se refere à condição da mulher. Era real que não havia mais guerras, e assim, os homens não precisavam mais sacrificar suas vidas pela segurança de suas famílias e de sua comunidade. Alguns deles ainda continuavam indo para a cidade em busca de dinheiro – afinal, todos precisavam comer, e as crianças (pelo menos os meninos) precisavam estudar; outros, porém, nada faziam além de passarem o dia no bar bebendo chá e jogando cartas. No caso das mulheres, que desde antigamente, geravam bebês e carregavam água, nada mudou. Quer dizer, nada até Leila (personagem interpretada por Leïla Bekhti) aparecer.

    Ela não havia nascido naquela aldeia, mas havia se casado com Sami, personagem interpretado por Saleh Bakri, e consequentemente passou a fazer parte daquela comunidade. Foi ela, com o apoio do marido e de outra personagem conhecida como “Velho Fuzil” (interpretada por Argelina Biyouna) quem começou os questionamentos sobre a tradição, sobre o papel da mulher e sobre sua imagem frente aos homens e à religião – desencadeando indiretamente, um papel importante perante o Estado.

    Revoltada com mais uma mulher que perdeu o filho que esperava, a personagem afirmou que eram os homens quem deveriam buscar água porque eram mais fortes e não sofreriam tanto com esse esforço quanto as mulheres. Leila destaca, e Velho Fuzil reafirma, que outras mulheres já perderam seus bebês antes, e se os homens se recusassem a ajuda-las, todas deveriam fazer uma “greve de amor” até que eles decidissem ceder. Sua ideia, no entanto, não é bem recebida pelas outras mulheres da comunidade, e elas se recusam a fazer parte da resistência idealizada pela esposa de Sami.

    Só a título de informação, é importante destacar que quando uma mesma mulher perdia com frequência o filho que estava gerando, ela era considerada por seu marido, e pela família dele, uma mulher estéril, uma mulher de ventre seco, e, ou era repudiada ou era obrigada a ver seu marido casando-se com outra. Também a título de informação, a educação básica era prioridade para os homens. Sami era professor na aldeia e, particularmente, lutava para que tanto as meninas quanto os meninos, tivessem acesso a ela. Naquela sociedade, não era necessário que uma mulher soubesse ler e escrever. As meninas eram mais úteis ao lado de suas mães, aprendendo a cuidar do lar. Se uma menina frequentasse a escola, poderia, no futuro, desejar continuar com os estudos na cidade e, dessa maneira, quem desempenharia os serviços da casa? – essa questão ajudava a fortalecer a hierarquia social daquela aldeia.

    Quando a “greve de amor” definitivamente começou, Leita contava apenas, ou principalmente, com o apoio de seu marido e de Velho Fuzil. Ao decorrer do filme, esse quadro mudou, mas não o suficiente para fazer do movimento tão grande e tão visível quanto deveria ser.

    Os homens da aldeia enxergavam a greve das mulheres como uma afronta à sua autoridade masculina e às leis de Alá. Muitas mulheres sofreram violências físicas ao aderirem ao movimento. Quando se negavam a “cumprir seu papel de mulher”, apanhavam e eram estupradas pelos próprios maridos. Mas ainda assim, resistiram, fazendo os homens recorrerem ao Imame[1] da aldeia, pedindo-lhe que convencesse as mulheres de que Alá desaprovava seus desejos de superar a tradição.

    Este, até o tentou fazer, mas Leila, diferentemente da maioria das mulheres, sabia ler, sabia escrever (foi Sami quem a ensinou), e pensava por conta própria. Quando Imame tentou legitimar as agressões dos maridos – dizendo que Alá sabia o que pedia aos homens, que o castigo não devia ser violento, mas de caráter educativo e afetivo – baseando-se nas escrituras do Alcorão, foi baseada no mesmo livro que a personagem de Bekhti (que a interpretou brilhantemente, diga-se de passagem) mostrou que na verdade, era de igualdade e de uma convivência fundada na paz que as leis de Deus falavam. Sendo assim, tudo que se mostrasse diferente disso era uma interpretação, um “desvio da escritura por interesses pessoais”.

    Não era só por água encanada! Tampouco para elevar às mulheres ao “lugar dos homens” que Leila lutou. A personagem desejava respeito e amor. Desejava que entre elas e os homens, existisse uma convivência baseada na paz, na igualdade. Ela queria que todos se ajudassem. Por que, então, a luta de Leila configura a luta pela democracia?

    Em “A democracia pode ser qualquer coisa?”, de Giovanni Sartori, a democracia aparece como uma teoria cujo significado é vasto. Contudo, de uma maneira mais simplificada, o autor a define como um governo onde o poder está nas mãos do povo. De uma maneira mais aprofundada, Sartori explica que quando se fala em democracia, não se fala apenas em seu significado semântico, mas também no que ela representa.

    É justamente a vastidão de seu significado um dos maiores problemas da democracia. À medida que todos se declaram democráticos, ela pode parecer significar qualquer coisa. Mas não é bem assim! “Uma democracia só existe à medida que seus ideais e valores dão-lhe existência” (SARTORI, 1994).

    Anteriormente, afirmei que o filme poderia ser analisado a partir de três perspectivas: mulher, homem, estado-religião. Descrevi a situação dos papeis femininos e masculinos baseados em tradições religiosas que configuravam uma espécie de hierarquia social. Se essa tradição legitimava a permanência das mulheres na busca da água, quando os homens há muito haviam participado de guerras, quando o Estado começa a fazer parte dessa discussão?

    Em prol da implantação da água encanada nas aldeias, os homens do filme haviam enviado uma licitação ao Estado pedindo que certa atenção fosse dada ao assunto. Até então, nada foi feito. E estes não voltaram a solicitar melhorias. Quando as mulheres se mobilizaram e exigiram que os homens buscassem a água, ameaçando não cumprir o “seus papeis obrigatórios”, a “afronta à autoridade masculina” desempenhada pelas mulheres, parecia mais importante e muito mais grave do que a omissão do Estado nas tarefas que, realmente, lhe eram obrigatórias.

    Em uma cena do filme Fonte das mulheres, o personagem que representa o Estado, afirma que existiam outras prioridades, e cita a energia elétrica como exemplo; ele afirmava que esta já o custava bastante. Fazendo uso da tradição para camuflar sua ineficiência, o personagem-Estado alegava que quanto mais demorada a chegada da modernização na aldeia, melhor seria para os homens. Afinal, se as mulheres mantinham-se ocupadas carregando a água, menos tempo teriam disponível para ficarem ao telefone, ou não pensariam em desejar máquinas de lavar (ou seja, menos despesas).

    Quando as mulheres conseguiram a ajuda de um jornalista que estava na cidade, fazendo com que sua causa tivesse um alcance maior do que dentro da própria aldeia, foi que o Estado tomou uma decisão. E não por compreender que era seu papel assistir aquela comunidade, mas temendo que as mulheres de toda região se unissem em solidariedade àquela aldeia e juntas, exigissem muito mais do que água encanada.

    Se assim como aparece no texto de Giovanni Sartori, a democracia é um governo cujo poder está na mão do povo, a mobilização liderada por Leila configurou uma luta por democracia. Independentemente do motivo real que levou o Estado a implantar um sistema de tubulação na aldeia, começou com aquela mobilização. É claro que essa configuração teria muito mais peso, muito mais significado, se tivesse tomado proporções maiores na região. Mas o importante é que Leila lutou pelo bem de seu gênero (o que também beneficiou ao gênero oposto). De uma maneira geral, Leila lutou pela sua comunidade, logo, foi democrática.

    O vasto significado atribuído à democracia pode desestabilizar sua eficiência, mas olhando com um pouco mais de atenção para “A fonte das mulheres”, podemos claramente enxergar que o que realmente desestabiliza uma democracia é a segregação de seu povo.

    Enquanto os homens se julgavam superiores às mulheres, e a tradição cultural mantinha a hierarquia social configurada na distribuição dos papeis de gênero de maneira que afirmasse a posição masculina de superior, não houve melhoria. Mesmo que seja obvio que o motivo maior do Estado foi o medo da epidemia de conscientização entre as mulheres.

    Para os homens, enquanto seu lugar de superior dentro da sociedade era assegurado, pouco importou se a aldeia tinha um sistema de tubulação – não era porque as mulheres viam torneiras na TV, que a aldeia precisava delas. Eles haviam enviado uma licitação há dois anos, mas não foi atendida, o que podiam fazer? Foi preciso que uma mulher, capaz de desconstruir um paradigma social, se valendo de seu conhecimento, e podendo se basear na mesma fonte que os homens usavam para aprisionar seu gênero, trouxesse a mudança.

    Então, pode-se afirmar que o conhecimento também legitima a democracia. Se dentro de uma sociedade onde os papeis sociais são hierarquizados em dominadores e dominados, onde o só o dominador tem acesso ao conhecimento que alimente seus ideais e seus interesses pessoais, o conhecimento ampliado (no sentido de também pertencer aos dominados) é o caminho para a democracia, uma vez que ela “resulta de interações entre seus ideais e sua realidade e é modelada por elas: pelo impulso de um deve ser e pela resistência de um é.” (SARTORI, 1994).

    Recomendo este filme não só por seu conteúdo social-político próprio para discussões social-políticas. Recomento este filme porque sua produção é de uma delicadeza incontestável, repleto de interpretações maravilhosas, fiel a uma realidade e, principalmente, despretensioso politicamente, pelo menos de uma maneira direta.

     

    [1] Sacerdote mulçumano considerado o guardião da ordem, do respeito às leis de Alá e do Alcorão. Referências bibliográficas:

     

    SARTORI, Giovanni. A Democracia pode ser qualquer coisa? In SARTORI, G. A Teoria da Democracia revisitada. São Paulo: Editora Ática, 1994.

    FONTE das mulheres, A. Direção: Radu Mihaileanu. Produção: Luc Besson, Denis Carot e Gaetan David. 2h10min. Paris Filmes, 2011.

    • Resenha apresentado na disciplina de Ciência Política III, ministrada pelo professor Júlio Cezar Gaudêncio da Silva, da Universidade Federal de Alagoas, Instituto de Ciências Sociais (ICS).
    ** Graduanda em Ciências Sociais pela UFAL.

    Segue o filme Fonte das mulheres completo dublado:

  • Lições de Nuremberg

    Lições de Nuremberg

    Tratado de  Nuremberg e os vencedores

    10346320 791271124314514 3601377208905402689 n1
    Por Roniel Sampaio Silva

     

    Quando os aliados invadiram a Alemanha nazista eles viram de perto os mais absurdos horrores da guerra, eles viram pessoas mortas sem direito a defesa, sem julgamento, execuções sumárias e a completa negação do estado de direito, negação inclusive da humanidade das pessoas. Eles viram alguns de seus companheiros de batalha e civis sendo torturados e mortos pela barbárie dos nazistas e isso os fizeram sentir um extremo ódio aos nazistas em muitos momentos, ódio que estava se transformando em revanchismo.
    Na medida em chegaram aos altos escalões das pessoas que comandavam tais ações, eles pensaram em fazer a mesma coisa com os algozes: matar, torturar, executar sem nenhuma chance de defesa, afinal, estavam numa guerra, poderiam assassiná-los ou torturá-los a qualquer momento… fazer as mesmas coisas que faziam contra eles. Durante alguns momentos, pararam e pensaram quem eles eram e porquê estavam ali. Chegaram a conclusão que a obstinação em torno do inimigo era tamanha que eles poderiam  estar fazendo as mesmas insanidades que eles tanto combatiam. Assim, num momento de lucidez alguns dos aliados se negaram usar os mesmos artifícios que usaram contra eles. Eles negaram a barbárie e se portaram como civilização.
    Desta forma naquele momento decidiram fazer um julgamento com investigação, ampla defesa e contraditório. Naquele momento os aliados sua superioridade aos nazistas e montaram um julgamento  20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946), na cidade alemã de Nuremberg.
    1724704 519727011477854 177114779 n1
    Malvados – Andre Dahmer

    Ainda sobre esse assunto, o filme Apocalypse Now (1979) de Copolla traz a trama em torno de um soldado americano Benjamin L. Willard  que vai a guerra do Vietnã lutar pelos ideais de seu país. Ao protagonista do filme é atribuída a missão de resgatar o coronel Kurtz. Ao encontrá-lo Benjamim percebe que o coronel ficou tão obstinado em combater o inimigo que se torna o mais terrível dos inimigos que ele já combateu, personificando a própria  barbárie que os EUA dizem combater.

    Moral da história: O fato dos inimigos usarem-se de artifícios que neguem os direitos, nossa humanidade, a defesa  e a dignidade da pessoa humana e faça das pessoas tão somente instrumento do seu próprio sadismo não significa dizer que devemos fazer o mesmo. Caso assim o fazemos, estaremos endossando a barbárie que dizemos combater e a nossa única diferença entre eles será a trincheira que ora lutamos.
    É sempre oportuno a pergunta: quem somos, civilização ou barbárie?
  • Entrevista com Pierre Bourdieu: Entrevista rara concedida a UFRJ

    Entrevista com Pierre Bourdieu: Entrevista rara concedida a UFRJ

    pierre bourdieu1

    Pouco antes do seu falecimento, Pierre Bourdieu foi procurado pela professora da UFRJ Gisèle Sapiro que na ocasião estava na França. Como resultado desse encontro, foram gravadas entrevistas  as quais foram registradas em um projeto audiovisual intitulado “Encontros com Pierre Bourdieu”.

     

     

     

     

     

     

     

    A lista de reprodução pode ser acessada: https://www.youtube.com/playlist?list=PLLWBWm_Z9co5YZsgmS_VnXCPIHIcLSs_h
    Assine nosso canal do youtube:

     

  • “Tempos Modernos” – Roteiro para discutir o filme a partir da sociologia

    “Tempos Modernos” – Roteiro para discutir o filme a partir da sociologia

    Por Cristiano das Neves Bodart

     

    tempos modernos

    Roteiro para análise do filme “Tempos Modernos”

    1) Contextualização. Qual o contexto
    social e econômico relatado no filme? Quais aspectos significativos mudaram e quais permanecem na estrutura econômica e social?
    2) Crise econômica. O filme mostra a vida urbana dos Estados
    Unidos após a grande depressão econômica de 1929. Quais as consequências
    sociais provocada por tal crise?
    3) Impactos da
    Revolução Industrial. Quais impactos provocados pela Revolução Industrial são possíveis de serem observados no filme?
    4) A Tecnologia. Quais questões aparecem na cena da máquina de refeições?
    5) Movimentos sociais. Por que houve uma prisão injusta de
    Chaplin por estar apenas segurando a bandeira do manifesto? Como estes
    movimentos sociais são vistos pela sociedade contemporânea?
    6) Situação social. Por que Chaplin insiste em voltar para
    cadeia?
    7) Prosperidade. Depois que encontra a jovem órfã, a vida do
    personagem ganha novo sentido. Qual a ideia de prosperidade que ele manifesta?
    8) Diferenças sociais. O emprego de Chaplin na loja de
    departamentos mostra claramente as diferenças sociais. Como isso é mostrado e
    que outras situações do filme também são abordas a mesma temática?
    9) Consumismo. De que forma o consumismo aparece no filme?
    10) Organização do tralho. Quem decide como o trabalho deve
    ser organizado?
    11) Condições de trabalho. Como é retratado pelo filme as
    condições de trabalho na fábrica?
    12) Quais as condições de trabalho retratadas no filme?
    O filme Tempos Modernos completo pode ser acessado em: AQUI

    Sinopse do filme

    Os operários da linha de montagem testaram a “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, mas enlouqueceram por causa da “monotonia louca” do trabalho. Depois de morar em uma casa de repouso por um longo tempo, ele saiu da crise estressante, mas não tem emprego. Ele deixou o hospital para começar uma nova vida, mas enfrentou uma crise generalizada e foi preso por engano como um instigador comunista, que liderou uma manifestação contra os trabalhadores. Ao mesmo tempo, uma jovem rouba comida para salvar as irmãs famintas que ainda são lindas. Eles não têm mãe e o pai não tem emprego, mas o pior ainda está para vir porque ele foi morto no conflito. A lei cuidará do órfão, mas quando a criança é levada, a jovem consegue escapar.