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  • O que é modernidade?

    O que é modernidade?

    Qual o Conceito de modernidade?

    O que é Modernidade?[1]

    Por Ana Lucia Martins

    o que é modernidade
    Ana Lucia Martins é socióloga, professora Associada do Departamento de História da UFRRJ/IM.

    Quando falamos em Modernidade nos referimos a uma forma de organização social que surgiu a partir do século XVIII no Ocidente cuja influência teve alcance mundial (GIDDENS, 1991). O conceito de Modernidade está associado a transformações nas instituições políticas, econômicas e na vida cotidiana derivadas de revoluções políticas e econômicas, como por exemplo a Revolução Francesa e a Revolução Industrial Inglesa que marcou o desenvolvimento do capitalismo (MARTINS, 2021). O capitalismo criou um novo modo de vida que produziu mudanças profundas no trabalho, nas cidades, na vida rural, na relação sociedade e natureza, no consumo de mercadorias, nas subjetividades humanas e distinguiu a vida social moderna da vida social de outras culturas consideradas tradicionais, antigas.

    Qual o conceito de Modernidade? A realidade da vida moderna mudou a visão de progresso permanente que dominou no século XIX o conceito de modernidade. A razão, a tecnologia, a ciência, o Estado eficiente e um capitalismo produtivo deram lugar a críticas e desencantos interpretadas por sociólogos clássicos. Karl Marx faz um diagnóstico do capitalismo moderno como uma engrenagem que transforma a maioria das pessoas em peças dependentes e exploradas do mecanismo econômico. Durkheim remete à ausência de regras, normas e valores culturais o que produz instabilidade e falta de integração social. Max Weber associa a racionalização que caracteriza as organizações burocráticas da vida moderna como uma forma de controle que aprisiona os indivíduos. Simmel fala da intensificação dos estímulos nervosos que o indivíduo da modernidade experimenta com a multiplicidade da vida econômica, ocupacional, social e do aumento da intelectualidade para se inserir na vida moderna.

    Qual o conceito de modernidade? As experiências e as consequências positivas e negativas da modernidade ao final do século XX geram visões teóricas distintas. Uma mais otimista, que entende que a modernidade vai evoluir em direção a formas mais maduras e aperfeiçoadas, tecnológicas (high tech), com aquisição de conhecimento e educação permanente através de formas diversas, e outras críticas, baseadas na destruição ecológica, como os impactos das mudanças climáticas, os riscos financeiros, o ritmo das cidades, os conflitos, as desigualdades sociais cada vez mais extremas.

    Se olharmos para nossa vida cotidiana percebemos mudanças constantes, efeitos do alcance da modernidade. Por exemplo, o uso das tecnologias que permite novos tipos de vínculos sociais e sociabilidades quando os smartphones e as redes sociais criadas pela internet se disseminam como meios e formas de comunicação, principalmente entre a juventude; modos de consumir por meio de compras de forma on-line; transformações no trabalho com o surgimento do home office; o fenômeno da globalização; a exclusão do acesso às tecnologias digitais. Essas mudanças estariam transformando o mundo contemporâneo para um novo e perturbador universo de experiências (SZTOMPKA, 1998) e novas conceituações são apresentadas: “alta modernidade”, “pós-modernidade”, “modernidade líquida”, “hipermodernidade” que definiriam uma descontinuidade nas características da modernidade ou uma nova forma de organização social.

    Conceito de modernidade: O impacto da Modernidade na construção das identidades sociais

    Ao compreendermos a Modernidade como uma ruptura histórica com estruturas tradicionais, é essencial observar como essa transformação moldou as identidades sociais contemporâneas. As instituições modernas — como o Estado-nação, a escola, o mercado de trabalho assalariado e a família nuclear — tornaram-se pilares da constituição do sujeito moderno. A individualidade, antes diluída nas relações comunitárias tradicionais, passou a ser valorizada como um atributo fundamental da cidadania e da vida social moderna. Esse processo, descrito por Giddens (1991), é marcado pela reflexividade: os indivíduos precisam constantemente reconstruir suas biografias pessoais diante das mudanças nas estruturas sociais.

    As transformações na economia e no mundo do trabalho intensificaram ainda mais a redefinição dos papéis sociais. Com o avanço do capitalismo industrial e, posteriormente, do capitalismo global e digital, novas profissões, formas de produção e relações de trabalho emergiram, substituindo gradativamente o modelo artesanal e agrícola. A urbanização acelerada, por sua vez, tornou as cidades o epicentro das inovações sociais e culturais, mas também o espaço das desigualdades, exclusões e conflitos, como enfatiza Sennett (2006), ao abordar o impacto da vida urbana na coesão social e nas formas de pertencimento.

    Nesse cenário, a identidade deixa de ser um dado fixo e passa a ser algo constantemente negociado. A multiplicidade de referências culturais disponíveis por meio da mídia, da internet e da globalização contribui para a fragmentação e a pluralização das identidades. A escola, por exemplo, deixa de ser apenas um espaço de transmissão de conhecimento para se tornar também um lugar de disputa simbólica e de construção de subjetividades. Nesse contexto, Bauman (2001) chama atenção para a fluidez das relações sociais e a incerteza que marca os tempos modernos, caracterizando-os como uma “modernidade líquida”, em que vínculos, normas e certezas se dissolvem com rapidez.

    Portanto, refletir sobre a Modernidade é também refletir sobre os desafios de viver em uma sociedade em constante transformação, onde os sujeitos devem se reinventar para responder às novas exigências do mundo contemporâneo. Os conceitos de “alta modernidade”, “pós-modernidade” ou “hipermodernidade” surgem, justamente, como tentativas teóricas de dar conta dessa complexidade crescente, em que as estruturas do passado já não oferecem as respostas necessárias, e o futuro se apresenta incerto e ambíguo.

    Referências Bibliográficas

    BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

    GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade, 2º ed. São Paulo: Editora da Universidade Estadual paulista (Unesp), 1991.

    MARTINS, Ana Lucia. O que é Modernidade? In: BODART, Cristiano das Neves. (Org.). Conceitos e Categorias Fundamentais do ensino de Sociologia, vol. 2. Maceió: Editora Café com Sociologia. pp. 59-64.

    SENNETT, Richard. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

    SZTOMPKA, Piotr. Modernidade e Além da Modernidade. In: A Sociologia da Mudança Social. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1998. P.131-150.

    Nota:

    [1] Texto derivado de “O que é modernidade?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2” (2021).

     

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    Como citar este texto:

    MARTINS, Ana Lucia. O que é Modernidade? Blog Café com Sociologia. mai. 2021. Disponível em: <https://cafecomsociologia.com/conceito-modernidade_texto_ensino_medio>. 

     

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  • O que é Capitalismo?

    O que é Capitalismo?

    O que é Capitalismo?[1]

    Walace Ferreira[2]

    Alberto Alvadia Filho[3]

    Walace Ferreira
    Walace Ferreira

    Para compreender o capitalismo como um sistema socioeconômico hegemônico na contemporaneidade é preciso contextualizá-lo à luz de eventos históricos que contribuíram para o seu surgimento: as Grandes Navegações, que possibilitaram a conquista comercial e militar de novos territórios; o Mercantilismo, com extração de metais preciosos e fomento de um novo mercado consumidor nas colônias; a Revolução Francesa, marco simbólico da queda política do Antigo Regime, que libertou o trabalho das relações de compromisso, desvinculando-o da terra e do poderio da nobreza; e a Revolução Industrial, que tornou possível um aumento inédito da capacidade produtiva por meio da maquinofatura.

    Típico de sociedades urbanas e industriais, o capitalismo consiste em um sistema de relações produtivas baseado na propriedade privada dos meios de produção e na acumulação de riquezas, obtida a partir do lucro aplicado na exploração do trabalho humano. No capitalismo, a propriedade privada é usada com o objetivo de acumulação de recursos para reinvestimento e produção de mais lucro. Dessa dinâmica participavam, originalmente, duas classes sociais justapostas e com interesses antagônicos: burgueses (proprietários dos meios de produção) e proletários (grupo social que vende sua força de trabalho por um determinado tempo em troca de um salário), o que vai expressar uma relação conflituosa que Marx (2007) chama de “luta de classes”. Nessa relação, a ampliação dos interesses de uma classe representa a redução ou a supressão dos interesses dos correspondentes da outra classe.

    Para a produção de mercadorias, os proprietários pagam aos trabalhadores apenas uma parcela do que este gera em termos de valor com o seu serviço, caracterizando uma relação de exploração da força de trabalho denominada de “mais-valia” – que representa a parcela de trabalho que não é remunerada pelo patrão. Da relação contraditória entre o que foi produzido e a apropriação do resultado dessa produção surge a desigualdade de acesso à riqueza gerada pelo trabalho (CATANI, 2017).

    Alberto Alvadia Filho
    Alberto Alvadia Filho

    Visando a sustentação do seu modo de funcionamento, o capitalismo opera com táticas de velamento das suas contradições, tendo em vista a garantia da naturalização de si como expressão máxima da racionalidade humana. Nesse sentido, lança mão de um conjunto ideológico de valores para produzir uma condição permanente de alienação do conjunto da classe trabalhadora, convertendo progressivamente todas as relações sociais à sua lógica de funcionamento.

    Por seu caráter de transformação permanente dos processos produtivos, de consumo e das relações de trabalho, expressos no conflito entre capital e trabalho, o capitalismo experimentou nas últimas décadas, graças à globalização e ao desenvolvimento tecnológico, um avanço de ações de tendência neoliberal. Em decorrência desse padrão, o capitalismo tem imposto tanto a criação de novas formas de produção como a corrida pela flexibilização do trabalho, que têm se traduzido em termos como “precarização” e, mais recentemente, “uberização” do trabalho.

     

    Referências Bibliográficas

    BRYM, Robert et al. Sociologia: Sua bússola para um novo mundo. 1. ed. São Paulo: Editora Cengage Learning, 2009.

    CATANI, Afrânio Mendes. O que é Capitalismo. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Editora Brasiliense, 2017.

    FERREIRA, Walace; FILHO, Alberto Alvadia. O que é Capitalismo? In: BODART, Cristiano das Neves (Org.). Conceitos e categorias fundamentais do ensino de Sociologia. vol.1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp.41-46.

    MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Editora Boitempo, 2007.

    Notas

    [1] Texto derivado de “O que é capitalismo?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia” (2021).

    [2] Doutor pelo IESP/UERJ e Professor de Sociologia do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ).

    [3] Doutorando em Ciências Sociais no PPCIS/UERJ e Professor de Sociologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), campus São João de Meriti.

     

    Versão PDF AQUI

    Como citar este texto:

    FERREIRA, Walace; FILHO, Alberto Alvadia. O que é Capitalismo? Blog Café com Sociologia. abr. 2021. Disponível em: < https://cafecomsociologia.com/o-que-e-capitalismo/ ‎>

     

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  • O que é globalização? Conceito e atividades

    O que é globalização? Conceito e atividades

    O’que é globalização? A globalização é um fenômeno complexo e multifacetado que vem se intensificando nas últimas décadas, influenciando a economia, a cultura e a política de todo o mundo. Ela se caracteriza pela intensificação das relações entre países e a crescente interdependência entre as nações, permitindo uma maior circulação de bens, serviços, informações e pessoas. Neste texto, discutiremos a concepção de globalização sob a ótica de Milton Santos, Anthony Giddens e David Harvey, três importantes autores que contribuíram para a compreensão desse fenômeno.

    Milton Santos e a crítica à globalização

    Milton Santos é um importante geógrafo brasileiro que se destacou por sua crítica à globalização. Para ele, a globalização é um processo que promove a integração do mundo, mas que, ao mesmo tempo, aumenta as desigualdades e acentua as diferenças entre os países e as regiões. Segundo Santos, a globalização é um processo histórico que se inicia com a expansão marítima dos europeus no século XV, mas que se intensifica a partir da década de 1970, com o avanço das tecnologias da informação e comunicação.

    Para Santos (2005), a globalização é um processo que produz uma homogeneização cultural, econômica e política, gerando um modelo único de sociedade. Nesse sentido, ele afirma que a globalização produz a uniformização do espaço, criando uma paisagem homogênea de produtos, hábitos e valores. Segundo ele, essa uniformização cria uma sensação de familiaridade em relação a espaços distantes, mas ao mesmo tempo, anula as diferenças culturais e regionais, gerando uma sensação de lugar nenhum.

    Anthony Giddens e a teoria da modernidade

    Anthony Giddens é um sociólogo britânico que tem como um de seus principais temas de pesquisa a modernidade e suas implicações para a sociedade contemporânea. Para Giddens, a globalização é um processo intrinsecamente relacionado com a modernidade, que se caracteriza pela emergência da racionalização e da tecnologia. Segundo ele, a globalização é um processo que intensifica a modernidade, gerando novas formas de interdependência e de intercâmbio cultural, econômico e político.

    Giddens (1991) afirma que a globalização pode ser vista como um processo de desenraizamento, no qual as pessoas são deslocadas de seus contextos culturais e sociais de origem e submetidas a uma experiência de descontinuidade e fragmentação. Para ele, a globalização cria uma tensão entre o global e o local, gerando um processo de hibridização cultural que, por um lado, pode levar a uma maior abertura e diversidade cultural, mas que, por outro, pode gerar conflitos e tensões entre as diferentes culturas.

    David Harvey e a geografia crítica

    David Harvey é um geógrafo britânico que se destacou por sua contribuição para a geografia crítica, uma abordagem que busca entender a relação entre a sociedade e o espaço geográfico. Para Harvey (1999), a globalização é um processo que se caracteriza pela intensificação do capitalismo e pelo avanço das relações de mercado em todo o mundo. Ele afirma que a globalização é um processo que produz uma nova divisão internacional do trabalho, na qual os países periféricos são subordinados aos países centrais, que controlam a produção e a distribuição de bens e serviços.

    Segundo Harvey, a globalização é um processo que produz uma concentração de poder e riqueza nas mãos de uma elite global, que utiliza as tecnologias da informação e comunicação para aumentar sua capacidade de controle sobre a economia mundial. Ele afirma que a globalização não é um processo natural, mas sim uma construção social, que reflete as escolhas políticas e econômicas de determinados grupos de poder.

    Sugestão de atividade

    Para auxiliar na compreensão do tema da globalização pelos estudantes do ensino médio, sugere-se a realização de uma pesquisa sobre a influência da globalização na cultura e na economia local. Os estudantes podem selecionar uma empresa ou produto que seja fabricado em sua região e investigar como a globalização afetou sua produção, distribuição e consumo. Eles podem entrevistar comerciantes, consumidores e trabalhadores envolvidos na produção do produto, a fim de entender como as mudanças econômicas e culturais geradas pela globalização afetaram a vida das pessoas em sua região.

    o’que é globalização

    Referências

    GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.

    HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1999.

    SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2005.

    o’que é globalização

  • Globalização: para além da mera ideia de um mundo interligado, de trocas e intercâmbios culturais

    Globalização: para além da mera ideia de um mundo interligado, de trocas e intercâmbios culturais

    Globalização: para além da mera ideia de um mundo interligado, de trocas e intercâmbios culturais

    Por Cristiano das Neves Bodart
    Versão em PDF AQUI
    Cristiano das Neves Bodart
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    A globalização é um fenômeno que marca nosso tempo. Isso é indiscutível. Discutível é o termo usado para designar esse fenômeno.
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    Ao usarmos a expressão “globalização” ou “aldeia global” estamos fazendo alusão à ideia de que o mundo tornou-se menor, seus cantos mais acessíveis e marcados por trocas de bens materiais e imateriais em um fluxo nunca visto antes; assim como idealizamos que os países se influenciam mutualmente. Em parte isso é verdadeiro. Digo em parte porque a ideia de que existe uma troca entre as nações é um tanto exagerada. O que existe, em muitos casos, é uma imposição da cultura ocidental sobre os demais países do mundo.
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    Como destacou Milton Santos:

    Apenas os atores hegemônicos se servem de todas as redes e se utilizam de todos os territórios. Mas o espaço reticular é o de sua eleição. Eis por que os territórios nacionais se transformam num espaço nacional da economia internacional e os sistemas de engenharia mais modernos criados em cada país são mais bem utilizados por firmas transnacionais que pela própria sociedade nacional (SANTOS, 1999, p 15).

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    Por isso a expressão “ocidentalização do mundo” utilizada por Serge Latouche, em 1989, na obra “L’occodentalisation du Monde”.
    O conceito de “Ocidentalização do Mundo” desenvolvida por Latouche (1989) nos fornece caminhos interpretativos do fenômeno que recorrentemente chamamos de globalização. Para Latouche (e nisso estamos de acordo), o que existe é uma imposição da cultura europeia sobre as demais regiões do globo; fenômeno que teve origem ainda nas primeiras Cruzadas, no século XI, sendo ampliada nos séculos XV e XVI, com as Grande Navegações – que culminaram com a descoberta de novas terras – e aprofundada no final do século XX, sendo agora chamada de Globalização.
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    Tanto nas Cruzadas, nas Grandes Navegações, quanto no fenômeno conhecido como globalização, o que observamos é uma imposição de hábitos culturais e não uma troca simétrica. É certo que no contato como outros grupos sociais acabamos sendo, em alguma medida, influenciados por esses. Alguns hábitos dos índios americanos certamente foram incorporados pelos europeus, porém não tão claramente como no sentido contrário. No caso dos índios americanos, quase todos passaram pelo processo de aculturação, caracterizado pela imposição de uma nova cultura: a europeia.
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    Atualmente, o processo de aculturação continua em curso. À todo tempo somos influenciados pela cultura europeia – muitas vezes via Estados Unidos da América. Bastamos olhar para as últimas tendências da moda. O quanto o Camboja influencia a cultura francesa? E o inverso? Temos uma troca de hábitos culturais ou trata-se de um caminho quase que de mão-única?
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    Frente a essa atual tendência de aculturação constantes, sobretudo nos hábitos culturais, nos vêm a pergunta: por que isso ocorre? Uma palavra me parece bastante completa para tal indagação: poder. Outrora, poder religioso e, posteriormente, poder econômico. Em tempos de globalização, a aculturação, ou padronização da cultura acaba padronizando, igualmente, os hábitos de consumo. Uma vez o consumo padronizado, torna-se possível as grandes empresas venderam seus produtos para todos os cantos do mundo, obtendo de forma mais fácil e eficiente poder econômico .

     

    Com o advento do capitalismo e sua busca pela maximização do lucro, o objetivo dos “homens poderosos” passou a ser a ampliação dos lucros, o que se dá via ampliação do mercado consumidor. Em um mundo “mais igual” é muito mais fácil e barato ofertar os seus produtos por todos os cantos do mundo. Os benefícios da globalização, tais como a facilidade de deslocamento de passageiros e a maior informação é uma realidade, mas sobretudo de mercadorias.

    O fenômeno está ai. Resta-nos compreende-lo para além da mera ideia de um mundo interligado, de trocas e intercâmbios culturais. Não há troca simétrica, o que temos é a imposição de certos valores sobre outros.
    Globalização

    Referências Bibliográficas

    LATOUCHE, S. L’Occidentalization du Monde. Paris: Éditions La Découverte, 1989.

    SANTOS, Milton. O dinheiro e o território. Geographia, UFF, Programa de Pós-graduação em Geografia, Niterói, 1 (1), p. 7-13, 1999.

    Como citar esse texto:
    BODART, Cristiano das Neves. Globalização: para além da mera ideia de um mundo interligado, de trocas e intercâmbios culturais. Blog Café com Sociologia. 2016. Disponível em: endereço aqui. Acesso em: dia, mês, ano. 

     

    Dica de documentário

     Documentário: “Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá”

    Cineasta: Sílvio Tendler

    O documentário discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias.

    Duração: 1h.29s

    Dica de atividade pedagógica 

    Solicite que os/as estudantes façam um levantamento em suas casas das origens dos produtos que consomem, observando os:

    1. Alimentos;
    2. Eletrodomésticos;
    3. Roupas e sapatos/tênis;
    4. Meios de transportes (carro ou/e bicicletas);
    5. Ferramentas;
    6. Eletrônicos e;
    7. Programas e aplicativos (App) de celular/computador.

     

    Use o quadro a seguir para organizar os dados:

    ProdutoMarca/FábricaPaís de origem de fabricação

     

     

    Realizado o levantamento, oriente na criação de um ranking (o que pode ser na aula, escrevendo na lousa) a partir da necessidade de tecnologia utilizados na produção, como na tabela a seguir. Feito o levantamento, discuta com os/as estudantes se os primeiros lugares ficaram os países “mais desenvolvidos” ou “menos desenvolvidos” e quais as explicações dessa situação.

    RankingProdutoPaís de origem de fabricação

     

     

  • O que é Ciberespaço?

    O que é Ciberespaço?

    CIBERESPAÇO: VOCÊ NÃO É LIVRE NAS REDES SOCIAIS

    No vídeo desta semana do Dialogando que é canal do YouTube que professor de sociologia encontra material didático para suas aulas. Será apresentado pelo professor Paolo Totaro o conceito Ciberespaço.

    Devemos enfatizar a relevância desse conceito, pois As redes sociais na sociedade contemporânea vêm assumindo um importante papel na vida cotidiana dos indivíduos. Cada usuário dessas plataformas digitais procura manuseá-las conforme seus interesses. Tais espaços digitais oferecem inúmeras oportunidades de entretenimento jamais vistas na história da humanidade.

    O Facebook é a rede social que possui o maior número de usuários no mundo e define o seu objetivo em sua página oficial: “oferecer às pessoas o poder de partilhar, tornando o mundo mais aberto e interligado” (FACEBOOK, 2013). A ideia é de um espaço virtual descentralizado que oferece a possibilidade aos internautas acessarem diversos conteúdos sem serem submetidos a alguma atividade de controle heterônoma.

    Contudo, pesquisadores do campo das novas tecnologias (PARISER, 2012, FAVA, JÚNIOR, 2014) indicam que essa ideia não condiz com a realidade, pois essa plataforma digital utiliza algoritmos que contribuem para reduzir a diversidade de informações e interações criando a chamada “bolha de filtro” que impacta dinamicamente na formação ontológica dos usuários da rede social, já que a filtragem acontece não de modo unilateral, mas na forma da interação, com o algorítmico que se adapta, e até estatisticamente prevê, as inclinações pessoais do usuário a partir de seus “cliques” com base nas suas escolhas anteriores. Temos com isso, uma forma de dominação que não acontece por meio de discurso, mas por via da performatividade dos indivíduos ao clicarem em conteúdos filtrados que são oferecidos apenas aquilo que agrada, criando para cada usuário um ambiente que não entra conteúdo oposto daquilo que ele gosta. Em consequência disso, esse sujeito se isola em si.

    Conheça o participante do vídeo

    Paolo Totaro
    É Doutor em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)/RS e pós-doutor pela UNISALENTO (Itália) através do Programa de Pós-doutorado no Exterior financiado pela Capes. Atualmente é Professor Adjunto e membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-graduação em Sociologia – Instituto de Ciências Sociais (ICS), Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Foi pesquisador pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNISINOS para o desenvolvimento do projeto “Laboratório de políticas culturais e ambientais no Brasil: gestão e inovação”, financiado pela CAPES/FAPERGS. Professor titular de Matemática Aplicada pelo Ministero Istruzione Università e Ricerca (MIUR) da Itália (1984-2004). Atua principalmente nas áreas seguintes: estudos críticos sobre os algoritmos, cultura do consumidor, epistemologia e metodologia quantitativa das ciências sociais

    SAIBA MAIS SOBRE O PARTICIPANTE: http://lattes.cnpq.br/5573951313112255
    Conheça mais o Dialogando:

    O Dialogando é um canal do YouTube gerenciado por Caio dos Santos Tavares, Graduado em Ciências Sociais (ICS-UFAL) e mestrando em Sociologia (ICS-UFAL). Surgiu de uma necessidade de construir um material didático que teria a utilidade do cumprimento da carga horário do Programa de Residência Pedagógica que visa a imersão dos licenciandos no ambiente escolar contribuindo significativamente com o aperfeiçoamento do estágio curricular supervisionado nos cursos de licenciatura.

    Aos poucos o projeto foi ganhando forma e apoio de inúmeros alunxs e professorxs da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), especialmente do Instituto de Ciências Sociais (ICS). Nossa ideia foi a construir um dicionário de conceitos das Ciências Sociais (Ciência Política, Antropologia e Sociologia) e entrevista sobre teorias e temas que norteiam as preocupações dos cientistas sociais. Todo conteúdo áudio visual produzido pelo Dialogando teve com princípio trazer tais assuntos de uma forma clara e objetiva. Ao todo o projeto contou com a participação de 40 pessoas que se disponibilizaram a compartilhar conhecimentos das Ciências Sociais que possam contribuir com as aulas de Sociologia.

    Objetivos do canal

    Nosso canal oferece a oportunidade de uma aproximação entre a corpo docente e os discentes do ICS-UFAL com a Educação Básica. Portanto, sair dos muros da universidade e procurar transmitir o conteúdo das Ciências Sociais a sociedade civil. Assim, reforçando a importância do conhecimento das ciências sociais e eventualmente apresentando esse olhar de interpretar os fenômenos sociais a um público que não teve acesso em sua formação básica.

    Em cada vídeo é buscado, em uma forma rápida e dinâmica, apresentar conceitos e teorias fundamentais das Ciências Sociais. Esse recurso didático tem a finalidade de atingir o público do ensino médio (alunxs e professorxs).

    O Dialogando surge em um contexto de fortes ataques a permanência da Sociologia no ensino médio. Portanto, acreditamos que nossa iniciativa, mesmo que seja singela, possa de alguma maneira contribuir na resolução dos problemas que afligem cotidianamente a permanência da disciplina na educação básica.

    Não esqueça, semanalmente são disponibilizados vídeos no nosso canal no You Tube, por tanto, não deixe de segui-lo.
    O projeto conta com o apoio da Universidade Federal de Alagoas e do Blog Café com Sociologia.

    Contatos:

    Facebook: facebook.com/caiosantosdialogando
    E-mail: [email protected]

    Instagram: https://www.instagram.com/caiodossantostavares/
    Inscreva-se no canal no YouTube!
    DIALOGANDO ➡ #COMPARTILHANDOCONHECIMENTO?

    REFERÊNCIAS:

    PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012

    FACEBOOK. Key Facts. Facebook Newsroom, junho de 2013. Disponível em: . Acesso em: 02 de ago. 2020.

    FAVA, Gihana Proba; PERNISA JÚNIOR, Gihana. Filtros Bolha nos Algoritmos do Facebook: Um Estudo de Caso nas Eleições para Reitoria da UFJF.Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu, PR – 2 a 5/9/2014. Disponível em: .Acesso em 12 jul 2020.

     

     

     

  • Sociedade, trabalho, limites do capitalismo e Ciências Sociais: coronavírus, pandemia e pós-pandemia

    Sociedade, trabalho, limites do capitalismo e Ciências Sociais: coronavírus, pandemia e pós-pandemia

    Bruno Durães: Sociedade, trabalho, limites do capitalismo e Ciências Sociais: coronavírus, pandemia e pós-pandemia*

    Entrevista com Bruno Durães

    Bruno Durães
    Bruno Durães é professor de Sociologia da UFRB, pesquisador do CRH/UFBA, Membro da Comissão de Ética da ABECS e professor do Programa de pós-graduação em Política Social e Territórios/POSTERR/UFRB.

    O professor Bruno Durães fala sobre os impactos atuais da pandemia na perspectiva do trabalho informal, da importância da temática das classes sociais, da crise do neoliberalismo (e sua falácia) e de como as Ciências Sociais e a Sociologia, em particular, podem abordar questões sobre esse momento, bem como fala de possibilidades do pós-pandemia. Trata também dos sentidos da vida na lógica capitalista, propondo uma reflexão crítica sobre o lugar do ser social no mundo  e propõe pensar em uma sociedade pós-capitalismo, de tipo socialista/comunitária/coletiva.Áudio 03:

    Segue a entrevista na íntegra em nove áudios:

     

     

     

     

     

     

    Áudio 01. Sociedade, vida humana e capitalismo ou limites postos pela pandemia mundial

    Áudio 02: A falácia do neoliberalismo mundial

    Áudio 03: A classe social é real e o trabalho é sim central

    Áudio 04. Economia e vida humana: tem ou não tem fronteira?

    Áudio 05: Novas sociabilidades na pandemia?

    Áudio 06. A importância das ciências sociais na pandemia

    Áudio 07. E como fica o trabalho Home office?

    Áudio 08.  E o que acontecerá com os Informais no cenário atual e depois?

    Áudio 09. E O pós.pandemia e o capitalismo?

     

    Trechos da entrevista com Bruno Durães:

    “O presente pode está apontando para limites do próprio sistema capitalista e de seu máximo valor, a saber, o individualismo/consumismo, e do sistema neoliberal, da lógica de “austeridade” e de contenção de investimentos sociais e limites humanos, éticos e ambientais. Esses limites poderão indicar o germe para o novo, apesar da tristeza mundial pelas mortes e pela doença, podemos ver nascer sementes utópicas de um mundo menos desigual e com envolvimento e consciência critica e política das pessoas e com mais disposição para luta”.

    “As questões da pandemia só serão efetivamente compreendidas post-facto, como dizia Karl Marx quando falava da complexidade dos fenômenos e do caráter dialético das relações sociais. É, pois, difícil precisar quais as mudanças societais e humanas teremos e quais estão em curso. Pode-se errar nessa caracterização, mas existem pistas. Hoje já temos algumas mudanças coletivas (como nas relações sociais que passam a ter a mediação muito maior da tecnologia e do meio digital) e individuais (novos comportamentos pessoais e com o outro, sentimento de preocupação, alteridade e solidariedade com as pessoas, mudanças de hábitos corporais e de gestos e atitudes nas ruas e em casa, limpeza, cuidado etc., bem como crescimento da sensação de insegurança social e medo da morte). Também podemos ver elementos sociais históricos e estruturais postos na superfície da sociedade e que evidenciam mazelas que nunca foram resolvidas no Brasil”.

    “Temos desigualdades sociais, raciais, de classe e de gênero que, muitas vezes, foram ocultadas. Agora aparecem com força. Como no caso dos Estados Unidos em que morreram muitas pessoas historicamente vulnerabilizadas (migrantes, negros), que não possuíam acesso adequado à saúde. Algo que vem ocorrendo no Brasil, principalmente quando a pandemia deixa de alcançar apenas a elite e passa ‘a subir o morro’. Temos também questões de gênero. Pode-se ver hoje o acúmulo de atribuições que são lançadas para as mulheres em casa, exercendo atividades domésticas com intensidade, tido como insignificante, caracterizando o trabalho explorado e inferiorizado como diz a pesquisadora Cláudia Nogueira. De forma correlata, temos às professoras Helena Hirata e Angela Araújo, que abordam a feminização do trabalho como forma de perversidade no capitalismo, revelando fios (in) visíveis da exploração. Ainda temos o aumento de casos de violência doméstica ”.

     

     “O trabalho informal infelizmente tenderá a aumentar no pós-pandemia, o cenário para o trabalho será o pior possível, bem como para os direitos sociais”.

     

    “Acho que ficará uma lição para toda sociedade e para os governantes (que possam aprender com o presente) como que as mazelas históricas sociais (e as desigualdades raciais e de gênero) não podem ser colocadas “debaixo dos tapetes”, mas precisam ser enfrentadas e superadas”.

    “Hoje ficou evidente como a luta de classes e a disputa entre Capital e Trabalho é real e perversa. Alguns burgueses tentaram empurrar os trabalhadores para a morte. O presidente da república também foi nessa direção quando tratou a situação como ‘gripezinha’ ”.

    “A pandemia mostrou a injustiça que temos no Brasil de termos mais de 50 milhões de pessoas informais e/ou desempregadas e muitos vivem com excesso de trabalho e no dilema trabalhar ou morrer de fome? Isso é desumano”.

    “[…] estão surgindo novas sociabilidades, sobretudo, pela mediação com as tecnologias e meios digitais (e o uso avassalador desses meios agora), mas isso não pode ser sobredeterminado e nem ser visto como um elemento salvacionista ou redentor, ao contrário, é algo positivo e negativo, que possui contradições.”

    “O meio digital facilita o processo educacional e enriquece, sobretudo, nesse momento, porém, não podemos ver isso como a solução da questão educacional, mesmo porque o espaço dialógico da sala de aula é insubistituivel, assim como o professor”.

    “Temos que atentar sobre o trabalho home office, essa forma de trabalho pode esconder novas formas de exploração, de redução de custos e de aumento da produtividade. Como ficará o espaço familiar (a esfera do intimo, do não-trabalho) dentro de casa? E o custo do trabalho sob responsabilidade dos trabalhadores em suas casas, então, temos que ter um olhar crítico para isso e contestar supostos discursos carregados de ideologias e falácias”.

    “Sem dúvida é uma situação fecunda de mudanças e reveladora da lógica maior do negócio, do lucro em contraposição a vida. Muitos capitalistas no Brasil estavam querendo empurrar os trabalhadores para o abismo. Isso é genocídio”.

     

    Nota: * Entrevista concedida em 24.04.2020 para a jornalista Thais Borges (via Whatsaap) do Correio da Bahia (Salvador).

     

    Referências citadas na entrevista:

    DARDOT, P; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
    ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. 1ª. ed. – São Paulo: Boitempo, 2018.
    DAVIS, Mike (Et al). Coronavírus e a luta de classes. Brasil: Terra sem amos, 2020

  • Dica de Filme Sociologia: AI – Inteligência artificial

    Dica de Filme Sociologia: AI – Inteligência artificial

    Reflexões sociológicas
    Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado.

    Na distopia de A.I., o Homem tornou-­se cada vez mais dependente das Máquinas, inclusive no plano emocional.

    Ao final do filme as máquinas sobrevivem aos seres orgânicos. Depois de dois mil anos o homem é uma espécie extinta. O mundo está povoado por mecas altamente desenvolvidos, que fazem escavações para descobrir suas origens.

    Trecho do filme
    Tecnologia

    Sugestões temáticas

    – Evolução
    – Relação homem x máquina
    – Degradação ambiental
    – Sociedade
    – Tecnologia
    – Humanização x mecanização
    – Configurações familiares
    – Revolução Industrial

     

    Publicado originalmente em:
    https://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=615#

     

    Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado. Em A.I. a relação entre Homem e Natureza é retratada como distópica e catastrófica. Em lugar da Utopia de um futuro de bonança e superação das necessidades básicas pelo uso da Ciência e da Tecnologia, ­ promessa central do Iluminismo e da Modernidade,­ temos um planeta devastado.

     

     

     

  • Smartphones: Herói ou Vilão?

    Smartphones: Herói ou Vilão?

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    Smartphones: Herói ou Vilão?

     

    Por Aline Jessica M.de Queiróz Roque*

     

    Sabemos que hoje em dia existe um companheiro que toma um espaço de tempo imensurável em nossas vidas, o chamado smartphone. Ele é inseparável, indissociável e, muitas vezes, responsável por ser aliado ou substituto dos antigos relacionamentos convencionais. Os smartphones tornaram-se, há pouco tempo atrás, uma novidade para as pessoas, trazendo consigo a antiga função de telefone atrelado à outras funções, como câmeras e acesso a internet.
    Ao reportarmos historicamente quanto aos recursos criados para sociabilidades veremos a chegada do aparelho telefônico que, em primeira instancia, sua função era apenas de transações comerciais no “mundo dos negócios”. Porém, a facilidade desse tipo de comunicação prosperou levando o telefone para dentro das casas: “Neste âmbito, passou a ser usado para fins de sociabilidade e manutenção de relacionamentos interpessoais.” (NICOLACI-DA-COSTA, 2005 p.53).
    Há aproximadamente uma década a rede mundial que interliga computadores passou tanto a ser um meio importante de relações de trabalho quanto de relações sociais informais. O abandono gradativo do telefone fixo e a ampliação do uso de celulares notamos a união de ferramentas de comunicação com a de entretenimento. Isso, e outros fatores, fizeram com que seu uso passasse de eventual para constante.
    A comunicação por meio de signos verbais e não verbais sempre foi um recuso utilizado pelo ser humano em suas comunicações. O falar face a face remete uma interação entre locutor e interlocutor, entretanto, mesmo este “ritual” ainda existindo, os aparelhos celulares, tablet´s e smartphones tornaram um meio de comunicação virtual que viabilizam os relacionamentos interpessoais mesmo a distancia. Entretanto surge a questão: e quando estes tipos de relacionamentos se tornam tão vigentes que, muitas vezes, substituem os antigos rituais conversacionais de comunicação?
    A internet conectada aos computadores, smartphones e tablet’s vem promovendo a substituição, de certo modo, dos relacionamentos mais próximos, que exigiam uma maior interação face a face, pelos relacionamentos online. Se formos levar esta crítica ao nível mais profundo, diria, de acordo com o pensamento de Zygmunt Bauman (2004, p. 14), que os novos relacionamentos se tornaram mais frios e “descartáveis”, portanto de maneira mais simples de serem ignorados e desfeitos.
    Em um artigo publicado em 2005, Ana Maria Nicolaci-da-Costa, pesquisadora do departamento de Psicologia da PUC do Rio de Janeiro, trava uma discussão com os temas apontados por Zygmunt Bauman. Lá a pesquisadora critica a tese do sociólogo afirmando que sua ideia em relação aos relacionamentos virtuais são radicais e não necessitam ser levados em âmbitos gerais. De certa forma, Bauman exagera em alguns argumentos. De acordo com ela, ele enfatizou de uma forma apocalíptica o fato dos relacionamentos virtuais serem padrões para os não virtuais.
    Levando por sua lógica, Nicolaci-da-Costa (2005) não deixa de ter razão. Pois a internet, como ela surgiu, dentre outras funções, substitui os relacionamentos via telefone, isto é “inaugurou uma era em que contatos interpessoais podiam ser travados virtualmente” (p.53). Isso evidencia, em sua ideia, que a internet apenas auxilia pessoas distantes a se conhecerem e relacionarem.
    Com evidencia nos celulares, a pesquisadora também defende a antítese ao pensamento de Bauman mostrando que os celulares é apenas uma forma modernizada do antigo aparelho telefônico e a junção da internet+celular se configura num suporte moderno de manutenção dos relacionamentos. Sendo assim, conclui seu pensamento desmistificando a visão catastrófica do sociólogo, afirmando que os relacionamentos virtuais antes de tudo, começaram fora de tal ambiente: “uma mensagem é uma confirmação de pertencimento a um grupo […] o que levava à solidificação e intensificação de seus relacionamentos.” (idem).
    Este breve texto expôs divergentes opiniões de autores renomados, entretanto, a visão dos aparelhos smartphones e tablet´s serem vilões ou não, podem ir muito além destas considerações. Como toda tecnologia criada pela inteligência humana, estes aparelhos surgiram de necessidades variadas e com intenção de alcance global. Como futura socióloga e pesquisadora, vejo grande importância em medir o comportamento dos indivíduos em âmbito coletivo, pois é através disso que percebemos o devir de uma nova sociedade e as necessidades de intervenções positivas para a manutenção de nossa sobrevivência. Os diagnósticos sociais são importantes para medirmos o que a sociedade em que nós vivemos precisa para se desenvolver positivamente.
    A existência do smartphone como suporte de trabalho e relacionamentos pode ser de grande ajuda no decorrer dos processos sociais. Entretanto, o que cabe a cada possuidor é sua sobriedade. Todos nós precisamos interagir comunicar ou dialogar e a distancia não é mais um empecilho, porém o “aqui agora” (BENJAMIN,1955, p. 15); isto é, o que pode ser um momento único das interações sociais vale apena ser preservado, afinal um gesto, um olhar também expressa tão bem, ou mais do que uma simples frase escrita pode dizer.
    Referências
    BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2004.
    BENJAMIN, W. A Obra de arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica (Org. e Prefácio –Márcio Seligmann-Silva), Tradução: Gabriel Valladão Silva, 1ª Edição, Porto Alegre, RS: L&PM, 201
    Nicolaci-da-Costa, A.M. “Sociabilidade virtual: separando o joio do trigo” In Revista Psicologia & Sociedade; 17 (2): 50-57; mai/ago.2005. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/psoc/v17n2/27044.pdf. Acesso em Janeiro de 2016.
    * Acadêmica do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondônia
     
     

    Como citar esse texto:
    QUEIRÓZ, Aline Jessica M.de. Smartphones: Herói ou Vilão? Blog Café com Sociologia. 2016. Dipsonível em: linkaqui. Acesso em: dia mês ano.

     

  • Boaventura de Sousa Santos: Privatização e Privataria

    Boaventura de Sousa Santos: Privatização e Privataria

    Boabventura
    Segue um trecho bem esclarecedor da posição do sociólogo Boaventura de Sousa Santos* a cerca do processo de privatização. O trecho foi extraído do seu texto intitulado “Privatización y piratería”, disponível no site “Página/12” e traduzido** para o português.
     
    “Privatizações não são necessariamente “privataría”. São quando os interesses nacionais são prejudicados intencionalmente para permitir enriquecimento sem causa daqueles que estão em posições de autoridade ou favor político de comando, ou influência negociações e decisões em nome de interesses privados. 
    Privatizações não tem nada a ver com a racionalidade econômica. Elas são o resultado de opções oferecidas pelos discursos ideológicos que escondem suas verdadeiras motivações. No Brasil, o discurso foi de transformar as privatizações em uma “situação do país para a modernidade”. Em Portugal, o discurso é o interesse nacional, protegido pela troika, em reduzir a dívida e melhorar a competitividade. Em ambos os países, a motivação real é a criação de novas áreas de acumulação e lucro para o capital. No caso Português, isso acontece para a destruição tanto do Estado como do setor empresarial e do Estado-Providência. Neste último caso, especialmente, é uma escolha ideológica daqueles que usam a crise para impor medidas que jamais poderia legitimar através das eleições. Para se ter uma ideia da carga ideológica por trás da privatização em Portugal, supostamente necessário para reduzir a dívida pública, basta um olhar para o orçamento para 2013: total de receitas das privatizações, de 2011 a 2013, será 3,7 bilhões de euros, ou seja, menos de 2 por cento da dívida pública …”
    *Doutor en Sociologia do Direito. Professor das universidades de Coimbra (Portugal) y Wisconsin (Estados Unidos).
    **Tradução de Cristiano Bodart.
     
    O texto integral e pode ser acessado aqui
     
  • O Pós-modernismo e suas influências

    O Pós-modernismo e suas influências

    Por José Fábio Cruz*
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    As mudanças, principalmente em nível tecnológico e de conhecimento, acontecem num ritmo muito intenso em todas as sociedades que se classificam como economia de mercado. Desde o advento da Revolução Industrial tem-se acelerado a produção de produtos e mercadorias em circulação com vistas á atender as necessidades das sociedades mais diversas. Os serviços também se modificaram e se sofisticaram para satisfazer os desejos de pessoas e grupos ansiosos por novidades. Esta aceleração, motivada pela introdução das máquinas nos processos que antes eram realizados de forma manual, intensificou-se com o surgimento do computador, o que possibilitou a digitalização de dados e o aumento da troca de informações entre as pessoas, grupos e sociedades. Essa intensificação de trocas de informações com o advento da internet, somada ao declínio do positivismo, onde as referências de uma sociedade mais justa, igualitária e em constante progresso pautadas na ciência e no antropocentrismo sucumbem, abriram caminho para a chegada do pós-modernismo.
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    Com o pós-modernismo e sua voracidade por mudanças cotidianas, fica difícil a quem quer seja, acompanhar tamanha velocidade. Sempre estamos atrasados, seja culturalmente, tecnologicamente, socialmente, intelectualmente. Isso trouxe algo novo aos estudiosos das mais variadas áreas científicas, a noção de que não se sabe nada ou sabe-se muito pouco sobre muitos assuntos. Por outro lado, quando há comparação da sociedade atual com sociedades passadas, verifica-se que houve avanços significativos em muitas áreas científicas e tecnológicas, isso porque existe o aspecto acumulativo em termos de conhecimentos, ou seja, existe um aproveitamento pela sociedade atual dos conhecimentos adquiridos anteriormente, como pesquisas, estudos, ensaios e descobertas.
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    Aqui estamos diante de um paradoxo ao analisarmos o pós-modernismo em relação às sociedades anteriores. Se por um lado ele trouxe avanços significativos como na área de saúde, por exemplo, possibilitando as pessoas viverem mais, por outro lado, aumentou também de forma significativa o poder de letalidade das nações. Os avanços científicos que permitem uma maior capacidade de preservação da espécie humana são acompanhados de perto por avanços científicos com capacidade destruição total da mesma.
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    Os avanços não param, e diariamente aparece algo novo que substitui àquele que existia até então. As sociedades vivem um frenesi em busca de atualização constante. Nunca se buscou qualificar tanto na área de educação como na sociedade pós-moderna, pois é fato que ela abre as portas da informação, do conhecimento e da atualização tão desejada pelas pessoas que compõe as sociedades capitalistas. Mas o pós-modernismo, com sua velocidade 2.0, não importa-se e nem perdoa àqueles que estão em seu caminho. Muitas pessoas e sociedades ficam pelo caminho, não conseguem acompanhar as mudanças constantes impostas pelo pós-modernismo em todas as áreas que compreendem a vida humana. Se antes bastava saber ler e escrever, o que era privilégio de poucos, hoje, para acompanhar as mudanças, exige-se pós-doutorado com fluência em duas línguas estrangeiras. Diante disso, e como não é possível deter a velocidade em que ocorre o pós-modernismo, cabe aos governos e organizações não governamentais tentar inserir novamente à sociedade àqueles que ficaram pelo caminho. Tentar recolocá-los no mercado de trabalho através da educação não-formal, e propiciar atividades de cultura e lazer à qual encontram-se a margem.
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    *José Fábio Cruz é graduado em Comunicação Social.
    Lattes: https://lattes.cnpq.br/6945547341273626
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