Um cientista social é um intelectual? Para uma aproximação à essa resposta, torna-se necessário uma segunda indagação: o que é um intelectual? Tal questão não é mera retórica de autoajuda. Trata-se de uma reflexão – em sentido
original.
A palavra “reflexo” tem origem no latim. Formado pela junção de “RE” e “FLEXUS”. Em latim, “RE” significa “outra vez, novamente”, enquanto que FLEXUS,
“dobrado, fletido, retornado”. A palavra “reflexo” diz respeito ao:
Primeiramente é importante deixar claro que ser um cientista social não
equivale a ser um intelectual, como alguns pensam e se intitulam. Se partirmos
da definição de Gramsci, veremos que o intelectual independe de sua formação
acadêmica, antes estaria ligado ao lugar ocupado no mundo social. Ser
intelectual está relacionado a uma ação social, à uma certa postura capaz de
fazer a ligação entre a superestrutura e a infra-estrutura.
Gramsci em sua obra “Materialismo histórico a à filosofia de Benedetto
Croce”, de 1981, aponta que qualquer indivíduo pode ser um
intelectual/filósofo:
“É preciso destruir o julgamento de que a filosofia
é algo sumamente difícil por ser a atividade intelectual própria de uma
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos
profissionais e sistemáticos. É preciso, portanto, demonstrar que todos os
homens são filóso“fos”, e definir os limites e as características desta
“filosofia espontânea” própria de todos, isto é, a filosofia que nela está
contida” (Gramsci, 1981: 15).
Porém,
para Gramsci o intelectual estaria ligado a uma classe, responsável por criar e
disseminar a ideologia desta. Tal intelectual seria o que ele denominou de
“intelectual orgânico”. Nome que faz analogia a manutenção do sistema da
sociedade orgânica, no sentido durkheimiano.
Por outro
lado, Sartre aponta a existência do intelectual engajado. Para ele o
“intelectual verdadeiro” seria o revolucionário, enquanto que os reacionários
seriam “intelectuais falsos”. Bobbio tece, às definições de Sartre, uma crítica
ligada ao conteúdo ideológico-partidário existente.
“Falsos
são os que desempenham uma função que para Sartre é negativa, e é negativa
unicamente porque não desempenham a função que segundo ele deveriam desempenhar.
Assim, será o verdadeiro intelectual o revolucionário; falso o reacionário;
verdadeiro será aquele que se engaja, falso, aquele que não se engaja e
permanece fechado em sua torre de marfim.” (BOBBIO, 1997, p. 14)
Para
Bobbio, o critério para definir o intelectual não é sua orientação ideológica,
mas sua prática – seu engajamento. Mannheim, afirmava que a tarefa do
intelectual é teórica e imediatamente política, pois cabia a ele elaborar
síntese das ideologias existentes que dariam passagem a novas orientações
políticas.
Foucault
apontou, principalmente por meio de sua prática, que é necessário afastar-se do
poderes constituídos para poder realizar a crítica. Sua ideia estaria centrada
na busca de uma neutralidade intelectual, o que é bem contestável. De qualquer
forma, o intelectual seria um indivíduo crítico, aquele que põe em crise as
“verdades” estabelecidas.
Retomamos
a questão inicial: um cientista social é um intelectual? A resposta vem à
medida que pensarmos, qual a sua posição social no mundo?
Não
queremos apresentar uma resposta, que certamente nem temos de forma acabada,
mas apontar que ser intelectual nada tem haver com um diploma de cientista
social ou coisa do gênero. A questão está no lugar que você se coloca no mundo.
“E zombei de todo mestre
que não zombou de si
mesmo.” (NIETZCHE, Gaia Ciência)
Apontamentos de Noam Chomsky em torno da mídia popular e do papel da mídia em geral.
“A internet será o que as pessoas fizerem dela!”
Zygmunt Bauman
Entrevista Bauman
Por meio desta entrevista Bauman apresenta muitas de suas interpretações da realidade, passando por temas como amizade, rede, comunidade, modernidade e felicidade. Muito bom o documentário. Certamente o melhor vídeo que já assisti em torno desse grande sociólogo.
Entrevista exclusiva: Zygmunt Bauman from cpfl cultura on Vimeo.
Por meio desta entrevista Bauman apresenta muitas de suas interpretações da realidade, passando por temas como amizade, rede, comunidade, modernidade e felicidade. Muito bom o documentário. Certamente o melhor vídeo que já assisti em torno desse grande sociólogo.Por meio desta entrevista Bauman apresenta muitas de suas interpretações da realidade, passando por temas como amizade, rede, comunidade, modernidade e felicidade. Muito bom o documentário. Certamente o melhor vídeo que já assisti em torno desse grande sociólogo.Por meio desta entrevista Bauman apresenta muitas de suas interpretações da realidade, passando por temas como amizade, rede, comunidade, modernidade e felicidade. Muito bom o documentário. Certamente o melhor vídeo que já assisti em torno desse grande sociólogo.Por meio desta entrevista Bauman apresenta muitas de suas interpretações da realidade, passando por temas como amizade, rede, comunidade, modernidade e felicidade. Muito bom o documentário. Certamente o melhor vídeo que já assisti em torno desse grande sociólogo.
Adeus Weber é um programa apresentado pelo professor Gabriel Cohn, da FFLCH, continua o curso sobre o pensador Max Weber. Nessa aula, ele confronta o pensamento de Weber com o de seu contemporâneo, o filósofo Nicklas Luhmann.
Sobre o clássico da Sociologia
Max Weber nasceu em 1864 em Erfurt, na Alemanha, e foi um sociólogo, filósofo e economista que teve uma influência significativa no campo da sociologia moderna. Ele é conhecido por sua teoria da ação social, que enfatiza a importância das crenças e valores individuais na compreensão da ação social humana.
Weber também desenvolveu a teoria do monopólio do poder político, que argumenta que o poder político é concentrado nas mãos de poucas pessoas ou grupos, e que isso é uma das principais causas da desigualdade social. Além disso, ele também foi um defensor da democracia parlamentar e da separação de poderes como formas de garantir a liberdade individual.
Outras contribuições importantes de Weber incluem sua análise da burocracia como forma de organização social e sua teoria da religião como um fator importante na formação da cultura e da sociedade.
Weber morreu em 1920, mas suas ideias continuam sendo amplamente estudadas e discutidas na sociologia e em outras disciplinas. Ele é considerado um dos principais fundadores da sociologia moderna e sua influência é sentida até os dias de hoje.
A TVUNIVESP oferece em seu site um curso (em vídeo) sobre Max Weber.
Segue a apresentação do curso:
“Gravado no Centro Universitário Maria Antonia – USP, o curso livre com o professor Gabriel Cohn, do Depto. de Ciência Política da USP, trata das razões para se pensar Max Weber como clássico, porém datado. Talvez o pensador máximo da era do Estado nacional, que se moveu com desenvoltura no pensamento social moderno desde Maquiavel e Hobbes, lidando com questões como dominação, potência, soberania – que, no entanto, já não são as nossas. Candidato, portanto, a respeitosa despedida. Mas, há também como pensar seu legado vivo, com todo um programa ainda a ser cumprido, já anunciado, por exemplo, por Niklas Luhmann”.
Site do curso.
https://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=7847
Nessa entrevista, o professor Carlos Nelson Coutinho apresenta alguns conceitos desenvolvido por Gramisci. Tal entrevista é, sem dúvida, uma bela aula do pensamento de Gramisci.
Passando pelo blog Sociologia Online, encontrei lá (indico esse blog) o vídeo abaixo.
Me reportei ao Youtube e busquei as duas partes que o compõe.
Segue abaixo.
“Capitalismo só existe no terceiro mundo”
Intelectual americano critica protecionismo dos EUA e diz que o poder do capital é imposto à força nos países pobres
ISTOÉ – Barack Obama pode mudar o que o sr. chama de “Estado fracassado”?
Noam Chomsky – Possibilidades sempre existem, mas não há nada que aponte para isso. As nomeações têm sido basicamente do lado dos falcões (defensores da guerra), e as ações também. Obama intensificou a guerra no Afeganistão, aumentou os ataques ao Paquistão e rejeitou os apelos dos presidentes desses países para eliminar os bombardeios que atingem alvos civis.
Quanto à questão de Israel e da Palestina, ele já deixou bem claro que não tem a intenção de buscar um acordo. Em sua primeira declaração sobre política internacional, afirmou que a responsabilidade primária dos Estados Unidos é proteger a segurança de Israel, e não a dos palestinos, que são os que precisam de proteção.
ISTOÉ – O sr. está dizendo que Obama é igual a George W. Bush?
Chomsky – Para começar, há uma distinção entre o primeiro e o segundo mandato de Bush. O primeiro foi muito arrogante e agressivo, desconsiderou as leis internacionais e foi tão abusivo que se distanciou de países aliados. O segundo mandato amaciou a retórica e as ações, que estavam causando danos demais aos interesses dos Estados Unidos. É possível que Obama dê continuidade às políticas do segundo mandato. Em alguns aspectos, Obama ainda é mais agressivo, como no Paquistão e no Afeganistão, que, pelo que vejo, são suas principais preocupações internacionais.
ISTOÉ – Os Estados Unidos são uma democracia fracassada?
Chomsky – Se você comparar as eleições de 2008 com as de um dos países mais pobres do hemisfério, a Bolívia, o processo é radicalmente diferente. Você pode gostar ou não das políticas do presidente Evo Morales, mas elas vêm da população. Ele foi escolhido por um eleitorado popular que traçou suas próprias políticas. As questões são muito significativas: controle dos recursos naturais, direitos culturais… A população não se envolveu apenas no dia das eleições, essas lutas estão ocorrendo há anos. Isso é uma democracia. Os Estados Unidos são exatamente o oposto. O melhor comentário sobre as eleições foi feito pela indústria da publicidade, que deu à campanha de Obama o prêmio de melhor campanha de marketing do ano.
ISTOÉ – Alguns presidentes sul-americanos são chamados de populistas.
Chomsky – Populista quer dizer alguém atento à opinião popular.
ISTOÉ – Mesmo quando a distribuição de recursos não é sustentável?
Chomsky – Distribuição de recursos tem a ver com política econômica. Nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, a política econômica é definida por instituições financeiras, por pessoas que levaram o país à ruína e estão levando boa parte do mundo à ruína. Isso não é populismo, é política econômica destinada a enriquecer um setor bem pequeno. Você pode até discutir se a forma que Evo Morales distribui recursos é correta, mas chamar isso de populismo é usar palavras feias para políticas que desagradam aos ricos.
ISTOÉ – O presidente Hugo Chávez acaba de passar por um referendo que permite sua reeleição ilimitada. Isso é aceitável em uma democracia?
Chomsky – Você acha que os Estados Unidos foram um Estado fascista até 1945, quando tínhamos a mesma regra?
O presidente (Franklin) Roosevelt foi eleito quatro vezes seguidas. Eu, pessoalmente, não aprovo, mas não posso dizer que isso seja incompatível com a democracia, a não ser que você diga que os Estados Unidos nunca foram uma democracia. Isso é uma hipocrisia total. Isso vale também para outras democracias parlamentaristas, em que o primeiro-ministro pode ser reeleito de forma indefinida.
ISTOÉ – O sr. avalia o governo Chávez positivamente?
Chomsky – A pergunta que importa é: o que os venezuelanos pensam do governo? Em pesquisas feitas pelo Latinobarômetro, uma organização chilena muito respeitada, desde a eleição de Chávez, a Venezuela fica no topo ou perto do topo de uma lista de países quanto ao apoio popular ao governo e à democracia.
ISTOÉ – O sr. acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou alguma mudança para o Brasil?
Chomsky – De forma geral, suas políticas têm sido bastante construtivas. A disposição inicial de aceitar a disciplina das instituições financeiras internacionais foi questionável. Até havia justificativa para isso, mas ele poderia ter escolhido políticas alternativas que teriam estimulado mais a economia. Acho também que as políticas poderiam dar mais apoio a organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Mas, em geral, o País parece estar andando na direção certa. A disposição de lidar com os problemas internos de desigualdade extrema, da fuga de capital, entre outros, está pelo menos na agenda. Além disso, há a tendência de integração regional e independência. A União de Nações Sul- Americanas (Unasul) é um exemplo, mas existem muitos outros, e a integração é um pré-requisito para a independência. De maneira geral, isso torna a América do Sul, do meu ponto de vista, o lugar mais interessante do mundo atualmente.
ISTOÉ – E qual o papel do Brasil?
Chomsky – O Brasil tem um papel central na integração regional, pois é o país mais rico e poderoso da região. O presidente Lula tem tomado uma posição muito boa, garantindo que países que os EUA tentam arruinar, principalmente a Bolívia e a Venezuela, estejam integrados ao sistema. O Brasil também está aumentando as relações com outros países do Sul. Mas a dependência das exportações agrícolas é uma forma questionável de desenvolvimento. Deveria haver tentativas de desenvolvimento que não dependessem tanto de exportações, como a da soja.
ISTOÉ – Como o sr. vê o ressurgimento de medidas protecionistas nos Estados Unidos e na União Européia?
Chomsky – Antes de falar sobre isso, temos que eliminar uma grande quantidade de mitologia. Os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, sempre foram altamente protecionistas. Sua economia avançada depende crucialmente do setor estatal. Se você pensa em computadores, internet, tecnologia da informação, laser, tudo isso foi financiado pelo Estado. Você não pode falar em livre mercado porque eles não acreditam nisso.
ISTOÉ – O capitalismo está entrando em colapso com a crise?
Chomsky – O único lugar onde o capitalismo existe é nos países do Terceiro Mundo, onde ele é imposto à força.
ISTOÉ – Os anticapitalistas têm algum modelo para oferecer?
Chomsky – Existem diversas pessoas propondo coisas interessantes, basta ver o encontro em Belém (Fórum Social Mundial). Elas não são totalmente novas, vêm dos movimentos dos trabalhadores no século XIX. São propostas de se democratizar a sociedade inteira. Isso significa o controle democrático da manufatura, das finanças, dos sistemas de informação, e por aí em diante.
ISTOÉ – Vê algo de positivo no papel dos Estados Unidos atualmente?
Chomsky – Sim. Mas não se deve esperar que os países mais poderosos sejam agentes da moralidade. Não faz sentido ficar elogiando esses países pelas coisas decentes que fazem. Os Estados Unidos deveriam, por exemplo, ter um papel fundamental na reconstrução de Gaza depois das terríveis agressões feitas junto com Israel – foi um ataque em conjunto, pois eles estavam usando armas dos EUA, é claro. A estrangulação de Gaza pelos Estados Unidos e Israel, apoiada pela União Européia, começou imediatamente após as eleições, que foram reconhecidas como livres e justas, mas os Estados Unidos não gostaram do resultado e punem as pessoas. É uma boa indicação da aversão extrema que as elites ocidentais nutrem pela democracia.
ISTOÉ – O sr. concorda que os intelectuais de hoje são menos engajados que nos anos 60 e 70, por exemplo?
Chomsky – Não concordo com isso. É uma ilusão pensar que intelectuais eram diferentes no passado. De modo geral, os intelectuais são altamente subordinados ao poder. Isso também era verdade nos anos 60. Veja, por exemplo, a guerra do Vietnã, que era uma questão importantíssima na época. Se você olhar o The New York Times ou outro jornal importante nos quais intelectuais se expressavam, a crítica mais forte que poderá encontrar da guerra é – bem, estou citando a crítica mais extrema – de que a guerra começou com esforços de fazer o bem, mas se transformou em um desastre com custos muito altos para nós mesmos.
ISTOÉ – O sr. dedicou a vida a pensar as questões mais importantes do mundo. Como se sente hoje?
Chomsky – Há passos em direção a um mundo mais livre, justo e democrático. Isso não cai do céu como um presente, vem da luta popular engajada. E, sim, ela tem sido muito bemsucedida. Então, na medida em que sou parte dela, eu me sinto feliz. Os movimentos populares que se desenvolveram a partir dos anos 60 tiveram um impacto muito significativo no mundo, de diversas formas. Veja um exemplo óbvio, das últimas eleições nos Estados Unidos: o Partido Democrata tinha dois candidatos, uma mulher e um afro-americano. Isso seria inconcebível 20 anos atrás.
fonte: https://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2051/imprime127063.htm
Vídeo em desenho animado encontrado no youtube.
Aborda basicamente a biografia do Sociólogo Durkheim.
O Canal Café com Sociologia dispõe de um vídeo com a trajetória do autor:
Introdução Émile Durkheim
Introdução a sociologia de Émile Durkheim
Criar meios para apresentar aos alunos os clássicos da sociologia sem, contudo, apresente–los de forma enfadonha não é uma tarefa fácil. Uma sugestão de estratégia é trabalhar com teatralização, o que pode ocorrer por meio de produção de vídeos. A Seguir apresento uma experiência bem sucedida. Trata-se de um vídeo elaborado pelos meus alunos do 1º ano B, da Escola Professora Filomena Quitiba, Piúma/ES. Ano letivo de 2010. A proposta foi que eles fizessem um pequeno vídeo de uma teatralização onde entrevistariam Émile Durkheim.
Criar meios para apresentar aos alunos os clássicos da sociologia sem, contudo, apresente–los de forma enfadonha não é uma tarefa fácil. Uma sugestão de estratégia é trabalhar com teatralização, o que pode ocorrer por meio de produção de vídeos. A Seguir apresento uma experiência bem sucedida. Trata-se de um vídeo elaborado pelos meus alunos do 1º ano B, da Escola Professora Filomena Quitiba, Piúma/ES.