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Personalidades

Um cientista social é um intelectual? Para uma aproximação à essa resposta, torna-se necessário uma segunda indagação: o que é um intelectual? Tal questão não é mera retórica de autoajuda. Trata-se de uma reflexão – em sentido
original.

A palavra “reflexo” tem origem no latim. Formado pela junção de “RE” e “FLEXUS”. Em latim, “RE” significa “outra vez, novamente”, enquanto que FLEXUS,
“dobrado, fletido, retornado”. A palavra “reflexo” diz respeito ao:

  1. desvio da direção de um tipo de energia (luminosa, sonora, etc.), ou;
  2. ao processo mental em que
    voltamos nosso pensamento ao assunto, ou ainda;
  3. ao fenômeno de desvio da luz (razão) ao assunto que queremos
    esclarecer (trazer a luz), no caso aqui a postura de um cientista social diante
    do mundo.

Primeiramente é importante deixar claro que ser um cientista social não

equivale a ser um intelectual, como alguns pensam e se intitulam. Se partirmos
da definição de Gramsci, veremos que o intelectual independe de sua formação
acadêmica, antes estaria ligado ao lugar ocupado no mundo social. Ser
intelectual está relacionado a uma ação social, à uma certa postura capaz de
fazer a ligação entre a superestrutura e a infra-estrutura.

Gramsci em sua obra “Materialismo histórico a à filosofia de Benedetto
Croce”, de 1981, aponta que qualquer indivíduo pode ser um
intelectual/filósofo:

“É preciso destruir o julgamento de que a filosofia
é algo sumamente difícil por ser a atividade intelectual própria de uma
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos
profissionais e sistemáticos.
 É preciso, portanto, demonstrar que todos os
homens são filóso“fos”, e definir os limites e as características desta
“filosofia espontânea” própria de todos, isto é, a filosofia que nela está
contida” (Gramsci, 1981: 15).

Porém,
para Gramsci o intelectual estaria ligado a uma classe, responsável por criar e
disseminar a ideologia desta. Tal intelectual seria o que ele denominou de
“intelectual orgânico”. Nome que faz analogia a manutenção do sistema da
sociedade orgânica, no sentido durkheimiano.

Por outro
lado, Sartre aponta a existência do intelectual engajado. Para ele o
“intelectual verdadeiro” seria o revolucionário, enquanto que os reacionários
seriam “intelectuais falsos”. Bobbio tece, às definições de Sartre, uma crítica
ligada ao conteúdo ideológico-partidário existente.

“Falsos
são os que desempenham uma função que para Sartre é negativa, e é negativa
unicamente porque não desempenham a função que segundo ele deveriam desempenhar.
Assim, será o verdadeiro intelectual o revolucionário; falso o reacionário;
verdadeiro será aquele que se engaja, falso, aquele que não se engaja e
permanece fechado em sua torre de marfim.” (BOBBIO, 1997, p. 14)

Para
Bobbio, o critério para definir o intelectual não é sua orientação ideológica,
mas sua prática – seu engajamento. Mannheim, afirmava que a tarefa do
intelectual é teórica e imediatamente política, pois cabia a ele elaborar
síntese das ideologias existentes que dariam passagem a novas orientações
políticas.

Foucault
apontou, principalmente por meio de sua prática, que é necessário afastar-se do
poderes constituídos para poder realizar a crítica. Sua ideia estaria centrada
na busca de uma neutralidade intelectual, o que é bem contestável. De qualquer
forma, o intelectual seria um indivíduo crítico, aquele que põe em crise as
“verdades” estabelecidas.

Retomamos
a questão inicial: um cientista social é um intelectual? A resposta vem à
medida que pensarmos, qual a sua posição social no mundo?

Não
queremos apresentar uma resposta, que certamente nem temos de forma acabada,
mas apontar que ser intelectual nada tem haver com um diploma de cientista
social ou coisa do gênero. A questão está no lugar que você se coloca no mundo.

 “E zombei de todo mestre
que não zombou de si
mesmo.” (NIETZCHE, Gaia Ciência)

  • Émile Durkheim e Max Weber

    O professor Antonio Marcelo Jackson apresenta alguns conceitos básicos de Emile Durkheim e de Max Weber extraídos do livro de Cristina Costa “Sociologia: introdução à ciência da sociedade”, São Paulo, Moderna, 3ª edição, 2007. (são dois vídeos encontrados no youtube)
    Vídeos muito bom (conteúdo, imagem e som).

  • Max Weber

    o Professor Euclides Guimarães traça um rápido panorama da vida de Weber, na intenção de expor os momentos que foram vitais para a formação de seu pensamento.

  • Alain Touraine, no Programa Milênio, da GloboNews

     Alain Touraine, no Programa Milênio, da GloboNews fala sobre temas ligados a atualidade, inclusive sobre o Brasil. Em entrevista à repórter Leila Sterenberg, sociólogo francês fez críticas ao sistema político brasileiro, mas se mostrou otimista em relação ao futuro do país.

     

    Touraine é um sociólogo de destaque da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, onde fundou o Centro de Estudos dos Movimentos Sociais.

  • Estruturalismo de Bourdieu: Uma visão sobre os esquemas reprodutores

    Estruturalismo de Bourdieu: Uma visão sobre os esquemas reprodutores

    Estruturalismo de Bourdieu

    Estruturalismo de Bourdieu é amplamente utilizado nas análises sociológica e Bourdieu é um dos principais sociólogos a analisar a educação contemporânea sob a influência do modelo de Durkheim.

    Encontrei a net esse resumo que, para não desprestigiar o autor deste, o reproduzo abaixo:

    Para levar a cabo a ambição de Durkheim de unificar as ciências humanas em torno da sociologia, Bourdieu introduziu uma síntese teórica entre o modelo durkheimiano e o estruturalismo.
    + O estruturalismo se conecta à sociologia de Durkheim na medida em que pretende desvendar o peso das estruturas sociais por trás das ações dos sujeitos. (O pensamento de Bourdieu é uma versão mais radical do modelo de Durkheim).
    Para o estruturalismo de Bourdieu (pensamento de Pierre Bourdieu na 1a fase de sua produção, década de 1960) = os sujeitos são uma espécie de marionetes das estruturas dominantes. à Os agentes sociais, mesmo aqueles que pensam estar liberados das determinações sociais, são movidos por forças ocultas, que os estimulam a agir, mesmo que não tenham consciência disso. (“condições objetivas” que o investigador deve desvendar, pois é nelas que residem as explicações)
    + Estruturalismo de Bourdieu compreende que: a teoria de Durkheim e o estruturalismo permitem demonstrar como os indivíduos, em sua ação, apenas reproduzem as orientações determinadas pela estrutura social vigente.
    + Para Bourdieu: Os sujeitos da ação estão ausentes daquele nível da sociedade em que são objetivamente determinadas as suas ações. O sujeito não existe. O que chamamos de ação, é o processo pelo qual as estruturas se reproduzem. O sujeito está submetido aos desígnios da sociedade, faz o que as estruturas determinam, não sabe disso e ainda é iludido pelos discursos dominantes, que o fazem pensar que sua ação é resultante de vontade própria.
    + Bourdieu e Passeron (em 1964) os herdeiros, livro no qual pretendiam combater uma ideia muito comum na França da época, segundo a qual os estudantes e o meio estudantil seriam uma classe social à parte na sociedade. E seriam responsáveis, em razão de sua juventude e de sua disposição para a ação, pela liderança da transformação social.
    Em maio de 1968, em Paris, estudantes franceses saíram às ruas, culminando num processo de mobilização que teria um alcance bem maior do que a capital francesa. Ironicamente o livro serviu como estímulo para essas mesmas revoltas estudantis (por seu aspecto crítico).
    Idéias presentes no livro os herdeiros:
    – Discordam do discurso dominante segundo o qual a conquista de uma “escola para todos”, de caráter igualitário, tornaria possível a realização das potencialidades humanas.
    – Compreendem que a instituição escolar dissimula por trás de sua aparente neutralidade a reprodução das relações sociais e de poder vigentes: encobertos sob as aparências de critérios puramente escolares, estão critérios sociais de triagem e de seleção dos indivíduos para ocupar determinados postos na vida.
    – Entendem que não há qualquer possibilidade de romper com as estruturas de reprodução e afirmam que as teorias pedagógicas são uma cortina de fumaça que procura ocultar o poder reprodutor do sistema que está nas mãos dos educadores. (Para os autores não há saída: o sistema de ensino filtra os alunos sem que eles se dêem conta e, com isso, reproduz as relações vigentes. Não há possibilidade de mudança).
    1970: Bourdieu e Passeron refinam suas ideias, incorporando sistematicamente as ideias e Marx e Max Weber, publicando o livro “A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”.
    – Tese central do referido livro: toda ação pedagógica é, objetivamente, uma violência simbólica.
    · Violência simbólica = imposição arbitrária que, no entanto, é apresentada àquele que sofre a violência de modo dissimulado, que oculta as relações de força que estão na base de seu poder.
    · Ação pedagógica = é uma violência simbólica porque impõe, por um poder arbitrário, um determinado arbitrário cultural.
    · Arbitrário cultural = concepção cultural dos grupos e classes dominantes, que é imposta a toda a sociedade por meio do sistema de ensino. Tal imposição não aparece jamais em sua verdade inteira e a pedagogia nunca se realiza enquanto pedagogia, pois se limita à inculcação de valores e normas.
    – A ação pedagógica implica o trabalho pedagógico (trabalho de inculcação daquele referido “arbitrário” que deve durar o bastante para que o educando “naturalize” seu conteúdo, encare-o como natural, como evidentemente correto em si mesmo, o bastante para produzir uma “formação durável”).
    (…) Na media em que o educando interioriza os princípios culturais que lhe são impostos pelo sistema de ensino – de tal modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e seja capaz de reproduzi-los na vida e transmiti-los aos outros – Bourdieu diz que ele adquire um habitus. Uma vez que o arbitrário cultural a ser imposto é incorporado ao habitus do professor, o trabalho pedagógico tende a reproduzir as mesmas condições sociais (de dominação de determinados grupos sobre outros) que deram origem àqueles valores dominantes. (p.74).
    + O que explica, no pensamento de Bourdieu, a desigualdade que está na base do processo de seleção escolar?
    – A compreensão de que todo sistema de ensino institucionalizado visa em alguma media realizar de modo organizado e sistemático a inculcação dos valores dominantes e reproduzir as condições de dominação social que estão por trás de sua ação pedagógica.
    (…) Os autores, valendo-se de dados empíricos, demonstram que as “condições de classe de origem” dos alunos que entram no sistema de ensino francês determinam tanto a probabilidade de passagem ao nível escolar seguinte, quanto, ainda, o tipo de estabelecimento de ensino ao qual ele tem acesso (se de melhor ou pior qualidade). Tal situação se reproduz, do ensino básico ao médio e ao superior e determina também, no final das contas, a “condição de classe de chagada”, deste aluno, isto é, o tipo de habitus que adquiriu, o “capital social” ao qual teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia econômica e social a que chegou. (P.74).
    REFERÊNCIA
    GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.
    Fonte:https://sociedadeducacao.blogspot.com/
  • Sirio Lopez Velasco – Entrevista do filósofo exclusiva

    Sirio Lopez Velasco – Entrevista do filósofo exclusiva

    Sirio Lopez Velasco
    O filósofo Prof. Dr. Sirio Lopez Velasco respondeu gentilmente esta breve entrevista por email.  
    Café com Sociologia: Professor, qual sua formação e quais as atividades profissionais o sr. destacaria em sua carreira?

    Sirio Lopez Velasco: Sirio Lopez Velasco, uruguaio-brasileiro, nasceu em Rivera, em 1951. Casado, dois filhos. Em 1985 doutorou-se em  Filosofia na Université Catolhique de Louvain (Bélgica), na qual também recebeu o diploma de “licencié” em Lingüística e foi coordenador do Seminário de Filosofia Latino-americana entre 1983 e 1985 (primeiro Seminário de doutorado criado por discentes nessa Universidade fundada em 1425); em 2002 realizou pós-doutorado em Filosofia no Instituto de Filosofia do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC, Madri, Espanha), com bolsa da CAPES. Desde 1989 é professor titular de Filosofia na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG em Rio Grande, RS) onde ajudou a criar o Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação Ambiental (primeiro em 1994 com Mestrado e desde 2006 também com Doutorado), o primeiro na área no Brasil a ser reconhecido pela CAPES.Currículo Lattes de Sirio Lopez Velasco

    Café com Sociologia: Quais as principais publicações/pesquisas realizadas?

    Sirio Lopez Velasco:
    Publiquei os seguintes livros:

    “Reflexões sobre a Filosofia da Libertação” (1991),
    “Ética de la Producción” (1994),
    “Ética de la Liberación” Vol. I [“Oiko-nomia”] (1996),
    ” Ética de la Liberación” Vol. II [Erótica, Pedagogía, Individuología] (1997),
    “Ética de la Liberación” Vol. III [Política socioambiental ecomunitarista] (2000),
    “Fundamentos lógico-lingüísticos da ética argumentativa” (2003),
    “Ética para o século XXI. Rumo ao ecomunitarismo” (2003),
     “Ética para mis hijos y no iniciados “(2003),
    “Alias Roberto – Diario ideológico de una generación” (2007), e
    “Introdução à educação ambiental ecomunitarista” (2008),
    “Ecomunitarismo, socialismo del siglo XXI e interculturalidad” (2009),
    “Ética ecomunitarista” (2009),
     “Ucronia” (2009), e
    “El socialismo del siglo XXI en perspectiva ecomunitarista a la luz del socialismo real del siglo XX” (2010).
    Sirio Lopez Velasco: O socialismo do século XXI em perspectiva ecomunitarista deve incluir: a) uma ética fundadora de três normas básicas que nos exigem, respectivamente, lutar para realizar a nossa liberdade individual de decisão, exercer essa liberdade em buscas de respostas consensuais com os outros, e preservar-regenerar uma natureza humana e não humana saudável, b) uma economia ecológica e solidária, sem patrões e que respeite os “5R”: refletir, recusar, reduzir-reutilizar-reciclar os recursos e resíduos, usando energias limpas e renováveis (como a solar, eólica, das marés, geotérmica e da biomassa), c) uma educação ambiental problematizadora, praticada na educação formal e não formal, e inspirada de Paulo Freire e Demerval Saviani, d) uma política de todos, com predomínio da democracia direta, participativa e protagônica, embasada no poder de decisão real dos cidadãos organizados na base, e) uma comunicação simêtrica em mãos do povo, que supere o atual monopólio dos grandes meios de comunicação detentados por uma oligarquia que também controla o poder econômico, político, militar e cultural, e, f) uma erótica da libertação, do prazer compartilhado no respeito às três normas éticas fundamentais e que supere a condenação da masturbação, o machismo e a homofobia.
    Café com Sociologia: Por que essa proposta? Em que se diferencia das experiências vivenciadas até o presente?
    Sirio Lopez Velasco: Essa proposta permite simultaneamente o desenvolvimento de indivíduos universais solidários com o desenvolvimento dos outros, e respeitosos dos equilibrios ecológicos na aplicação do lema “de cada um segundo sua capacidade e a cada um segundo sua necessidade”. As experiências socialistas vividas na Europa falharam na aproximação a esse lema, no desenvolvimento da liberdade dos cidadãos livremente associados e na necessária conduta ecológica, ao tempo que praticaram uma educação bancária (e não problematizadora), tolheram a liberdade de informação-discussão-expressão-imprensa-comunicação-viagem, acabaram substituindo a democracia direta pelo poder imperial de uma cúpula partidária, e impediram o floirescimento da erótica da libertação.


    Entrevistador: Cristiano das N. Bodart 
    Data da entrevista: 19 de dezembro de 2010.
  • Biografia Karl Marx: Um intelectual marcado pelo seu tempo

    Biografia Karl Marx: Um intelectual marcado pelo seu tempo

    Biografia Karl Marx
    Karl Marx

    Breve Biografia Karl Marx:

    Infância

    Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883. Estudou na universidade de Berlim, principalmente a filosofia hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos radical-democratas irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris, editando em 1844 o primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes deste movimento, Bruno Bauer e Ruge.

    Exílio

    Na Biografia Karl Marx consta que em 1844, conheceu em Paris Friedrich Engels, começo de uma amizade íntima durante a vida toda. Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou a revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista. Voltou para Paris, mas assumiu logo a chefia do Novo Jornal Renano em colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.

    Engajamento Político

    Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal, cujos redatores foram denunciados e processados, Marx foi para Paris e daí expulso, para Londres, onde fixou residência. Em Londres, dedicou-se a vastos estudos econômicos e históricos, sendo freqüentador assíduo da sala de leituras do British Museum. Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas sua situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado por Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
    Em 1864, Marx foi co-fundador da Associação Internacional dos Operários, depois chamada I Internacional, desempenhando dominante papel de direção. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal, O Capital. Dentro da I Internacional encontrou Marx a oposição tenaz dos anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no Congresso de Haia, a associação foi praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia patrocinar a fundação, em 1875, do Partido Social-Democrático alemão, que foi, porém, logo depois, proibido. Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa.
  • A Sociologia de Durkheim: criador do método sociológico

    A Sociologia de Durkheim: criador do método sociológico

    A Sociologia de Émile Durkheim tem grande relevância para consolidação dessa disciplina enquanto ciência uma vez que esse autor criou o que chamamos de método sociológico. (…) a sociologia, enquanto disciplina, constitui-se no século XIX, no contexto da consolidação da sociedade capitalista burguesa. Assim se explica a preocupação dos chamados “clássicos da sociologia”, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim; Marx ocupado em estabelecer a partir do seu engajamento concreto com os Movimentos Operários o caminho de superação daquele modelo de sociedade, rumo a uma organização realmente igualitária; a Weber interessava compreender e explicar o porquê de o Modo de Produção Capitalista só ter se tornado dominante na Europa do século XIX, já que o comércio, a busca do lucro e até mesmo a noção de assalariamento já haviam acontecido em outros momentos da história. Seu foco são as particularidades históricas; Durkheim, (…) hoje, estava preocupado em entender em que se sustentaria a coesão de uma sociedade que surge do questionamento das tradições, da religião, etc. em prol do indivíduo – referência à ideologia individualista, isto é, a crença que o indivíduo, nesta nova realidade, poderá ir até onde seus méritos determinam e não é mais de acordo com o sobrenome que carrega ou outra barreira parecida.
    A partir de diversos estudos sobre o suicídio, a vida religiosa e sobre a divisão do trabalho, sobretudo neste último, Durkheim concluiu que nas sociedades ditas primitivas onde a divisão do trabalho era menos complexa, as pessoas eram praticamente intercambiáveis (uma substitui a outra) e, por isso mesmo, aproximavam-se por semelhança. Assim a identidade do grupo se fortalecia. A isso o autor chamou solidariedade mecânica.
    Durkheim
    Na sociedade capitalista, no entanto, com a valorização do indivíduo e da individualidade, diante da complexa divisão do trabalho e da evidência de que as pessoas ocupam posições muito distintas e com preocupações diversas, como esta sociedade manter-se-ia íntegra? O que ligaria os indivíduos nesta sociedade? A resposta da primeira pergunta já conhecemos; dentre outras, a Educação desempenharia um papel fundamental ao “conformar” os indivíduos à sociedade. Mas a segunda pergunta o autor de Da divisão
    do trabalho social responde da seguinte maneira, a ligação se dará pela interdependência, como cada um tem uma função específica, dependerá sempre dos outros. Assim voltamos à concepção organicista de sociedade. Este tipo de coesão foi classificado como solidariedade orgânica, um tipo, no mínimo, estranho de solidariedade, dada sua assimetria, a alguns cabe dar muito mais do que receber.

     

    Além dessa interdependência, o cimento que liga os tijolos é constituído pela argamassa da consciência coletiva, isto quer dizer que, embora possuamos a consciência individual, existe uma padronização da conduta e dos pensamentos, aquilo que é tido como importante ou inadmissível, belo ou feio, é algo decidido fora do indivíduo, ainda que às vezes percebamos como sendo escolha exclusiva de cada um de nós.
    Ainda segundo a Sociologia de Durkheim, infringir essas regras ou fugir dos padrões é algo que acontecerá em todas as sociedades, é, portanto, normal. O que, no entanto, não seria visto do ponto de vista da normalidade é que não haja uma reação/sanção da sociedade em relação àqueles que extrapolam os limites impostos por ela. Na concepção do autor, a ausência de sanções significa um estado de anomia, isto é, não se pune porque não se tem clareza sobre as regras.
    De todo modo, deve ficar claro que em sua análise, o autor presume que tais regras e padrões, as leis e as punições aos que as infringem, pesam sobre todos igualmente, são coercitivas, exteriores e gerais, isto é, serão impostas às classes capitalistas e aos trabalhadores, a homens e mulheres, etc. Ou seja, em sua teoria, desconsidera as relações de dominação e poder existentes entre grupos dentro da sociedade.
    Por MARCELA M. SERRANO

     

    BIBLIOGRAFIA:

    ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
    COSTA, Maria Cristina C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005.
  • Biografia Anthony Giddens

    Biografia Anthony Giddens

    482px Anthony Giddes at the Progressive Governance Converence Budapest Hungary 2004 october

    Anthony Giddens, nasceu em 18 de janeiro de 1938,  em Londres.  É um sociólogo britânico, renomado por sua Teoria da estruturação. Considerado por muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo, figura de proa do novo trabalhismo britânico e teórico pioneiro da Terceira via, tem mais de vinte livros publicados ao longo de duas décadas.

    Do ponto de vista acadêmico, o seu interesse centra-se em reformular a teoria social e reexaminar a compreensão do desenvolvimento e da modernidade.

    As suas ideias tiveram uma enorme influência quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo. A sua obra abarca diversas temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade.
    Foi um dos primeiros autores a trabalhar o conceito de globalização.

    Mais recentemente tem estado na vanguarda do desenvolvimento de ideias políticas de centro-esquerda, tendo ajudado a popularizar a ideia de Terceira via, com que pretende contribuir para a renovação da social-democracia.

    Foi Director da London School of Economics and Political Science (LSE) entre 1997 e 2003. Anteriormente foi professor de Sociologia em Cambridge. Muitos livros foram publicados sobre este autor e a sua obra. Foram-lhe concedidos diversos títulos honoríficos.
    Foi co-fundador, em 1985, de uma editora de livros científicos, a Polity Press.
    Giddens trabalhou como assessor do ex-Primeiro-ministro britânico Tony Blair.
    Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Anthony_Giddens

    Nesse link é possível baixar seis de seus livros e mais uma bela obra em forma de entrevista

  • Um pouco das ideias de Claude Lévi-Strauss

    Um pouco das ideias de Claude Lévi-Strauss

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    Claude Lévi-Strauss foi sem dúvida o principal antropólogo estruturalista.
    Se dedicou aos estudos das culturas particulares dos vários agrupamentos humanos, assim como se preocupou em construir um modelo teórico que permitisse apreender as invariantes, os elementos constantes de cada uma.

    Nas palavras de Cuche, Lévi-Strauss procurou “ultrapassar a abordagem particularista das culturas”, estudando “a invariabilidade da Cultura”, uma vez que “as culturas particulares não podem ser compreendidas sem referência à Cultura, ‘esse
    capital comum’ da humanidade e do qual elas se alimentam para elaborar seus modelos específicos”.

    Para Lévi-Strauss existem dois conceitos opostos: a Cultura e a Natureza. O primeiro remete ao estágio em que o homem organiza a vida social; o segundo, ao material ainda não-organizado pela Cultura.

    Para ele as sociedades – de alguma maneira – vão substituindo a Natureza pela Cultura, uma vez que vão sendo criadas, ao longo do tempo, regras para o “bom” funcionamento da sociedade. Quando mais elementos culturais vão sobrepondo aos aspectos naturais, mais complexa se torna a sociedade em questão. Cada grupo social tende a se omplexar, em diferentes espaços/tempo e de diversos formas.

    Podemos, assim, afirmar que o que, de acordo com Lévi-Strauss, diferencia uma cultura da outra não é que uma está mais próxima da Cultura e outra da Natureza, mas sim o modo como cada uma estrutura, pela Cultura, a vida social. A diferenciação entre os grupos sociais está diretamente ligada ao modo como tal sociedade se organiza, dái o temos como um teórico Estruturalista.

    Fonte: Adaptado e ampliado do “Sistema Anglo de Ensino”. Sociologia/Ensino Médio

    Confira a entrevista que Lévi-Strauss deu em 1998 a Beatriz Perrone Moisés

    ( Professora do Departamento de Antropologia – USP) em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77011999000100002&script=sci_arttext
    Nessa entrevista

  • Florestan Fernandes

    Florestan começou a escrever no final dos anos 40, e ao longo de sua vida, publicou mais de 50 livros e centenas de artigos. Suas principais obras foram:

     

    • Organização social dos tupinambá (1949);
    • A função social da guerra na sociedade tupinambá (1952);
    • A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questionamentos sobre a produção das Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50);
    • Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
    • Mudanças sociais no Brasil (1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil);
    • Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961) (esta obra reúne trabalhos e pesquisas realizadas nos anos em que Florestan foi aluno de Roger Bastide na USP, dedicados a várias manifestações de cultura popular entre crianças da cidade de São Paulo).
    • A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil);
    • Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
    • A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição em volume de artigos anteriormente publicados em revisas científicas e dedicados à produção recente da antropologia brasileira);
    • A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica(1975).

     

    Para conhecer mais sobre a vida e obra de Florestan Fernandes visite o site: https://www.sbd.fflch.usp.br/florestan/index1.htm