Por Cristiano das Neves Bodart

Como bem apresentou o poeta cristão, Ariano Suassuna, Herodes e Pilatos eram de direita, representavam o status quo da época. Defendiam o crescimento do Império Romano, o uso da força na manutenção da “harmonia social”.
Jesus de Nazaré viveu em uma sociedade marcada pelo Latifúndio (diversas de suas parábolas tiveram a “terra” como pano de fundo) e quando ele se colocava contrário a riqueza (embora pensamos o conceito de riqueza com nossas experiências atuais, sendo visto como capital) estava se colocando contrário ao latifúndio. A riqueza, ou seja, a concentração de terras nas mãos de poucos, era visto por Jesus como bastante negativa (“É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus” Mt. 19:24). E qual era a sugestão de Jesus? Sua orientação era a partilha: “vende tudo o que tens e dê aos pobres” (Mt. 19:21).

Jesus se pôs também contrário à opressão dos ricos sobre os pobres. Denunciou a exploração da época que se dava por meio de impostos que enriqueciam uma classe social e esmagavam outras na pobreza. Atualmente a forma de exploração se dá, em maior parte, por meio das relações assalariadas (na época de Jesus o trabalho era predominantemente artesanal e familiar).
Jesus viveu na companhia dos mais pobres e oprimidos pela Direita Política da época. Sua atenção esteve prioritariamente sobre os mais pobres, carentes e marginalizados pela sociedade. Notaremos nos evangelhos um constante embate entre Jesus e o Poder Político de Direita da época. Jesus foi um defensor das minorias desprivilegiadas ou vitimadas por preconceitos sociais e/ou religiosos.
“E da multidão dos que creram, um só era o sentimento e a maneira de pensar. Ninguém considerava exclusivamente seu os bens que possuía, mas todos compartilhavam tudo entre si” (ATOS 4: 32).
“Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um” (Atos 4:34-35).

Não é lúcido pensarmos que porque alguém da Esquerda se corrompeu, como fez Judas e outros contemporâneos de nossa época (enriquecendo-se a si mesmo com uma espécie de “caixa dois”), que devemos satanizar os princípios defendidos por Jesus. Fazer isso não seria deixar de seguir os princípios cristãos e, portanto, deixar de ter condições de ter esse adjetivo?
Por fim, termino dizendo que o conservadorismo da Direita da Época de Jesus, o crucificou justamente por ter sido interpretado como sendo de Esquerda. Hoje Jesus seria assassinado pela milícia a mando de um direitista conservador que se diz cristão. Daqueles que fazem gestos de armas com as mãos.