O discurso reacionário e o aumento da onda conservadora
Por Roniel Sampaio Silva
algumas vezes é utilizado também pela extrema esquerda.
Estes textos oferecem uma visão diferenciada e interessante sobre vários acontecimentos cuja análise pode ser feita por meio da sociologia.
A reflexão é um importante instrumento intelectual para fazer com que o indivíduo consiga perceber a relação entre as estruturas sociais e as biografias individuais.
Na Sociologia sempre esteve presente a discussão entre indivíduo e sociedade (agencia vs. estrutura), chegando ao ponto de estudiosos mais radicais, principalmente nas primeiras décadas do século XX, ignorar os estudos que tinham seu foco no
indivíduo. Simmel, por exemplo, foi um sociólogo renegado por anos por esse motivo. Bauman e May nos ajudam a entender em quais condições o indivíduo é objeto da Sociologia. Para esses autores “atores individuais tornam-se objeto das observações de estudos sociológicos à medida que são considerados participantes de uma rede de interdependência .
Desse modo os textos para reflexão ensejam uma análise de como nós nos relacionamos com nossa estrutura e proporcionam um contraponto discurso do discurso dominante.
Por Roniel Sampaio Silva
Por um jornalismo civilizatório
![]() |
Fonte: https://associacaocamposeliseos.com.br |
Sob o resquício da Ditadura
No ano letivo de 2015 iniciamos nas aulas de Sociologia, com os estudantes do 3º ano do Ensino Médio Regular um projeto o qual denominamos de “Onde está o negro?”. Esse projeto é desenvolvido em parceria com o PIBID Ciências Sociais/UFES. Na primeira etapa do projeto introduzimos conceitos como cultura e etnocentrismo. Após, solicitamos que os estudantes desenvolvessem pesquisas de campo em diferentes espaços sociais, analisando os papéis desempanhados pelos negros. O resultado desse trabalho de pesquisa constata que os negros, em sua maioria, não ocupa papel de destaque, nos espaços sociais pesquisados pelos jovens estudantes do Ensino Médio. A pesquisa foi realizada em diferentes espaços sociais como hospitais, escola, unidades de saúde, shopping, dentre outros.
“Nós, negros, estamos em toda a parte, mas ninguém nos vê”, revela um dos estudantes em seu relatório de pesquisa. Essa frase mostra que o estudante assume sua identidade negra mas sente-se invisível. Essa invisibilidade nos remete, por exemplo, a uma sociedade que defende a redução da maioridade penal, mas não reflete sobre os elevados índices de homicídios contra jovens negros.
No período de escrita do projeto iniciei uma pesquisa de campo nas lojas de brinquedo em shoppings centeres de Vitória e Serra, em busca de bonecas negras. As bonecas negras não existem na maioria das lojas e quando as encontramos, ou são feias e bem diferentes dos modelos brancos expostos; ou conservam os mesmos estereótipos das bonecas brancas mudando apenas a cor. Isso quando não encontramos apenas as “moreninhas”.
Numa das lojas, em diálogo com a gerente e um vendedor, identifiquei que a procura por bonecas negras é bem pequena, mesmo por meninas negras, daí a quantidade e a variedade na loja ser pequena. Os funcionários da loja veem com naturalidade essa baixa procura e quando provocamos para a necessidade de se pensar em bonecas negras, com deficiências, enfim, para que a diversidade estivesse presente também nas bonecas, a gerente afirmou que não seria uma boa ideia, pois os pais teriam resistência em entrar numa loja e ver nas vitrines bonecas negras, sem braço ou perna, em cadeira de roda ou com sindrome de down. Essa mesma provocação foi feita com empresas que produzem bonecas. Uma afirmou que já fabrica um bebê negro (moreninho, como descreveu uma vendedora) e outra, afirma que irá pensar nas sugestões dadas por mim.
Casos como o da jornalista de Brasília que foi vítima de racismo nas redes sociais após atualizar sua foto no perfil do facebook chamam atenção da mídia, mas precisamos estar atentos ao racismo velado existente nas relações sociais estabelecidas por nós, também, nos espaços escolares. Utilizando outra metodologia de trabalho (o painel sociológico interativo coletivo), através da qual, os estudantes podem expressar seus sentimentos/pensamentos/opiniões num mural, constatamos, no final de abril, após a frase “Onde está o negro?” ficar exposta por uma semana nesse painel, através das palavras escritas que o racismo está presente em nosso meio e se esconde nas piadas, nas brincadeiras, nas zoações. Uma das frases expostas, “Os negros estão nas cadeias […] estão na injustiça social”, nos revela a visão dos jovens sobre o lugar social a que o negro é determinado pela mídia e pela ausência (ou ineficiência) de políticas públicas que pensem na inclusão social, na valorização da cultural e na identidade negra no Brasil.
O resultado preliminar desse trabalho nos dá indícios para a reflexão sobre a implementação da Lei 10639/2003 nos curriculos escolares da Educação Básica e sobre a formação inicial e continuada dos professores.. Os estudantes revelam desconhecer a História e a Cultura Africanas e Afro-Brasileiras. Como desconstruir preconceitos se não falarmos deles? Após 12 anos da Lei 10.639/2003 é urgente pensarmos “Onde está o negro?” e avançarmos rumo a uma educação que nos permita descontruir preconceitos e a respeitar o outro, superando a herança histórica da escravidão.
* Originalmente publicado no jornal A Tribuna, 11 de maio de 2015. ** Graduada em Ciências Sociais e mestre em educação pela Universidade do Espírito Santo/UFES.
Temos visto uma crescente postura de intolerância de extremistas esquerdistas e direitistas. Para aliviar as tensões (se é que isso seja de fato possível) nas redes sociais, utilizando da ironia, apresentamos agora os “DEZ MANDAMENTOS DE UM DIREITISTA FUNDAMENTALISTA” (veja os Dez mandamentos de um esquerdista fundamentalista aqui). Esperamos que curtam essa brincadeira e a aproveite para “sacanear” alguns amigos “fundamentalistas” compartilhando na página deles do facebook. Segue:
Os Dez Mandamentos do direitista fundamentalista- Veja 20:1 a 10
1 – Então falou Adam Smith todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu deus, que te tirou da improdutividade, do ócio da vagabundagem dos comunistas. Não lerás outros textos que não se fundamentem em mim.
2 – Não lerás Marx, nem nada semelhante do que escrevem os esquerdistas de plantão, nem mesmo folhearás a revista Carta Capital. Não te encurvarás a esta, só a criticarás; porque eu, Adam Smith , teu deus, sou teórico zeloso, que denuncio os intentos dos socialistas e comunistas preguiçosos.
3 – Não citará o nome de Milton Friedman em vão. Antes exaltarás o nome de Olavo de Carvalho e seus “congêneres”.
4 – Lembra-te dos benefícios que o capitalista lhe dá: Seis dias trabalharás, farás toda a tua obra e usufruirá do fruto de seu trabalho. Questionarás todos os programas sociais (para pobres, é claro). Tu, teu filho, tua filha, podem estudar em universidade pública, mas PROUNI esconjurarás. Porque em todos os dias estes vagabundos querem sem trabalhar os céus e a terra, o mar e tudo que neles há para dividir com outros tantos vagabundos.
5 – Honre a meritocracia, ignorando que moramos em um país onde as desigualdades de acesso são gigantes. Isso não importa.
6 – Odeie o PT, o PCdoB e o PSOL e culpe sempre a Dilma pela situação atual do Brasil, ainda que esta tenha sido construída ao longo de mais de 500 anos.
7 – Defenderás o PSDB, ignorando todos os seus supostos defeitos e práticas de corrupção. Aponte sempre os problemas da esquerda para justificar os da direita.
8 – Lerás toda a semana a revista Veja, e assistirás a Globo para ter “argumentos” contra os comunistas que querem tornar o Brasil uma Venezuela. Compartilhe no face as ideias de Jair Bolsonaro e Reinaldo Azevedo.
9 – Não aceitarás o testemunho de intelectuais de esquerda, mesmo que seja para fazer um bolo de chocolate.
10 – Criticarás o Bolsa Família, mas pleitearás uma bolsa de estudo do exterior; criticarás o tamanho do Estado, mas cobiçarás um cargo público; atestarás que bandido bom é bandido morto, mas só se for pobre e, se possível, nego e favelado. Denuncie o regime cubano pela falta de liberdade e aponte a intervenção militar como solução para o Brasil.