Categoria: Notícias

Notícias são fundamentais para se contextualizar diante do Brasil e do mundo. Acompanhe os principais acontecimentos relacionados às Ciências Sociais do Brasil e do Mundo. Conhecer bem a realidade na qual está inserido é fundamental para o sociólogo ou socióloga ter um bom ponto de partida para contextualizar suas pesquisas e teorias.

Relacionar os conteúdos aprendidos com os eventos históricos do país e do mundo fortalecem o aprendizado e fomenta mais interesse para aprender a pensar sociologicamente. Relacionar com outras áreas do conhecimento Também potencializa a experiência de aprendizado.

Para o professor de sociologia posicionar-se é importante. Não de uma maneira cegamente militante, mas de uma forma crítica e flexível. Primeiro porque o posicionamento é uma forma honesta de mostrar aos alunos que o professor tem suas preferências e isso deve ser considerado pelo público para um filtro mais adequado. Segundo porque posicionar-se problematiza pontos de vista e fomentam um debate que enriquece e enaltece os envolvidos. Vamos às notícias!

  • MP 746/2016 Farsa aprovada na Câmara dos Deputados: exclui-se sorrateiramente a Sociologia e a Filosofia

    MP 746/2016 Farsa aprovada na Câmara dos Deputados: exclui-se sorrateiramente a Sociologia e a Filosofia

    MP 746/2016: Tentativa de exclusão da Sociologia da grade curricular

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    Farsa aprovada na Câmara dos Deputados

    Por Cristiano Bodart*

    Foi aprovado naquela “casa de leis” a “inclusão de conteúdos e práticas” de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio.

    Em termos práticos, não será mais necessário contratar professores formados nessas áreas do conhecimento, uma vez que deixa de ser disciplina para ser “conteúdo e prática” a serem “diluídos em qualquer disciplina de Humanas.

    É revoltante ver tamanho retrocesso.

    Propõe ampliar a carga-horária e excluir disciplinas? Isso é bem contraditório!

    Propõe haver “conteúdo” (diluído) de Sociologia e Filosofia sem que haja determinante legal que justifique a contratação de professores especialistas nessas áreas de conhecimento. Não contratando professores (já que Educação é custo) dessas áreas, elas serão dadas (se for) por professores que não têm formação para tal tarefa, sendo “jogado” nas suas costas uma responsabilidade para a qual não se prepararam. Mais uma vez a educação sendo “empurrada com jeitinhos”.

    Repito: é revoltante ver tamanho retrocesso.

    A partir de agora, se assim continuar no Senado**, teremos um Ensino Médio ainda mais problemático e incompleto. Retrocedemos ao menos 8 anos ou, talvez aos anos de 1970 quando imperava a pedagogia tecniscista.

    A Associação Brasileira de Ensino de Sociologia está promovendo abaixo-assinado para encaminhar ao Senado. Assine e colabora com essa luta. Link para o abaixo-assiando AQUI

    Nota:
    *Doutor em Sociologia(USP), professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e editor do Blog Café com Sociologia.

    **A matéria ainda será votada no Senado e depois sancionada pelo presidente.

  • Livro recém lançado: Entre a Rua e o Refúgio: Juventude e Abrigamento no Rio e em Roma

    Livro recém lançado: Entre a Rua e o Refúgio: Juventude e Abrigamento no Rio e em Roma

    Entre a Rua e o Refúgio

    O livro “Entre a Rua e o Refúgio: Juventude e Abrigamento no Rio e em Roma” de Beatriz Brandão foi recém publica
    do pela Aprris Editora. O livro é fruto de sua pesquisa de mestrado defendida em 2013 na UERJ.

    Beatriz Brandão é mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/UERJ) e doutoranda em Ciências Sociais pela PUC-RJ. (ver o currículo da autora aqui). Beatriz Brandão compõe o comitê editorial da Revista Café com Sociologia (conheça a revista AQUI)

    Sobre o livro:

    O debate sobre refugiados na Europa e a permanência de meninos em 13435522_1101676736541047_8329920035906599603_nsituação de rua no Brasil são temas em destaque no cenário político social. Por isso Beatriz Brandão faz grande contribuição para a discussão ao expor os resultados de um estudo comparativo entre as trajetórias de jovens “refugiados” na Itália e meninos de rua no Brasil. A pesquisa se deu basicamente em instituições de acolhimento em Roma e no Rio de Janeiro, onde estavam internados os personagens que dão vida a este texto. Por meio da observação participante, a autora desenvolveu uma pesquisa descritiva das singularidades dos dois cenários, tendo acesso às narrativas que possibilitaram analisar as vias de conflito e proximidade dos sujeitos com a instituição. Dois grupos de jovens diferentes com processos de vida distintos, mas que compartilham o fato de possuírem uma carreira de rupturas; a formação de vínculos frágeis no processo de construção de suas identidades; as vidas tuteladas por uma instituição e por esta se constituir no único meio de associação com o mundo externo formal, seja por via do trabalho ou da adoção de uma família. Como se formam os vínculos institucionais e de que modo os jovens abrigados interpretam e questionam a função social do acolhimento em suas vidas? Como isso reflete na relação cotidiana com a instituição? São essas as questões centrais respondidas nesta obra.

    O livro está a venda em várias livrarias. Realizando uma busca na internet encontramos o menor preço na Amazon (Veja Aqui)

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    Exemplares da obra recém lançada.

     

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    Registro do lançamento da obra.
    
    
    Mais detalhes do livro:
    • Capa comum: 271 páginas
    • Editora: Appris (26 de abril de 2016)
    • Idioma: Português
    • ISBN-10: 8547300813
    • ISBN-13: 978-8547300814
  • Censura aos professores: Quinze perguntas feitas ao deputado do PL da censura

    Censura aos professores: Quinze perguntas feitas ao deputado do PL da censura

    Nova tentativa de censura aos professores. O deputador Izalci (PSDB-DF) é um grande militante em prol da minimização do censo crítico dos alunos. Anteriormente ele apresentou o Projeto de Lei 6003/2013 que tirava sociologia e filosofia do ensino médio. Depois de muita pressão e mobilização dos professores o Deputado pediu o arquivamento da lei.

    Agora, está prestes a ser aprovada e tramita com velocidade outra iniciativa que tem a mesma finalidade da PL 6003/2013, comprometer o pensamento crítico da escola. Dessa vez o PL 867/2015 prevê a censura e policiamento de conteúdos dos professores sob a alegação de que os docentes brasileiros de maneira generalizada e deliberada estão se aproveitando da fragilidade dos alunos para impor ideias de esquerda.

    Com muita preocupação e perplexos com a indefinição, superficialidade, censo comum e distorção da visão que norteia o Projeto de Lei, elaboramos um roteiro de perguntas as quais gostaríamos muito que o parlamentar respondesse.  As perguntas devem ser encaminhadas aos editores do blog e serão publicados como direito de resposta na íntegra aqui no blog.

    Pedimos aos nossos leitores que questionem o projeto de (PL 867/2015) e digam qual a sua opinião sobre o assunto. É censura aos professores?

    O contado do Deputado Izalci (PSDB-DF)

    Contra a censura aos professores, seguem as perguntas ao deputado:

    1- Deputado, o que é educação escolar para você e qual deve ser o papel da escola?
    2- O que é ideologia para você? O que é um partido? O que você entende por partidarização da escola? O que é exatamente doutrinação? No seu projeto não fica claro quem vai definir o que é doutrinação. O papel de censura de conteúdos não tiraria a tarefa de um profissional formado, o professor, e criaria pessoas com o papel de censurar e doutrinar os conteúdos?
    3- Quais as referências científicas que o levam a crer que professores brasileiros estão obrigando os alunos a terem posições políticas por imposição? Você poderia mostrar pesquisas sérias e reconhecidas sobre esse assunto?
    4- Uma democracia deve ser plural para a garantia da livre circulação e debate de ideias. Quanto maior a variedade de canais e diferenças editoriais entre os meios de comunicação, mais rica é a informação. O professor hoje tem liberdade de debater ideias políticas, expor e problematizar o seu ponto de vista com alunos e outros professores. Por que restringir a liberdade de cátedra melhoraria o pluralismo de ideias? Não seria melhor fomentar a liberdade dos professores para que os alunos tivessem acesso à informações dos mais variados tipos?
    5- É um consenso entre todos os grandes pesquisadores da educação, sociologia, filosofia e humanidades em geral que não se pode separar as intenções, visões de mundo e preferências. Não seria mais honesto que os professores falassem sobre suas intenções e posicionamentos? Não ficaria mais fácil para o aluno identificar o que está disfarçado de neutralidade quando ele consegue perceber as visões de mundo de seu professor?
    6- Há no país hoje uma grande polarização entre esquerda e direita. O resultado dessa polarização pode ser facilmente percebido nas eleições presidenciais de 2014. Se de fato houvesse um avanço da esquerda por meio da doutrinação ideológica nas escolas, o resultado não teria mais favorável à reeleição da presidenta afastada Dilma Rousself? Seu projeto de lei também não é ideológico na medida em que é orientado por uma visão de mundo?
    7- No seu texto do PL 867/2015 no art. 2 “V – reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizado”. Você enxerga que os professores brasileiros fazem mal aos seus alunos e que os educandos precisam ser protegidos? É essa a visão que você tem do professor brasileiro?
    8- Quais as ideologias que você julga como ruins e quais as boas existem na escola brasileira?
    9- No seu texto do PL 867/2015 ainda no art. 2 “VII – direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.” Deputado, se o senhor concorda que a família deve participar mais na educação dos seus filhos, porque não diminuir a jornadas de trabalho dos seus pais sem alterar seus vencimentos?
    10- Deputado Izalci, já existe na legislação brasileira referência a liberdade de ideias e concepções pedagógicas, além de respeito à liberdade e apreço a tolerância, além de punição para crime de ameaça existente no código penal. Boa parte dos partidários do seu partido são contra a criminalização da homofobia sob argumento que já existe punição para homicídio. Por que seu projeto de lei não é arquivado a partir dessa mesma lógica?
    11- Deputado, é viável deixar para os pais a competências de selecionar conteúdos para os seus filhos em sala de aula? Seria viável uma turma  com 40 alunos em que cada pai e cada aluno definissem como e quais os conteúdos que os professores lecionariam? Imagine que esse professor segundo a OCDE é o professor que mais trabalha no mundo. Muitos de nossos docentes chegam a ter 1000 alunos. Se você fosse professor, como faria este trabalho?
    12- Deputado, não seria uma contradição o projeto escola sem partido ter o seu partido PSDB como padrinho?
    13- Segundo a OCDE o professor brasileiro é o que mais perde tempo, cerca de 20% da aula para ter atenção da turma. Além das péssimas condições de trabalho, baixos salários e grandes dificuldades os docentes tem dificuldades em convencer seus alunos a prestarem atenção nas aulas, desligar celular etc. Como professores que têm dificuldade de cativar atenção dos alunos nas aulas podem transformar seus alunos em militantes cegos para causas nefastas?
    14- O principal acusador de doutrinação ideológica é a direita brasileira. A esquerda entende que o educando deve ter acesso livre a professores de direita e esquerda e a partir do desenvolvimento crítico e cientifico é possível fortalecer a formação cidadã do aluno pelo debate, pela ciência e pelo desenvolvimento crítico. No seu PL “As secretarias receberão reclamações anônimas de professores” . Isso não seria uma forma de estimular uma vigilância  ideológica que a direita defende? Isso não seria uma forma de favorecer a direita dado este contexto?
    15- Deputado Izalci como o senhor diz que esse projeto não implica censura se o PL prevê encaminhamento de denúncia para o ministério público com pena de responsabilidade?
  • PL 867/2015 busca censurar professores está prestes a ser aprovado

    PL 867/2015 busca censurar professores está prestes a ser aprovado

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    O Deputado Izalci (PSDB-DF), juntamente com outros parlamentares, parece estar comprometido com o ataque ao desenvolvimento do pensamento científico-crítico da escola pública brasileira.Ainda em 2013 o referido deputado protocolou o Projeto de Lei 6003/2013 que tinha por finalidade excluir as disciplinas de Sociologia e Filosofia do currículo do Ensino Médio. Apesar de arquivado o Projeto de Lei não há garantias que não possa voltar à tona, sobretudo nesse contexto político do país.

    A mais nova peripécia do deputado é atacar várias disciplinas de uma vez por meio da limitação de conteúdos que, segundo ele, são atentados à vulnerabilidade intelectual dos alunos. Nesse bojo, aparece o projeto “Escola sem Partido”  (PL 867/2015) ou “Escola de Partido Único”. Trata-se de uma iniciativa cujo objetivo é censurar professoresTal projeto de lei parte de suposto assédio ideológico dos professores sobre os alunos, que segundo os defensores do projeto ocorre de forma intensa, sistemática e frequente.

    Além de ser uma classe desvalorizada, o professor agora é visto como um “manipulador de mentes vulneráveis”, segundo esse parlamentar. Os idealizadores do escola “Sem Partido” apostam que apenas os professores que “preparam para o mercado” de trabalho e que ensinam a não questionar as organizações são dignos de atuar como professor.

    Para combater uma suposta homogeneidade esquerdista e evolucionista dos docentes, o Projeto de Lei parte da ideia de que os professores fazem mal aos alunos, na medida em que esses o incentivam ao pensamento científico-crítico, sobretudo em relação a interpretações da conjuntura política e social do país. Para eles, caberia à mídia, à família e outros setores privados a discussão de temas sociais e políticos e não à escola. Toda a cientificidade das discussões políticas e sociais seria escanteada.
    Além disso, para Izalci a educação deveria ser sob demanda. Cada família decidisse o que os seus filhos aprenderiam na escola. Portanto, nenhum professor poderia ensinar nenhum conteúdo que fosse de encontro às convicções políticas, religiosas de nenhum aluno ou de sua família.
    Um professor de Biologia não poderia ensinar evolução na turma se algum aluno ou pai se sentisse contrariado. Um professor de História ficaria impedido de falar de Revolução Francesa por conta do seu aspecto anticlerical. Um professor de Sociologia não poderia tratar da relação existente entre capitalismo e desigualdade social porque, embora isso seja cientificamente comprovado, ofenderia algum aluno.

    O deputado Izalci (PSDB-DF) é o mesmo que já denunciamos  aqui no blog por tentativa de tirar Sociologia e Filosofia anos atrás. Ele não desistiu de atentar contra ao desenvolvimento do senso crítico dos alunos e agora quer amordaçar a escola e os professores.O deputado não compreende que doutrinar é justamente o que ele está tentando fazer: permitindo espaço apenas para “o pensamento único”, não crítico, o que fere os princípios científicos. Ideologia, e o deputado não compreende isso, é impor uma ideia de um grupo sobre os outros, calando os contrários. Quanto os princípios que regem tais práticas é religiosa, vemos que o problema é ainda maior, pois nos aproximamos à Idade das Trevas.

    A Sociologia, senhor deputado, busca promover o desenvolvimento de duas “formas de ver o mundo” pelos alunos: desnaturalizado e com estranheza. A primeira compreendida como a capacidade de entender que os fenômenos sociais não são um dado da natureza, e sim construções sociais, portanto passíveis de serem contestados e modificados. Isso incomoda, não é? O segundo, compreendido como a capacidade de questionar, de estranhar, de não olhar para o mundo como algo óbvio, familiar, mas de forma crítica, questionadora. Estaria a preocupação do nobre deputado relacionada ao fato de que suas “velhas ideias” não passariam no crivo do pensamento crítico?

    Fontes:
    https://www.escolasempartido.org/o-papel-do-governo-categoria/539-dia-historico-projeto-de-lei-que-institui-o-programa-escola-sem-partido-e-apresentado-na-camara-dos-deputados

    https://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1770390-estados-debatem-vetar-ideologia-em-sala-de-aula-alagoas-ja-aprova-projeto.shtml

    https://m.congressoemfoco.uol.com.br/noticias/%E2%80%9Cescola-sem-partido%E2%80%9D-acirra-polemica-na-educacao/

    Implantação do programa Escola “sem partido”
    https://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1050668

    Tentativa de retirada da sociologia e filosofia
    https://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=585581

    Nossa reflexão sobre o assunto
    https://cafecomsociologia.com/2014/06/a-neutralidade-do-conhecimento-e-da.html

  • Conquista: agora Sociologia e Filosofia terão 2 aulas semanais no estado do Rio de Janeiro

    Conquista: agora Sociologia e Filosofia terão 2 aulas semanais no estado do Rio de Janeiro

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    Conquista: agora Sociologia e Filosofia terão 2 aulas semanais no estado do Rio de Janeiro

     

    Por Cristiano das Neves Bodart

     

    Após muita luta, no Rio de Janeiro a Sociologia e Filosofia passarão a ter 2 aulas semanais em cada uma das séries do Ensino Médio, totalizando 240h no currículo. A resolução dispõe sobre a grade curricular de 2017.
    A RESOLUÇÃO SEEDUC nº 5440 de 10 de maio de 2016, foi publicada em 11 de maio de 2016 no Diário Oficial do Estado.

    Segue a resolução:

    Secretaria de Estado de Educação
    ATO DO SECRETÁRIO

     

    RESOLUÇÃO SEEDUC Nº 5440 DE 10 DE MAIO DE 2016 DISPÕE SOBRE O ANEXO II DA RESOLUÇÃO SEEDUC Nº 5.330/2015, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
    O SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais, e tendo em vista o que consta no processo nº E- 03/001/5888/2015,
    RESOLVE:
    Art. 1º – A Matriz Curricular prevista no Anexo II da Resolução SEEDUC nº 5.330, de 16 de setembro de 2015, referente ao Ensino Médio – Parcial – Diurno e Noturno, alcançará terminalidade em 31/12/2016.
    Art. 2º – Na fixação das diretrizes para implantação da Matriz Curricular referente ao Ensino Médio – Parcial – Diurno e Noturno, a partir do ano letivo de 2017, será observado o disposto no Anexo Único desta Resolução.
    Art. 3º – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

     

    Rio de Janeiro, 10 de maio de 2016

     

    ANTONIO JOSÉ VIEIRA DE PAIVA NETO
    Secretário de Estado de Educação
    Link para o Diário Oficial: AQUI

    Assim ficará a matriz curricular da rede pública de Ensino Médio do estado do Rio de Janeiro a partir do próximo ano letivo:

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    Os impactos dessa mudança serão bastante benéficas para o ensino de Humanas e não apenas para as duas disciplinas que tiveram suas aulas ampliadas, uma vez que o aluno terá acesso a um repertório maior de conceitos e teorias para compreender a realidade social, o que o ajudará nas aulas, por exemplo, de História e Geografia.Outro impacto se dará na qualidade de trabalho dos professores de Sociologia e Filosofia que tendo menos turmas terão melhores condições de preparar suas aulas, isso por conta da redução do sobrepeso causado pelo excesso de turmas.

     

  • Nota de Repúdio à má fé do governador Geraldo Alckimin (PSDB) em relação à Sociologia

    Nota de Repúdio à má fé do governador Geraldo Alckimin (PSDB) em relação à Sociologia

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    (DES)PREZADO GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN (PSDB),
    Nós, editores do Blog Café com Sociologia, vimos por meio dessa nota manifestar nosso repúdio a sua má fé. Não repudiamos apenas a sua crítica à FAPESP quanto aos investimentos daquele órgão em pesquisas de Sociologia, mas sua cínica incompreensão de que graças a Sociologia, e as demais Ciências Humanas, que seus argumentos não são facilmente “engolidos sem serem mastigados” por uma parcela significativa da população. Vide os estudantes da Rede Estadual de Ensino Médio que não aceitaram pacificamente seu “engodo” revestido de “restruturação da Rede Educacional”.
    Repudiamos a sua má fé, porque sabemos que o senhor tem ciência de que a Sociologia é uma ameaça a suas ações politicas [preferimos, no seu caso, o termo politicagem] e suas propostas descabidas. O senhor sabe o qual útil tem sido a Sociologia nas mãos de marqueteiros políticos, mas deseja que esse saber esteja distante do “homem comum”, pois isso seria uma ameaça aos planos de muitos políticos profissionais como o senhor. Sem falar de pesquisas que tomam seu governo como objeto de estudo, não é (des)governador?
    Não vamos escrever um texto com profundidade sociológica para lhe repudiar. Usamos aqui, com muito prazer, um ditado popular: senhor (des)governador, “vai ver se estamos na esquina!”
    Ops! Não na esquina, mas no seu pé. O conhecimento sociológico estará, para sua infelicidade, sempre à serviço do esclarecimento dos fenômenos sociais, inclusive dos (des)mandos políticos. E não adiantará o senhor atacá-la como forma de defender seus interesses. Estaremos bem próximos… no seu pé.
    Editores do Blog Café com Sociologia
    Cristiano das Neves Bodart – doutor em Sociologia/USP
    Roniel Sampaio da Silva – mestre em Educação/UNIR
     
     
     
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  • Proposta de inclusão da disciplina Sociologia no Ensino Fundamental no Estado de São Paulo

    Proposta de inclusão da disciplina Sociologia no Ensino Fundamental no Estado de São Paulo

    O assessor parlamentar do professor doutor e deputado Carlos Giannazi entrou em contato buscando informar a existência de uma proposta de lei do referido legislador, bem como solicitar o apoio dos editores desse blog, de seus leitores e demais professores de Sociologia para discutir, aperfeiçoar e lutar pela aprovação desse Projeto de Lei (PL).
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    O PL do deputado é, em síntese, propor a inclusão obrigatoriamente da Sociologia no Ensino Fundamental em São Paulo.
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    Diversas pesquisas e relatos de experiências vem atestando que a Sociologia no Ensino Fundamental pode corroborar para uma formação mais completa do educando.
    Indicamos a leitura desse textos: 
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    ROSSATO, Janine. A Sociologia no Ensino Fundamental em São Leopoldo/RS: a implantação e as percepções dos alunos sobre a disciplina. Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica, Núcleo de Pesquisa em Ensino de Sociologia. 2015. 
    FERREIRA, Fatima Ivone Oliveira Ferreira. CIÊNCIAS SOCIAIS COMO DISCIPLINA DO ENSINO FUNDAMENTAL: O MODELO DO COLÉGIO PEDRO II.  Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica, Núcleo de Pesquisa em Ensino de Sociologia. 2015. 
    KERN, Eduarda Bonora. POSSIBILIDADES CURRICULARES DA SOCIOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE. Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica, Núcleo de Pesquisa em Ensino de Sociologia. 2015.
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    Há um abaixo assinado em prol dessa causa. AQUI
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    PROJETO DE LEI Nº 15, DE 2016 
    (Proposta do deputado Carlos Giannazi – PSOL)
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    Dispõe sobre a inclusão do estudo da Sociologia nas séries do Ensino Fundamental do currículo escolar.
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    A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA:
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    Art. 1º – O ensino de Sociologia fica incluído no currículo escolar das séries do ensino fundamental (6o ano ao 9o ano) do ensino fundamental das escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo.
    Art. 2º – O ensino de Sociologia será ministrado por professores com formação específica na área.
    Art. 3º – Os sistemas de ensino terão 2 (dois) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nesta lei.
    Art. 4º – As despesas com a execução desta lei serão suportadas por verbas orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
    Art. 5º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
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    JUSTIFICATIVA
     .
    O ensino da Sociologia no Brasil, nos níveis fundamental e médio, foi proposto pela primeira vez por Benjamin Constant, em 1890. Entretanto, com o falecimento do autor, não entrou em vigor. Em 1925, a disciplina Sociologia passou a fazer parte do currículo do ensino médio do Colégio Dom Pedro II (RJ); três anos depois, a disciplina entrou no currículo das Escolas Normais do Rio de Janeiro e de Recife. Em 1931, houve uma ampliação do ensino da Sociologia no nível médio. Em 1942, a reforma do ensino de Gustavo Capanema retira a obrigatoriedade do ensino da Sociologia nas escolas do curso médio, permanecendo somente nas Escolas Normais.A disciplina voltou a ser lecionada em 1961, no curso médio regular (Científico e Clássico), até o golpe de 1964. Em 1982, em plena crise do militarismo, o movimento social reivindica o ensino da Sociologia. O Congresso Nacional aprovou a Lei n.o 7.044 (18.10.1982), que altera a Lei n.o 5.692/71, abrindo oportunidades para serem introduzidas disciplinas optativas no ensino médio. Várias escolas públicas e privadas do país implantaram a disciplina de Sociologia e/ou Filosofia. Em 1997, foi apresentado um Projeto de Lei (PLC n.o 9/2000), para tornar obrigatória a Sociologia e a Filosofia no ensino médio, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n o 9.394, de 20/12/1996, que, no Art. 36, propõe que o aluno do ensino médio tenha domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia neces- sários ao exercício da cidadania.
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    O Conselho Nacional de Educação (CNE) discute um Parecer que torna obrigatória as disciplinas de Sociologia e Filosofia. Caso aprovado, as disciplinas de Sociologia e Filosofia serão obrigatórias em todo o território nacional. A luta pela implan- tação do ensino de Sociologia e Filosofia tem como objetivo a melhoria do ensino do ensino fundamental, pois se considera que a Sociologia, em particular, conjuntamente com a Filosofia poderá contribuir para uma visão humanista e cidadã dos alunos, além de expandir a compreensão sobre a realidade na qual estamos inseridos.
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    POR QUE ENSINAR SOCIOLOGIA?
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    A sociologia sempre foi vista de modos contraditórios. Ora entendida como “revolucionária” ou “de esquerda” – uma ameaça à conservação dos regimes políticos estabelecidos –, ora como expressão do pensamento conservador e “técnica de controle social”, entendida como uma entre tantas formas estabelecidas pelos diversos Estados no seu afã de manterem a ordem estabelecida essa disciplina desenvolve o senso crítico em relação à sociedade e a autocrítica.
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    Ela instiga o jovem a questionar informações, pois desperta sua curiosidade; mostra o que é espaço público e o que é priva- do; possibilita a compreensão de como funcionam os grupos e a dinâmica de inclusão e exclusão; ensina a respeitar o diferente, a aceitar culturas e realidades distintas; afasta o estudante do senso comum, capacitando o a formar ideias de qualidade sobre o mundo e sobre a própria vida.
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    Os governos militares da América Latina sempre olharam enviesados para os sociólogos e suas pesquisas. O que a maioria não percebe é que as contradições podem ser explicadas pelo fato de a sociologia abranger uma grande quantidade de linhas teóricas e paradigmas, bem como pelo fato de ter sofrido influências ideológicas e de orientações políticas variadas. São dezenas de correntes teóricas muito diferentes e enfoques diversos sob uma mesma denominação científica que, por vezes, parecem até mesmo tratar-se de ciências distintas. E, de fato, não é difícil observarmos a influência da ciência social nos mais diversos campos do saber, especialmente nas chamadas ciências aplicadas.
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    O que, no entanto, não torna menos necessário um lugar próprio para o ensino de sociologia nas escolas. Ao contrário, sua importância cresce com as transformações que vivem os dias atuais. Se é imprescindível dominar a informática e todas as novas tecnologias para uma colocação qualificada no mer- cado de trabalho, também se faz necessário, no universo educacional, problematizar a vida do próprio aluno nesse mundo, sua existência real num mundo real, com suas implicações nos diversos campos da vida: ético-moral, sociopolítico, religioso, cultural e econômico. A volta das disciplinas humanísticas – filosofia, sociologia, antropologia, psicologia, entre outras – tem muito a contribuir com a formação do jovem naquilo que lhe é mais peculiar, desmistificando ideologias e apurando o pensamento crítico das novas gerações, poderemos continuar sonhando, e construindo, um país, não de iguais, mas justo para mulheres e homens que apenas querem viver.A sociologia tem a contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico, ao lado de outras disciplinas, pois promove o contato do aluno com sua realidade, bem como o confronto com realidades distantes e culturalmente diferentes vejam, lembramos das lições ensinadas pelos estudantes das escolas ocupadas no Estado de São Paulo em 2015.
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    Essa é a habilidade que se adquire por excelência com o estudo das ciências humanas e, em especial, com a filosofia e a sociologia. É da essência destes campos de conhecimento a tarefa de desenvolver o pensamento, sem nenhuma utilidade ou objetivo prático. A preocupação maior está em educar o olhar e processar tanto informações como saberes já produzidos.
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    Segundo o blog “Café com Sociologia”, feito por sociólogos e contando com mais de sete milhões de acessos (https://cafecomsociologia.com/2012/03/proposta-curricular-de-sociologia-para.html), ainda não há um consenso quanto um currículo com conteúdos mínimo na área de sociologia. Por conta disso e também pela escassez de publicações didáticas, os professores de sociologia acabam tendo que elaborar seu próprio material didático, seja elaborando uma apostila ou utilizando um apanhado de textos, assim como utilizando-se de vários livros didáticos, a construção dessas habilidades fornecem os elementos necessários para a formação de uma pessoa e de um profissional, seja em que área for, consciente de sua posição, potencialidades e capacidade de ação.
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    Hoje, o ensino da Sociologia, é obrigatório apenas para o Ensino Médio. Durante o período militar, as disciplinas de Socio- logia e Filosofia foram excluídas do currículo escolar, devido à censura. Depois, foram voltando gradativamente, até que em 2008, foi aprovada a lei no 11.684, que torna obrigatória sua prática para o Ensino Médio.
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    Porém, os especialistas garantem que a matéria é necessária já no ensino fundamental, onde atividades cognitivas, artísticas e culturais possam ser desenvolvidas e estimuladas. A Sociologia é importante para compreender como é possível existirem tantas pessoas diferentes, com perspectivas e vontades distintas e, mais, como elas conseguem conviver juntas no mesmo espaço.
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    A adolescência é um período de transformações físicas e psicológicas, onde surgem muitos questionamentos e conflitos; assim, a Sociologia poderá ajudar jovens e crianças, pois tem a oportunidade de avaliar os problemas pelos quais passam os jovens e suas famílias, discutindo-se temas de combate a todas as desigualdades e do exercício da cidadania. Não falar sobre as questões das diversidades propicia que os estudantes não se reconheçam no ambiente escolar. Isto favorece a evasão escolar, que é um dos grandes problemas da educação brasileira.
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    Entendemos que professores e estudantes devem ter o direito de aprender sobre a luta por direitos humanos, conversar sobre a diversidade humana, as questões de gênero, diversidade sexual e o enfrentamento ao racismo, para juntos fazer da escola um espaço acolhedor e sem violência, e a Sociologia, na sua plenitude, corrobora e consolida muito para essa construção.
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    Esse projeto de lei é uma iniciativa de vários professores de sociologia da rede Pública Estadual.Assine a petição, compartilhe com pelo menos 5 amigos e divulgue!!!!
    https://www.change.org/p/assembl%C3%A9ia-legislativa-do-estado-de-s%C3%A3o-paulo-inclus%C3%A3o-da-disciplina-sociologia-no-ensino-fundamental-no-estado-do-s%C3%A3o-paulo
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  • Dossiê Ensino de Antropologia

    Dossiê Ensino de Antropologia

     

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    A Revista Café com Sociologia trás, além de ensaio, relato de experiência docente e análise sociológica de filme, o dossiê Ensino de Antropologia no Brasil (acessar a edição aqui). Segue a apresentação do ensaio:
    Apresentação: Ensino de Antropologia no Brasil
    Amurabi Oliveira (UFSC)[1]
    Ceres Karam Brum (UFSM)[2]
    O debate em torno do Ensino de Ciências Sociais tem sido fomentado nos últimos anos devido ao retorno da Sociologia no currículo escolar em nível nacional a partir de 2008, todavia deve-se chamar a atenção para o fato de que a reflexão sobre o ensino dessas ciências não é algo novo no Brasil, porém é profundamente descontínuo.
    Um dos marcos para esse debate foi o Symposium sobre o Ensino de Sociologia e Etnologia, que ocorrera em 1949, promovido pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, e que apesar do nome possuía uma forte orientação antropológica em seu programa, como atesta o depoimento de uma de suas egressas:
    Penso que a gente recebia um ensino de primeira qualidade. Fora Durkheim, que era ensinado por Emilio Willems, ensinava-se uma matéria chamada Ecologia Humana a partir da Escola de Chicago. Pierson dava um autor sueco, Gunnar Myrdal. Agora, pensando melhor, acho que a escola era mais de antropologia que de sociologia.
    Tenho a impressão que era mais voltada para esse lado; de política também tinha pouco, apesar de termos História da Política.
    As disciplinas de antropologia eram mais fortes. Líamos a escola funcionalista, Radcliffe-Brown, tínhamos Antropologia Cultural, dada pelo Octávio Eduardo da Costa, e também havia toda a parte da antropologia física, que eu também não sei mais como é que se chama hoje em dia. (Farkas, 2009, p. 193 [grifo nosso])
    Vale destacar ainda o seminal trabalho de Eunice Durham e Ruth Cardoso (1961) que apontava para os problemas presentes no Ensino de Antropologia nos cursos de graduação no país, e que fora escrito num momento bastante oportuno, tendo em vista que se tratava do período no qual ocorreu uma significativa expansão dos cursos de Ciências Sociais no Brasil (LIEDKE FILHO, 2005).
    Não podemos olvidar aqui duas questões de suma importância: 1ª) que a antropologia se constituiu ma tradição intelectual brasileira dentro do que se convencionou denominar de Ciências Sociais, de tal modo que a formação em nível de graduação existente para os antropólogos no país ainda se dá prioritariamente nesses cursos, que só surgiram a partir dos anos de 1930 do século XX[3], ainda que tenhamos tido precursores do pensamento antropológico em período anterior, incluindo tanto alguns que se formaram intelectualmente dentro de um autodidatismo, como fora o caso de Nina Rodrigues (1862-1906), como outros que realizaram cursos de pós-graduação fora do país, o que era mais raro, como no caso de Gilberto Freyre (1900-1987); 2ª) durante um longo período houve uma parca divisão disciplinar entre as Ciências Sociais, de tal modo que Peirano (2006) chega a afirmar que a Antropologia se desenvolveu inicialmente como uma “costela” da Sociologia, não à toa, muitos trabalhos antropológicos eram realizados junto aos Departamentos de Sociologia, é emblemático o caso de Antônio Cândido que ao defender sua tese de Doutorado intitulada Os Parceiros do Rio Bonito em 1954, não obteve nota máxima tendo em vista que um dos examinadores, o professor Roger Bastide (1898-1974), compreendeu que aquele não era um trabalho de Sociologia, mas que possuía um caráter antropológico. Nesse período inicial apenas alguns poucos brasileiros fizeram estudos disciplinares na Antropologia, o que demandava estudos no exterior, como fora o caso de René Ribeiro (1914-1990) que em 1947 tornou-se mestre em Antropologia pela Nortwestern University nos Estados Unidos.
    Com o advento das pós-graduações no final dos anos de 1960 o cenário complexifica-se ainda mais, pois passam a surgir novas demandas, e pela primeira tem-se um espaço mais claramente delimitado para a discussão disciplinar sobre o Ensino de Antropologia no Brasil, ligado necessariamente ao campo da pesquisa. É oportuno rememorar ainda que o Brasil já contava a este tempo com uma associação científica voltada para essa ciência, a Associação Brasileira de Antropologia fora fundada em 1953.
    No decorrer das décadas seguintes observamos a expansão quantitativa das pós-graduações (RUBIM, 1996), bem como dos cursos de graduação, ainda que a licenciatura não tenha tido espaço privilegiado nesse momento, talvez pela ausência das Ciências Sociais de forma disciplinar no currículo escolar ao menos desde 1942, como reflexo da reforma educacional que fora conduzida por Gustavo Capanema (1900-1985).
    Considerando o campo da Antropologia no Brasil e seus desdobramentos, Rial (2014, p. 67-68) realiza a seguinte análise do momento atual:
    Numa época que coincide em outros países, com uma retração institucional da Antropologia, como é o caso na França, onde os colegas antropólogos estão perdendo seus departamentos antes exclusivos e sendo obrigados a se alojarem em departamentos de História ou de Sociologia. Aqui, observamos o contrario: não só a Antropologia cresce nas pós-graduações, como também na graduação, com os novos cursos de Bacharelado de Antropologia. Historicamente, a formação de Antropologia na graduação ocorria nos cursos de Ciências Sociais, onde dividíamos espaço com a Sociologia e a Política. Estas novas inserções acadêmicas não retiraram os antropólogos dos cursos de Ciências Sociais, cujas “cátedras” continuamos dividindo com Sociólogos e Cientistas Políticos. Porém, além da abertura de novos cursos exclusivos de Antropologia, retoma-se o diálogo que havia sido perdido com os Museus, área que cresceu enormemente no campo da antropologia brasileira, através de cursos de graduação de Museologia e de uma forte presença no interior de instituições estatais que lidam com museus, como é o caso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (iphan) e do Instituto Brasileiro de Museus (ibram).
    Esta mudança de cenário trouxe certamente novas preocupações para a Antropologia brasileira, o que inclui o debate sobre seu ensino, e ainda que a educação não ocupe um espaço central na agenda de pesquisa da Antropologia brasileira em nível de pós-graduação (OLIVEIRA, 2015), há que se ressaltar que a questão do ensino nunca fugiu completamente do horizonte da comunidade científica de antropólogos brasileiros, e que certamente tal temática ganha mais notoriedade a partir de então, não à toa, em 2004 é criada a Comissão de Ensino de Antropologia junto à ABA (GROSSI, 2006), que posteriormente se transforma numa comissão mais ampla, de “Educação, Ciência e Tecnologia”.
    Visando contribuir para essa discussão, considerando principalmente as particularidades emergentes com o ensino de Sociologia nas escolas, que de algum modo visa congregar o Ensino das Ciências Sociais na Educação Básica – ainda que possamos problematizar a equidade da participação dessas ciências no currículo de Sociologia (OLIVEIRA, 2013) – propusemos para a 29ª Reunião Brasileira de Antropologia o Grupo de Trabalho “Aprender e Ensinar Antropologia”, que visava congregar uma ampla discussão sobre o Ensino de Antropologia nos diversos níveis de ensino e nos múltiplos espaços educativos, cujas atividades se articularam com o Simpósio Especial “O Ensino de Antropologia: expandindo fronteiras no século XXI”, coordenado pelas professoras Simoni Lahud Guedes e Christina de Rezende Rubim.
    O presente número temático da revista Café com Sociologia é formado principalmente por trabalhos apresentados nesse GT, agregando ainda outros trabalhos afinados com este debate. Continue lendo AQUI
    [1] Doutor em Sociologia (UFPE), Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), atuando em seu Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política.
    [2] Doutora em Antropologia (UFRGS), Professora da Universidade Federal de Snata Maria (UFSM), atuando em seu Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais.
    [3] Os primeiros cursos criados foram os da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (1933), Universidade de São Paulo (1934), Universidade do Distrito Federal (1935), este último durou apenas um breve período, tendo em vista que em 1939 essa instituição teve suas atividades encerradas em 1939, ainda que parte de seu “espólio” tenha sido incorporado pela Universidade do Brasil criada em 1937.