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Ciências do Espírito e Ciências da Matéria: Concorrentes?

Antagonismo ciências naturais e humanas

Por Roniel Sampaio Silva
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Certamente em algum momento da sua vida você já deve ter sido abordado por alguém com alegação de que seu curso tem menos importância para a humanidade do que o dele. Minha segunda especulação é que esse alguém possivelmente enxerga de maneira dicotômica as ciências humanas e ciências naturais, as quais batizei nesse texto de ciências do espírito e ciências da matéria. Diante desta situação cabe uma pergunta: Quais dos dois conjuntos de conhecimentos são mais importantes para
a humanidade?

 

 

Antes de chegar nesse ponto, gostaria de esclarecer sobre os conceitos utilizdos aqui de ciências do espírito e ciências da matéria. A primeira por está relacionada à análise científica espírito humano, não no sentido místico, mas no sentido social, cultural, histórico, filosófico, político e simbólico e seus desdobramentos. A segunda, relacionada às reflexões igualmente científicas, relacionada à matéria e a natureza. Embora essa taxinomia seja reducionista e imprecisa ela bastará para a análise que irei fazer.
Para pensar sobre as duas proposições, em um cenário em que uma exclui a outra, devemos fazer um pequeno exercício de imaginação.
Primeiro imagine num cenário em que as ciências do espírito sejam supervalorizadas e as ciências naturais totalmente despreteridas – o que acho pouco provável numa sociedade evoluída socialmente – há uma grande probabilidade de nosso convício social ser bem melhor; entretanto, padeceremos nesse planeta de forma a atrasarmos nossa desenvolvimento tecnológico e ficaremos a mercê de catástrofes internas ou cósmicas que tem dada para acontecer nos próximos milhares ou milhões de anos. Certamente seremos destruídos.
Segundo imagine um cenário em que as ciências da matéria sejam supervalorizadas e as ciências do espírito desvalorizadas. Nesta sociedade a tecnologia evolui absurdamente, todavia grande parte dessa evolução tecnológica é restrita para um luxo de um grupo seleto. As relações sociais caminham para a destruição das pessoas e a tecnologia serve para potencializar tal destruição. Esta sociedade está fadada às catástrofes que elas próprias criam. Certamente caminhamos neste cenário para destruição.
Em suma, hoje penso que os dois grupos de conhecimento são complementares e não concorrentes. Existem diferenças epistemológicas uma vez que as ciências da natureza são paradigmáticas e as ciências humanas são pré-paradigmáticas (Kunh, 1970)[1]. Os métodos e técnicas se adptam aos objetos de estudo e portanto a forma de ver a realidade é diferente. A grande semelhança é que ambos os grupos de conhecimentos estão para fazer a humanidade melhor, uma para fazer com que a convivência seja melhor, a outra para na estejamos preparados para lidar com as eventualidades da natureza.
Por fim penso que elas estes dois grandes grupos de conhecimento como duas asas de um avião, parafraseando uma metáfora do Dalai Lama, dentre os quais é preciso haver um equilíbrio uma vez que uma precisa da outra. Tais conhecimentos se entrelaçam, se completam, e buscam superar suas próprias limitações para nos levar ao caminho da esperança diante da imensidão do cosmos.
PS: Os maiores gênios das ciências da matéria eram exímios também em humanidades. Só pra citar alguns exemplos, Einstein, Sagan e Tesla tinham posicionamentos para além das ciências naturais e se posicionavam em favor de uma humanidade menos desigual num contexto que a educação ainda continua muito elitizada.

[1] KUHN, T. S. The Structure of Scientific Revolutions. 2 ed., enlarged. Chicago and London: University of Chicago Press 1970.

Roniel Sampaio Silva

Doutorando em Educação, Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais e Pedagogia. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Teresina Zona Sul.

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