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  • Definição de Fato Social a partir de uma provocação de leitor

    Definição de Fato Social a partir de uma provocação de leitor

    Definição de Fato Social

    “Fato social é toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral no âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”
    (DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Tradução de Pietro Nassetti- Ed. Martin Clareto – São Paulo, 2007. pág. 40).
     
    A leitora Silvia fez o seguinte questionamento que nos leva a uma boa reflexão sobre a definição de fato social.
     

    “Eu sou uma aluna Portuguesa, que ingressou este ano para a Faculdade e tenho em mãos um trabalho de análise e investigação em Sociologia.

    Consiste em pegarmos num facto social, á nossa escolha, e podermos enquadra-lo e explica-lo segundo a visão de Durkheim. Pesquisei alguns factos sociais que pudessem ser interessantes para analisar, e escolhi o Crime. Durkheim, no 3º capitulo fala muito deste tema, considerando-o um facto normal. Mas agora estou na dúvida, se o “Crime” é mesmo um facto social, ou se é consequência de vários factos sociais. Estou um pouco confusa com este tema, e não sei se será a melhor escolha do tema”.

    Sílvia
     

     Nossa resposta:
    Silvia,
    O tema, embora bem abordado pela literatura, é bem interessante, principalmente quando observamos que o crime tem deixado de ser um fato social normal para ser um fato social patológico.
    Do conceito de Fato Social podemos extrair três características ou elementos básicos: Coerção Social; Exterioridade em Relação ao Indivíduo e Generalidade.
    O crime se enquadra como um fato social sim. 
    Durkheim o classificou como normal, uma vez que é geral (toda a sociedade tem), é exterior ao indivíduo e coercitivo(as condições sociais os levam ao crime). 
    Porém, se este começa a existir de forma ampla afetando as demais partes da sociedade passa a ser patológico.
    É normal quando contribui para o bom funcionamento da sociedade. Por exemplo, um ladrão ao roubar fortalece a consciência coletiva dos indivíduos em torna da norma ou lei não observada, por ele. Além desse fato, sua prisão poderá ser um exemplo para os demais – o crime reduz a criminalidade, essa seria o princípio básico, desde que em baixos índices.
     
    Podemos afirmar que o desvio é algo essencialmente normal e necessário em todas as sociedades. Esperamos ter esclarecido a definição de fato social.
     
     
  • A Educação…

    Crítica de Paulo Ghiraldelli Jr em relação a educação de São Paulo

    O vídeo é de 2008, mas as críticas se aplicam a nossa atualiadade, uma vez que pouco tem mudado na educação deste país. Muitos erros destacados por Paulo Ghiraldelli Jr se repetem nos diversos estados de nossa federação.

  • Passos para um Projeto de Pesquisa em Sociologia

    Passos para um Projeto de Pesquisa em Sociologia

    Orientações básicas, aos alunos de Ensino Médio, para a realização de pesquisa de Sociologia
    Por Cristiano das Neves Bodart
     

    1 – Escolha do Tema

    Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que devem ser levadas em consideração nessa escolha:
    1.1    – Fatores internos
     – Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal.
    Para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento.
    Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa.
    Na escolha do tema temos que levar em consideração a quantidade de atividades que teremos que cumprir para executar o trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos que temos que cumprir no nosso cotidiano, não relacionado à pesquisa.
    – O limite das capacidades do aluno pesquisador em relação ao tema pretendido.
    É preciso que o aluno pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua capacidade de desenvolvimento.
    1.2 – Fatores Externos
    A significação do tema escolhido, sua novidade (na forma que será abordado).
    Na escolha do tema devemos tomar cuidado para não executarmos um trabalho que não interessará a ninguém. Se o trabalho merece ser feito que ele tenha uma importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade em geral.
     – O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho.
    O tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho (no nosso caso, 4 semanas).
     – Material de consulta e dados necessários ao pesquisador.
    Um outro problema na escolha do tema é a disponibilidade de material para consulta. Muitas vezes o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga ao pesquisador buscar fontes primárias. Este problema não impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado.

               

    2 – Levantamento ou Revisão de Literatura

                Após escolhido o tema deverão efetuar o Levantamento de Literatura, ou seja, um levantamento teórico (em livros ou artigos acadêmicos disponíveis na Internet). Deverá ser redigido pelo menos um capítulo abordando o que outros pesquisadores já afirmaram sobre seu tema e sua problemática.

              

      3 – Problema

            O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O Problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há regras para se criar um Problema, mas alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta. 
                Tema: A educação da mulher: a perpetuação da injustiça.
    Problema: A mulher recebe uma educação familiar diferente que lhe ensina a aceitar a ser tratada com submissão pelos homens da sociedade?
    Hipótese
    Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, Hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição), que tente responder ao Problema levantado no tema escolhido para a pesquisa. É uma pré-solução para o Problema levantado. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a Hipótese (ou suposição) levantada.
    Exemplo: (em relação ao Problema definido acima)
    Hipótese: Na sociedade patriarcal, representada pela força masculina, a educação familiar segue a prática cotidiana de relaciona as mulheres à fragilidade e a fraqueza.

     

    4 – Justificativa

    A Justificativa em um projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é a apresentação dos motivos que seja capaz de gerar o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental e precisa ser efetivado. 
    Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não se tentar justificar a Hipótese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A Justificativa exalta a importância do tema a ser estudado e da pergunta suscitada, e/ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento.

    5 – Objetivos

    A definição dos Objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim.
    Alguns autores separam os Objetivos em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos, mas não há regra a ser cumprida quanto a isto.
    Os Objetivos são expressos por meio do verbo no infinitivo, tais como: esclarecer; definir; procurar; permitir; demonstrar; compreender; analisar; comparar;  etc..

    6 – Metodologia

    A Metodologia é a forma como será realizado a pesquisa. Aação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa.
    É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
     

     7 – Referências

    As referências dos documentos consultados para a elaboração do Projeto é um item obrigatório. Nela normalmente constam os documentos e qualquer fonte de informação consultada no Levantamento de Literatura.
    Observação: O documento final do Projeto de Pesquisa deve conter:
     – Capa;
     – Folha de Rosto;
     – Sumário;
     – Texto do projeto (baseado nas características enunciadas acima);
     – Referências (obrigatório);
    – Anexo e Apêndice (opcional).
    Para a produção de um artigo científico, recomendamos assistir esse vídeo: 
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  • Sirio Lopez Velasco – Entrevista do filósofo exclusiva

    Sirio Lopez Velasco – Entrevista do filósofo exclusiva

    Sirio Lopez Velasco
    O filósofo Prof. Dr. Sirio Lopez Velasco respondeu gentilmente esta breve entrevista por email.  
    Café com Sociologia: Professor, qual sua formação e quais as atividades profissionais o sr. destacaria em sua carreira?

    Sirio Lopez Velasco: Sirio Lopez Velasco, uruguaio-brasileiro, nasceu em Rivera, em 1951. Casado, dois filhos. Em 1985 doutorou-se em  Filosofia na Université Catolhique de Louvain (Bélgica), na qual também recebeu o diploma de “licencié” em Lingüística e foi coordenador do Seminário de Filosofia Latino-americana entre 1983 e 1985 (primeiro Seminário de doutorado criado por discentes nessa Universidade fundada em 1425); em 2002 realizou pós-doutorado em Filosofia no Instituto de Filosofia do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC, Madri, Espanha), com bolsa da CAPES. Desde 1989 é professor titular de Filosofia na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG em Rio Grande, RS) onde ajudou a criar o Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação Ambiental (primeiro em 1994 com Mestrado e desde 2006 também com Doutorado), o primeiro na área no Brasil a ser reconhecido pela CAPES.Currículo Lattes de Sirio Lopez Velasco

    Café com Sociologia: Quais as principais publicações/pesquisas realizadas?

    Sirio Lopez Velasco:
    Publiquei os seguintes livros:

    “Reflexões sobre a Filosofia da Libertação” (1991),
    “Ética de la Producción” (1994),
    “Ética de la Liberación” Vol. I [“Oiko-nomia”] (1996),
    ” Ética de la Liberación” Vol. II [Erótica, Pedagogía, Individuología] (1997),
    “Ética de la Liberación” Vol. III [Política socioambiental ecomunitarista] (2000),
    “Fundamentos lógico-lingüísticos da ética argumentativa” (2003),
    “Ética para o século XXI. Rumo ao ecomunitarismo” (2003),
     “Ética para mis hijos y no iniciados “(2003),
    “Alias Roberto – Diario ideológico de una generación” (2007), e
    “Introdução à educação ambiental ecomunitarista” (2008),
    “Ecomunitarismo, socialismo del siglo XXI e interculturalidad” (2009),
    “Ética ecomunitarista” (2009),
     “Ucronia” (2009), e
    “El socialismo del siglo XXI en perspectiva ecomunitarista a la luz del socialismo real del siglo XX” (2010).
    Sirio Lopez Velasco: O socialismo do século XXI em perspectiva ecomunitarista deve incluir: a) uma ética fundadora de três normas básicas que nos exigem, respectivamente, lutar para realizar a nossa liberdade individual de decisão, exercer essa liberdade em buscas de respostas consensuais com os outros, e preservar-regenerar uma natureza humana e não humana saudável, b) uma economia ecológica e solidária, sem patrões e que respeite os “5R”: refletir, recusar, reduzir-reutilizar-reciclar os recursos e resíduos, usando energias limpas e renováveis (como a solar, eólica, das marés, geotérmica e da biomassa), c) uma educação ambiental problematizadora, praticada na educação formal e não formal, e inspirada de Paulo Freire e Demerval Saviani, d) uma política de todos, com predomínio da democracia direta, participativa e protagônica, embasada no poder de decisão real dos cidadãos organizados na base, e) uma comunicação simêtrica em mãos do povo, que supere o atual monopólio dos grandes meios de comunicação detentados por uma oligarquia que também controla o poder econômico, político, militar e cultural, e, f) uma erótica da libertação, do prazer compartilhado no respeito às três normas éticas fundamentais e que supere a condenação da masturbação, o machismo e a homofobia.
    Café com Sociologia: Por que essa proposta? Em que se diferencia das experiências vivenciadas até o presente?
    Sirio Lopez Velasco: Essa proposta permite simultaneamente o desenvolvimento de indivíduos universais solidários com o desenvolvimento dos outros, e respeitosos dos equilibrios ecológicos na aplicação do lema “de cada um segundo sua capacidade e a cada um segundo sua necessidade”. As experiências socialistas vividas na Europa falharam na aproximação a esse lema, no desenvolvimento da liberdade dos cidadãos livremente associados e na necessária conduta ecológica, ao tempo que praticaram uma educação bancária (e não problematizadora), tolheram a liberdade de informação-discussão-expressão-imprensa-comunicação-viagem, acabaram substituindo a democracia direta pelo poder imperial de uma cúpula partidária, e impediram o floirescimento da erótica da libertação.


    Entrevistador: Cristiano das N. Bodart 
    Data da entrevista: 19 de dezembro de 2010.
  • Atividades sobre clássicos da sociologia: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim

    Sugestão de atividade para trabalhar as contribuições de Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim na interpretação da realidade social:
     
    Segue abaixo:
    A partir de um movimento social destacado na mídia (a escolher) busque analisá-lo a partir das principais teorias sociológicas de Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim.
    26/04/2010
    Mais de 2.000 sem-teto ocupam três imóveis e acampam em frente à Prefeitura de SP
    Do UOL Notícias
    Em São Paulo
    Mais de 2.000 manifestantes sem-teto ligados à Frente de Luta por Moradia (FLM) realizam nesta segunda-feira (26) ações em São Paulo para cobrar do poder público políticas habitacionais efetivas. Dois prédios do centro e um terreno na estrada do M’Boi Mirim –extremo sul da capital– foram ocupados por milhares de famílias. Outro grupo permanece acampado em frente ao prédio da prefeitura, também no centro.
    “Nós queremos denunciar a lentidão do governo federal e estadual na resolução dos problemas de moradia na cidade de São Paulo, que se arrastam há mais de dez anos”, diz uma das coordenadoras do MSTC, Carmen da Silva Ferreira.
    (…)
    Prestes Maia
    Um dos prédios ocupados, ainda domingo à noite, é o edifício Prestes Maia, próximo à Estação da Luz, que já foi uma das maiores ocupações urbanas da América Latina. O edifício pertence aos empresários Jorge Hamuche e Eduardo Amorim e está vazio há mais de 15 anos. Com uma dívida de mais de R$ 3 milhões em IPTU, o prédio permaneceu ocupado pelos sem-teto entre 2004 e 2007.
    Após uma tensa negociação e várias intervenções policiais, o edifício foi desocupado em 2007 e teve as entradas lacradas pela prefeitura. Contudo, os sem-teto voltaram a ocupar o edifício nesta madrugada e pedem ao Ministério das Cidades que transforme o local em moradia para as famílias de baixa renda.
    Aproximadamente 250 pessoas estão no local nesse momento. Muitos manifestantes que ocuparam o prédio de madrugada saíram para trabalhar, mas devem retornar à ocupação.
     
    Nove de Julho
    Outro edifício ocupado é o Nove de Julho, que pertencia ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e foi adquirido pelo Ministério das Cidades para transformação em habitação de interesse social. O prédio está vazio há 18 anos e aguarda para ser incluído no programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal. De acordo com a FLM, mais de 400 pessoas estão no local (…).
    Além das ocupações, cerca de 700 famílias armaram acampamento em frente ao prédio da Prefeitura de São Paulo, no viaduto do Chá, região central da cidade. Ao menos duas viaturas da PM e da Guarda Civil Metropolitana estão no local. Os manifestantes ocupam a calçada e não prejudicam o trânsito, segundo os policiais.
    De acordo com as lideranças do movimento, em todas as ocupações os manifestantes só irão deixar os imóveis após obterem uma posição concreta do poder público –nos níveis municipal, estadual e federal.
     
    Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/04/26/milhares-de-sem-teto-ocupam-tres-imoveis-e-acampam-em-frente-a-prefeitura-de-sp.jhtm
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    Respostas (exemplo):
    1. O movimento Sem-Teto (MSTC) sob uma visão marxista
    Utilizando-se das principais ideias desenvolvidas por Karl Max podemos analisar o movimento Sem-Teto sob uma perspectiva de luta de classes. Para Marx as relações sociais entre a burguesia (os donos dos meios de produção) e os proletariados (assalariados) se dão de forma desarmônica e exploratória. Trata-se de uma relação de trabalho baseada no lucro de uns poucos.
    Utilizando-se das ideias de Marx podemos afirmar que tal movimento social é, em grande parte, reflexo da pobreza dos proletariados vitimados pela “Mais-Valia”. A mais-valia, situação na qual, o patrão se apropria da riqueza produzida pelo operário, é a causa do grande fosso social existente, a ponto de alguns indivíduos não possuírem residência, enquanto outros possuem mais de uma.
    Para Max a luta de classe é o motor da História, onde a consciência de classe pode vir a ser uma ferramenta para mudanças na “estrutura social” (“a História é a História das lutas de classe”, afirmava Marx). A união destes é fundamental para que a exploração e a desigualdade social sejam aniquiladas. Por esse motivo, escreveu: “Proletariado de todo mundo, uni-vos!”.
    2. O movimento Sem-Teto (MSTC) sob uma visão durkheimiana
    Para Durkheim a Sociologia deve se ocupar com os estudos dos “Fatos Sociais”, buscando entende-los, a fim de, se necessário, apontar caminhos para a intervenção.
    O movimento Sem-Teto, sob a ótica durkheimiana, trata-se de uma Fato Social, por tanto, passível de ser estudado pela Sociologia. Para Durkkeim os Fatos Sociais podem ser “normais”, “patológicos” e “anômicos”. É claro que tal classificação dependerá da sociedade onde o fenômeno social acontece.
    Talvez para os donos dos imóveis, o movimento sem-teto seja um caso patológico, uma vez que para estes, trata-se de um comportamento social indesejável, que afeta outras partes da sociedade, como por exemplo, o mercado imobiliário.
    Já na ótica dos envolvidos no movimento, patológico seria a situação de desigualdade social que vivencia o país. Fato Social Normal seriam, pela os manifestantes, sair do trabalho e ter uma casa própria para dormir.
    Possivelmente para muitos brasileiros a “baderna” dos movimentos sem-teto seja um caso de anomia, uma sensação de que não existem leis e normas impostas pela sociedade referente a esta situação (embora exista, mas muitas vezes não são cumpridas).
    3. O movimento Sem-Teto (MSTC) sob uma visão weberiana
    A partir da visão de Weber, podemos afirmar que o MSTC trata-se de uma “Ação Social”, isso por ser dotada de sentido em relação ao outro, possuindo um objetivo.
    Para Weber as ações sociais (que interessam a Sociologia) podem ser divididas em duas: i) ação social racional com relação a valores (aquela que o sociólogo consegue construir uma racionalidade a partir dos valores presentes na sociedade) e; ii) ação social racional com relação aos fins (são aquelas que os indivíduos escolhem levando em conta sua finalidade e seus meios).
    O MSTC trata-se de uma ação social racional com relação aos fins, uma vez que tal ação conjunta (por isso social) possui um objetivo claro. Não trata-se apenas de um encontro de pessoas, mas de um grupo que possui consciência da ação.
    A situação envolve o que Weber classificou como “burocracia”. Para ele a burocracia é a forma mais racional e legítima de dominação. A burocracia está baseada na crença da legalidade ou na racionalidade de uma ordem. No caso do MSTC a burocracia é, de certa forma, utilizada para exercer a dominação legítima dos donos de imóveis sobre os sem-tetos.
  • Qualificação de Professores: Exigência do banco mundial

    Qualificação de Professores: Exigência do banco mundial

    qualificação de professores: BM diz que Brasil precisa melhorar

    Para melhorar a qualidade da educação na próxima década, o Brasil precisa atrair para a carreira docentes os jovens mais talentosos do ensino médio, garantindo maior qualificação de professores. É o que aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo do Banco Mundial. Entretanto, diz a instituição, nos últimos cresceram muitos os gastos com professores no país, sem um retorno desse investimento.

    Na avaliação do ministro da Educação, Fernando Haddad, não é possível melhorar a qualidade do ensino oferecido sem aumentar significativamente a remuneração do docente. Segundo ele, hoje um professor ganha 40% menos do que outros profissionais de nível superior. Ainda que as melhorias salariais sejam feitas, levará tempo até que a carreira volte a ser atraente para a juventude, afirmou.

    “Na Alemanha, eles aumentaram o salário dos professores nos anos 50 e os jovens levaram quase dez anos para perceber. A sociedade levou quase uma década para assimilar que algumas coisa estava acontecendo. Ainda pagamos 60% do que deveríamos pagar, o salário médio do professor não pode ser inferior ao salário das demais profissões. Isso é uma posição cristalizada do MEC.”

    O coordenador de Desenvolvimento do Banco Mundial no Brasil, Michele Gragnolati, disse que a questão do professor é um problema “complexo”, que não se resolve apenas com salário. O relatório do Banco Mundial também coloca como exemplo de experiências bem-sucedidas o pagamento de bônus a professores por bom desempenho, com base no resultado dos alunos nas avaliações. Essa política é adotada em alguns estados, como São Paulo e Minas Gerais, e muito criticada pela categoria.

    Haddad ressaltou que a fórmula não pode ser replicada em todas as unidades da Federação, mas evitou se manifestar contra ou a favor de tal modelo. “O que funciona em um estado não funciona em outro. Todo professor quer ser avaliado por mérito. A pergunta é: como aferir o mérito do professor. Alguns entendem que deve ser pelo desempenho dos alunos em testes padronizados, outros por avaliação didático-pedagógica. Não podemos passar uma receita de bolo”, disse.

    O ministro lembrou também projeto lançado este ano para criar o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, uma espécie de Enem dos professores. Os participantes poderiam usar a nota obtida na prova para ingressar em diferentes redes de ensino. A primeira edição seria em 2011. “É preciso combinar a melhoria das condições salariais com um ingresso mais criterioso na carreira. Não há critério muito adequado, os concursos são mal feitos, temos muito professores temporários trabalhando”, citou.

    Publicado originalmente em:  https://www.dgabc.com.br

  • Texto Declaração dos Direitos Humanos

     Elisabeth da Fonseca Guimarães, escreveu um artigo, intitulado “A DUDH COMO MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO NÍVEL MÉDIO”, bem interessante sobre a possibilidade e a necessidade de trabalhar com os alunos o texto “Declaração dos Direitos Humanos”. A autora ainda aborda as limitações referentes ao acesso a material didático para trabalhar com o Ensino Médio.
    A dica de hoje: Ler inicialmente o artigo de Elisabeth da Fonseca Guimarães e trabalhar em sala de aula com o referido texto. É possível fazer uma leitura com pausas para a discussão, assim como buscar identificar e capturar por meio de fotografias o desrespeito a tal declaração.
    Segue abaixo o texto original da declaração dos direitos humanos…
    Declaração Universal dos Direitos Humanos
    *tradução oficial, UNITED NATIONS HIGH COMMISSIONER FOR HUMAN RIGHTS
    Preâmbulo
    Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem; Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais; Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:
    A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos
    Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os
    indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo
    ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover,
    por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua
    aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como
    entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
    Artigo 1°
    Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
    Artigo 2°
    Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
    Artigo 3°
    Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
    Artigo 4°
    Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
    Artigo 5°
    Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
    Artigo 6°
    Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
    Artigo 7°
    Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
    Artigo 8°
    Toda a pessoa direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
    Artigo 9°
    Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
    Artigo 10°
    Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja eqüitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
    Artigo 11°
    1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
    2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.
    Artigo 12°
    Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.
    Artigo 13°
    1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
    2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
    Artigo 14°
    1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em
    outros países.
    2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por
    crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações
    Unidas.
    Artigo 15°
    1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
    2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
    Artigo 16°
    1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
    2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros
    esposos.
    3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e
    do Estado.
    Artigo 17°
    1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.
    2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
    Artigo 18°
    Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
    Artigo 19°
    Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.
    Artigo 20°
    1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
    2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
    Artigo 21°
    1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
    2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
    3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
    Artigo 22°
    Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.
    Artigo 23°
    1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.
    2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
    3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração eqüitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social.
    4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
    Artigo 24°
    Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
    Artigo 25°
    1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
    2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.
    Artigo 26°
    1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
    2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
    3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos.
    Artigo 27°
    1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
    2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.
    Artigo 28°
    Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
    Artigo 29°
    1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
    No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e
    2. liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
    3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
    Artigo 30°
    Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados
  • Uso de imagem em Sociologia: plano de aula de sociologia

    Segue abaixo um plano de aula retirado do site da Revista Nova escola…

     O poder da imagem

     Objetivos

    Identificar transformações históricas nas formas de percepção do ambiente; entender a importância e a primazia social da imagem em época de globalização

    Conteúdos
    Transformações da percepção na modernidade: a supremacia social da imagem

    Tempo estimado: Duas aulas

    Introdução Durante muitos séculos, a tradição cultural do ocidente esteve assentada na forte valorização da palavra e no prestígio da Literatura e da Filosofia. Entretanto, no século 20, com a difusão de meios expressivos fundamentalmente imagéticos – fotografia, cinema e televisão – houve um forte abalo nessa tradição cultural.

    A imagem adquiriu uma importância sem precedentes na vida cotidiana de grande parte da população mundial. Essa mudança atingiu o território da arte, possibilitando o aparecimento de artistas como Andy Warhol – personagem de reportagem publicada em VEJA. Com base no texto da revista e neste plano de aula, reflita com seus alunos sobre a importância da imagem na sociedade atual.

    Atividades

    1ª aula: Plano de aula de Sociologia
     Para começar a aula, proponha à turma um exercício. Peça que os alunos imaginem um habitante de uma pequena vila no início do capitalismo e que façam uma lista com possíveis imagens que ele costumava observar em seu cotidiano. Em seguida, peça que repitam o exercício com um cidadão que vive em uma grande metrópole na atualidade. A quantidade e a qualidade de estímulos visuais a cada um é a mesma?

    Os estudantes devem perceber que o olhar de alguém que vive nas grandes metrópoles de hoje tem de ser mais atento e ativo, já que ele é forçado a captar, em um tempo cada vez menor, inúmeros estímulos provenientes da realidade social. Chame a atenção da turma para as transformações pelas quais o olhar passa conforme aumenta a velocidade das mudanças, e explique que a percepção visual tem se modificado no decorrer da história, ao mesmo tempo em que a imagem ganha importância na sociedade.

    Conte à classe que, até o século 19, apenas a palavra escrita podia ser objeto de reprodução técnica, sendo difundida pela imprensa para a população leitora. Com o aparecimento das novas técnicas de reprodução mecânica da imagem, no início do século 20, esta adquiriu novo status no universo da comunicação. Explique que a difusão massiva das imagens fez com que elas deixassem de estar confinadas ao reino das artes plásticas – no qual eram vistas como objetos de culto – para invadirem a vida cotidiana. Como defendia o filósofo alemão Walter Benjamin, as imagens adquiriram um novo valor de uso: o “valor de exposição” ou de proximidade.

    Pergunte à moçada quais as consequências desse fenômeno para a vida cultural. Ouça as respostas e complemente explicando que, à medida que os jornais passaram a ser ilustrados, as imagens ganharam status de fonte de informação, utilizadas, muitas vezes, em maior escala que os textos escritos. Comente, ainda, que outros fatos – como a difusão do cinema – contribuíram para alterar a relação das massas com a cultura, criando condições favoráveis para uma recepção positiva das imagens em todas as áreas.

    Explique que a imagem vem ganhando força até os dias atuais. Com o aparecimento de diversos produtos destinados à comunicação – como computadores, telefones celulares, aparelhos de DVD –, ela passou a ser divulgada em fluxo contínuo, de modo a invadir tanto o universo do trabalho quando o do entretenimento. Atualmente, a imagem penetra amplamente em todos os momentos de vida humana, fazendo com que o cidadão se torne um receptor constante da comunicação visual.

    Mostre à turma que esse fato altera nossos hábitos e percepções, e termine a aula questionando se essas transformações indicam uma supremacia da imagem em relação à palavra. É possível afirmar que estamos diante do aparecimento de uma cultura menos verbal ou conceitual e mais imagética? Ou, em outras palavras, pode-se concluir que a imagem passou a rivalizar com a palavra?

    2ª aula: Plano de aula de Sociologia
    Entregue à turma cópias da reportagem “Andy Warhol: a imagem é tudo”, publicada em VEJA, e comente que o artista é um ótimo exemplo da importância da imagem no mundo contemporâneo. Proponha que os alunos identifiquem no texto passagens que confirmem essa afirmação e peça que discutam como a imagem publicitária foi usada por Warhol para criar suas obras.

    Explique à classe que o artista utilizou representações muito conhecidas na vida cotidiana e na cultura de massas do capitalismo para fazer arte e, com isso, colocou em debate a importância e o prestígio social da imagem no mundo contemporâneo.

    Peça que a turma preste atenção à seguinte frase apresentada na reportagem: “na sociedade atual, pessoas, eventos e produtos dependem da projeção contínua de sua imagem nos meios de comunicação para ‘existir’ aos olhos do público”. Pergunte à moçada o que o autor quis dizer com essa afirmação. Ouça as respostas e conclua com eles que a supremacia e a onipresença da imagem colocam novas exigências para quem quer tornar um produto ou uma marca conhecido. Se, até mais ou menos 1950, a publicidade era eminentemente verbal e veiculada preferencialmente em jornais, atualmente ela só é eficaz se for imagética e difundida pelos poderosos meios de transmissão de imagens, como o cinema, a televisão e a internet.

    Comente com a moçada que, no universo da comunicação e da publicidade, a realidade não é o existente, mas o que é transmitido pelos meios de comunicação. Por meio de uma série de imagens e mensagens, constroi-se uma realidade aceita e difundida por seus expectadores.

    Plano de aula de Sociologia elaborado por  Débora C. de Carvalho, mestre em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UNESP

  • Sociólogos

    Sociólogos

    Galeria sociolC3B3gica 
    Hobbes, Rousseau, Montesquieu, Locke, Tocqueville, Comte, Spencer, Freud, Gramsci, Karl Mannheim, Schumpeter, Adorno, Marcuse, Mead, Goffman, Mills, Habermas, Castells, Giddens, Honnet; Brasileiros: Ianni, Furtado, Faoro, Florestan, FHC, José Murilo Carvalho, Da Matta
    Fonte: Blog Fato Sociológico
  • Admirável Chip Novo

    Sociologia e Música:
    Admirável Chip Novo
    Composição: Pitty
    Pane no sistema, alguém me desconfigurou
    Aonde estão meus olhos de robô?
    Eu não sabia, eu não tinha percebido
    Eu sempre achei que era vivo
    Parafuso e fluído em lugar de articulação
    Até achava que aqui batia um coração
    Nada é orgânico, é tudo programado
    E eu achando que tinha me libertado
    Mas lá vem eles novamente
    E eu sei o que vão fazer:
    Reinstalar o sistema
    Pense, fale, compre, beba
    Leia, vote, não se esqueça
    Use, seja, ouça, diga
    Tenha, more, gaste e viva
    Pense, fale, compre, beba
    Leia, vote, não se esqueça
    Use, seja, ouça, diga…
    Não senhor, Sim senhor (2x)
    Pane no sistema, alguém me desconfigurou
    Aonde estão meus olhos de robô?
    Eu não sabia, eu não tinha percebido
    Eu sempre achei que era vivo
    Parafuso e fluído em lugar de articulação
    Até achava que aqui batia um coração
    Nada é orgânico, é tudo programado
    E eu achando que tinha me libertado
    Mas lá vem eles novamente
    refrão
    Mas lá vem eles novamente
    E eu sei o que vão fazer:
    Reinstalar o sistema

    Ótima opção para trabalhar temas como “normalidade social”, Fato Social; coerção social, manipulação e dominação racional.

    Fica a dica.