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  • piada globalização?

    piada globalização?

    Uma resposta irónica mas verdadeira

    escola globalizaC3A7C3A3o
    Pergunta: Qual é a mais correta definição de Globalização?
    Resposta: A Morte da Princesa Diana.
    Pergunta: Por quê?
    Resposta: Uma princesa inglesa com um namorado egípcio, tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas. A princesa foi tratada por um médico americano, que usou medicamentos brasileiros.
    E isto é enviado a você por um brasileiro, usando tecnologia americana -(Bill Gates), e, provavelmente, você está lendo isso por ter sido escrito em um computador genérico que usa chips feitos em Taiwan, e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh, numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e, finalmente, vendido ao professor por judeus, através de uma conexão paraguaia.

    Isto é GLOBALIZAÇÃO!!!”

    Fonte: autor desconhecido

  • Manipulação da Mídia

    Manipulação da Mídia

    chomsky media
    As 10 estratégias de manipulação midiática
    Noam Chomsky *
    O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das “10 Estratégias de Manipulação”através da mídia.
    1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
    2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.
    3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
    4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
    5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.
    6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
    7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
    8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
    9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!
    10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dosúltimos 50 anos, os avançosacelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.
    * Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts
  • Biografia Karl Marx: Um intelectual marcado pelo seu tempo

    Biografia Karl Marx: Um intelectual marcado pelo seu tempo

    Biografia Karl Marx
    Karl Marx

    Breve Biografia Karl Marx:

    Infância

    Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883. Estudou na universidade de Berlim, principalmente a filosofia hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos radical-democratas irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris, editando em 1844 o primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes deste movimento, Bruno Bauer e Ruge.

    Exílio

    Na Biografia Karl Marx consta que em 1844, conheceu em Paris Friedrich Engels, começo de uma amizade íntima durante a vida toda. Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou a revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista. Voltou para Paris, mas assumiu logo a chefia do Novo Jornal Renano em colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.

    Engajamento Político

    Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal, cujos redatores foram denunciados e processados, Marx foi para Paris e daí expulso, para Londres, onde fixou residência. Em Londres, dedicou-se a vastos estudos econômicos e históricos, sendo freqüentador assíduo da sala de leituras do British Museum. Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas sua situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado por Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
    Em 1864, Marx foi co-fundador da Associação Internacional dos Operários, depois chamada I Internacional, desempenhando dominante papel de direção. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal, O Capital. Dentro da I Internacional encontrou Marx a oposição tenaz dos anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no Congresso de Haia, a associação foi praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia patrocinar a fundação, em 1875, do Partido Social-Democrático alemão, que foi, porém, logo depois, proibido. Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa.
  • Eu ajudei a destruir o Rio

    O texto abaixo foi publicado no Jornal de Brasília. Seu autor é Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília. Guedes critica o “cinismo” dos jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas. Ele desafia a todos que “tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir: eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro”.

    “Eu ajudei a destruir o Rio”

    “É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.

    Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente.

    Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.

    Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas
    chefias e diretorias.

    Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.

    Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca – e brasileira, por extensão.

    Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato.

    Festa sem cocaína era festa careta.

    As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a
    necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.

    Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.

    Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.

    Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.

    São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

    Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir:

    “Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro.”

    Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.”

  • A Sociologia de Durkheim: criador do método sociológico

    A Sociologia de Durkheim: criador do método sociológico

    A Sociologia de Émile Durkheim tem grande relevância para consolidação dessa disciplina enquanto ciência uma vez que esse autor criou o que chamamos de método sociológico. (…) a sociologia, enquanto disciplina, constitui-se no século XIX, no contexto da consolidação da sociedade capitalista burguesa. Assim se explica a preocupação dos chamados “clássicos da sociologia”, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim; Marx ocupado em estabelecer a partir do seu engajamento concreto com os Movimentos Operários o caminho de superação daquele modelo de sociedade, rumo a uma organização realmente igualitária; a Weber interessava compreender e explicar o porquê de o Modo de Produção Capitalista só ter se tornado dominante na Europa do século XIX, já que o comércio, a busca do lucro e até mesmo a noção de assalariamento já haviam acontecido em outros momentos da história. Seu foco são as particularidades históricas; Durkheim, (…) hoje, estava preocupado em entender em que se sustentaria a coesão de uma sociedade que surge do questionamento das tradições, da religião, etc. em prol do indivíduo – referência à ideologia individualista, isto é, a crença que o indivíduo, nesta nova realidade, poderá ir até onde seus méritos determinam e não é mais de acordo com o sobrenome que carrega ou outra barreira parecida.
    A partir de diversos estudos sobre o suicídio, a vida religiosa e sobre a divisão do trabalho, sobretudo neste último, Durkheim concluiu que nas sociedades ditas primitivas onde a divisão do trabalho era menos complexa, as pessoas eram praticamente intercambiáveis (uma substitui a outra) e, por isso mesmo, aproximavam-se por semelhança. Assim a identidade do grupo se fortalecia. A isso o autor chamou solidariedade mecânica.
    Durkheim
    Na sociedade capitalista, no entanto, com a valorização do indivíduo e da individualidade, diante da complexa divisão do trabalho e da evidência de que as pessoas ocupam posições muito distintas e com preocupações diversas, como esta sociedade manter-se-ia íntegra? O que ligaria os indivíduos nesta sociedade? A resposta da primeira pergunta já conhecemos; dentre outras, a Educação desempenharia um papel fundamental ao “conformar” os indivíduos à sociedade. Mas a segunda pergunta o autor de Da divisão
    do trabalho social responde da seguinte maneira, a ligação se dará pela interdependência, como cada um tem uma função específica, dependerá sempre dos outros. Assim voltamos à concepção organicista de sociedade. Este tipo de coesão foi classificado como solidariedade orgânica, um tipo, no mínimo, estranho de solidariedade, dada sua assimetria, a alguns cabe dar muito mais do que receber.

     

    Além dessa interdependência, o cimento que liga os tijolos é constituído pela argamassa da consciência coletiva, isto quer dizer que, embora possuamos a consciência individual, existe uma padronização da conduta e dos pensamentos, aquilo que é tido como importante ou inadmissível, belo ou feio, é algo decidido fora do indivíduo, ainda que às vezes percebamos como sendo escolha exclusiva de cada um de nós.
    Ainda segundo a Sociologia de Durkheim, infringir essas regras ou fugir dos padrões é algo que acontecerá em todas as sociedades, é, portanto, normal. O que, no entanto, não seria visto do ponto de vista da normalidade é que não haja uma reação/sanção da sociedade em relação àqueles que extrapolam os limites impostos por ela. Na concepção do autor, a ausência de sanções significa um estado de anomia, isto é, não se pune porque não se tem clareza sobre as regras.
    De todo modo, deve ficar claro que em sua análise, o autor presume que tais regras e padrões, as leis e as punições aos que as infringem, pesam sobre todos igualmente, são coercitivas, exteriores e gerais, isto é, serão impostas às classes capitalistas e aos trabalhadores, a homens e mulheres, etc. Ou seja, em sua teoria, desconsidera as relações de dominação e poder existentes entre grupos dentro da sociedade.
    Por MARCELA M. SERRANO

     

    BIBLIOGRAFIA:

    ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
    COSTA, Maria Cristina C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005.
  • Inscrições para concurso temporário de Professor no Espírito Santo

    sedu
    Existem erros que são lamentáveis!
    Hoje fui efetivar minhas inscrições para o cargo de professor temporário de Sociologia aqui na rede estadual de educação do Espírito Santo e me deparei com um absurdo: os cursos que são pontoados.
    Primeiramente evidencio um erro que tem sido cometido todo ano e eles não tem a coragem (ou talvez competência) de reformular o edital, mudando apenas as datas: aceitam apenas mestrado ou doutorado em educação. Na verdade na hora da apresentação de títulos eles analizam o histórico para ver se está relacionado a disciplina pleiteada. Antes tarde do que nunca! Mas muitos deixam de apresentar esses títulos por não ser seu mestrado ou doutorado em educação. Lamentável.
    Outro problema, esse bem maior: Eu me escrevi para lecionar Sociologia. Meus cursos na área de Sociologia não são considerados, exceto 1 que vale apenas 3,0 pontos. Mas a SEDU dá muito mais pontos (6,0) nos cursos de Matemática. Que loucura! Agora eu terei que fazer curso de Matemática para lecionar Sociologia? Se eu fizer o curso de Português terei mais 6 pontos, mas os cursos que realizei me aprofundando no conteúdo que estarei desenvolvendo com meus futuros alunos não valem nada. Apenas 1 deles poderei apresentar. Mas aceitam cerca de 4 cursos de Matemática.

    Quem são esses que criaram tais critérios? Esses deveriam estar sentados em uma carteira escolar aprendendo a diferença entre Matemática e Sociologia.

  • Guerra no Rio de Janeiro

    Segue a matéria do Jornal Nacional do dia 30/11/2010

    “Policiais seguem buscas por armas, drogas e traficantes no Alemão

    Policiais continuam fazendo a chamada operação pente-fino em todas as favelas do Conjunto do Alemão. Já há várias prisões de criminosos, mas os chefes do tráfico permanecem foragidos.

    Nesta terça-feira (30), policiais encontraram mais armas e drogas no Morro do Alemão, e 10 mil alunos voltaram às aulas.

    Ruas cheias, ponto de ônibus lotado e um trabalhador levando a filha, com uniforme escolar. Depois de cinco dias, 31 creches e escolas voltaram a funcionar normalmente. “Está tranquilo, graças a Deus. A gente vê pela televisão a padaria fechada e dá até tristeza. Agora, vou lá agora, pela primeira vez, comer pão quentinho”, diz um homem.
    Tratores derrubam barricadas do tráfico. Em uma caçamba de lixo, policiais descobriram um fuzil, maconha e um transmissor. Segundo a polícia, o gari tinha sido obrigado por criminosos foragidos a retirar o material da favela. Em um barraco, mais sete fuzis e muita droga estavam em tonéis enterrados.
    Policiais continuam fazendo a chamada operação pente-fino em todas as favelas do conjunto e percorrem área de difícil acesso à procura de armas, drogas e dos criminosos que dominavam essa região. Já há várias prisões, mas os chefes do tráfico permanecem foragidos.
    Um morador relatou à Rádio CBN que PMs teriam recebido mais de 70 quilos de ouro para deixar escapar os principais traficantes. “Essa denúncia ainda está um pouco vaga, mas nós também já iniciamos a apuração. Então, toda denúncia que chegar é apurada. Procuramos reunir para punir os autores ou o autor do desvio de conduta”, declara o corregedor da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, Giuseppe Vitagliano.
    Moradores também contaram à polícia que bandidos fugiram por uma rede de esgotos em obras, como mostrou nessa segunda-feira (29) o Jornal Nacional. Segundo a denúncia, os traficantes teriam obrigado operários a construir túneis.
    “O traficante conhece o território dele. Ele sabe por onde aquele esgoto passa. Ele conhece melhor do que a própria polícia. Evidentemente, se ele estiver acuado, ele vai usar esses caminhos para fugir da polícia, não há participação de funcionários, não há qualquer escuta telefônica, não há qualquer investigação que aponte isso”, ressalta o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski.
    À tarde, foi descoberta outra saída de esgoto. Segundo investigadores, moradores viram bandidos sair por ali.
    Nesta quarta-feira (1), a polícia vai implodir o que restou de uma casa na Vila Cruzeiro, favela vizinha, ocupada antes do Alemão. Na parede, há buracos, por onde traficantes observavam tudo e atiravam contra os policiais.
    A polícia do Rio informou que 124 criminosos foram presos e que as operações de busca vão continuar.

  • Rio de Janeiro em Guerra III

    Em entrevista a Terra Magazine, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ), conhecido pelo combate às milícias, afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez “a escolha política” de ir “à fonte do financiamento do tráfico”. Segundo ele, a ação da polícia carioca nas favelas reforça “a criminalização da pobreza” e não enfrenta o crime organizado. Ele será enfrentado, diz Freixo, “onde há o lucro (com a ilegalidade), que não é na favela”.
    – A favela é a mão de obra barata. É a barbárie – diz o deputado, elencando a Baia da Guanabara e o Porto como locais onde há o tráfico de armas e onde lucra o crime organizado.
    Crítico da política de segurança pública do Rio, Freixo afirma que as reclamações dos moradores dos morros questionam a presença da polícia, comparando à ausência de políticas sociais, postos de saúde e escolas. Para o deputado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) visam atender as necessidades de uma cidade que será Olímpica em 2016:
    – As UPPs representam um projeto de cidade e não de segurança pública. O mapa das UPPs é muito revelador: é o corredor da Zona Sul, os arredores do Maracanã, a zona portuária e Jacarepaguá, região de grande investimento imobiliário. Então, são áreas de muito interesses para o investidor privado. (…) A retomada é militar para permitir um projeto de cidade, que é a cidade Olímpica de 2016. Para toda cidade Olímpica tem cidades não-Olímpicas ao redor – afirma.
    Freixo foi presidente da CPI das Milícias, que investiga a ligação de parlamentares com grupos paramilitares. Por conta disto, o deputado chegou a ser ameaçado de morte. Leia abaixo a íntegra da entrevista:
    Terra Magazine – O senhor é conhecido pelo combate às milícias. Em alguma medida, esses ataques podem interferir no comportamento delas?
    Marcelo Freixo – Esses ataques não tem nada a ver com milícias, são reações às UPPs, que não atingiram as milícias em nada. Não há nenhuma área atingida pelas milícias que tenham sido ocupadas pelas UPPs. Pelo contrário.
    Sobre esses ataques…
    Esses ataques são do varejo da droga, que é muito menos organizado do que se imagina. Representam o crime da lógica da barbárie, da violência. Não são pessoas que têm referência com o crime organizado, porque a organização não faz parte de sua cultura de vida. É a barbárie pela barbárie. Então, os ataques não vêm do crime organizado, que deve ser enfrentado de uma outra forma.
    Que forma?
    Se quiser enfrentar o crime organizado tem que ir para a Baia da Guanabara que é por onde as armas entram. Aí, sim. Ali tem a operação financeira do crime organizado para o tráfico de armas. Isso não se enfrenta no Rio de Janeiro.
    O senhor afirma que se trataram de atos bárbaros, sem uma organização. Mas esses ataques estavam sendo comandados pelo Comando Vermelho e pelo Amigo dos Amigos.
    São facções da barbárie. É o crime organizado dentro das cadeias. São grupos que só são organizados de dentro das cadeias. Muito mais dentro do que fora. O crime organizado é onde tem dinheiro e poder, que não é o caso das favelas, onde fica a pobreza e a violência. A tradicional política de segurança do Rio, perpetuada há 11 anos, enfrenta as favelas com uma ação letal. Em 2007, o mesmo governo (Sérgio) Cabral entrou no Complexo do Alemão, matou 19 e saiu. Como está o Complexo do Alemão hoje? Igual. Esse tipo de ação é muito ineficaz. Se é para enfrentar o crime organizado, tem que ser onde ele lucra, que não é na favela. A favela é a mão de obra barata, e é a barbárie. É preciso ir à fonte do financiamento e aonde passam as armas. Essa é a escolha polít ica que até hoje o governo Lula não fez.
    Como o senhor avalia a implementação das UPPs?
    As UPPs representam um projeto de cidade e não de segurança pública. O mapa das UPPs é muito revelador: é o corredor da Zona Sul, os arredores do Maracanã, a zona portuária e Jacarepaguá, região de grande investimento imobiliário. Então, são áreas de muito interesses para o investidor privado. O Estado, portanto, retoma – militarmente – este território. A retomada é militar para permitir um projeto de cidade, que é a cidade Olímpica de 2016. Para toda cidade Olímpica tem cidades não-Olímpicas ao redor.
    No morro Dona Marta, por exemplo, moradores reclamaram bastante da truculência policial durante a ocupação das UPPs.
    Em todas as áreas de UPPs existe muita reclamação, e hoje em dia isso vem aumentando. A maioria das queixas são causadas pela agressividade policial, não necessariamente agressão física, mas pela atitude, ou abuso de autoridade. Outra reclamação recorrente é que só polícia chegou a esses morros.
    Como assim?
    Só chegou polícia e não investimentos sociais. E é claro que não só de polícia a favela precisa. Uma coisa é enfrentar a barbárie, outra coisa é o fator que mantém aquela favela ali. As pessoas precisam de direitos. Não adianta levar a polícia e não levar a escola, o posto de saúde, o saneamento. Isso vai gerando um desgaste para a própria polícia também.
    Dentro desse cenário que o senhor chama de “barbárie”, e somando a ele esses ataques recentes, o senhor acredita que fica de ônus ao morador da favela?
    Esses momentos reforçam o processo de criminalização da pobreza no Rio, o que é muito perigoso. Hoje, todas as operações policiais no Rio acontecem nas favelas. Todas. Não há nenhuma na Baia da Guanabara, nem no Porto, que é por onde entram as armas e onde funciona – verdadeiramente – o crime organizado. Então, reforça-se esse processo de criminalização das áreas pobres.
  • Casa-Grande e Senzala: Resenha da obra de Gilberto Freyre

    Casa-Grande e Senzala: Resenha da obra de Gilberto Freyre

    Casa-Grande e Senzala

    Casa-Grande e Senzala trata-se de uma obra clássica de suma importância para a Sociologia Brasileira. Marcada por grandes elogios e críticas. Estas vieram de várias partes, como por exemplo, de Florestan Fernandes e Antônio Candido e Fernando Henrique Cardoso, mas estes nunca renegaram a sua importância para se pensar a origem do Brasil.

    A colaboração de Freyre, embora interpretada por seus críticos como um esvaziamento do conflito entre colonizador e colonizado, se deu por retratar em Casa-grande & senzala as relações sociais a partir do cenário do Brasil colonial e influenciado por sua formação de origem: a antropologia cultural norte-americana. Sua análise teve como plano de fundo a ótica do relativismo. Por isso valorizou a mestiçagem, antes depreciada, e a contribuição do negro, que até então era ignorada pelos estudos em torno da formação da sociedade brasileira. Ao descrever a intimidade da sociedade colonial, Freyre expôs o contexto de origem dos antagonismos que compõem a ordem social no Brasil da atualidade.
    Freyre destaca como a hibridação da sociedade portuguesa facilitou a “mistura” que originaria o brasileiro. Ele não parte de um Brasil já formado, mas resgata a origem do português para fundamentar seus argumentos, especialmente para apresentar que o que estalou aqui foi uma estrutura social pronta, acabada, completa. Tal estrutura deixou resquícios difíceis de serem apagados e que demorará um pouco para serem desconstruídas.
    O Brasil de Freyre é o Brasil do parentesco, da familiaridade, um Brasil escravocrata e patrimonialista. Um Brasil que se mostra a partir da sua cultura, onde esta, até mesmo por meio da culinária, exerce grande influência na vida social e em sua estrutura. É certo que essa abordagem é fruto de sua formação. Embora alvo de muitas críticas, possibilitou enxergar o Brasil com um ângulo diferente até então apresentado. Rompeu, de certa forma, com a interpretação baseada nas lutas de classe para entender as relações cotidianas a partir dos elementos culturais presente na época em análise.
    Por Cristiano Bodart
    Referência:
    FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. Editora Global, 49ª ed. São Paulo. 2004.
  • Rio Não haverá vencedores: Marcelo Freixo

    Leiam abaixo o texto de Marcelo Freixo, deputado estadual pelo PSOL do RJ, na seção Tendência/Debates da Folha de São Paulo de ontem (28/11/2010).
    Não haverá vencedores
    MARCELO FREIXO
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    Foto:  @R7.com
    Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública do Rio terá de passar pela garantia dos direitos dos cidadãos da favela
    Dezenas de jovens pobres, negros, armados de fuzis, marcham em fuga, pelo meio do mato. Não se trata de uma marcha revolucionária, como a cena poderia sugerir em outro tempo e lugar. Eles estão com armas nas mãos e as cabeças vazias. Não defendem ideologia. Não disputam o Estado. Não há sequer expectativa de vida.
    Só conhecem a barbárie. A maioria não concluiu o ensino fundamental e sabe que vai morrer ou ser presa. As imagens aéreas na TV, em tempo real, são terríveis: exibem pessoas que tanto podem matar como se tornar cadáveres a qualquer hora. A cena ocorre após a chegada das forças policiais do Estado à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.
    O ideal seria uma rendição, mas isso é difícil de acontecer. O risco de um banho de sangue, sim, é real, porque prevalece na segurança pública a lógica da guerra. O Estado cumpre, assim, o seu papel tradicional. Mas, ao final, não costuma haver vencedores.
    Esse modelo de enfrentamento não parece eficaz. Prova disso é que, não faz tanto tempo assim, nesta mesma gestão do governo estadual, em 2007, no próprio Complexo do Alemão, a polícia entrou e matou 19. E eis que, agora, a polícia vê a necessidade de entrar na mesma favela de novo.
    Tem sido assim no Brasil há tempos. Essa lógica da guerra prevalece no Brasil desde Canudos. E nunca proporcionou segurança de fato. Novas crises virão. E novas mortes. Até quando? Não vai ser um Dia D como esse agora anunciado que vai garantir a paz. Essa analogia à data histórica da 2ª Guerra Mundial não passa de fraude midiática.
    Essa crise se explica, em parte, por uma concepção do papel da polícia que envolve o confronto armado com os bandos do varejo das drogas. Isso nunca vai acabar com o tráfico. Este existe em todo lugar, no mundo inteiro. E quem leva drogas e armas às favelas?
    É preciso patrulhar a baía de Guanabara, portos, fronteiras, aeroportos clandestinos. O lucrativo negócio das armas e drogas é máfia internacional. Ingenuidade acreditar que confrontos armados nas favelas podem acabar com o crime organizado. Ter a polícia que mais mata e que mais morre no mundo não resolve.
    Falta vontade política para valorizar e preparar os policiais para enfrentar o crime onde o crime se organiza -onde há poder e dinheiro. E, na origem da crise, há ainda a desigualdade. É a miséria que se apresenta como pano de fundo no zoom das câmeras de TV.
    Mas são os homens armados em fuga e o aparato bélico do Estado os protagonistas do impressionante espetáculo, em narrativa estruturada pelo viés maniqueísta da eterna “guerra” entre o bem e o mal.
    Como o “inimigo” mora na favela, são seus moradores que sofrem os efeitos colaterais da “guerra”, enquanto a crise parece não afetar tanto assim a vida na zona sul, onde a ação da polícia se traduziu no aumento do policiamento preventivo. A violência é desigual.
    É preciso construir mais do que só a solução tópica de uma crise episódica. Nem nas UPPs se providenciou ainda algo além da ação policial. Falta saúde, creche, escola, assistência social, lazer.
    O poder público não recolhe o lixo nas áreas em que a polícia é instrumento de apartheid. Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública terá de passar pela garantia dos direitos básicos dos cidadãos da favela.
    Da população das favelas, 99% são pessoas honestas que saem todo dia para trabalhar na fábrica, na rua, na nossa casa, para produzir trabalho, arte e vida. E essa gente -com as suas comunidades tornadas em praças de “guerra”- não consegue exercer sequer o direito de dormir em paz.
    Quem dera houvesse, como nas favelas, só 1% de criminosos nos parlamentos e no Judiciário…
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    *Em tempo: Freixo inspirou o personagem que denuncia as milícias e provoca a CPI no filme Tropa de Elite 2.