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  • Contracultura: Os hippies enquanto movimento cultural e político

    Contracultura: Os hippies enquanto movimento cultural e político

    Hippies

    «No final da década de 1960 surgiu uma extensa subcultura nos EUA composta de jovens motivados por uma sociedade que julgavam muito materialista e tecnológica. Esse grupo incluía basicamente radicias políticos e “hippies” que tinham “abandonado” as instituições sociais dominantes. Esses jovens, homens e mulheres, rejeitavam a pressão para se acumular cada vez mais carros, casas cada vez maiores e um conjunto sem fim de bens materiais. Expressavam, em contrapartida, o desejo de viver em uma cultura baseada em valores mais humanos, dividindo amor e vivendo em harmonia com a natureza. Politicamente, essa subcultura se opôs ao envolvimento dos EUA na guerra do Vietname e pregou a resistência ao alistamento militar obrigatório.

     

    Quando uma subcultura se opõe de maneira clara e deliberada contra certos aspectos da cultura maior, ela é chamada de contracultura. As contraculturas, em geral, surgem entre os jovens, que fizeram até ao momento o menor investimento na cultura existente. Na maioria dos casos, um jovem de 20 anos pode se ajustar a novos padrões culturais mais facilmente do que alguém que já viveu 60 anos seguindo os padrões da cultura dominante.»

    Richard T. Schaefer, Sociologia, 6ª edição, McGraw-Hill, São Paulo, 2006, pág. 70.
    Retirado de https://cadernosociologia.blogspot.com/2009/01/contracultura-o-exemplo-dos-hippies.html

  • Vídeo: História das Coisas (em Português)

    A partir deste vídeo é possível discutir questões referentes à Sociedade do Consumo, ao Papel do Estado, a exploração do trabalho humano e a exploração dos recursos naturais. Muito bom!

  • Análise de música: Pink Floyd – Another brick in the wall (tradução)

    A partir da música Another Brick in the wall é possível discutir algumas questões referentes as principais ideias discutidas por Durkheim, Weber e Marx. São elas:
    Fato Social; Controle Social; Burocracia; Ideologia; Dominação.

  • Manifestações culturais e patrimônio cultural

    Manifestações culturais e patrimônio cultural

    O que se entende por patrimônio cultural e manifestações culturais?

    Para a Antropologia Cultural, manifestação cultural é toda forma de expressão humana, seja através de celebrações e rituais ou através de outros suportes como imagens fotográficas e fílmicas.

    Além disso, sabemos que as expressões das culturas humanas também são veiculadas através de outras linguagens, escritas ou verbais. O patrimônio também se constitui como uma linguagem que expressa uma forma de sentir e pensar um acontecimento, um tempo, uma dada forma de ver as coisas do mundo.

     

    patrimonio cultural
    Em sua origem, o patrimônio estava ligado às estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no tempo e no espaço. Hoje a ideia de patrimônio designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras primas das belas artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes das comunidades humanas.

     

    A ideia de um patrimônio comum a um grupo social, definidor de sua identidade e enquanto tal merecedor de proteção perfaz-se através de práticas que ampliaram o círculo dos colecionadores e apreciadores de antiguidades e se abriram a novas camadas sociais: exposições, vendas públicas, edição de catálogos das grandes vendas e das coleções particulares. Inicialmente, a categoria do patrimônio que mereceu atenção foi a que se relaciona mais diretamente com a vida de todos, qual seja o patrimônio histórico representado pelas edificações e objetos de arte.

     

    Paulatinamente, ocorreu a passagem da noção de patrimônio histórico para a de patrimônio cultural, de tal modo que uma visão inicial reducionista que enfatizava a noção do patrimônio nos aspectos históricos consagrados por uma historiografia oficial foi-se projetando até uma nova perspectiva mais ampla que incluiu o “cultural”, incorporando ao “histórico” as dimensões testemunhais do cotidiano e os feitos não-tangíveis.

    Portanto, a noção moderna de patrimônio cultural não se restringe mais à arquitetura, mesmo sendo indiscutível que a presença de edificações é um ponto alto da realização humana. Deste modo, o significado de patrimônio cultural é muito mais amplo, incluindo diversos produtos do sentir, do pensar e do agir humano. Portanto, patrimônio ganha uma conotação para além de coisas concretas, abrange também modos de fazer, expressões, técnicas, modos de agir e falar.  Neste sentido, o conceito de patrimônio cultural da UNESCO se relaciona mais com ao conceito de cultura. Um dos conceitos de cultura remete a modos de agir, pensar a partir da inserção em determinado grupo o qual se caracteriza de forma particular por meio de códigos, costumes e regras morais próprias as quais criam suas próprias hierarquias e especificidades as quais atribuem caráter únicos àqueles indivíduos que pertencem ao grupo.

    No âmbito internacional, durante as últimas décadas, delinearam-se uma série de instrumentos jurídicos, convenções, declarações, resoluções e recomendações relativas à proteção do patrimônio cultural, de tal maneira que as convenções e recomendações aprovadas pela UNESCO vêm enriquecer o Direito Internacional da cultura e os direitos internos com a elaboração de leis próprias no sentido dado pela UNESCO. Como “Patrimônio Mundial” a UNESCO define todos os bens que possuam um caráter excepcional. Ao considerarmos o “Patrimônio” um bem herdado do passado, investimo-lo de um significado de “referência”. Em outras palavras, tornamos o “Patrimônio” insubstituível para nossa identidade, portanto cabe a nós a efetiva defesa da preservação e divulgação desse legado cultural.

    De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, os bens sócio-ambientais diferem-se em culturais, históricos, artísticos, arqueológicos, etnográficos e paisagísticos. São bens que têm a característica de estarem vinculados à história, memória ou cultura do país. Portanto, tem-se que o patrimônio pode abarcar manifestações culturais intangíveis, como as tradições orais, a música, idiomas e festas, além dos bens artísticos.

    Neste sentido, as festas populares expressam as formas identitárias de grupos locais, onde o motivo de encontro, de fé ou simplesmente de celebrar atrai e identifca devotos e indivíduos de mesma identidade. As manifestações populares possuem um caráter ideológico uma vez que comemorar é, antes de mais nada, conservar algo que ficou na memória coletiva (Paiva Moura, 2001) e forma de manifestação cultural.

    É importante ressaltar que patrimônio histórico-cultural não é apenas o acervo de obras raras ou da cultura de um passado distante; é a valorização e o conhecimento dos bens culturais que podem contar a história ou a vida de uma sociedade, de um povo, de uma comunidade. Será através do contato com tais bens que conheceremos a memória ou até mesmo a identidade de um povo.

    Cabe lembrar ainda que todos os bens naturais, ou culturais, materiais ou imateriais, constituem o patrimônio cultural do Brasil, desde que estes sejam portadores de referência à identidade, à ação e à memória de diferentes elementos étnicoculturais formadores da nação brasileira.
    Através do conhecimento do nosso patrimônio cultural, podemos aprender sobre nossa memória e, conseqüentemente, exercer a cidadania.

     

  • CONTRIBUIÇÕES DE RONALD H. COASE À ABORDAGEM TRADICIONAL DA TEORIA ECONÔMICA DAS ESCOLHAS

    Por Cristiano BodartRonald H. Coase busca efetuar uma análise crítica em torno da origem da moderna análise econômica do “Dilema das Escolhas”, especialmente às noções apresentadas na obra The Economics of Welfare, de Pigou em particular, a seção da Parte II. Para Coase, abordagem tradicional tende a obscurecer a natureza da escolha que deve ser feita, uma vez que não leva em consideração todos os efeitos totais ao projetar e escolher entre arranjos sociais.
    A abordagem tradicional, geralmente é assim pensada, como destacou Coase (p.1):

    “A questão é normalmente pensada como uma situação em que A inflige um prejuízo a B, e na qual o que tem que ser decidido é: como devemos coibir A? Mas isso está errado. Estamos lidando com um problema de natureza recíproca. Evitar o prejuízo a B implicaria causar um prejuízo a A. Assim, a verdadeira questão a ser decidida é: A deveria ser autorizado a causar prejuízo a B, ou deveria B ser autorizado a causar um prejuízo a A? O problema é evitar o prejuízo mais grave”.
    Ainda, de acordo com a abordagem tradicional, quando as transações no mercado não possuem custos seria possível realocar os direitos por meio do mercado, acreditando que tal realocação se daria desse modo sempre que levasse a um aumento no valor da produção. Quando as transações no mercado possuem custos uma realocação de uma firma seria adotada sempre que os custos administrativos da firma fossem menores do que a reorganização das atividades. Há situações onde o dano causado de uma firma pode ser tão elevados tornar qualquer tentativa de solução do problema através da firma impossível. Uma solução alternativa é a regulação direta pelo governo (por meio de regras, por exemplo). Nesse contexto, “o governo é, em certo sentido, uma super-firma (mas de um tipo muito especial), porquanto é capaz de interferir no uso dos fatores de produção por meio de decisões administrativas” (p.14).
    O que a abordagem tradicional não aponta é que a ação do governo não funciona sem custos os quais podem ser muito alto. Além disso, o governo é falível nem sempre estará voltada para o aumento da eficiência com o qual o sistema econômico opera. Outra crítica de Coase a abordagem tradicional está na falha da “lei geral”, a qual será aplicada a todas as situações, não atentando para suas peculiaridades. Além de se criar uma situação de paternalismo, ora dos causadores dos custos, ora dos prejudicados por uma dada situação.
    Coase afirma que (p.15):
    “Todas as soluções acarretam custos e não há razão alguma para supor simplesmente
    que a regulação governamental seja a mais apropriada quando o problema não for
    satisfatoriamente resolvido através do mercado ou da firma. Uma visão satisfatória sobre a política mais adequada somente pode ser alcançada através de um paciente estudo de como, na prática, o mercado, as firmas e os governos lidam com o problema dos efeitos prejudiciais”.
    Para Coase, o problema relacionado às atividades que causam efeitos prejudiciais não é o de simplesmente a coerção sobre os responsáveis. Afirma que o que deve estar em jogo é a identificação dos ganhos e perdas, a fim de, busca uma escolha sub-ótima.
    Outra crítica efetuada por Coase sobre o pensamente de Pigou é que este aponta que o Estado possui imperfeições, mas não aponta para as ações adicionais necessárias para que a intervenção seja otimizada. Para Coase a abordagem tradicional não atenta para a questão da liberdade de ação. O fator de produção é pensado como uma entidade física que o empresário adquire e usa, em vez de o direito de realizar certas ações.
    “Se os fatores de produção são pensados como direitos, torna-se mais fácil compreender que o direito de fazer algo que gera efeitos prejudiciais (tais como a emissão de fumaça, barulho, odores, etc.) é, também, um fator de produção. Da mesma forma que podemos usar um pedaço de terra de modo a evitar que as pessoas o atravessem, ou estacionem seus carros, ou construam suas casas sobre o mesmo, nós podemos usá-lo de modo a denegá-las uma vista, ou o silêncio, ou um ar não-poluído. O custo de exercer um direito (de usar um fator de produção) é sempre a perda sofrida em outro lugar em conseqüência do exercício desse direito – a incapacidade de cruzar a terra, estacionar o carro, construir uma casa, gozar de uma vista, ter paz e silêncio, respirar ar limpo.
    Seria claramente desejável se as únicas ações realizadas fossem aquelas nas quais o ganho gerado valesse mais do que a perda sofrida. Mas, ao se escolher entre arranjos sociais em um contexto no qual decisões individuais são tomadas, temos que ter em mente que uma mudança no sistema existente, a qual levará a uma melhora em algumas decisões, pode muito bem levar a uma piora em outras. Além disso, tem-se que levar em conta os custos envolvidos para operar os vários arranjos sociais (seja
    o trabalho de um mercado ou de um departamento de governo), bem como os custos
    envolvidos na mudança para um novo sistema” (p.36).

    Desta forma, para Coase, nas escolhas de arranjos sociais devem ser atentados para a complexidade que envolve as peras e ganhos, transpassando pelos custos e prejuízos monetários às questões referentes à liberdade individual e seus custos à outros indivíduos também livres.

  • Cultura capixaba

    Para o capixaba não tem essa de “mermão”, nem de “ô loco”…
    – Nada de “meu rei”, “barbaridade”, “uai”, “sô”, muito menos “vixe”. Capaixaba tem linguajar próprio. Duvida?
    Então veja só:
    – Em qualquer lugar do Brasil, a bola ESTOURA. Para o capixaba, ela POCA (pronuncia-se “póca”, com ênfase no “ó”, como pó…) – Por sinal, “pocar” é um verbo que só existe na língua capixabesa.
    Eu poço
    Tu poças
    Ele poca…
    Capixaba não vai embora. Ele “poca fora”.
    Outras:
    Capixaba não rouba, ele “cata”.
    Para o capixaba, um acidente de carro é uma “chapoletada”.
    Capixaba não desembarca do ônibus, ele “salta”.
    Capixaba não tem medo de lagartixa, mas sim de “taruíra”.
    Capixaba não vai ao centro, ele vai À CIDADE.
    Capixaba não chama a polícia, chama “uszomi”.
    Capixaba não pega ônibus, pega “buzú”.
    Capixaba não sente agonia, ele sente “gastura”.
    Capixaba não se estressa, ele fica INJURIADO.
    Capixaba não pára no semáforo, pára no SINAL.
    Para o capixaba, as coisas não se estragam, elas “dão tilt”.
    Capixaba não come pão francês, ele come PÃO DE SAL.
    Capixaba inicia as frases com “deixa falar…”
    – Para capixaba, não existe tangerina, e sim “mixirica”.
    Capixaba não sai à noite. Ele vai “pros rock”, mesmo se “os rock” for techno, axé, pagode…
    Capixaba não acha Sem graça, ela acha “palha”.
    Capixaba não BEIJA MULHER, “PEGA (ou ‘PANHA)”.
    Capixaba não diz COMO VAI, diz “QUALÉ”.
    Capixaba não fala NÃO, fala “É RUIM, HEIN!”.
    Capixaba não vai DUPLICAR a rodovia, vai “ENLARGUECER.”
    Capixaba não fala UM, DOIS, TRÊS E JÁ, fala “UM, DÓ, LÁ, SI, JÁ.”
    Se você entender pelo menos 3/4 desse texto, parabéns! Você tem é capixaba.

  • CONTRIBUIÇÕES CRÍTICAS DE FÁBIO WANDERLEY REIS À TEORIA DA AÇÃO COLETIVA DE MANCUR OLSON

    Por Cristiano Bodart

    Wanderley apresenta algumas considerações importantes para a compreensão da ação coletiva. Ao analisar a obra intitulada “A Lógica da Ação Coletiva” de Mancur Olson busca realizar algumas observações importantes referente as ideias deste autor. Wanderley parte de dois conceitos chaves para a questão da Public Choice: Egoísmo e altruísmo. Para este autor, trata-se de dois conceitos que se confundem dependendo do ângulo de análise da ação, ou seja, o que seria egoísmo ou altruísmo? Um movimento em prol da melhoria da cidade seria altruísmo uma vez que o benefício é coletivo? Não seria, nesse mesmo caso, egoísmo, uma vez que o indivíduo estaria pensando em seu bem estar?

    Olson aponta o individualismo como chave para a compreensão da ação social. Para ele o bem comum não seria suficiente para induzir a ação do indivíduo (seria necessário “incentivos seletivos”). Nesse sentido, Wanderley aponta que é de fundamental importância considerar outros fatores propulsores da ação coletiva (Olson apenas cedeu um pequeno espaço para eles em nota de rodapé), como a solidariedade. Wanderley aponta que não se deve negar a relevância analítica dos aspectos de qualquer natureza que possam ser vistos como produtores de solidariedade.

    Para Wanderley, Olson recusa a enxergar que os grupos sociais podem ser formados efetivamente com objetivos partilhados e aptidão a mobilizar-se pela causa coletiva do grupo. Isso é possível identificar em grupos formados por ideologias de grupo ou por afetos reais. Assim como seria enganoso falar em ação solidária desprezando a existência de ação interessada, igualmente não se pode falar, como fez Olson, em ação interessada desprezando a possibilidade de existência da ação solidária. Nesse caso o jogo de escala de análise acarreta possibilidades de análise com foco na solidariedade ou no interesse individualista.

    Nas palavras de Wanderley, “Olson contribui para esclarecer certos aspectos importantes desse problema em determinado tipo de situação, e não há dúvida de que sua análise se ajusta empiricamente a casos de falhas na obtenção de interesses comuns”.

    Comentários a partir de:
    WANDERLEY, Fábio Reis. Política e racionalidade: problemas de teoria e método de uma sociologia crítica da política. 2ª ed. ver. atual. Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2000.
    OLSON, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva. Trad. Fabio Fernandez. São Paulo. Edusp, 1999. pp. 13-64.

  • Breve comentário da teoria da ação coletiva de Mancur Olson

    Breve comentário da teoria da ação coletiva de Mancur Olson

    Teoria da ação coletiva: Mancur Olson

    Por Cristiano Bodart
    Na obra Lógica da Ação Coletiva, Mancur Olson tem como objetivo explicar o comportamento de indivíduos racionais que se associam para a obtenção de algum benefício coletivo. Sua pretensão é apresentar uma alternativa a teoria tradicional de grupo. Sua teoria gerou um significativo impacto sobre a ciência política contemporânea, mesmo entre seus críticos.
    É importante notar que seu objeto de estudo é o comportamento de indivíduos racionais que têm como objetivo a obtenção de benefícios coletivos que se convertam em vantagens individuais. Para desenvolver sua teoria, Olson se apóia no conceito de benefício coletivo como um “benefício indivisível”, ou seja, aquele que uma vez consumido por um grupo não pode ser negado a uma pessoal deste grupo, mesmo que este não tenha se dedicado em sua obtenção.
    ação coletiva
    Segundo Olson, o interesse comum dos membros de um grupo pela obtenção de um benefício coletivo nem sempre é suficiente para levar cada um deles a contribuir para a obtenção desse benefício. Existem circunstâncias onde o indivíduo do grupo sabendo que o benefício coletivo não lhe será negado, independentemente de sua participação ou não (por se tratar de um bem coletivo), tenderá a se escusar, a fim de ampliar seu bem estar, deixando que os demais paguem pelos custos de sua obtenção.
    A decisão de todo indivíduo racional sobre se irá ou não contribuir para a obtenção do benefício coletivo depende se os custos da ação forem inferiores aos benefícios alcançados. Olson argumenta que grupos menores tendem a ter maior adesão de seus membros, isso se dá por vários fatores, entre eles ao fato de o benefício ser dividido por um número igualmente reduzido de participantes, sendo o benefício recebido significativo a cada membro. Para ele, grupos grandes são mais susceptíveis a não atingirem seus objetivos, isso se dá por ser o benefício diluído a tal ponto que os custos da participação se excedem aos benefícios alcançados, desestimulando o indivíduo. Outro motivo se dá pelo fato de que a não participação do indivíduo não apresenta grande impacto sobre o resultado, como geralmente ocorre em grupos pequenos. Assim, grupos grandes tendem a ter indivíduos não atuantes, mas que serão beneficiados pelos resultados, uma vez que se trata de benefícios coletivos, daí a necessidade de algum tipo de coerção sobre o não-participante ou um benefício exclusivo para os indivíduos atuantes.
    Comentário a partir de:
    OLSON, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva. Trad. Fabio Fernandez. São Paulo. Edusp, 1999. pp. 13-64.
    Publicado originalmente em: 18 de março de 2010 às 12:5
  • Análise da Música: “Eu Só Quero É Ser Feliz”

    Eu só quero é ser feliz,
    Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
    E poder me orgulhar,
    E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
    Fé em Deus, DJ
    Eu só quero é ser feliz,
    Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
    E poder me orgulhar,
    E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
    Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
    nasci, han.
    E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
    lugar.
    Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,
    Com tanta violência eu sinto medo de viver.
    Pois moro na favela e sou muito desrespeitado,
    A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado.
    Eu faço uma oração para uma santa protetora,
    Mas sou interrompido à tiros de metralhadora.
    Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,
    O pobre é humilhado, esculachado na favela.
    Já não aguento mais essa onda de violência,
    Só peço a autoridade um pouco mais de competência.
    Eu só quero é ser feliz,
    Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, han.
    E poder me orgulhar,
    E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
    Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
    nasci, é.
    E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
    lugar.
    Diversão hoje em dia, não podemos nem pensar.
    Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.
    Fica lá na praça que era tudo tão normal,
    Agora virou moda a violência no local.
    Pessoas inocentes, que não tem nada a ver,
    Estão perdendo hoje o seu direito de viver.
    Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela,
    Só vejo paisagem muito linda e muito bela.
    Quem vai pro exterior da favela sente saudade,
    O gringo vem aqui e não conhece a realidade.
    Vai pra zona sul, pra conhecer água de côco,
    E o pobre na favela, vive passando sufoco.
    Trocaram a presidência, uma nova esperança,
    Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.
    O povo tem a força, precisa descobrir,
    Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui.
    Eu só quero é ser feliz,
    Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
    E poder me orgulhar,
    E ter a consciência que o pobre tem seu lugar, eu.
    Eu, só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
    nasci, han.
    E poder me orgulhar, é,
    O pobre tem o seu lugar.
    Diversão hoje em dia, nem pensar.
    Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.
    Fica lá na praça que era tudo tão normal,
    Agora virou moda a violência no local.
    Pessoas inocentes, que não tem nada a ver,
    Estão perdendo hoje o seu direito de viver.
    Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela,
    Só vejo paisagem muito linda e muito bela.
    Quem vai pro exterior da favela sente saudade,
    O gringo vem aqui e não conhece a realidade.
    Vai pra zona sul, pra conhecer água de côco,
    E o pobre na favela, passando sufoco.
    Trocada a presidência, uma nova esperança,
    Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.
    O povo tem a força, só precisa descobrir,
    Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui.
    Eu só quero é ser feliz,
    Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
    E poder me orgulhar,
    E ter a consciência que o pobre tem seu lugar, é.
    Eu, só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, onde eu
    nasci, han.
    E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
    lugar.
    E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu
    lugar.
  • Árvore Genealógica – Crônica do Luís Fernando Veríssimo

    Árvore Genealógica – Crônica do Luís Fernando Veríssimo

    Árvore Genealógica, uma história de família

    • Mãe, vou casar!
    • Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?
    • Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
    • Você falou Murilo… Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
    • Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
    • Nada, não. Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo óptimo.
    • Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo…
    • Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora… Ou isso.
    • Você vai ter uma nora. Só que uma nora… Meio-macho.. Ou um genro meio fêmea.
      Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea…
    • E quando eu vou conhecer o meu. A minha… O Murilo?
    • Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
    • Tá! Biscoito… Já gostei dele… Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?
    • Por quê?
    • Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
    • Você acha que o Papai não vai aceitar?
    • Claro que vai aceitar!
    • Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver… Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade… E olha que espetáculo: as duas metades com bigode.
    • Mãe, que besteira…
    • Hoje em dia… Praticamente todos os meus amigos são gays.
    • Só espero que tenha sobrado algum que não seja… Pra poder apresentar pra tua irmã.
    • A Bel já tá namorando.
    • A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada… Quem é?
    • Uma tal de Veruska.
    • Como?
    • Veruska…
    • Ah! Bom! Que susto!
    • Pensei que você tivesse falado Veruska.
    • Mãe!!!…
    • Tá…, tá…, tudo bem…. Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto…
    • Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
    • Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
    • Quando ele era hétero… A Veruska.
    • Que Veruska?
    • Namorada da Bel…
    • “Peraí”. A ex-namorada do teu atual namorado… E a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha também… Que se chama Bel.
    • É isso? Porque eu me perdi um pouco…
    • É isso. Pois é… A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
    • De quem?- Da Bel.
    • Mas. Logo da Bel?! Quer dizer então… Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska…
    • Isso.
    • Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.- Em termos…
    • A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.
    • Por aí…
    • Por outro lado, a Bel…, além de mãe, é tia… Ou tio…. Porque é tua irmã.
    • Exacto. E no ano que vem, vai ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska… Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
    • Só trocar, né? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
    • Exato!
    • Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi…
    • Entendeu o quê?
    • Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
    • Que swing, mãe?!!….
    • É swing, sim! Uma troca de casais… Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra…
    • Mas.
    • Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior… Com incesto no meio…
    • A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso…
    • Sei!!!… E quando elas quiserem ter filhos…
    • Nós ajudamos.
    • Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide… A única coisa que eu entendi é que….
    • Que…?
    • Fazer árvore genealógica daqui pra frente… vai ser f……!

    Árvore Genealógica – Crônica do Luís Fernando Veríssimo – Folha de S. Paulo