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  • Vida de Inseto: Análise e sugestão para discussão do filme

    Vida de Inseto: Análise e sugestão para discussão do filme

    Vida de inseto: clássico da pixar

    O filme vida de inseto  retrata a forma de organização social de uma sociedade de formigas cuja hierarquia e papéis sociais são rígidos. As por sua vez  formigas eram subordinadas aos gafanhotos. Todo ano, no mundo dos insetos, as formigas são manipuladas pelos gafanhotos, que todos os anos exigem uma quantia de comida. Se as formigas não cumprirem essa exigência, os gafanhotos ameaçam atacar o formigueiro.

    vida de inseto

    1. Organização e funcionamento da sociedade

    • De repente cai uma folha na trilha de algumas formigas: pânico entre elas.

    Uma grita: “me perdi, vou ficar aqui para sempre”. Qual o motivo do pânico? Por que elas não contornam a folha?

    As formigas desenvolvem suas tarefas de acordo com normas, regras e valores.

    Exemplifique com outros momentos do filme tal situação.

    Quem faz as normas, regras e valores?

    Flik não se adapta aos valores preestabelecidos.

    Como ele é visto pelas demais formigas? Por que isso acontece?
    • Em nossa sociedade como nós nos organizamos?

    Nós nos comportamos de acordo com os padrões preestabelecidos ou de acordo com nossas motivações internas?

    O que acontece se não nos comportarmos de acordo com as regras?

    Como você se sente vivendo em sociedade: livre ou prisioneiro?

    Vivemos uma democracia ou não?

    O que é democracia para você?
    • Flik vive em uma sociedade organizada para produzir os bens necessários para a sobrevivência das formigas. Essa é a própria razão da existência do formigueiro.

    Como as formigas organizam-se para lutar pela sobrevivência?

    Nesse processo de organização do formigueiro, qual é o papel do conhecimento e como são vistas as mudanças tecnológicas?

    • Nós seres humanos vivemos em sociedade com qual objetivo?

    Na nossa sociedade, como é organizado o trabalho?

    O que você, como estudante produz?

    Como são produzidos os bens que você usa?

    Qual o papel do conhecimento e como são vistas as mudanças tecnológicas?

    Os conhecimentos das Ciências da Natureza contribuem para o trabalho ao se concretizarem em máquinas e artefatos. Como as ciências sociais contribuem para o processo de trabalho?

    O que diferencia a atividade desenvolvida pelos homens ,tendo em vista a sobrevivência daquela desenvolvida pelos animais?

    1. Organização política da sociedade capitalista

    • Hooper, o líder da gang de gafanhotos, ao invadir o formigueiro lembra para todos como funciona o “esquema” que lhe permite ter o poder sobre as formigas. Na nossa sociedade, qual é o “esquema” que permite que em todos os grupos sociais a minoria tenha poder sobre a maioria?

    Hooper explicava seu poder como sendo natural.

    Como nos diversos grupos sociais aqueles que dominam explicam seu poder?

    O esquema de Hooper possibilitava que ele e sua gang vivessem do trabalho das formigas.

    Na sociedade brasileira, 10% da população consomem 50% da renda nacional, dito de outra forma, 90% de nós brasileiros sobrevivemos com a outra metade do bolo. Qual é o esquema de poder que sustenta tão injusta distribuição dos resultados do trabalho? Quem são as formigas e que são os gafanhotos no Brasil?

    • O irmão de Hooper propõe que eles não voltem mais ao formigueiro, tendo em vista que a gang tem comida suficiente para passar o inferno. Hooper decide que a gang voltará.Quais foram os seus argumentos? Flik enfrenta Hooper e incentiva as formigas a fazerem o mesmo. Quais foram os seus argumentos?

    Qual a relação entre consciência e libertação?

    Opressão e alienação?

    Você é alienado?

    No meio da revolução das formigas contra seus opressores, a princesa Aba diz para Hooper: “as formigas trabalham, as formigas comem e os gafanhotos voam”. A princesa então definiu outro esquema de poder?

    O que permitiu que tal revolução fosse feita?

    No que o exercício de poder está baseado a força?

    No que está baseado na argumentação e no convencimento?

    Qual a relação entre poder e saber?

    • No Brasil, milhões de pessoas trabalham como formigas – de sol a sol – e não usufruem das riquezas provenientes do trabalho.

    Quais as possibilidades de mudança no esquema de poder no Brasil?

    Flik fez algo para mudar o esquema de poder.

    E você o que tem feito algo para mudar o atual esquema de poder de nossa sociedade?

    Você já participou de alguma mudança de esquema de poder?

    Uma das formas de mudar o esquema de poder é estudar e conhecer a realidade. Nesse sentido a escola é um lugar privilegiado.

    Como você tem aproveitado seus momentos de estudo sobre a realidade social?

    Quais as habilidades e competências que você tem desenvolvido que contribuem para você mudar a realidade?

    Quais as dificuldades que você enfrentou nesse processo de aprendizagem?

    Fonte do roteiro vida de inseto: https://mundosocialnove.blogspot.com/search?updated-min=2009-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2010-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=49

  • Cidadania e participação democrática

    CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA
    MARIA SALETE SOUZA DE AMORIM – Doutora em Ciência Política pela UFRGS.
    RESUMO
    O contexto de pobreza e de crescentes desigualdades sociais tem comprometido o exercício da cidadania, caracterizando uma situação de exclusão social e de afastamento dos cidadãos da esfera política. Recentes pesquisas indicam baixos níveis de participação e de envolvimento político, geralmente associado à decepção dos cidadãos com o desempenho socioeconômico do regime democrático. Tendo em vista pesquisa empírica realizada em Porto Alegre, RS e em Toledo, PR, o artigo busca verificar as percepções e atitudes políticas dos cidadãos em relação a democracia e a predisposição dos cidadãos em participar de atividades políticas, tanto no âmbito formal como informal. Parte-se do pressuposto de que a confiança nas instituições e a participação política são fundamentais para a construção de uma cidadania plena e de uma cultura política democrática.
  • Jeffrey Williamson: “A vontade política é crucial para reduzir a desigualdade

    Jeffrey Williamson: “A vontade política é crucial para reduzir a desigualdade

    Em entrevista a ÉPOCA, o historiador econômico, professor emérito da Universidade Harvard, analisa a realidade e as perspectivas da desigualdade social na América Latina. AULA O historiador econômico Jeffrey Williamson dá palestra na FEA, em São Paulo. Ele defende que o investimento na educação seja um dos principais no combate à desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.
    O historiador econômico Jeffrey Williamson é um fenômeno de produção literária. Em 47 anos lecionando nas universidades Vanderbilt (1961 a 1963), Wisconsin (1963 a 1983) e Harvard (1983 a 2008), ele escreveu 24 livros e publicou mais de 200 artigos. Em julho de 2008, aposentou-se como professor emérito das últimas instituições, mas continua pesquisando e ministrando palestras e cursos em diversos países.Aos 74 anos, esse nativo de New England se diz um “liberal reclamão”, mostra descrença sobre a possibilidade de a economia americana e mundial ser reformada após a crise e lamenta não ter estudado “a vida toda” a desigualdade social, assunto ao qual tem se dedicado.Na semana passada, enquanto ministrava o curso “Crescimento, Desigualdade e Globalização em Perspectiva Histórica” na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Williamson conversou com ÉPOCA sobre a situação e as perspectivas da desigualdade social na América Latina e no Brasil.
    ÉPOCA – No artigo “Cinco Séculos de Desigualdade na América Latina” o senhor contraria a tese de que a região sempre foi uma campeã da desigualdade e diz que a diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres era menor que a da Europa antes da Revolução Industrial. A desigualdade só teria começado a crescer no fim do século 19 e explodido no início do século 20. O que causou o crescimento da desigualdade?Jeffrey Williamson – Essa é a pergunta mais difícil. O que distingue a América Latina de seus competidores da América do Norte e da Europa é que estes locais viveram uma revolução com o surgimento do Estado de bem-estar social e com a queda abrupta da desigualdade social nos anos 40, 50 e 60. Foi um período de mudanças dramáticas, que a América Latina perdeu.
    ÉPOCA – Por que a região não participou dessas mudanças?Williamson – São duas razões. A primeira é que não havia a mesma vontade política, ou demanda política se você preferir, para instituir essas mudanças, afinal na Europa e na América do Norte as classes trabalhadoras tinham poder de voto e pressionavam muito pelas reformas, que foram favoráveis àqueles que estavam no patamar mais baixo da distribuição. Enquanto isso, o Brasil, o México e outros países não escolheram essa rota. Agora as diferenças estão claras. As nações industrializadas têm, por exemplo, uma distribuição de educação muito mais igualitária que os latino-americanos, e sabemos que isso é muito importante na distribuição de renda. A segunda razão tem a ver com as estratégias políticas e econômicas daquele período. A política de Industrialização de Substituição de Importações era antiglobal, mas também antimercado dentro do país. Isso tendia a favorecer sindicatos e burocratas e tendia a aumentar os ganhos dos que já estavam em posições muito favoráveis, como grandes produtores rurais. Isso aumentou ainda mais a distância entre ricos e pobres. Para piorar, a América Latina chegou ao século 20 com um nível de desigualdade incrivelmente alto.
    ÉPOCA – Como o senhor vê o futuro da desigualdade?Williamson – Se você me perguntar sobre a desigualdade entre os países, a resposta é que vai diminuir. Com nações como China, Índia, Brasil e Indonésia, com grandes populações, crescendo de forma significativa, a tendência é que a diferença de renda caia. Mas dentro dos países a situação é diferente. Os Estados Unidos, por exemplo, desde os anos 70 têm visto a desigualdade crescer e isso deixou uma marca na política. A política afeta a desigualdade social e a questão é como você vai mudar isso? É complicado. Basta ver como o presidente Barack Obama, presidente do país mais rico do mundo, tem dificuldades para aprovar uma legislação que propõe um sistema de seguro de saúde para os mais pobres, como o que existe na Europa. O debate é dirigido politicamente, ele não vai conseguir o que quer e terá que esperar alguns anos. Essas coisas demoram para mudar. Você é brasileiro e eu não, mas a política é sempre igual. É difícil mudar as atitudes e criar, por exemplo, um sistema de educação que seja acessível aos mais pobres e aos moradores das áreas rurais. Se essas crianças não tiverem boa educação, não chegarão a lugar algum.
    ÉPOCA – O Brasil é um grande exportador, pode se tornar um grande produtor de petróleo, a economia parece mais confiável, mas a desigualdade ainda é um problema gravíssimo. O senhor diria que esse é um momento ideal para agir contra a desigualdade?Williamson – É um país mais rico, que está crescendo e o impacto da recessão foi menor do que na maioria dos países. Isso mostra que o Brasil está em uma posição para agir contra esse problema, mas ter os recursos não é crucial. O que é crucial é ter vontade política. O Brasil tem vontade política para isso? Eu não sei.
    ÉPOCA – O Brasil convive com o ditado irônico de que “é o país do futuro e sempre vai ser”. O senhor acha que o Brasil tem, finalmente, a chance de ser o “país do futuro”?Williamson – O Brasil já é o país do futuro. O Brasil e o México são, como sempre foram, os líderes da América Latina. Como turista, após visitar a Cidade do México, ao vir para São Paulo é possível ver que a cidade é muito mais rica do que a capital mexicana. É mais vibrante, a economia funciona melhor. Eu não conheço tão bem o resto do país, mas essa comparação sugere que o Brasil está em uma posição mais favorável. Além disso, o Brasil não tem os fardos de ter os Estados Unidos como vizinho. Outra comparação importante é sobre o petróleo. O México nacionalizou sua indústria petrolífera há muito tempo, e não deu muito certo. Ela é muito improdutiva e a renda, que é crítica para o governo, está desaparecendo. O Brasil deve ter muito cuidado para não fazer a mesma coisa. É preciso tirar partido das forças privadas para ter certeza de que o Estado e a população ganhem o máximo possível desses recursos e que eles sejam distribuídos, em vez de ficarem nas mãos de alguns poucos.
    ÉPOCA – Existe uma receita para reduzir a desigualdade?Williamson – Não, não existe. Cada país fez de sua maneira, alguns nunca fizeram. Para vários países, principalmente entre os industrializados, houve reversões nas últimas décadas, muitas motivadas por forças do mercado, que acabam por premiar algumas pessoas em detrimento de outras, criando mais desigualdade. Em alguns países as pessoas dizem: ‘a desigualdade é uma pena, mas temos que deixar o mercado funcionar’ e outros dizem ‘eu não confio tanto no mercado, e quero intervir para redistribuir’. Mas o ponto é que há forças sobre as quais o país não tem controle que podem influenciar. No caso do Brasil, por exemplo, quando há um boom no preço da soja, quem ganha é o grande produtor, e não o pequeno agricultor. É bom para a economia do país, pois amplia a entrada de moeda estrangeira, aumenta a arrecadação do governo, mas a maior parte dos ganhos vai para quem está no topo. Mas se houver um boom na demanda pelos manufaturados feitos no Brasil, o emprego cresce e há uma influência um pouco mais igualitária. Há vários fatores internos, como a qualidade da educação e o nível de intervenção, que atuam sobre a desigualdade, assim como fatores externos como os citados. ÉPOCA – O senhor sempre cita a educação como fator importante neste debate. Qual é o papel dela para reduzir a desigualdade?Williamson – É fundamental, especialmente a longo prazo, em um período de duas, três gerações. Se a educação for correta, ela capacita jovens para migrar, ir para as cidades, procurar empregos melhores. Eles podem melhorar suas habilidades e ganhar melhores salários, em vez de serem excluídos do mercado por serem analfabetos. Mas apenas manter as crianças na escola não é suficiente. Por acaso estamos mandando os melhores professores para dar aulas às crianças mais pobres? Acho que não. Como você muda isso? É muito difícil.
    ÉPOCA – Existe um grande exemplo de um país que reduziu muito a desigualdade?Williamson – Há as revoluções sangrentas, como as de Rússia, Vietnã e China, mas é possível fazer isso sem banhos de sangue! Os grandes exemplos foram os que ocorreram entre as décadas de 1920 e 1950 na América do Norte, na Europa e na Austrália. Foram mudanças muito profundas de distribuição de renda, implementadas por sistemas progressivos de impostos, intervenção pública na educação para torná-la acessível. Todos esses dispositivos que hoje muitos desprezam foram introduzidos em um determinado período de tempo na primeira metade do século 20 e tiveram um resultado espetacular. Não ocorreu da noite para o dia, levou três décadas. E as taxas de crescimento eram espetaculares, então parece que esse tipo de prática não afeta o crescimento, pelo contrário.
    ÉPOCA – Como o senhor avalia os governos de esquerda da América Latina, como os de Hugo Chávez, na Venezuela, e Evo Morales, na Bolívia? Eles fazem algo para diminuir a desigualdade?Williamson – Chávez… eu não sei. Mas é claro que a América Latina se lembra do fim da era Substituição de Importações, quando foi persuadida pelo resto do mundo a mudar seu posicionamento político-econômico. Os países fizeram isso a partir dos anos 1970, se abriram, se tornaram pró-mercado e os resultados não foram positivos como todos esperavam. Por isso é possível entender que exista preocupação com os efeitos da globalização. E essa era uma reação previsível que emergiu. Eu não me surpreendo pelo fato de vários países terem trocado governos de direita pela extrema esquerda, mas não acho que a América Latina vai nessa direção. O Brasil certamente não vai virar a Venezuela. E ninguém vai assumir a posição de Cuba, que é um fracasso social. Vai ser algo no meio do caminho. Na América Latina vai emergir uma mistura que é latina e que serve à América Latina, diferente da que existe nos Estados Unidos e na Europa. E não há problema nenhum com isso.
    ÉPOCA – Os líderes mundiais estão tendo dificuldades para implantar novas normas de regulação para a economia, aspecto apontado como fundamental para a crise atual. O senhor acha que há um risco de nada ser feito para prevenir futuras crises?Williamson – Eu tenho uma visão desanimadora sobre isso. O impacto dos lobistas é tão forte que às vezes eu penso que estamos perdendo a democracia como resultado disso. Vamos novamente ao exemplo do novo sistema de saúde que Obama quer implementar nos EUA. A legislação foi proposta pelo partido Democrata, que está no governo, então seria correto imaginar que eles conseguiriam aprovar a lei. Mas os lobistas, desde o início, têm atirado contra a nova lei. Os lobistas são os médicos, que temem que sua renda será corroída. Bom, é óbvio que ela vai ser corroída [se o plano for aprovado]! É isso que queremos! Também fazem lobby as empresas de plano de saúde, que verão seus lucros diminuírem. Essas duas forças se mostraram muito fortes e o que vai ser aprovado é muito mais modesto do que o projeto inicial. Estou pessimista sobre todas as possíveis políticas que poderiam ser colocadas em prática para mudar o rumo dos Estados Unidos.Fonte: Revista Época

  • Samba da mais-valia

    Samba criado por Sergio Silva, gravado no início de 2005. Foi grande sucesso carnavalesco, especialmente em Minas Gerais. “Top hit” nas rádios livres do mundo inteiro, com diversas indicações pro Emmy.

  • Manipulação de massas

    Manipulação de massas

    Manipulação de massas

    O documentário é um ensaio experimental sobre opiniões populares a respeito do poder de influência dos grandes meios de comunicação. A montagem, que deturpa ironicamente os depoimentos dos entrevistados, evidencia as possibilidades de se manipular informação, fazendo do próprio filme um exemplo de manipulação da mí­dia.

    Por meio desse documentário é possível explorar em sala de aula os temaspoder“, “ideologia“, “meios de comunicação de massa”, percepção social, indústria cultural, etc. O documentário pode ser apresentado aos alunos em sua completude ou em trechos, desde que contextualizados.

     

     

    O documentário é um ensaio experimental sobre opiniões populares a respeito do poder de influência dos grandes meios de comunicação. A montagem, que deturpa ironicamente os depoimentos dos entrevistados, evidencia as possibilidades de se manipular informação, fazendo do próprio filme um exemplo de manipulação da mí­dia.

    Por meio desse documentário é possível explorar em sala de aula os temas “poder“, “ideologia“, “meios de comunicação de massa”, percepção social, indústria cultural, etc. O documentário pode ser apresentado aos alunos em sua completude ou em trechos, desde que contextualizados.

  • Claude Lévi-Strauss morre aos 100 anos

    4/11/2009
    Por Fábio de Castro
    Agência FAPESP – O antropólogo Claude Lévi-Strauss morreu, aos 100 anos, na madrugada de domingo (01/11). O anúncio foi feito apenas nesta terça-feira (3/11) pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris (França).
    Conhecido como o fundador da antropologia estruturalista, Lévi-Strauss participou, na década de 1930, da missão francesa que organizou alguns dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) pouco após sua fundação, em 1934.
    De acordo com Fernanda Arêas Peixoto, professora do Departamento de Antropologia da USP, a influência intelectual de Lévi-Strauss – que realizou no Brasil seus primeiros estudos de etnologia entre populações indígenas – transcende a antropologia.
    “Ele foi sem dúvida um dos maiores antropólogos da história e, a partir de seus trabalhos ligados ao âmbito do parentesco e dos mitos, influenciou todos os ramos da antropologia. Mas, especialmente a partir de 1962, com a publicação de Pensamento selvagem, sua obra passou a dialogar com a filosofia. Daí em diante, o estruturalismo adquiriu uma importância enorme, com impacto na filosofia, na psicanálise, na crítica literária e nas ciências humanas de modo geral”, disse à Agência FAPESP.
    Segundo Fernanda, que em 1991 defendeu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a dissertação de mestrado Estrangeiros no Brasil: a missão francesa na USP, o inegável impacto do pensamento de Lévi-Strauss sobre a antropologia brasileira se deu por meio de sua obra posterior à estadia no país.
    “Na época da missão francesa, entre 1935 e 1938, ele era um jovem etnógrafo em período de formação. No Brasil, fez suas primeiras pesquisas de campo e trabalhos etnográficos. Publicou aqui seus primeiros trabalhos. Durante a Segunda Guerra Mundial, fixou-se nos Estados Unidos, onde completou sua formação”, contou.
    A leitura de Lévi-Strauss feita pelo norte-americano David Mabury-Lewis, na década de 1960, exerceu forte influência na antropologia brasileira, reintroduzindo no país a obra do antropólogo nascido em Bruxelas, de acordo com Fernanda. Segundo ela, Mabury-Lewis participou naquele período do projeto Harvard-Brasil Central, realizado pelo Museu Nacional em parceria com a Universidade de Harvard (Estados Unidos).
    Sob orientação de Fernanda, a mestranda Luiza Valentini está atualmente realizando uma pesquisa – com apoio da FAPESP – sobre a interação entre Lévi-Strauss, Dina Dreyfuss (sua esposa na época da missão francesa) e o escritor Mário de Andrade, que na década de 1930 empreendeu um amplo trabalho de campo sobre manifestações da cultura popular brasileira.
    O trabalho tem base em documentação inédita da Sociedade de Cultura e Folclore dirigida por Andrade na época. “Mário de Andrade foi muito marcado por essa colaboração”, disse Fernanda. Tristes trópicos
    “Estudou na Universidade de Paris e demonstrou verdadeira paixão pelo Brasil, conforme registrado em sua obra de sucesso Tristes Trópicos, em que conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do país. Lévi-Strauss completaria 101 anos no fim deste mês”, divulgou a reitoria da USP em nota oficial.
    Em 1927, Lévi-Strauss iniciou seus estudos em filosofia. Começou a lecionar em 1932. Em 1935, levado pelo “desejo da experiência vivida das sociedades indígenas”, como contou, aceitou lecionar na USP durante três anos. Nesse período, empreendeu diversas missões de estudo entre os índios Bororo e Nhambiquara, em companhia de sua esposa. O casal se separou em 1939, ao retornar à França. O antropólogo se casou novamente em 1945 e em 1954.
    Banido do ensino em seu país, em decorrência das leis antissemitas da França ocupada do regime de Vichy (1940-1944), partiu para Nova York, onde teve contato com os surrealistas e se aproximou de Roman Jakobson, linguista que teve influência decisiva na construção de sua obra.
    O pós-guerra foi um período instável para Lévi-Strauss, que publicou então suas primeiras obras de peso, ainda não reconhecidas. Foi adido cultural em Nova York e participou de missões da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Índia e no Paquistão. Em 1950, foi nomeado professor da Escola Prática de Altos Estudos da França.
    Em 1955, publicou Tristes trópicos, um relato de suas viagens que se tornou ao mesmo tempo um sucesso literário e uma referência científica. Publicou Antropologia estrutural em 1958 e em 1959 assumiu o Departamento de Antropologia Social do Collège de France, passando a desenvolver atividade intensa como autor e organizador, que lhe valeram crescente reconhecimento internacional. Depois de O Pensamento selvagem (1962) e os quatro volumes de Mitologias, passou a ser reconhecido com um dos grandes autores do século 20.
    Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa. Em 1985, acompanhou o presidente francês François Mitterrand ao Brasil. Suas coleções de objetos foram expostas no Museu do Homem, em Paris, em 1989. Suas fotografias do Brasil foram editadas em 1994.
  • Folclore

    Folclore

    Sempre houve uma divergência entre os estudiosos e os próprios folcloristas em torno do conceito “folclore”. A “queixa” é a que, para os folcloristas, o Folclore é uma manifestação cultural tradicional do povo para o povo, são seus costumes nos contos e canções populares. Contudo, o termo Folclore possivelmente surgiu em meados do século XIX quando, em 1846, o inglês William Thoms (1803-1885) inventou o termo folk-lore, (folk = povo e lore = saber, então, o “saber do povo”).

    Brandão em seu livro, O que é Folclore, discute sobre a dificuldade de se conceituar e diferenciar os termos Folclore e Cultura Popular. Mas, apresenta que no caso brasileiro, foi em 1950, com a intenção de efetivar as pesquisas e o estudo sobre as manifestações populares, na Carta de Folclore Brasileiro, redigida no I Congresso Brasileiro de Folclore, que pela primeira vez se buscou definir o que era o Folclore, e como tal fenômeno se expressa:

    “Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação, e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica” (BRANDÃO, 1982: 31).

    Cultura popular e folclore são dois termos que, para muitos antropólogos, inclusive para Brandão, possuem o mesmo significado, pois, não são formas culturais estáticas e irreversíveis, mas que fazem parte das construções sociais, e por isso é dinâmica. No Brasil, vão além dos ritos, característicos das culturas africanas e indígenas, configuram também, a religiosidade, as danças, os pratos típicos de diferentes regiões, vivências e costumes regionais e tradicionais do povo. Ao manter a sua própria expressão cultural, a classe popular trabalhadora está se opondo à cultura dominante e oficial, fazendo com que as tradições populares permaneçam não somente no imaginário das pessoas, mas tornando-as cada vez mais reais em seu cotidiano. (sugerimos o texto de Roberto Benjamin)

    Por outro lado, a grande tendência de padronização cultural está fazendo com que as expressões culturais populares caiam no esquecimento ou quando muitas vezes é vista pelo próprio povo e a sociedade em geral, como uma cultura “pitoresca”. Uma outra crítica levantada com relação à padronização, é que quando as expressões culturais populares são planejadas, possuindo datas e regras para acontecerem, já não estão mais no controle e organização do povo para si mesmo no seu cotidiano (Sugerimos, para uma compreensão crítica, a obra “A invenção das tradições”, de Eric Hobsbawm).
    O folclore torna-se nesse processo um instrumento de manipulação e controle social quando deixa de ser uma manifestação popular e passa a servir de “apaziguamento” entre grupos e classes sociais, como por exemplo, o carnaval, as festas religiosas, superficialmente demonstram uma integração harmônica das classes. Mas que na realidade cotidiana vivem em conflitos sociais.

    Dica de atividade para aula de sociologia

    1) Destaque três manifestações folclóricas de sua região.

    2) Qual(is) a(s) importância(s) do folclore existente em sua cidade/região para a sociedade?

    3) De que forma o folclore é percebido pela comunidade? Como meio de promover a identidade, o turismo local, a religião ou/e preservação dos costumes? Explique como isso ocorre.

     

  • Por um Estado forte e soberano

    Estatísticas relacionadas as questões sociais deixam claro, quando não apontam, a inviabilidade da coexistência da Globalização ao Neoliberalismo, principalmente em países em desenvolvimento.
    O crescente desequilíbrio social, a ampliação do Exercito de Reserva e a exclusão de uma grande parcela da população no mundo do consumo, acarretou um profundo descontentamento com governos Neoliberais, como foi o governo FHC, aqui no Brasil. Esse fenômeno contribuiu de forma significativa para o êxito dos Partidos dos Trabalhadores (PT) e muitos outros pelo mundo, como a vitória de Morales e de Chaves na América Latina, sem mencionar o avanço do partido socialista na Europa. A questão central não seria a busca do povo por um Estado menos liberal e mais atuante na área social?
    Embora, aqui no Brasil, o povo desconheça a doutrina keynesiana, parece-me que é rumo a ela que o povo está fitando seus olhos, mesmo que turvamente.
    As políticas liberalizantes das décadas de 80 e 90 contribuíram para a nossa vulnerabilidade econômica, mediante as crises internacionais. Torna-se necessário e vital a economia brasileira se estabelecer de forma sólida e apresentar um crescimento contínuo, porém, o caminho traçado até aqui tem sido rumo a dependência de investimentos especulativos que fogem do país a partir da mínima possibilidade de crise. Quando isso ocorre são as classes desfavorecidas que mais sofrem: o governo amplia a taxa de juros para incentivar investimentos externo e o peso dos preços dos produtos caem sobre o mercado interno.
    Queremos uma economia independente, com menor vulnerabilidade! Temos muito o que aprender com a China. Lá sim preza-se pelo fortalecimento do mercado interno e isso é sinônimo de ampliação do poder de compra da população. Eles têm um Estado forte, nós um Estado refém das políticas Neoliberais, pouco atuante, que limita-se por muitas vezes a tomar medidas que apenas ampliam nossos problemas, quando muito “empurra com a barriga”.
    A (re)eleição de Lula parece ter ocorrido devido a uma busca de um novo posicionamento político, pelo menos, pelo que tudo indica, era a intenção do povo.
  • Neoliberalismo nos olhos dos outros é refresco

    O Neoliberalismo, ao menos aparentemente, é uma tendência global. Este fenômeno (no Brasil), que têm suas raízes no governo Collor, nos tem feito colher seus amargos frutos. Somado a essa tendência daninha, adquirimos um parasita denominado política de superávit primário que, quanto mais cresce, sufoca o desenvolvimento social.
    A teoria neoliberal enfatiza a importância do Estado mínimo para o desenvolvimento econômico, a abertura comercial, as privatizações e a busca de um superávit primário. Esse tem sido o caminho escolhido pelo Brasil, que por sinal é aplaudido pelos rentistas, em especial, nas últimas décadas, o FMI. Tais medidas têm sido constantemente recomendadas pelos países centrais.
    As recomendações dadas ao Brasil não são praticadas no mundo desenvolvido; lá não vemos um Estado mínimo, não enxergamos uma abertura econômica, muito menos uma política de superávit que tem, como aqui cobram, o objetivo de pagar as dívidas públicas. Nos países centrais as empresas privatizadas tiveram suas ações pulverizadas, impedindo a concentração de renda, aqui elas foram parar nas mãos de um pequeno grupo de investidores, ampliando ainda mais as desigualdades sociais, além de provocar desequilíbrios regionais, pois a tendência é que os investidores optam por atuar com mais veemência nas áreas de maior desenvolvimento.
    A busca de superávit primário às custas de menores gastos no social tem aprofundado as crises sociais. Por um lado, não conseguimos pagar, de certa forma, a nossa dívida, e por outro, os problemas populacionais internos se agravam. O que me parece é que “eles” estão rindo atoa, desfrutando de várias vantagens que lhes proporcionamos.
    É, Neoliberalismo nos olhos dos outros é refresco! Para eles é claro.
    (Bodart, Cristiano das N. Bodart)
  • Conceito de Desenvolvimento: Crítica a noção etnocêntrica ocidental

    Conceito de Desenvolvimento: Crítica a noção etnocêntrica ocidental

    O conceito de “desenvolvimento” é sem dúvida o mais polêmico dos conceitos. A noção de desenvolvimento que tem predominado na atualidade é o conceito ocidental de “desenvolvimento”. Uma imposição ideológica marcada por uma visão capitalista, onde o urbano e o industrial e o moderno são sinônimos, estando impregnado de valores específicos e de interesse dos detentores do capital.
    Contemplamos no termo em análise um processo de ocidentalização que acabou implantando a ideia hegemônica – do capitalismo. A ideia de periferia é fruto dessa imposição ideológica.
    A criação do ideal de “desenvolvimento”, nos moldes capitalistas, ganhou o mundo, especialmente entre as décadas de 50 e 80, inclusive no Brasil. No Brasil a política desenvolvimentista é a maior evidencia de tal ideal.
    Para Latouche (1996) o Ocidente colocou a Progresso (para o capitalismo sinônimo de desenvolvimento) como pedra angular da modernidade, as nações viram-se mergulhadas em atraso. Desta forma, o desenvolvimento criou a noção de subdesenvolvimento, obrigando a todos a seguir os passos do “desenvolvimento”, nos moldes capitalista, é claro.

    Desenvolvimento sustentável

    Este é o slogan do desenvolvimento sustentável. Isso é equivalente a TINA, No Other Choice de Margaret Thatcher, o que significa que o liberalismo econômico não tem outra escolha. Criminosos de colarinho branco inventaram o desenvolvimento sustentável, incluindo o milionário suíço Stephan Schmidheiny (Stephan Schmidheiny), que fundou o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, que é o lobby industrial da maior empresa poluidora, e foi acusado de Matar milhares de trabalhadores de amianto na fábrica .
    Ele também era seu amigo Maurice Frederick Strong (Maurice Frederick Strong), um empresário de destaque nos setores de mineração e petróleo, e extraordinariamente secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na Rio 92 após 20 anos. a Cúpula da Terra No. 2 (Se o termo desenvolvimento sustentável for formalmente proposto). Decidiram vender produtos sustentáveis, assim como nós vendemos sabonetes, e vendê-los por meio de campanhas publicitárias extraordinárias, excelente sincronização e grande sucesso. No entanto, isso nada mais é do que outro aspecto do crescimento econômico.
    (Bodart, Cristiano das N.)