Accountability: controle social
E um dos grandes problemas para o exercício da cidadania em nossa sociedade é exatamente o individualismo incentivado pela sociedade de consumo e pelo neoliberalismo. Ao nos preocuparmos apenas com nós mesmos, ao abandonar a defesa da coletividade, estamos enfraquecendo a cidadania em nosso país, assim como nossos próprios direitos
Segue um trecho letra:
Classe Média
(Max Gonzaga)
Composição: Max Gonzaga
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Para letra na íntegra clique aqui
BREVE COMENTÁRIO
“Os governantes da democracia do Brasil estão perpetuando um comportamento aristocrático típico das monarquias europeias do passado”
gala e banquetes homéricos. Ela ainda estimulou uma refinada produção cultural e grandes aventuras militares. Mas, concentrada em seus jogos palacianos e na vaidade pessoal, a nobreza antes da revolução esqueceu do povo e da função coletiva do Estado. O desdém dos governantes brasileiros em relação aos desejos dos cidadãos e como eles foram surpreendidos pelas mobilizações atuais são dois fatos que os colocam na mesma condição de alienação e abuso sistemático do poder observados na França do século 18.
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Cristiano Bodart em manifestação por demandas locais. Junho de 2013. Piúma/ES |
Existe uma “lógica” nos principais protestos que vivenciamos no Brasil? Reformulando a pergunta de forma mais precisa: “ existe(m) padrão(ões) de atuação nesses movimentos sociais? Tal indagação geralmente é a base para a reflexão sociológica entorno dessa temática. Tentarei introduzir, preliminarmente, uma reflexão a respeito.
O sociólogo americano Sidney Tarrow, em seu livro “Power in Movement”, de 1998, apontou brilhantemente que “o que varia muito no tempo e no espaço são os níveis e tipos de oportunidades com que as pessoas se deparam, as restrições em sua liberdade de ação e a percepção de ameaças a seus interesses e ações”. A partir dessas premissas encontramos a “Teoria das Oportunidades Políticas”, cujo pilar está nessas variações apontadas por Tarrow.
A “Teoria das Oportunidades Políticas” corrobora para compreendermos que os
movimentos sociais afloram em contextos históricos propícios ao confronto político. No caso do Brasil, vive-se um momento de oportunidade política marcado por características construídas nos últimos anos, as quais são fundamentais para que os protestos ocorram e se multiplique. Apresento algumas das características que compõem o contexto de oportunidades: 1) maior liberdade de expressão, seja nas artes, nas ruas ou nas redes sociais; 2) maior acesso a informação, especialmente motivado pela ampliação do acesso a internet e ao sistema educacional, ainda que de qualidades duvidosas; 3) a “grande mídia”, embora ainda conservadora, colabora para a visibilidade dos movimentos, o que incentiva outros grupos; 4) maior tolerância do Estado em relação aos movimentos de protestos; 5) o desenvolvimento de protestos pacíficos.
Essas características da realidade atual contribuem para que os movimentos surjam e se multipliquem. Não é a corrupção, os altos impostos, o valor da passagem, a falta de representatividade política e a desigualdade social que possibilitaram tais movimentos eclodirem e se manterem, mas as oportunidades políticas; haja visto que tais problemas já estavam postos.
A lógica de atuação dos movimentos está ligada as oportunidades políticas atuais. Atualmente tais oportunidades abrem caminhos para a ações pacíficas e de cunho bastante coletivo. Ainda que grupos sejam afetados negativamente por tais protestos, o cenário é favorável à tolerância e ao discurso de “um mundo mais justo” e “uma política mais limpa”. Tal tolerância se limita à determinadas atuações, o que a literatura especializada chama de “repertórios de confronto político”.
O conceito de “repertórios de confronto político” remete a um jogo que envolve tradição e inovação na definição da ação coletiva, uma vez que as ações de confrontos políticos representam o acúmulo de lutas passadas que são continuamente re-significadas no presente de acordo com as necessidades que os grupos julgarem existir. Há repertórios que são eficazes em determinados contextos de oportunidades políticas, outros não. O caso do conflito violento parece não ser “bem visto” atualmente no Brasil, nem mesmo pelos agentes dos movimentos sociais.
Os repertórios têm se re-significados a partir de experiências passadas, especialmente das pacifistas e dos movimentos pós-materiais, tais como os movimentos contra o preconceito e em defesa do meio ambiente. Os movimentos pós-materiais anteriores tinham a capacidade de agregar indivíduos de classes sociais diferentes em uma mesma luta, porém quase sempre não se caracterizando como um embate com o Estado, tratando-se de ações de conscientização dos cidadãos. Esses movimentos criaram redes agora acionadas, utilizando-se do aprendizado em agregar indivíduos de diversas classes sociais.
Grosso modo, os atuais movimentos sociais são marcados por repertórios forjados anteriormente, somados às condições atuais de mobilizações “permitidas” pelas oportunidades políticas, tais como passeatas pacíficas, uso de cartazes, faixas, pinturas nos corpos, palavras de ordem e bloqueios temporários de avenidas.
Não sabemos até onde ou quando se dará esse ciclo de confronto, mas certamente estamos em um contexto que pode e deve ser aproveitado para que consigamos ganhos sociais e políticos substantivos, seja na esfera local, estadual ou federal.
A escola que não criou meios depropiciar que os alunos pudessem ir ou não às manifestações, encarcerando osestudantes nos seus muros, na semana seguinte libera os mesmos alunos eprofessores para que estes apreciem o patriotismo superficial dos campos defutebol, desacreditando o verdadeiro patriotismo presente nas ruas e dizendoque um jogador de futebol mais vale que um professor.
Em setembro os mesmos alunos serão obrigados a desfilar nas ruas com honras militares valendo ponto na pátria de chuteiras…
Ponto para o Brasil! Viva o patriotismo!
Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol. O evento foi visto como uma oportunidade para o país mostrar sua infraestrutura e potencial econômico para o mundo. No entanto, também desencadeou uma série de protestos e movimentos anticopa em todo o país.
Os manifestantes argumentavam que o dinheiro gasto na Copa do Mundo deveria ser direcionado para áreas mais importantes, como saúde, educação e infraestrutura. Eles apontavam que os gastos com a construção de estádios e outras instalações esportivas eram excessivos e desnecessários, enquanto o país ainda enfrentava muitos desafios sociais e econômicos.
Alguns dos principais movimentos anticopa incluíam o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, que organizou protestos e mobilizações em todo o país. O grupo alegava que a Copa do Mundo estava sendo usada como uma forma de justificar gastos públicos excessivos e desviar recursos de áreas mais importantes.
Outro grupo importante foi o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que organizou protestos em torno de questões de habitação e direito à moradia. Eles argumentaram que o dinheiro gasto com a Copa do Mundo deveria ser usado para melhorar as condições de moradia para as pessoas de baixa renda.
O movimento anticopa também incluiu protestos contra a remoção de comunidades e pessoas de suas casas para dar lugar à construção de estádios e outras instalações esportivas. Os manifestantes afirmavam que essas remoções eram injustas e violavam os direitos das pessoas.
Os protestos e movimentos anticopa atraíram a atenção do mundo inteiro, mas também foram marcados por confrontos com a polícia e a violência. Em alguns casos, houve atos de vandalismo e saques, o que levou a uma resposta mais dura por parte das autoridades.
Embora o evento tenha sido realizado e tenha sido um sucesso em termos de organização, os movimentos anticopa tiveram um impacto significativo na opinião pública e nas políticas do país. Eles ajudaram a trazer à tona questões importantes sobre a distribuição de recursos e a responsabilidade social dos governos e empresas.
Além disso, os movimentos anticopa ajudaram a impulsionar a discussão sobre o papel do esporte na sociedade e na economia. Eles mostraram que o esporte pode ser usado como uma forma de unir as pessoas e promover valores positivos, mas também pode ser uma ferramenta para justificar gastos excessivos e desviar recursos de áreas mais importantes.
Em resumo, os movimentos anticopa no Brasil em 2014 foram uma resposta à desigualdade e injustiça social que muitos sentiam que o evento estava perpetuando. Embora tenham sido marcados por confrontos e violência, eles ajudaram a trazer à tona questões importantes sobre a responsabilidade social e a distribuição de recursos em um país ainda marcado pela desigualdade e pobreza.
O documentário “A Caminho da Copa”, desenvolvido pelo Ponto de Mídia Livre Pólis Digital, aborda a diversidade de opiniões a respeito dos impactos, positivos e negativos, da preparação dos megaeventos no cotidiano das principais cidades brasileiras. Raquel Rolnik, Carlos Vainer, Juca Kfouri, Toni Sando, Vicente Cândido e moradores de São Paulo e Rio de Janeiro atingidos por obras urbanas ligadas aos eventos da Copa do Mundo e Olimpíadas são entrevistados no filme.
O documentário “A Caminho da Copa”, desenvolvido pelo Ponto de Mídia Livre Pólis Digital, aborda a diversidade de opiniões a respeito dos impactos, positivos e negativos, da preparação dos megaeventos no cotidiano das principais cidades brasileiras.
partir do positivismo, avaliando
as contradições dos discursos para além do “Ordem e progresso.”