Uso de fotografia na escola
1 Introdução
É sabido que a imagem fotográfica captura aspectos importantes das relações sociais as quais retratam (BOURDIEU, 1990; MARTINS, 2014), assim como sabe-se que sua presença é marcante no cotidiano contemporâneo, seja pela facilidade de acesso a uma máquina fotográfica (que está embutida em quase todos os celulares, por exemplo), seja pela centralidade que a imagem vem adquirindo na contemporaneidade. Se aproveitando desses dois aspectos, propõe-se discutir a potencialidade do uso da fotografia como recurso didático, especificamente na busca por ensinar os educandos a pensar (ver) com a (ou a partir da) Sociologia, objetivando por meio da prática docente o despertar de um olhar mais atento às relações e aos fenômenos sociais que o cerca, a fim de minimizar a postura comum de “olhar não vendo” e/ou de explicar os fenômenos a partir de uma perspectiva do senso comum. Por “olhar não vendo” entendemos a banalização do olhar, o olhar despreocupado pela compreensão do que acontece diante dos olhos. “Olhar” aqui é entendido como algo quase natural; trata-se do ato de enxergar que não supera a percepção de senso comum. “Ver” estaria relacionado a uma compreensão sociológica do que está diante dos olhos.
Como destacou Sardelich (2006, p. 204), tem havido em nossa sociedade um crescente interesse pelo visual e isso “tem levado historiadoras/es, antropólogas/ os, sociólogas/os e educadoras/es a discutirem sobre as imagens e a necessidade de uma alfabetização visual”, ainda que o despertar da Sociologia para a fotografia tenha sido tardio (FERRO, 2005). Esse artigo propõe justamente discutir essa necessidade, buscando destacar as potencialidades no uso da fotografia como recurso didático no ensino de introdução à Sociologia, mais especificadamente no desenvolvimento da “imaginação sociológica” entre os discentes do Ensino Médio ou Superior que estão tendo seus primeiros contatos
com a Sociologia.
com a Sociologia.
Para o trato do uso da fotografia como instrumento de captura das relações e fenômenos sociais, esse artigo baseando-se em diversas colaborações teóricas, destacando-se Pierre Bourdieu (1990), Pierre Bourdieu e Marie-Claire Bourdieu (2006), Roland Barthes (1984; 1990), Mauro Guilherme Pinheiro Koury (1999) e José de Souza Martins (2014). Quanto ao ver que propomos que seja necessário ser desenvolvido pelos educandos, nos apropriamos das colaborações de Zigmunt Bauman e Tim May (2010), de Wright Mills (1975) e Erving Goffman (1999). A proposta apresentada nesse artigo é fruto de reflexões e práticas acumuladas ao longo de dois anos, tendo sido utilizada com sucesso em turmas de terceiro período do curso de graduação em Administração em uma Instituição de Ensino Superior privada localizada na Região Metropolitana da Grande Vitória. Assim, este artigo apresenta uma indicação propositiva acompanhada de uma fundamentação teórica que julgamos capaz de sustentar o uso da fotografia como um recurso didático que auxilie o professor de Sociologia na sua prática docente, sobretudo no desenvolvimento de uma competência: a imaginação sociológica.