Você vê também o sociólogo como um artista?*

Certamente. No sentido em que ele compõe; o Florestan fala da reconstrução sociológica da realidade, a reconstrução no sentido de que se desenham múltiplos significados que estão no social, e que estão fragmentados, díspares, e por isto Bachellard e o Bourdieu vão repetir o saber do Século XX, que é um saber relacional! O que é ser um bom sociólogo? É a capacidade de estabelecer relações múltiplas, em um mundo que aparece oculto. Eu acho que por isto o sociólogo tem de ser sempre um grande leitor de Literatura. Meus grandes mestres, Ianni, Martins, Jolivet, sempre me disseram para sempre escrever. Quando mais se escreve melhor se escreve, do ponto de vista da Sociologia. A Sociologia tem estes aspectos de criação, não é uma atividade burocrática! Exatamente, por ser isto é que na nossa sociedade, o sociólogo é profissional fundamental para a explicação do mundo, e ele é chamado para isto, mesmo que de uma maneira tardia.

*Fragmento da obra BASTOS, Elide Rugai. Conversas com sociólogos brasileiros. Editora 34, 2006.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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