Blog

  • O que é Lazer?

    O que é Lazer?

    O lazer é uma atividade que as pessoas realizam de forma voluntária e que não tem um propósito prático ou produtivo. Na sociologia, o lazer é visto como um fenômeno social que é influenciado por fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. Esse pode ser uma forma de expressão individual e coletiva, e pode ser um meio para as pessoas se relacionarem com outras pessoas, descobrirem novas coisas e se divertirem. Algumas atividades comuns de lazer incluem esportes, viagens, atividades ao ar livre, hobbies, atividades culturais e de entretenimento.

    O que é Lazer?[1]

    Francisco Willams Ribeiro Lopes[2]

    Versão em Pdf 

    Francisco Willams Ribeiro Lopes
    Francisco Willams Ribeiro Lopes é um dos autores do livro “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2 (2021).

    O lazer é uma atividade indispensável para garantir a qualidade de vida da população. As formas de desfrutá-lo e o conteúdo das atividades se constituem, assim, como vias para a compreensão de aspectos da vida cotidiana e dos valores sociais contemporâneos. A Sociologia mostra que o lazer não resulta de uma vontade individual, mas é um fenômeno marcado pela complexidade de fatores econômicos, políticos e socioculturais.

    O conceito de lazer refere-se a um conjunto de atividades físicas, artísticas, culturais ou sociais, realizadas pela pessoa humana em um tempo liberado das obrigações profissionais, familiares, espirituais e políticas, cuja finalidade é a autossatisfação, o bem-estar e o prazer pessoal. Esse conceito foi desenvolvido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier, que apresenta o conceitos como

     

    “[…] um tempo que a redução da duração do trabalho e a das obrigações familiares, a regressão das obrigações sócio-espirituais e a liberação das obrigações sócio-políticas tornam disponível; o indivíduo se libera a seu gosto da fadiga descansando, do tédio divertindo-se, da especialização funcional desenvolvendo de maneira interessada as capacidades de seu corpo ou de seu espírito” (DUMAZEDIER, 2008, p. 92).

     

    Nessa perspectiva, o lazer ocorre principalmente em quatro períodos: do fim do dia, o do fim de semana, o do fim de ano (férias) e o do fim da vida (aposentadoria), que são preenchidos com atividades que se voltam para os chamados três “D’s”: descanso, diversão e desenvolvimento da personalidade. Todavia, com as diferentes modalidades de trabalho na contemporaneidade, o lazer não se limita aos quatro períodos mencionados, podendo ser encontrados sentidos e formas conjugados ao trabalho (DE MASI, 2000).

    A prática do lazer se deu mediante condições objetivas, relacionadas a mudanças políticas, econômicas e socioculturais que possibilitaram a existência de um tempo liberado de trabalho e, ao mesmo tempo, condições subjetivas que passaram a valorizar o lazer, encontrando nele a oportunidade para o descanso, o divertimento e o desenvolvimento pessoal.

    O texto publicado no livro Conceitos e Categorias do ensino de Sociologia, vol. 2, “O que é Lazer?” (LOPES, 2021), aprofunda a compreensão sociológica sobre esse conceito apresentando-o  em movimento, isto é, em seu contexto de origem e como foi apropriado ao longo da história.

    Referências Bibliográficas

    DE MASI, Domenico. O ócio criativo. 10. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

    DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva, 2008.

    LOPES, F. Willams R. O que é Lazer?. In: BODART, Cristiano das Neves (Org.). Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2. Maceió: Café com Sociologia, 2021.

    Como citar este texto:

    LOPES, F. Willams R. O que é Lazer. Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em: ttps://cafecomsociologia.com/conceito-lazer/

    Notas

    [1] Texto derivado do capítulo publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia” (2021).

    [2] Doutor em Sociologia. Professor de Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará.

     

     

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

     

  • O que é Patrimônio Cultural?

    O que é Patrimônio Cultural?

    O que é Patrimônio Cultural?

    Fabio Costa Peixoto[2]

    Este texto apresenta as linhas gerais do conceito de Patrimônio Cultural desenvolvido no capítulo publicado na obra “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol. 2 (BODART, 2021), o qual apresenta sua aplicação e uma sugestão para uma atividade didática sobre o tema. Tal conceito é de enorme amplitude e para compreende-lo decidiu-se o texto foi organizado da seguinte forma: apresentação da definição; seu desenvolvimento e a sugestão de atividade a ser realizada com os alunos.

    Parte-se da definição de Patrimônio Cultural em que consiste em

    […] bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência a identidade, a ação, a memória de diferentes grupos formadores da sociedade brasileira como formas de expressão; os modos de expressão; os modos de criar, fazer e viver, as criações cientificas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados as manifestações artístico-culturais e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagísticos, artístico, arqueológicos, paleontológico, ecológicos e científico (CF, 1988, p. 180).

    No entanto, a partir da segunda metade do século XX, esta definição foi alterada, motivada principalmente pela atuação dos meios de comunicações, que o difundiram mais intensamente, estimulando sua utilização por grupos de tradicionalmente, eram excluídos.

    A partir deste ponto, o conceito de Patrimônio Cultural foi incorporado por meio de práticas culturais de grupos subalternos como o negro, com o propósito de “recuperar” a sua histórica e incrementar a sua luta.

    Por outro lado, realizou-se uma abordagem desse conceito através da discussão da existência de diversas regiões que resultam em diversos patrimônios culturais em suas singularidades locais.

    No capitulo mencionado (PEIXOTO, 2021), foram disponibilizadas sugestões de bibliográficas gerais e mais especificas como forma de estimular o aprofundamento das questões discutidas neste artigo. Como último ponto, destaca-se a proposta de uma atividade de ensino em que o aluno possa descobrir e refletir sobre aspectos do patrimônio cultural de sua própria localidade. Desse modo, realizamos o convite para conhecer o capítulo “O que é Patrimônio Cultural?, assim como toda a obra.

    Referências Bibliográficas

    BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021.

    BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Artigo 216, § 1º. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>

    PEIXOTO, Fabio. O que é Patrimônio Cultural. In: BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021.

    Como citar este texto:

    PEIXOTO, Fabio. O que é Patrimônio Cultural? Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/patrimonio-cultural/ 

    Notas

    [1] Texto derivado de “O que é Patrimônio Cultural?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia” (2021).

    [2] Doutor em Ciências Sociais pela UERJ e Docente do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Muriaé.

     

    Versão em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Fabio.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

    [social title=”Canal” subtitle=”Youtube” link=”https://www.youtube.com/user/cafecomsociologia” icon=”fa-youtube”]

    [social title=”Café com Sociologia” subtitle=”Instagram” link=”https://www.instagram.com/cafecomsociologia/” icon=”fa-instagram”]

    [social title=”Fan page” subtitle=”Café com Sociologia” link=”https://www.facebook.com/cafecomsociologia” icon=”fa-facebook”]

     

  • O que é Instituição Social? Uma perspectiva sociológica durkheimiana

    O que é Instituição Social? Uma perspectiva sociológica durkheimiana

    O que é Instituição Social?

    Juliéverson Messias de Carvalho [1]

    Aline Cristina Paiva [2]

    O avanço da ordem econômica mundial capitalista nas sociedades modernas trouxe consigo muitas transformações nos papéis das instituições sociais bem como acarretou na extinção de outras, por exemplo, a escravidão no Brasil, que perdurou quase quatro séculos até a abolição, em 1888. Émile Durkheim (1858-1917) definiu a instituição social como sendo todas as crenças e modos de proceder estabelecidos pela coletividade.

    o que é instituição social

    Para esse sociólogo, a sociologia é “[…] a ciência das instituições sociais, de sua gênese e de seu funcionamento” (DURKHEIM, 2007, p. 30). Família, escola, Estado, igrejas, partidos políticos são instituições sociais tendo em vista que operam sobre os indivíduos. Nesse sentido, os sociólogos contemporâneos Peter L. Berger e Brigitte Berger (2004, p. 193) afirmam que a instituição social funciona como instrumento de regulação e controle das atividades de seus membros, um “[…] padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela sociedade”.

    A escola, por exemplo, inserida em um mundo cada vez mais globalizado, é entendida como instituição social responsável por promover, reproduzir e viabilizar a transmissão dos conhecimentos e habilidades de uma geração para a outra. O professor e pesquisador Henry Giroux (2019) trouxe, em uma entrevista ao jornal El País, alguns apontamentos acerca dos ataques que as instituições escolares vêm sofrendo e afirmou se tratar, na verdade, de uma crise da democracia.

    Referências Bibliográficas

    BERGER, Peter. BERGER, Brigitte. O que é uma instituição social? In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. S. (Org.). Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro : Ed. /livros Técnicos e Científicos, 2004. P. 193-199.

    DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo : Ed. Martins Fontes, 2007.

    GIROUX, Henry. Entrevista. A crise da escola é a crise da democracia. El País, Barcelona, 2019. Disponível em: HTTPS://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/09/internacional/1557407024_184967.html. Acesso em 24 ago. 2020.

    Como citar este texto:

    CARVALHO, Juliéverson M.; PAIVA, Aline C. O que é Instituição Social? Blog Café com Sociologia. mar. 2021.

    [1] Cientista político e sociólogo (Unila). Mestre em Ciências Sociais (UFRB). Atualmente é professor substituto no curso de licenciatura em Ciências Sociais (UFT/UFNT – Tocantinópolis).

    [2] Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociedade, Cultura e Fronteiras (UNIOESTE). Professora das séries iniciais pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

     

    Versão em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Juliéverson-e-Aline-Paiva.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

     

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

    [social title=”Canal” subtitle=”Youtube” link=”https://www.youtube.com/user/cafecomsociologia” icon=”fa-youtube”]

    [social title=”Café com Sociologia” subtitle=”Instagram” link=”https://www.instagram.com/cafecomsociologia/” icon=”fa-instagram”]

    [social title=”Fan page” subtitle=”Café com Sociologia” link=”https://www.facebook.com/cafecomsociologia” icon=”fa-facebook”]

     

  • O que é Discurso?

    O que é Discurso?

    O que é Discurso?[1]

    Francisco Jomário Pereira[2]

    discurso
    Francisco Jomário Pereira é um dos autores do livro “Conceitos e categorias do ensino d Sociologia, vol.1” (2021)

    O que é o discurso? Como e por que se produzem? Pode ser controlado, editado, manipulado? São questões norteadoras que basearam nossa reflexão.

    Poderíamos dizer que discurso é tudo que o homem produz e que tenha significado, sentido, ou informe algo a alguém (GREGOLIN, 2006). Devemos esclarecer que esse conceito perpassa várias áreas das humanidades. Fernandes (2012) nos explica sobre esse fenômeno: “o discurso é exterior à língua, mas depende dela para sua possibilidade de existência material, ou seja, ele materializa-se em forma de texto, de imagens, sob determinações históricas” (2012, p. 16).

    O conceito pensado por Foucault nos ajuda a compreender o processo de construção e transformação pelo qual passa o discurso, tendo em vista que é um conceito que foi apropriado ao longo das décadas por diversas áreas e estudiosos.

    Chamaremos de discurso um conjunto de enunciados, na medida em que se apoiem na mesma formação discursiva; […] é constituído de um número limitado de enunciados para os quais podemos definir um conjunto de condições de existência; […] é, de parte a parte, histórico – fragmento de história, unidade e descontinuidade na própria história, que coloca o problema de seus próprios limites, de seus cortes, de suas transformações, dos modos específicos de sua temporalidade, e não de seu surgimento abrupto em meio às cumplicidades do tempo (FOUCAULT, 2008, p. 132-133).

    O discurso pode ser datado historicamente, pois ele pertence a um determinado período histórico, a exemplo do discurso religioso, jurídico e médico. Observamos que os discursos ou verdades produzidas por tais campos foram adaptados, remodelados e ressignificados se analisarmos o contexto histórico onde foram produzidos.

    Todos nós somos produtores de discurso. Ao passo que somos produtos deles, construímo-nos como seres humanos baseados em um discurso dito como verdadeiro e que orienta nossas ações como homens e mulheres. Como uma mulher deve agir? maternal, feminina, amorosa, diferentemente do homem, másculo, não chora, forte, agressivo, são discursos instituídos, mas isso não quer dizer que não possam ser contestados. A evolução científica e social se deu pelo revezamento ou substituição de verdades apresentadas via discursos. Ele não é apenas a materialização em forma de texto, vídeo, ou fala, mas sim a construção em torno de uma ideia, uma verdade, os argumentos, as reflexões; é um processo dialético.

    Por fim, o discurso pode ser entendido como a exposição de ideias, de modo organizado e lógico, orientado por uma ideologia, concretizado a partir de uma linguagem, seja escrito ou verbalizado, mas sempre com um ideal: convencer o outro sobre a sua lógica. Onde existe um discurso posto como verdadeiro, existirá um contradiscurso que busca tomar o lugar oficial e hegemônico.

    Referências Bibliográficas

    FERNANDES; Claudimar Alves. Discurso e sujeito em Michel Foucault. Intermeios. São Paulo. 2012.

    FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. Vol. 1, 2014. Vol. 2, 2014. Vol. 3, 2017. Paz e Terra. Rio de Janeiro/São Paulo.

    FOUCAULT. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves, 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

    FOUCAULT. A ordem do discurso. Loyola, São Paulo, Brasil, 1996.

    GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na análise do discurso- diálogos & duelos. São Carlos. Editora Clara Luz. 2006.

    PEREIRA, Francisco Jomário. O que é Discurso? In: BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol. 1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021.

    Como citar este texto:

    PEREIRA, Francisco Jomário. O que é Discurso. Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em: <https://cafecomsociologia.com/discurso/>.

    Notas

    [1] Texto derivado de “O Que é Discurso”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia” (2021).

    [2] Licenciado em Ciências Sociais (UFCG) e História (Cruzeiro do Sul), Especialista em Direitos Humanos, Mestre em Ciências Sociais (UFCG) e Doutor em Sociologia (UFPB). Professor da educação básica desde 2012 atuando nas disciplinas de História e Sociologia, atualmente é professor no Departamento de Ciências Sociais na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

     

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.1

    Versão do texto em PDF [button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/O-que-é-discurso.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

    [social title=”Canal” subtitle=”Youtube” link=”https://www.youtube.com/user/cafecomsociologia” icon=”fa-youtube”]

    [social title=”Café com Sociologia” subtitle=”Instagram” link=”https://www.instagram.com/cafecomsociologia/” icon=”fa-instagram”]

    [social title=”Fan page” subtitle=”Café com Sociologia” link=”https://www.facebook.com/cafecomsociologia” icon=”fa-facebook”]

  • O que é habitus?

    O que é habitus?

    O que é habitus?[1]

    Pedro Barboza[2]

    Rodolfo Ferreira[3]

    Pedro Barboza
    Pedro Barboza é coautor do capítulo o que é habitus?, publicado no livro Conceitos e Categorias do ensino de Sociologia, vol.1 (2021).

    Uma das armadilhas em que podemos cair quando estamos no campo das Ciências Humanas é entrar cada vez mais na especificidade das discussões, esquecendo-nos das grandes questões que motivam os pesquisadores a desenvolver suas teorias. Falando particularmente da Sociologia, a relação entre indivíduo e sociedade pode ser considerada como um dos problemas mais importantes desde o seu nascimento enquanto campo específico do saber, em meados do século XIX. O conceito de habitus é uma tentativa original de encontrar resposta para essa questão. Embora tenha longa tradição, as apropriações e debates contemporâneos sobre o termo têm grandes referências nas reflexões desenvolvidas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002). Esse conceito, a partir da perspectiva bourdieusiana, é uma tentativa de relacionar nossas ações individuais com os condicionamentos que recebemos da sociedade.

    Bourdieu afirmava que com o habitus queria chamar atenção às capacidades que temos para agir em sociedade. Essas capacidades não seriam produtos da “natureza humana” e nem de uma “razão universal”, e sim consequências da própria inteligência e vivência dos indivíduos. A partir disso, entendemos que habitus quer dizer muito mais do que mera repetição de ações feitas sem que haja uma parcela de responsabilidade e criação. Bourdieu entende que a partir da nossa história, do lugar que ocupamos na sociedade, herdamos certo conjunto de disposições para agir. É a partir dessa “herança” que nossas ações devem ser interpretadas dentro da coletividade.

    A posição social ocupada pelo indivíduo garantirá, ainda que muitas vezes não tenha consciência completa disso, todo um conjunto de valores e de ações que influenciará suas atitudes na sociedade. Desse modo, essa herança adquirida a partir de sua posição social se converterá, de maneira prática, em modos de pensar, agir e sentir. Mas atenção: essa herança será processada dentro dos indivíduos de maneira particular. Se admitíssemos que herdamos essas características provenientes de nossas posições na sociedade de maneira automática, cairíamos na perspectiva que dota a sociedade de extrema força a ponto de determinar as ações individuais.

    Rodolfo Ferreira
    Rodolfo Ferreira é coautor do capítulo o que é habitus?, publicado no livro Conceitos e Categorias do ensino de Sociologia, vol.1 (2021).

    Desse modo, a partir do entendimento bourdieusiano de habitus, as ações que os sujeitos realizam em sociedade podem ser compreendidas justamente no ponto de encontro entre a realidade externa que os cerca e a figura do próprio indivíduo. Traduzindo em expressões que Bourdieu usou muito, é possível perceber o “interior exteriorizado” e “exterior interiorizado”. A sociedade (exterior) está presente em nós na medida em que interiorizamos todo um conjunto de valores e práticas a partir justamente de nossa posição na estrutura social. Do mesmo modo, também podemos ver nosso exterior (a realidade social) sendo composto enquanto o produto de diversos habitus que foram interiorizados pelos indivíduos e que estes “devolveram” ao meio social na forma de ações, pensamentos e palavras.

    ..

    Referências Bibliográficas

    BARBOZA, Pedro; FERREIRA, Rodolfo. O que é habitus? In: BODART, Cristiano das Neves (Org.). Conceitos e Categorias do ensino de Sociologia, vol. 1. Maceió: Editora Café com Sociologia. 2021.

    BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Tradução de Mariza Corrêa. Campinas: Papirus, 2010.

    ____________________. Escritos de Educação. Org: Maria Alice Nogueira, Afrânio Catani. Petrópolis: Vozes, 1998.

    BRANDÃO, Zaia. Operando com conceitos: com e para além de Bourdieu. 2010. Educação e Pesquisa. São Paulo. vol. 36, nº1, abril.

    Como citar este texto:

    BARBOZA, Pedro; FERREIRA, Rodolfo. O que é habitus?. Blog Café com Sociologia, mar. 2021. Disponível em: <https://cafecomsociologia.com/habitus/>.

    Notas:

    [1] Texto derivado de “O que é habitus?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.1” (2021).

    [2] Doutorando em Ciências Sociais pelo Programa de Ciências Sociais-UERJ; Mestre em Ciências Sociais pelo PPCIS-UERJ; Professor de Sociologia no Ensino Médio na rede particular do estado do Rio de Janeiro.

    [3] Doutorando em Ciências Sociais pelo Programa de Ciências Sociais-UERJ; Mestre em Ciências Sociais pelo PPCIS-UERJ; Professor de Sociologia e História no Ensino Médio na rede pública estadual do Rio de Janeiro.

     

    Versão do texto em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Template-para-texto-_-O-que-é-Habitus__-no-blog.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

     


    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.1

     

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

    [social title=”Canal” subtitle=”Youtube” link=”https://www.youtube.com/user/cafecomsociologia” icon=”fa-youtube”]

    [social title=”Café com Sociologia” subtitle=”Instagram” link=”https://www.instagram.com/cafecomsociologia/” icon=”fa-instagram”]

    [social title=”Fan page” subtitle=”Café com Sociologia” link=”https://www.facebook.com/cafecomsociologia” icon=”fa-facebook”]

  • O que é Juventude?

    O que é Juventude?

    O que é Juventude?[1]

    Andreia dos Santos[2]

    Andreia dos Santos
    Andreia dos Santos é doutora em Sociologia (UFMG), professora do Departamento e Curso de Ciências Sociais da PUC Minas. É uma das autoras da obra Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2

    Quando falamos de juventude, muitas vezes, propomos um recorte etário, mas que não leva em consideração características de uma construção social e cultural. Nesse sentido, o tempo da juventude tem se consolidado, de acordo com Rocha (2006), entre os 15 a 24 anos. Mas juventude não é só a fase, a idade, envolve elementos de classe, raça, gênero, entre outros aspectos sociais e sociológicos. Quando nos referimos a este conceito, podemos pensar num período compreendido na transição entre a infância e a vida adulta. Mas com o passar dos anos pode-se observar que a definição de juventude parte da construção de limites e experiências vividas no âmbito social, temporal e cultural. De acordo com Dayrell (2003) nem ao menos podemos dizer mais de juventude, mas sim de juventudes, com um S ao final, que caracteriza as dimensões sociais e políticas da definição, o que amplia a compreensão do conceito.

    Ao definirmos o conceito de juventude, deve-se ter em mente algumas questões pertinentes sobre o termo. A primeira delas, é que, ao contrário do que se pensa, juventude não é um conceito natural – mas, de acordo com Peralva (1997), uma construção social e histórica. Levando em consideração esse aspecto, não se pode deixar de levar em conta os aspectos biológicos, já que se considera as transformações hormonais tão típicas dessa faixa etária.

    Ao mesmo tempo, pode-se observar que ao pensar a juventude pela modernidade, permite apreender o conceito por um desenvolvimento dialético entre a institucionalização das juventudes e a possibilidade de sua autonomia, ainda quando é reprimida, contida ou absorvida pela estrutura social. Assim, pode-se reconhecer que há uma contradição entre sociedade e juventude, já que as trajetórias dos jovens oscilam em paradoxos típicos da idade, tais como defendido por Groppo (2010), integração x adaptação, ou ainda, papeis sociais x identidades, entre outros. Esses movimentos, segundo o autor, revelam a ação dos jovens em seus protagonismos e criação de identidades diversas e diferenciadas, resistências.

    Conceito de juventude

    O conceito de juventude está relacionado as políticas públicas. Sposito e Carrano (2003), apontam para as mudanças proporcionadas por governos recentes[3] que se preocuparam com a juventude e as expectativas desse grupo etário. Indicam que os jovens sempre foram assistidos por políticas públicas voltadas para outros setores, tais como saúde, educação e trabalho. Por isso, ao considerar os jovens como sujeitos de ação política, deve-se ter em mente que, muito das concepções dominantes de uma sociedade vem à tona em relação a juventude, que podem prejudicar, quando o entendimento é que logo serão adultos ou beneficiando, quando observa-se que não tem para esse grupo normativas que orientem as ações políticas (SANTOS, 2021).

    Ressalta que os projetos e programas devem atender as demandas dos jovens/juventude. Em alguns casos, observa-se que os agentes públicos não questionam a forma como tais projetos/programas são propostos e executam, procurando atender as demandas do pacote, e sem, contudo, orientar-se para as demandas da juventude.

    Referências Bibliográficas

    DAYRELL, J. O Jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, n. 24, p. 40-52, 2003.

    GROPPO, Luiz Antônio. Condição juvenil e modelos contemporâneos de análise sociológica das juventudes. Última Década, n. 33, p. 11-26, 2010

    PERALVA, Angelina. O jovem como modelo cultural. Revista Brasileira de Educação, n. 5 e 6, p. 1524, 1997.

    SANTOS, Andreia dos. O que é juventude? In: BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias fundamentais do Ensino de Sociologia, vol.2. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp. 41-46.

    SAVAGE, John. A criação da Juventude: como o conceito de teenager revolucionou o século XX. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

    SPOSITO, Marília Pontes e CARRANO, Paulo César Rodrigues. Juventude e políticas públicas no Brasil. Revista Brasileira de Educação, n. 24; p. 16-39; set./dez. 2003.

    Como citar este texto:

    SANTOS, Andreia. O que é Juventude. Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em: <https://cafecomsociologia.com/juventude/

     

    Notas

    [1] Texto derivado de “O que é Juventude?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.2” (2021).

    [2] Doutora em Sociologia pela UFMG; Professora Adjunto IV do Departamento e Curso de Ciências Sociais da PUC Minas.

    [3] Referem-se mais especificamente aos Governos de Lula e Dilma (2003 a 2013). Em que pese as iniciativas de governos anteriores, iniciadas sobre essa temática, é importante ressaltar que a implementação de um Estatuto da Juventude, acontece nesse período de tempo, levando em consideração a idade e as diversidades entre os grupos jovens.

     

    Versão em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Juventude.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia

    Acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhum conteúdo:

    [social title=”Canal” subtitle=”Youtube” link=”https://www.youtube.com/user/cafecomsociologia” icon=”fa-youtube”]

    [social title=”Café com Sociologia” subtitle=”Instagram” link=”https://www.instagram.com/cafecomsociologia/” icon=”fa-instagram”]

    [social title=”Fan page” subtitle=”Café com Sociologia” link=”https://www.facebook.com/cafecomsociologia” icon=”fa-facebook”]

     

  • O que é família? Uma contribuição ao conceito de família

    O que é família? Uma contribuição ao conceito de família

    O que é Família?[1]: Conceito de família na perspectiva da Sociologia

    Anderson Vicente da Silva[2]

    Anderson Vicente da Silva
    Anderson Vicente da Silva é doutor em Antropologia pela UFPE e um dos autores do livro “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.1 (2021).

    O texto tem o objetivo apresentar a definição do termo família sob o ponto de vista sociológico. Assim, a família é uma unidade social básica constituída por um conjunto de pessoas relacionadas entre si por laços de sangue, casamento, aliança ou adoção, que compartilham da atribuição primária de reprodução e de cuidador dos membros mais novos e mais velhos do grupo; convivendo, em geral, no mesmo ambiente físico (casa, apartamento, barraca, etc.), por um período não estipulado. A família também deve ser compreendida como um conjunto de regras e padrões de comportamentos, que podem sofrer mudanças (COSTA, 2009). Para que a família se constitua enquanto grupo social é necessário levar em consideração duas características importantes: 1) a formação de vínculos de parentesco por laços de sangue, por casamento ou adoção; e 2) o estabelecimento de posições de autoridade dos seus membros, bem como a existência de uma autoridade no grupo.

    No pensamento popular e na definição de alguns dicionários, a família é um grupo formado por pai, mãe e filhos, mas para a Sociologia esse grupo se define como família nuclear. Quando a família é formada por pais e seus filhos, avós, tias ou tios ligados por laços consanguíneos, habitando a mesma residência, chamamos de família estendida (SCHAEFER, 2016). Há também a família composta, que se forma quando homens e mulheres casados e com filhos se divorciam (separam-se) e se casam novamente, constituindo nova família com os filhos da família anterior ou tendo outros (LAKATOS; MARCONI, 2009).

    Para a Sociologia, a família pode ser compreendida e definida do ponto de vista das relações estabelecidas pelo casamento. Embora, o casamento tenha diversas representações, em várias culturas, o número de cônjuges permitidos determina o tipo de família (monogâmica ou poligâmica) em que os membros passam a pertencer, contribuindo para “criar novas relações e direitos recíprocos entre os cônjuges e entre cada um deles e os parentes do outro” (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 174).

    Conceituar o termo família contribui para evidencia-la como uma instituição social importante na organização e estabilidade social. O grupo familiar deve favorecer a satisfação das necessidades de seus membros, “tais como apoio financeiro, alimentação e vestuário, proteção e socialização das crianças ou apoio emocional entre os cônjuges” (AMARO, 2014, p. 05). Destacam-se também algumas outras funções da instituição familiar, tais como, reprodução, proteção, socialização, regulação do comportamento sexual, afeto/companhia e transmissão do status social. Tais contribuições são reflexos direto das transformações histórico-culturais.

    Referências Bibliográficas

    AMARO, Fausto. Sociologia da família. 1.ed. Lisboa: Pactor, 2004.

    COSTA, Lívia Fialho. Notas sobre formas contemporâneas de vida familiar e seus impactos na educação dos filhos. In: NASCIMENTO, Antonio Dias; HETKOWSKI, Tânia Maria. (Org.) Educação e contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 356-371.

    LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

    SCHAEFER, Richard T. Fundamentos de sociologia. 6. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda., 2016.

    SILVA, Anderson Vicente da. O que é família? In: BODART, Cristiano das Neves. Conceitos e categorias do Ensino de Sociologia, vol.1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp. 89-94

    Como citar este texto:

    SILVA, Anderson Vicente da. O que é família. Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em:< https://cafecomsociologia.com/o-que-e-familia/>

    Notas

    [1] Texto derivado de “O que é Família?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia” (2021).

    [2] Doutor em Antropologia pela UFPE e Professor Adjunto de Metodologia de Ensino em Ciências Sociais da Universidade de Pernambuco.

     

    Versão em PDF [button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/O-que-família-Texto-para-o-Blog-Café-com-Sociologia.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

     

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia

  • O que é Fato Social?

    O que é Fato Social?

    Conceito de Fato Social?[1]

     

    Joel Júnior Cavalcante[2]

    foto card
    Joel Júnior Cavalcante e um dos autores da obra “Conceitos e categorias do ensino de Sociologia”, vol. 2 (2021).

    Uma importante categoria da teoria sociológica de Émile Durkheim é explorada nesse texto, onde fazemos inicialmente, de forma didática, uma analogia com o clássico filme Náufrago (Century Fox, 2000), estrelado por Tom Hanks (o famoso “Wilsoon”), trama em que o protagonista principal tem que se adaptar à vida em uma ilha deserta após um acidente aéreo. Com muitas dificuldades, mas também com muita persistência o personagem arruma formas de sobrevivência: constrói sua barraca, sua jangada, produz fogo. Contudo, o grande problema fora a solidão naquela ilha isolada do pacífico, denotando a importância do peso da vida em sociedade para os indivíduos. É nesse momento que o personagem cria seu amigo imaginário “Wilson”, uma bola de vôlei da referida marca de material esportivo que, a partir de agora, seria sua companhia na sua aventura solitária pela ilha. A relação do filme com a Sociologia é automática, já que que como seres gregários, precisamos reproduzir a figura do outro continuamente, seja por questões afetivas, como por questões práticas, de sobrevivência. Tememos a solidão afetivamente, ao passo que também somos entre os animais, os que mais dependem dos outros para sobrevivermos. Somos, portanto, seres interdependentes.

    xxxx

    O exemplo introdutório do filme nos permite uma conexão com o edifício teórico durkheimiano, uma vez que somos moldados pela sociedade que nos rodeia, somos frutos de uma construção social contínua, em que cada uma das instituições sociais (escola, família, igreja, Estado) “colocam” sobre nós valores, padrões, normas, desejos, sonhos, crenças, etc. Essa construção permanente nem sempre se dá de maneira harmônica, do contrário, por vezes há um intenso processo coercitivo, de pressão social, para que sejamos enquadrados nesses formatos sociais vigentes, modelos que já estavam aqui antes de existirmos.

    O texto (CAVALCANTE, 2021) ainda faz uma breve abordagem sobre o contexto de formulação do conceito, desenvolvido por Durkheim no século XIX, em um momento que a Sociologia ainda precisava se firmar como campo científico. Um período marcado pela primazia das Ciências Naturais, momento em que as Ciências Humanas ainda caminhavam para obtenção do reconhecimento. A Europa vivia um cenário de grandes transformações sociais com o advento da industrialização, das ciências, da técnica, deixando para trás a sociedade comunal do feudalismo. A teoria positivista, propalada por Augusto Comte, exerceu grande influência sobre Durkheim.

    Por fim, o texto explora ainda as características dos fatos sociais na sistematização do sociólogo, quais sejam: a exterioridade, coercitividade e generalidade, sublinhando as três categorias explicativas que perfazem esse conceito. Em linhas gerais, a explanação do conceito tenta nos mostrar que a Sociologia está em tudo que vemos e vivemos, e que entender essa sociedade é preciso!

    xxxx

    Referências Bibliográficas

    CAVALCANTE, Joel Júnior. O que é “Fato Social? In: BODART, Cristiano das Neves. (Org.). Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol. 2. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp. 95-99.

    DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. Lisboa: Editorial Presença. (9. Edição), 2004.

    NÁUFRAGO. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Steve Stakey, Tom Hanks, Robert Zemeckis, Jack Rapke. Estados Unidos: DreamWorks Picture, Twentieth Century FOX, 2000. DVD (144 min). NTSC, som, cor.

    Como citar este texto:

    CAVALCANTE, Joel Júnior. O que é Fato Social? Blog Café com Sociologia. mar. 2021. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/fato-social

    Notas

    [1] Texto derivado de: CAVALCANTE, Joel Júnior. O que é “Fato Social? In: BODART, Cristiano das Neves. (Org.). Conceitos e categorias do ensino de Sociologia”, vol. 2, Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp.95-99.

    [2] Professor do IFPR (Instituto Federal do Paraná), campus avançado Astorga e doutorando em Educação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

     

    Versão em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Fato-social.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button] 

     

     

     Assista essa explicação do conceito de fatos sociais:

     

    Conceitos e categorias do ensino de Sociologia, vol.1

  • Austericídio: mais reformas à vista, rumo à barbárie total!!

    Austericídio: mais reformas à vista, rumo à barbárie total!!

    Austericídio: O Brasil em queda-livre e o aprofundamento das reformas*

     

    Antes de tudo você deve estar se perguntando o que é austericídio. Este termo se deve às políticas de austeridade fiscal radicalizadas por políticas neoliberais que visam criar uma situação de falta de investimento do Estado que não apenas compromete educação, saúde e demais serviços públicos, mas também congela o crescimento econômico. A resposta das políticas de austeridade são: queda da arrecadação que necessariamente criam uma situação econômica ainda menos favorável que legitima o aprofundamento das políticas de austeridade, gerando uma espiral descendente que vai minando qualquer iniciativa de equalização oriunda do Estado.

    Nos últimos cinco anos a classe trabalhadora no Brasil, tem sido posta à prova, submetida a tal nível de tensionamento, que se se tratasse de uma sociedade com nível civilizatório mais elevado, poderia seguramente resultar em maior confronto, digo, maior avanço através da luta efetiva contra a destruição dos direitos sociais duramente conquistados ao longo de décadas. Devemos lutar contra o austericídio e assumir que a apatia dos movimentos populares, sejam sindicais, partidários, populares e a polarização entre diferentes projetos de sociedade não foram capazes de evitar a realização das contrarreformas trabalhistas e a genocida reforma financeira que impõe o Teto dos Gastos Públicos (Emenda Constitucional nº 95), cujo resultado imediato foi o aprofundamento do fosso da divisão de classes, a concentração da renda e à precarização do trabalho e por consequência o empobrecimento dos trabalhadores. Isso é visível nas ruas das cidades, pelo constante aumento da população vivendo nas ruas, pelo aumento exponencial do trabalho infantil e pelo aprofundamento do fenômeno conhecido como “uberização” do trabalhador, produto direto das contrarreformas trabalhistas,  as quais retiraram direitos históricos e colocaram os trabalhadores em condição de extrema fragilidade na sua relação com seus empregadores, muitos dos quais nem mais existem como figura jurídica. Contexto também responsável pela transformação dos trabalhadores em pseudos “empreendedores”, seja dirigindo um veículo por aplicativo ou entregando comida com uma bicicleta alugada, sem qualquer direito ou garantia em relação ao futuro imediato ou no longo prazo.

    A eclosão da trágica crise humanitária causada pela Pandemia da Covid19, se constituiu em grande oportunidade para os grandes capitalistas aumentar ainda mais o nível de espoliação sobre o trabalhador, seja pela adoção do trabalho remoto, redundando no enxugamento do quadro de pessoal, seja pelo aumento vertiginoso dos lucros do setor da saúde privada, dos banqueiros, grandes redes atacadistas, inclusive pela elevação do preço dos alimentos, dentre outros. Também não é exagero constatar que o isolamento social – extremamente necessário do ponto de vista sanitário, não foi uma realidade para aos grupos mais empobrecidos, obrigados a continuar se expondo ao risco diário da infecção pelo novo coronavírus, afinal, para quem padece do trabalho precário, que via de regra é o provedor de sua família, não resta alternativa: melhor correr o risco de tombar pelo vírus que pela fome. É quando a sobrevivência se impõe.

    Próximos de alcançar a cifra de 250.000 (duzentos e cinquenta mil) mortos pela Covid-19, deparamo-nos agora de imediato, com a ameaça real do avanço das contrarreformas que visam de imediato reduzir a contraprestação do Estado no que diz respeito aos serviços sociais. A eleição das novas mesas diretoras da Câmara Federal e do Senado – resultando diretamente de um dado tipo de Pedalada Fiscal – nesse caso troca de votos por Emendas Parlamentares junto ao chamado Centrão, alterou a correlação de forças do Governo Federal, tornando muito mais viável a aprovação de matérias do interesse do executivo. É aqui que o quadro muda de grave para gravíssimo. Dentre as prioridades já publicizadas pelo Governo em pleno acordo com o Poder Legislativo, constam pelo menos três medidas estruturantes que se aprovadas, farão com que o movimento de aprofundamento da pobreza e da destruição do que restou do Estado Social, a exemplo do SUS e da Educação Pública, alcance inclusive setores denominados como classe média.

    É o que consta da Proposta de austericídio de Emenda à Constituição – PEC 186, também conhecida como PEC emergencial, cujo principal objetivo é reduzir em até 25% o salário dos servidores públicos de todos os poderes, com realce para os Governos Federal, Estaduais e Municipais, congelar os salários, impedir progressões na carreira e a realização de novos concursos públicos. Como contrapartida a PEC promete reduzir em 25% a jornada do servidor público, que para além de agredir diretamente esses servidores, aumenta drasticamente o sofrimento de quem depende dos serviços públicos, como a assistência social, serviços de saúde e educação.

    A PEC 32/2020, articulada à anterior, prevê o fim da estabilidade dos servidores públicos. Trata-se de um grande golpe contra a boa prestação de serviços à população. O texto da proposta de austericídio, indica que apenas as chamadas “Carreiras de Estado” continuarão a desfrutar do direito à estabilidade. Na prática, os concursos públicos ficarão muitíssimo restritos e o serviço público se tornará um verdadeiro cabide de emprego para apadrinhados políticos. Com isso é evidente a consequente perda de dimensão e de qualidade do serviço prestado aos cidadãos. Áreas como a Assistência Social, Saúde e Educação seguramente serão drasticamente afetadas, caso a reforma seja aprovada.

    No dia 10 deste mês a Câmara Federal aprovou o Projeto de Lei nº 19/2019, que concede autonomia ao Banco Central do Brasil, instituição responsável pela política monetária do país. Isso significa basicamente que o governo vai transferir do campo da política para o campo da “gestão financeira” parte da política macroeconômica do Estado. Ou seja, o próprio governo abdica de sua autonomia diante dos desafios que são postos pelas diferentes conjunturas, deixando um dos seus principais instrumentos de manobra nas mãos do Mercado Financeiro, portanto, aprofundando o austericídio.

    Estes são apenas alguns dos projetos que muito provavelmente serão pautados na Câmara e no Senado da República. Todos eles estão articulados entre si, mas principalmente buscam ajustar o gasto público aos ditames da infame Emenda Constitucional nº 95/2016 que congela os gastos sociais do governo durante 20 (vinte) anos, com o fito propósito de fazer superavit fiscal primário voltado ao pagamento de juros e serviços da dívida pública, algo que não encontra precedente na   história republicana brasileira. É a restrição brutal dos direitos sociais para as massas populares, transformando-os em mercadorias às quais apenas uma pequena parcela terá acesso, comprando-os no mercado. De fato trata-se de uma perigosa aproximação com a barbárie total, dado que oficialmente cerca de 14% da população está desempregada e outros milhões desenvolvendo trabalhos precários ou subempregados, os quais não conseguem com seus míseros rendimentos, mais do que sobreviver penosamente.

    Caso a classe trabalhadora não consiga reagir a tal ataque de um governo ultraneoliberal de contornos fascistas, o que temos no horizonte é, primeiramente o enfraquecimento das nossas já combalidas liberdades democráticas presentes na Constituição de 1988, bem como o brutal aumento da desigualdade e da violência policial contra os excluídos desse sistema – principalmente a nossa juventude pobre e negra, num país no qual os marginalizados da riqueza social são totalmente descartáveis, e alvos de uma política genocida, que elimina fisicamente seja pelo aparato repressivo, seja pelo negacionismo, de uma lógica perversa em que a pandemia, ao eliminar os mais fracos e dependentes  da assistência do Estado, favorece as estatísticas da previdência social em benefício do capital especulativo e fatalmente alimentando o austericídio.

    Fontes consultadas:

    https://www.camara.leg.br/noticias/690350-pec-muda-regras-para-futuros-servidores-e-altera-organizacao-da-administracao-publica/

    https://www.sintrajud.org.br/aprovacao-da-pec-186-deixara-milhoes-de-processos-sem-solucao-e-reduzira-arrecadacao-fiscal/

    https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/zeina-latif-reforma-administrativa-nao-pode-vilanizar/

    josue ifg

    *Josué Vidal Pereira, é professor efetivo do Instituto Federal de Goiás.

     

  • 7º ENESEB

    7º ENESEB

    ENESEB

    Entre os dias 8, 9 e 10 de julho de 2021 acontecerá, integralmente na modalidade remota, o 7º Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica (7º ENESEB), cujo tema é “Os desafios do ensino de Sociologia na educação básica: desigualdades, resistências e transformações”.

    “Promovido pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) desde 2009, o ENESEB se consolidou como um espaço para que estudantes, pesquisadoras/es e docentes da Educação Básica e do Ensino Superior, de instituições públicas e privadas, reflitam sobre formação docente e o estatuto das Ciências Sociais e de seus conteúdos programáticos no ambiente escolar; compartilhem resultados de suas pesquisas sobre o ensino da Sociologia em diferentes modalidades da Educação Básica e em diversas regiões do Brasil e do exterior; analisem fenômenos escolares e extraescolares que afetam o ensino e a aprendizagem das Ciências Sociais e dialoguem sobre análises e experiências de criação e desenvolvimento de alternativas metodológicas, intervenções, recursos e materiais didáticos”.

    Mais informações no site do evento [button link=”http://eneseb.com.br/” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

     

    WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.42 WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.43 WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.43 1 WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.44 WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.45 WhatsApp Image 2021 01 27 at 16.14.47